Become A Donor

Become A Donor
Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing and typesetting industry.

Contact Info

684 West College St. Sun City, United States America, 064781.

(+55) 654 - 545 - 1235

info@zegen.com

Latest Posts

Sermões Expositivos em Ester – A ironia divina

Série de sermões expositivos sobre o livro de Ester. Sermão Nº 08 –  A ironia divina. Ester 8:1-17. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 11/11/2020.

INTRODUÇÃO.

A ironia divina é um artifício literário particularmente poderoso, do qual a inspiração divina usou em partes da Escritura Sagrada.

O traço básico de toda Ironia é um contraste entre uma realidade e uma aparência”. O leitor da irônica, identifica uma relação de contraste, ou uma oposição, contradição, contrariedade, incongruência ou incompatibilidade.

Uma obra literária de grande valor nesse gênero é C.S. Lewis; em sua obra, “Cartas De Um Diabo A Seu Aprendiz”. Nesse conto: Um demônio mais velho ensina a um mais novo com tentar um crente. A linguagem é cheia de ironia, que envolve o leitor intelectual e emocionalmente.

O livro descreve como o crente precisa estar atento, as ciladas quase imperceptíveis no diariamente.  E por mais que já temos vencidos grandes batalhas, ainda não acabou. Outras virão, e vamos precisar continuar da graça de Deus para poder vence-las sempre.

A ironia dessa batalha é que ELA NÃO ACABA ATÉ QUE TERMINE. Até alcancemos o completo livramento na Glorificação dos salvos.

JRR Tolkien, um cristão confesso e autor da trilogia “O Senhor dos Anéis”, nunca defendeu suas histórias como alegoria bíblica. Em vez disso, ele as chamou de um mito de “mito verdadeiro”.

Com isso, ele estava enfatizando que a natureza mitológica da trama e dos personagens é a “verdade” dos temas. Um desses temas no SENHOR DOS ANÉIS é o triunfo do bem sobre o mal, uma ideia claramente cristã. E os próprios nomes são sugestivos: Uma jornada inesperada; as duas torres; o retorno do rei.

A trilogia termina, quando definitivamente o anel que todos desejam, o precioso, é destruído. O anel simboliza a força do mal em atrair nossa cobiça para o pecado. E conclui quando o rei retorna, para governar seu povo na terra média.

Assim também, esta novela bíblica, os dias da vida de Ester, ainda não chegou à sua conclusão. Ironicamente muitas questões ainda não foram resolvidas.

  1. IRONIA PROVIDENCIAL

A forma como a providência divina conduz as coisas é uma IRONIA DRAMÁTICA. O rei deu tudo o que era de Hamã, para a Rainha Ester, que era uma judia.

Tudo o que Hamã havia acumulado durante toda a vida ele perdeu! Na verdade, isso deve ter sido uma grande dádiva, pois o próprio Hamã falou sobre a “glória de suas riquezas ” (Ester 5:1). As riquezas de um ódio a um judeu!

Não é uma ironia incrível providencialmente inspirada e habilitada? Hamã, que estava no topo do mundo, acabou em sua própria forca sem nada, nem mesmo um legado decente para transmitir aos seus descendentes.

Na verdade, o único legado que ele deixou para seus dez filhos foi uma “sentença de morte!” (Ester 9: 12-14)

Quando um traidor ou um grande culpado como Hamã morre, ele perde todas as suas propriedades e posses para a coroa. Esta tem sido a lei em quase todos os países e provavelmente seria em sua forma mais rigorosa na Pérsia.

O vilão Hamã recebeu sua merecida e justa punição — literalmente, com a ajuda de sua própria estaca de 23 metros.

Ester e Mordecai também receberam sua recompensa no início de Ester 8, na forma da propriedade confiscada de Hamã e numa promoção para Mordecai:

Naquele mesmo dia, deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mordecai veio perante o rei, porque Ester lhe fez saber que era seu parente. Tirou o rei o seu anel, que tinha tornado a Hamã, e o deu a Mordecai. E Ester pôs a Mordecai por superintendente da casa de Hamã (Et 8.1-2).

Vemos a ironia do trabalho providencial e paradoxal de Deus nos bastidores, o próprio ANEL que havia sido usado por Hamã para selar o destino dos judeus foi agora concedido a um judeu!

O anel de sinete dava poder e autoridade ao seu portador como se fosse o próprio imperador Xerxes.

Dar o anel de sinete era como dizer “Pegue meu cartão de crédito. Você assina para mim. Você pode comprar tudo o desejar.

Ester colocou Mordecai sobre a casa de Hama – claramente a rainha tinha autoridade no reino persa. Conforme observado acima, o rei deu a propriedade de Hamã a Ester e ela, por sua vez, deu a “glória de suas riquezas (de Hamã) ” (Ester 5:11 ) a Mordecai.

O rei concedeu fama e a rainha concedeu fortuna a Mordecai. Esta é outra evidência da mão providencial de Deus.

O homem que buscou destruir os judeus e saquear suas riquezas acaba dando sua riqueza a um judeu! Deus é o vingador do mal que Hamã perpetrou contra Mordecai e os judeus.

Contudo, o edito de Hamã para exterminar os judeus ainda não havia sido revogado: ele ainda pairava sobre a cabeça deles como a proverbial ESPADA DE DÂMOCLES.

A sensação que talvez, no final das contas, Ester sentiu foi que as leis dos persas realmente não podem ser mudadas, e todos os esforços de Ester teriam sido em vão.

Ironicamente, o dia acabou e o rei nem mesmo perguntou qual era o povo dela, e ele parecia não se importar. Ainda há muita coisa pendente nesse ponto da história, o que podia se feito, depois de mais um encontro sem uma resposta. 

  1. IRONIA DO MEDO.

Ester era uma mulher de força e dignidade, porém, é interessante observar o que aconteceu quando Ester finalmente revelou publicamente sua fé e qual era o seu povo e seu relacionamento com Mordecai.

IRONICAMENTE e longe de ficar perturbado com a revelação de que Ester era judia, a reação do rei ante as notícias foi promover Mordecai para o antigo posto de Hamã como vizir sobre o império.

É como se o rei dissesse “Um amigo da minha querida Ester, é um amigo meu, não só porque você salvou a vida dela, mas você salvou a minha vida!

Esse fato deveria nos fazer pensar se toda aquela estratégia CAMALEÔNICA de Ester foi sábia. A rainha esconder sua descendência judaica foi algo moralmente dúbio (para dizer o mínimo).

Ela teve de viver praticamente como uma pagã por cinco anos. Mas agora, até mesmo pragmaticamente falando, isso pode ter sido um erro.

Talvez se Ester tivesse revelado sua descendência judaica e sua ligação com Mordecai já no capítulo 2, toda a ameaça à comunidade judaica poderia ter sido evitada.

O rei poderia até mesmo ter promovido Mordecai para a posição de vizir naquele momento, após ele ter revelado a tentativa contra a vida do rei, e Hamã poderia nunca ter subido ao poder.

Você pode pensar que esse cenário parece exagerado? Se a resposta é sim, lembre-se de como é estranha a ligação entre os capítulos 2 e 3 do livro de Ester:

Mordecai salvou a vida do rei, o ato foi cuidadosamente registrado nos registros reais e IRONICAMENTE o rei promoveu… (no versículo seguinte) Hamã.

Talvez a ideia de que Mordecai poderia ter sido promovido mais cedo não seja tão bizarra quanto parece, pelo menos do ponto de vista do NARRADOR DA HISTÓRIA.

IRONICAMENTE em vez de conseguir segurança, a ocultação de Ester pode ter sido o que involuntariamente abriu as portas para o perigo para ela e todo o seu povo. O mal que ela queria evitar, ela IRONICAMENTE provocou.

É claro que nunca ficamos sabendo o que poderia ter acontecido, seja na vida real ou nessa história.

Esse é um dos grandes mistérios da OPERAÇÃO PROVIDENCIAL de Deus. Se acontecesse cedo demais poderia ter sido prejudicial e tarde demais poderia não ter grande importância; na providência tudo tem propósito e um tempo certo.

Certamente Deus permitiu que os acontecimentos transcorressem exatamente como transcorreram, ainda que por meio do pecado de Ester e de Mordecai, para que seu PODER REDENTOR ficasse ainda mais evidente.

Independentemente do que possa ter acontecido com Ester, contudo, é certo que muitas vezes somos levados ao pecado porque temos medo de perigos que nunca irão se materializar.

Quantas vezes deixamos de dar testemunho da nossa fé por causa do medo do que os outros vão pensar, apenas para descobrir depois, quando timidamente abrimos nossa boca, que a reação não é aquela que nós temíamos?

É uma VERDADEIRA IRONIA ver que a maioria dos potenciais perigos e dificuldades que nos paralisam e nos enchem de pavor e de preocupação incrédula, não vão existir no mundo real.

Mas então, como a neblina da manhã, eles desaparecem diante de nós. Quantas vezes somos levados ao pecado por essas preocupações SUBJETIVAS E IRREAIS?

Vale a pena lembrar a nós mesmos que o pecado que pensamos que vai facilitar nosso caminho, IRONICAMENTE vai complicar nossa vida de maneiras imprevisíveis e nos levar a dificuldades ainda maiores do que aquelas que temíamos.

O caminho do transgressor não é apenas errado moralmente, mas frequentemente é também ainda mais difícil do que teria sido o caminho da obediência.

III. IRONIA DA SUBMISSÃO.

Deixando de lado o “poderia ter sido” do caso de Ester, a realidade era que o edito para exterminar os judeus ainda estava em vigor.

IRONICAMENTE o rei Assuero parece ter pensado que havia resolvido tudo; quando mandou destruir o inimigo da rainha e do seu povo, mas na verdade não; Ester ainda não havia feito o seu pedido.

Ainda não era o que Ester e o seu povo precisava. O pedido não havia sido feito; nem mesmo depois, de tentar pedir na primeira vez, em que ela entra na presença do rei correndo o risco de morte, e nem depois dos dois banquetes.

Mesmo sendo o rei favorável a Ela, e dando toda a riqueza do inimigo, e promovendo seu tio Mordecai, nada disso ela havia pedido e nem desejado.

Então, a rainha Ester teria de ir mais uma vez, definitivamente; diante do rei e implorar pela vida do seu povo.

Dessa vez a estratégia fria e calculista foi abandonada quando Ester se jogou aos pés do rei, chorando e implorando para que ele colocasse um fim ao plano de Hamã:

-Falou mais Ester perante o rei e se lhe lançou aos pés; e, com lágrimas, lhe implorou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e a trama que havia empreendido contra os judeus” (Et 8.3).

Que IRONIA SURPREENDENTE; a modéstia e a mansidão de Ester é um exemplo de submissão para todas as mulheres cristãs.

Ela é uma filha de Sara, que chamava Abraão de Senhor, como ensina o apostolo Pedro (1 Pd 3.6).

Ela tinha toda a dignidade real, tinha a imponência e o poder de uma IMPERATRIZ do maior império da época. Ela tinha o poder de conceder grandes riquezas, como concedeu a Mordecai.

Ela tinha o poder irresistível da beleza e da sedução, como nenhuma outra, pois tinha o glamour de ser a MISS PÉRSIA, a mulher mais bela e atraente de todo o império, e que havia domado o coração do imperador.

Ela era a esposa do imperador Xerxes, e ele a amava mais do que todas as outras centenas ou milhares de mulheres do seu Harém.

Ele já havia prometido metade do reino a ela, por três, e disse que ela tinha o seu favor, e podia pedir o que quisesse.

Embora com toda essa dignidade real, e tivesse o seu marido totalmente dominado pelo seu encanto glorioso.

Agora ela supera a própria mãe da fé; a Sara de Abraão. Ela se atira aos pés de seu marido, o imperador Xerxes, como uma mendiga, desgraçada, desfavorecida, chorando e suplicando desesperadamente por misericórdia para ela e para seu povo.

Matthew Henry comenta a atitude humilde de Esther …Que ninguém seja tão grande a ponto de não querer se rebaixar, ninguém tão alegre a ponto de não querer chorar, quando assim podem prestar algum serviço ao … povo de Deus.

Que IRONIA IMPRESSIONANTE; são as semelhanças e diferenças com Hamã no capítulo anterior: ele se lança aos pés de Ester, mas a preocupação dele era simples e egoisticamente implorar pela própria vida, e ele foi mal sucedido em sua petição (Et 7.8).

Ester caiu aos pés do imperador Xerxes para implorar não pela própria vida, mas pela vida do seu povo, e ela conseguiu o que pediu.

Mais uma vez, como no capítulo 5, o rei estendeu seu cetro de ouro para Ester e a recebeu. Dessa vez ela fez diretamente o pedido, sem tentativas de manipulação.

As palavras, contudo, ainda foram respeitosas e CUIDADOSAMENTE escolhidas:

Estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então, ela se levantou, pense de pé diante do rei e lhe disse: Se bem parecer ao rei, se eu achei favor perante ele, se esta coisa é reta diante do rei, e se nisto lhe agrado, escreva-se que se revoguem os decretos concebidos por Hamã, filho de Hamedata, o agagita’ os quais ele escreveu para aniquilar os judeus que há em todas as províncias do rei. Pois corno poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a destruição da minha parentela? (Et 8.4-6)

Veja a grandiosidade de Ester prefaciando o seu pedido com um longo preâmbulo em quatro partes: “Se bem parecer ao rei, se eu achei favor perante ele, se esta coisa é reta “diante do rei, e se nisto lhe agrado” (Et 8.5).

Duas dessas cláusulas tratam da possibilidade de a questão a ser discutida ser aceitável ao rei, enquanto as outras duas inquiriam se a própria Ester era aceitável.

Esses dois temas estavam inseparavelmente ligados, pois a única razão real para o rei atender o pedido era seu favor para com ela.

Ester respeitosamente, não fez um veredito, julgando o edito de morte, feito por Hamã, dizendo que estava certo ou errado, nem que era justo ou injusto. Pois o edito foi assinado pelo anel do Rei.

Veja a abordagem “recatada” da Rainha Ester ao Rei Xerxes. “Se a coisa em si parece certa e razoável diante do rei, e se eu, que peço, for agradável aos seus olhos, que o decreto seja revertido.

Mesmo quando temos a maior razão e justiça do nosso lado, e temos a mais clara causa para suplicar, mas cabe a nós falar com nossos superiores com humildade e modéstia, e todas as expressões possíveis de respeito, e não falar como exigentes quando somos suplicantes.

Não há nada perdido, seja decência e boa educação afasta a ira, então pedidos suaves obtêm favor.

Essas não eram categorias levadas em conta no império. Tudo que ela poderia fazer era apelar para o próprio interesse de Assuero, no que dizia respeito a ela: “Se você realmente me ama e quer me ver feliz, deve atender o meu pedido”.

O destino do povo dela dependia do que o rei iria responder a ela pessoalmente. Se ver o seu povo e familiares sendo destruídos iria causar grande dor à rainha, como alguém que a amava poderia tolerar isso?

A Septuaginta é traduzida para o inglês assim: “como poderei sobreviver à destruição de minha parentela?” É como se ela dissesse ao rei ” Se meu povo morrer, algo dentro de mim morre ” e isso parece ser demais para o rei suportar.

Este é o clímax do apelo de Ester. Ela apela ao coração do rei, ao seu afeto e amor por ela.

Anteriormente, ele havia dito que daria a ela metade do reino, mas agora o pedido de Ester, pode leva-lo a perder “TODO O REINO”, pois o novo édito revoga a lei anterior, e isso custaria o trono dele. Essa era a única coisa que um imperador persa não podia fazer. Ele seria indigno diante das tradições persas.

  1. IRONIA DA BUROCRACIA.

Veja o efeito duradouro das palavras escritas por Hamã. Ele havia morrido, mas que ele escreveu, estava vivo e não podia ser mudado, nem pelo imperador.

Observem como as maldades dos indivíduos, uma ideia ou pensamento, que nasce numa cidade desconhecida e insignificante, sobrevive a ele. E a maldade que planejou continua agindo, mesmo que ele tenha ido.

Quantas ideias, perniciosas, e maldosas, como ateísmo de Freud, marxismo de Marx, o evolucionismo de Darwin, mesmo depois da morte deles, o que projetaram e escreveram, continua destruindo milhões de pessoas em todo o mundo.

A resposta imediata cheia de IRONIA do rei Assuero, nos impressionam:  “Então, disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mordecai: que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele penduraram numa forca, porquanto intentara matar os judeus” (Et 8.7).

O rei viu que ele havia errado em ouvir as sugestões de Hamã, para a destruição dos judeus; e ele aceitou de bom grado o decreto cruel; e até comemorou com um banquete e muito vinho.

Agora ele tem que tomar uma decisão, que não o deixa como um rei incompetente e cruel.

Então; ou ele se levanta contra toda aquela ENCENAÇÃO BUROCRÁTICA IRRACIONAL que normalmente muitas leis tem, como eram as leis da Pérsia, que não podiam ser alteradas, não importando; quão injusta e cruel elas fossem.

Toda vez que tomamos partido de algo ou damos uma opinião sobre qualquer questão, nós nos obrigamos a aderir a essa ideia, mesmo sob o risco se sermos imprudentes e injustos.

Mesmo que tenhamos um bom motivo para sentir que estamos errados. Mas por causa do ORGULHO, estamos dispostos a sofrer até as últimas consequências, do que reconhecer os nossos erros.

Os atos heroicos são aplaudidos, mas reconhecer nossas falhas, por mais pequenas que sejam, não é algo que o mundo agrada.

Então o rei está tentando fazer uma grande manobra, para resguardar sua REPUTAÇÃO e ao mesmo tempo não desprezar o pedido da rainha

IRONICAMENTE ele está dizendo a Ester, que ela não poderia duvidar da boa vontade dele em atende-la, pois ele provou isso quando destruiu o inimigo da rainha e deu a ela talvez uma das maiores riquezas do império que pertencia a Hamã.

IRONICAMENTE o que ela queria, era impossível de ser concedido, pois um edito persa não podia ser mudado, nem mesmo por um imperador egoísta, que podia mudar tudo mais, menos uma BUROCRACIA IRRACIONAL E INJUSTA

Isso em nome de uma TRADIÇÃO tola. A injustiça e a GENOCÍDIO, podia ser mantido, mas a Tradição não podia ser mudada.

IRONICAMENTE o rei está tentando ALIVIAR A TENSÃO; dizendo: “Veja bem, eu dei a você toda essa fortuna e matei seu inimigo por tramar contra o seu povo. O que mais você poderia querer?”.

A IRONIA de Xerxes presumia que Ester fosse exatamente como ele: egoísta e preocupada somente consigo mesma e disposta a negociar seus principios.

Ele tinha suas razoes para pensar assim: “já que Ester teve a coragem de ocultar sua identidade durante estes 5 anos de mim, só para se proteger, então deve aceitará minha oferta.

Mas agora ela havia mudado e se identificado com o seu povo, Ester tinha uma nova perspectiva que se estendia para além dos seus próprios interesses.

A salvação para si mesma não era suficiente se viesse sem a salvação do seu povo. Ester, não pode sai ser comprada, com riqueza e mimos.

Então nesse jogo ele tem uma saída de mestre. Cheio de ironia e trapaceando com as peças no tabuleiro, ele dá um cheque mate.

Então nesta jogada ele TRANSFERE TODA A RESPONSABILIDADE para Ester e Mordecai.

Façam o melhor que puderem e escrevam um outro edito, a favor dos Judeus. Ele propõe ainda mais, escrevem o que quiserem. E ainda mais: façam tudo isso como se fosse eu, no meu nome.

E façam com toda a autoridade, selando com o meu anel do poder. Então esse edito depois de selado, não poderá mais ser revogado.

“Escrevei, pois, aos judeus, como bem vos parecer, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque os decretos feitos em nome do rei e que com o seu anel se selam não se podem revogar” (Et 8.8).

Então, o rei não podia desfazer seu edito anterior porque ele era irrevogável; no entanto, ele encontra uma BRECHA NA LEI; e não vê problema em Ester e Mordecai escreverem um edito CONTRADITÓRIO, que iria então se tonar irrevogável.

Os súditos do reino, tinham permissão concedida para massacrarem uns aos outros sem qualquer interferência por parte das autoridades que eram constituídas exatamente para pôr fim aos conflitos, isso é pura IRONIA.

Aqui está a causa da injustiça do sistema judiciário; desde que uma lei cumpre o RITO LEGAL, não importa quem ou o tamanho do dano causado a terceiros.

Que ironia! Que vencesse o melhor edito! Mesmo depois de Hamã ter maldosamente manipulado o rei para assinar uma ordem de genocídio.

Xerxes tentando COMPENSAR seus erros, ele pessoalmente está incentivando o seu novo primeiro-ministro a enviar outro edito, e nem quer saber o seu conteúdo.

Isto é muita insensatez da parte de um governante. Mas esta é a questão. O Estado fica amarrado pelo excesso de BUROCRACIA enquanto os políticos não dão a mínima para seu povo. Esse é o caído mundo político em que vivemos.

O poder que Hamã antes possuíra agora era de Mordecai para que pudesse neutralizar o edito de Hamã. Ele não perdeu tempo, mas imediatamente enviou um edito para as 127 províncias do império:

A linguagem de Mordecai deliberadamente imitava o edito original a fim de destacar sua natureza oficial. Mas esse edito tinha um Plus.

A principal diferença é que essas mensagens não foram confiadas a mensageiros, mas a mensageiros montados em cavalos puro-sangue especialmente rápidos. A mensagem precisava chegar a tempo, até nas partes mais distantes do império.

O que o edito de Mordecai ordenava era uma medida de LEGITIMA DEFESA por parte dos judeus contra seus inimigos.

Eles podiam se defender aqueles que os atacassem e também as famílias dos agressores, bem como tomar o despojo, exatamente como seus inimigos haviam planejado matar os judeus e suas famílias e tomar seus despojos.

Não se tratava apenas de AUTODEFESA, mas também não era uma licença para matança indiscriminada: o verbo usado no versículo 13 para descrever a ação para a qual os judeus deveriam estar preparados é “naqam”, que sempre indica retribuição punitiva para um erro anterior.

Aqueles que, como Hamã, buscavam destruir a descendência dos judeus, de acordo com o seu edito, compartilhariam eles mesmos do destino de Hamã.

A autoridade do império agora dava apoio às ameaças da aliança abraâmica contra os que buscavam prejudicar os descendentes de Abraão.

Contudo, eram os próprios judeus que teriam de cumprir as sanções da aliança num tipo de guerra santa contra os seus inimigos.

  1. A IRONIA DA REVIRAVOLTA.

Aqui temos mais um PLOT TWIST, uma reversão providencial e surpreendente na história de Mordecai: glória em vez de vergonha, alegria em vez de tristeza.

O primeiro ato de Mordecai, como exercido de sua autoridade, foi para o benefício da segurança do povo de Deus. Ele tem uma posição exaltada para o bem estar do povo.

Assim que o segundo edito saiu, saiu também Mordecai, deixando a presença do rei vestido em esplendor real e um coração cheio de alegria.

Então, Mordecai saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e branco, como também com grande coroa de ouro e manto de linho fino e púrpura; e a cidade de Susã exultou e se alegrou (Et 8.15).

Conquanto depois da publicação do primeiro edito ele saiu triste e humilhado, Mordecai saiu vestido com saco e coberto de cinzas, incapaz até mesmo de se apresentar diante do rei, agora, pela IRONIA DIVINA, depois do segundo edito, ele deixa a presença do rei vestido em glória.

Essa não foi uma glória simplesmente temporária do tipo que ele recebeu no capítulo 6, como recompensa pelo seu fiel serviço não recompensado anteriormente.

A veste agora era de Mordecai por direito como alguém abaixo apenas do rei.

Ele havia se tornado uma obra de arte imperial caminhante, vestido com uma riqueza que o assemelhava às decorações nas grandes festas de Assuero mencionadas em Ester 1 (Et 1.6).

Mas essa não foi a única REVIRAVOLTA dos acontecimentos anteriores.

Depois da publicação do edito de Hamã, a cidade de Susã ficou confusa e perturbada (Et 3.15), mas depois da publicação do edito de Mordecai a cidade regozijou-se e acalmou-se (Et 8.15).

A comunidade judaica havia respondido ao primeiro edito com quatro tipos de aflição — LUTO, JEJUM, CHORO E LAMENTAÇÃO (4.3). Ela reagia agora ao segundo edito com quatro tipos de deleite: FELICIDADE, ALEGRIA, REGOZIJO E HONRA (Et 8.16). O jejum e o choro do capítulo 4, em especial, foram transformados em festa e alegria pelo anúncio do edito.

A MAIOR REVIRAVOLTA (PLOT TWIST) de todas, contudo, é a nota de conclusão do capítulo:

Também em toda província e em toda cidade aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e regozijo, banquetes e festas; e muitos, dos povos da terra, se fizeram judeus, porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles” (Et 8.17).

Que IRONIA MARAVILHOSA! Assim que Ester superou seu medo e revelou sua verdadeira identidade com respeito ao seu povo e à sua fé, muitos dos pagãos ao redor dela aparentemente escolheram se unir aos judeus.

Alguns de fato podem ter verdadeiramente se convertido, motivados a se juntarem ao povo de Deus pelo temor do Senhor. Mas outros foram motivados pelo temor dos judeus.

Mais uma vez, deveríamos observar quanto o nosso comportamento é dirigido pelas percepções acerca do que o futuro nos reserva, e não pela realidade.

O verdadeiro destino dos judeus não mudou significativamente ao longo dessa história.

Os meios de vida deles não foram arruinados pelo edito de Hamã; não houve um massacre instantâneo organizado conduzindo à matança e à pilhagem.

Nem mesmo o futuro deles foi radicalmente transformado pelo novo edito, que simplesmente deu a eles o direito de defender a si mesmos e à sua propriedade.

No entanto, eles haviam pensado que a vida deles estava ameaçada por Hamã e por isso jejuaram e prantearam. Agora eles sentiram que a ameaça havia sido revogada, e por isso reagiram com alegria.

No final do livro, o império em que viviam não era um lugar melhor do que era no início. Porém, comparado à perspectiva deles no meio da história, era um maravilhoso mundo novo.

Essa é a mesma experiência que temos quando vamos ao médico para um exame de rotina e ele aponta para uma mancha no raio-X.

Por semanas nós podemos nos atormentar imaginando diferentes possibilidades futuras, até que uma segunda opinião nos diz que está tudo bem.

Nosso coração na verdade não mudou nesse período, para melhor ou pior, mas nossa reação emocional certamente sim, indo da euforia ao desespero como um ioiô.

  1. IRONIA DO REGOZIJO.

Ester é o livro dos banquetes, esta é a oitava festa mencionada. Aqui surge algumas perguntas; é certo se regozijar nessas circunstancias?

Os judeus deveriam se regozijar tão rapidamente com as notícias do segundo edito?

O império não havia mudado, embora Mordecai fosse agora o governante mais poderoso do império depois do Imperador Xerxes.

Sem dúvida, hoje eles tinham um amigo numa posição elevada, mas o destino de Hamã ilustrava a insegurança e a ilusão dessa posição; o que impediria que Mordecai fosse dispensado do poder com a mesma rapidez, e o povo voltasse à situação de jejum?

Para eles só fazia sentido se regozijar se o livramento não fosse simplesmente uma das oscilações aleatórias da RODA DA FORTUNA, mas sim uma expressão de gratidão e louvor a Deus.

O regozijo só teria fundamento se o livramento deles fosse uma expressão do inabalável compromisso de Deus de proteger seu próprio povo e de trazer julgamento sobre os seus inimigos, como prometido na aliança abraâmica:

“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).

Poderíamos esperar, então, que o LOUVOR DOS JUDEUS FOSSE DIRECIONADO A DEUS. E se havia um momento, de cantar os Salmos e mencionar o nome do Salvador de seu povo; está era a hora!

Mais uma vez, contudo, essa motivação para o regozijo, não é visível e a manifestação de gratidão deles não fica exatamente clara.

Assim como o JEJUM E A LAMENTAÇÃO anteriores não pareceram particularmente direcionados ao céu, o mesmo ocorreu com o regozijo e a celebração deles.

Parece que houve grande alivio pelo fato de o desastre ter sido evitado, mas muito pouco LOUVOR GENUÍNO para aquele que evitou o desastre pela mão da sua PROVIDÊNCIA SOBERANA.

Conosco, no entanto, acontece o mesmo, não é verdade? Quando a vida vai mal, rapidamente ficamos ansiosos e desesperados com relação ao futuro e lentos demais para levar nossas preocupações diante de Deus em oração confiante.

Por outro lado, quando a vida vai bem e nossas provações são retiradas, nós nos REGOZIJAMOS E CELEBRAMOS AS BOAS NOTÍCIAS DA LIBERTAÇÃO, mas com frequência nos esquecemos de agradecer aquele a quem o louvor é devido.

Que IRONIA; dificilmente nossa gratidão é direcionada a Deus. se fosse, nossa alegria seria cheia de quebrantamento e louvor: Senhor, não mereço, mas eu te louvo pela sua bondade e misericórdia.

Que IRONIA; o nosso coração está como estava aqueles judeus, que deixaram de experimentar o MELHOR DE DEUS, retornando para a terra da promessa, mas o seu coração decide ficar na Babilônia.

VII. IRONIA DA LEGÍTIMA DEFESA

Até este ponto, no entanto, ainda não tratamos da questão moral fundamental que a passagem faz surgir na mente de muitos leitores.

Ou seja: Mordecai estava certo ao emitir um edito que permitia aos judeus não apenas se defender contra os seus inimigos, mas levar a batalha até eles, executando não somente os combatentes, mas também as esposas e os filhos deles?”.

As Escrituras sugerem que o genocídio é admissível e correto quando realizado pelos judeus, e repreensível somente quando realizado pelos inimigos deles? Parece haver aqui um padrão moral duplo.

Para compreender esses acontecimentos, precisamos entender que o que Mordecai estava autorizando, o que consta qualquer ordenamento jurídico: A LEGITIMA DEFESA.

O edito de Hamã contra os judeus não era apenas uma questão de animosidade pessoal; era uma expressão da antiga inimizade entre os amalequitas e o povo de Deus.   (Et 8.3,5; veja 1 Sm 15).

A guerra já foi feita pelos cristãos, quando a liberdade nacional estava sendo ameaçada, ou quando os direitos fundamentais estavam sendo violados. Na Nigéria os cristãos tiveram que se unir para evitar os novos sequestros do grupo Bokuraran.

A Legítima defesa é uma causa de exclusão da ilicitude que se caracteriza pela existência de agressão ilícita, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, que pode ser repelida usando-se moderadamente dos meios necessários.

O edito de Mordecai era uma continuação daquela mesma guerra santa ainda em andamento. Os judeus só se defenderam e não saquearam seus inimigos e nem fizeram mal as suas famílias.

VIII. IRONIA DA CONDENAÇÃO.

O edito de Hamã, condenou todo o povo de Deus a destruição, para sempre. Mas o edito de Mordecai, oferecia livramento a todos.

Ainda é possível escapar do juízo de Deus, Diferente do edito de Hamã que deixava o povo de Deus sem saída, o edito de Mordecai condenou somente aqueles que por motivos incrédulos atacassem os judeus e seus familiares.

Aqueles que não foram hostis ao povo de Deus não foram condenados pelo edito. Muitas pessoas de outras nações se juntaram aos judeus e assim evitaram o destino dos inimigos deles.

A mensagem era clara: há um meio de escapar do juízo por meio da identificação com o povo de Deus.

Como isso pode ocorrer, contudo, se o próprio povo de Deus é culpado de rebelião e pecado como aqueles que não são povo de Deus?

Como qualquer um de nós pode permanecer na presença de um Deus santo quando nós mesmos nos rebelamos contra ele em pensamento, palavras e atos? Quem irá nos livrar do edito de morte que ainda vigora contra nós na corte celestial?

O que precisamos é de alguém como Ester para nós — alguém que deixe de lado os interesses pessoais, a própria segurança e ponha em risco a própria dignidade, honra e até a própria vida — para o Deus, o grande Rei.

Temos um mediador assim em JESUS CRISTO. Ele deixou as glórias do céu e assumiu a forma de um servo, não apenas humilhando a si mesmo, mas indo até o ponto de morrer por nós.

Essa é a grande reviravolta o (Plot Twist) para a qual todas as reviravoltas na história de Ester apontam.

Mas a morte de Jesus Cristo na cruz, por mais CRUCIAL que tenha sido, não é o fim da história. Não era o fim quando as mulheres se reuniram no sepulcro para prantear.

Não acabou até que os anjos cantaram, celebrando a ressurreição de Cristo e sua ascensão para a glória.

Além disso, ele agora está de pé diante do grande Rei do cosmos, intercedendo junto ao Pai por todos os seus filhos espirituais.

Ali ele diz: “Pai, essa pessoa faz parte do meu povo. Como posso suportar a destruição dela por causa do seu pecado?

Sim, eu sei que é o que ela merece — mas eu morri para que ela pudesse viver”.

Como o grande Rei responde? Não como Xerxes em Ester 8.11: Eu não me importo. Faça o que você achar melhor“.

Não, ele diz ao seu Filho: “Dê as boas-vindas a eles!

Traga-os para a minha presença para todo o sempre, por causa do amor que eu tenho por você.

O seu povo é o meu povo. A sua família espiritual deverá ser vestida com glória e honra, com todos os esplendores do céu, por causa da sua fiel obediência.

As tristezas e dores deles logo serão esquecidas, o jejum deles será tragado pelo banquete, as trevas para sempre transformadas em luz gloriosa. O Pai se agrada em honrar os servos de seu Filho (veja Jo 12.26).

Todos os DIAS DO SENHOR são dias de festa em que celebramos a grande reviravolta do nosso destino eterno. Estamos celebrando essa realidade no nosso coração todos os DOMINGOs?

Como os pagãos da época de Ester, as pessoas ainda vão à igreja e se identificam com a comunidade da aliança por todos os tipos de razão diferentes (veja Et 8.17).

Apenas estar na igreja no DOMINGO não é evidência de que genuinamente pertencemos a Cristo. Temos de nos fazer uma pergunta direta: “Estou confiando na morte de Cristo em meu lugar?

Eu sou verdadeiramente MEMBRO DA COMUNIDADE dele hoje? Eu me identifico com o seu povo, mesmo que ele esteja em Crise. No último dia ele dirá, a meu respeito em especial, ‘Este é um dos meus?”.

CONCLUSÃO:  FAZER COM TODA IGREJA

Se a resposta a essas perguntas profundas é sim, então onde estão nossa alegria e nossa paz?

Os judeus celebraram sua libertação, embora ainda vivessem num império hostil no qual a sorte deles poderia novamente mudar para pior a qualquer momento.

Nós então, muito mais, deveríamos celebrar, uma vez que em Cristo nosso destino eterno foi definitivamente mudado de modo irreversível.

O edito de vida de Deus para nós que confiamos em Cristo não pode ser revogado ou mudado.

Não há outro edito que possa ser emitido para revogar esse. O decreto estabelecido por Deus é que “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”( Rm 8.1).

Nada e ninguém em toda a criação pode jamais nos separar do amor dele. Vamos então celebrar diariamente nossa libertação com alegria gloriosa e inabalável.

Que a paz que vem da vitória total de Cristo guarde nosso coração e nossa mente contra as vicissitudes das nossas experiências no mundo caído.

Olhe para frente, para o dia quando o fim de fato virá quando nós também poderemos cantar, com todos os santos redimidos, o louvor a Deus, o Pai, e ao Cordeiro ressuscitado.

Acesse os sermões na categoria: Sermões Expositivos.

Deixe uma resposta

Seu endereço de E-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados*