Série de sermões expositivos sobre o livro de Ester. Sermão Nº 03 – O anti-herói. Ester 3:1-15. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 07/10/2020.
INTRODUÇÃO
Com quase 300 anos de existência; the Beggar’s Opera (Ópera do Mendigo ou Ópera do miserável) é uma ópera-balada de 1724 escrita por John Gay.
O título associa ópera, um gênero apreciado pelas camadas altas da sociedade, a um mendigo e o cenário principal sobre o qual os personagens se desenvolvem é um presídio.
Nesta obra dramática, é retratada a decadência moral da sociedade, sua corrupção e hipocrisia em todas as suas relações sociais.
Os personagens são mendigos, ladrões, prostitutas, políticos e juízes corruptos. Na peça o mendigo, está constantemente exibindo cartazes com versículos bíblicos.
A peça desenvolve a ideia do ANTI-HERÓI; Mac; que é um ladrão, que está para ser condenado à forca. Polly uma prostituta vai se casar com Mac.
A mãe de Polly, se opõe a casamento, mas não se importa com vida de prostituição da filha.
O pai também se opõe ao casamento, e diz que ela vai casar com um canalha, mas sua oposição ao casamento, é motivada na verdade, devido a perda do lucro que ganhava com a prostituição da filha.
Suas preocupações parentais são inteiramente honestas e verdadeiras – suas razões, entretanto, são inteiramente de INTERESSE PRÓPRIO.
A grande questão que isso levanta, então, é quão puro é o amor de Polly e Mac um pelo outro.
Semelhante às emoções distorcidas dos pais, os sentimentos de Mac o ANTI-HEROI, se mostrarão honestos e, ainda assim, bastante abertos a concessões quando ele for pressionado e for colocado contra a parede.
Enquanto isso, embora Polly, a prostituta; seja indiscutivelmente a figura mais inocente da peça, ela mostra um grande talento para subterfúgios e trapaças o tempo todo. Mesmo a “inocência” é difícil de manter e exige tanto traição quanto a depravação.
Um fato muito interessante é que os amigos de Gay, o incentivaram a escrever essa SÁTIRA, quando tiveram conhecimento que um destaco Quaker (cristãos que davam grande ênfase na pureza moral); casado, mas escrevia regularmente versos para a sua amante.
Em um texto da opera Polly diz: “Porque os homens tratam de forma doce as prostitutas e em casa são demônios para com suas mulheres”.
O cinema tem explorado irreverentemente a figura do ANTI-HERÓI. Um indivíduo com uma moralidade não muito bem definida, ele cativa, apesar dos seus “deslizes”.
As pessoas torcem por aquele personagem de caráter duvidoso. Os atores adoram interpretar esse tipo de papel.
A verdade é que o público tem procurado cada vez mais essa espécie de narrativa, em que nem tudo é PRETO OU BRANCO, mais um tom de CINZA.
As nuances do cinza são polissêmicas (poli – muitos; sema – sentido, significado); uma sombra, algo inexistente, ausência de um corpo, como na saga diabólica do livro 50 tons de cinza, onde o Sr Grey, um megaempresário bonito e bem sucedido, mas que esconde uma vida escura e sadomasoquista.
No filme a autora está usando o aforismo da Psicanalise Lacaniana (Lacan), do “REGISTRO IMAGINÁRIO”, e “ESTÁDIO DO ESPELHO”, onde adquirimos existência na relação ou no corpo do outro.
A pessoa se sente como se a consciência de seu corpo não existisse, ele é “uma sombra”, “um imaginário” e então precisa da experiencia, da vivencia do outro para existir.
No filme é como se a gata borralheira realizasse o sonho de princesa de casar como o herói. Essa fantasia é destruída pelas sombras.
Essas sombras são as experiencias ruins do passado, que assombram constantemente o presente deles. Toda aquela riqueza e luxo, só escondia a hipocrisia de uma vida sem sentido, criada pelo “imaginário”.
Não era preto no branco; autentico, verdadeiro; era cinza, inexistente, falso, ilusório.
Na DRAMATURGIA, esse tipo de PROTAGONISTA, tem um perfil muito parecido e geralmente associado aos vilões. Ele costuma jogar dos dois lados, aproveitando o que bandidos e mocinhos têm a lhes oferecer; são cheios de contradições.
Ele perturba o espectador com suas fraquezas. Mas sua simpatia ganha o público. Que aceita inconscientemente seus deslizes como fragilidades inerentes à natureza humana.
O ANTI-HERÓI transita, por exemplo, vive entre o solitário e o estranho. Tem autoestima frágil e vida amorosa conturbada, e com muitas falhas.
E esse pacote de imperfeições faz do ANTI-HERÓI realista, aproximando-o do público, que se identifica com suas contradições.
De modo geral, o ANTI-HERÓI está em uma área CINZENTA entre o vilão e o cara legal. Ele não reflete os valores mais elevados do cristianismo, como honestidade, compaixão, integridade ou força.
Por outro lado, há ocasiões em que ele precisa adotar, mesmo que a contragosto, algumas dessas características.
Diferentemente dos heróis, que têm qualidades que deveríamos imitar, o anti-herói tem falhas, problemas e neuroses que, inclusive, atrapalham a suas relações; mais secretamente gostaríamos de nos comportar como eles.
Outra questão que deve ser levada em conta para identificar um ANTI-HERÓI é que ele geralmente tem algo escondido em seu passado. E é essa história de vida que costuma atrapalhar seus planos no presente.
O capitulo 3 de Ester, parece nos mostrar como podemos facilmente nos tornar anti-heróis ou vilões. Também revela os TONS DE CINZA dos nossos pecados.
A narrativa literária deste capitulo, tem todos os personagens de uma SÁTIRA bíblica, mostrando a como é ridícula a corrupção do nosso coração.
Aqui temos Autor; protagonista, antagonista, vilão, herói, anti-herói e coadjuvante. Quem são esses personagens?
I. O VILÃO: Hamã, o agagita (Et 3.1-12)
Em todo bom filme de faroeste, chega um ponto em que é hora do herói se posicionar.
Talvez a honra da dama tenha sido insultada, ou os pacatos cidadãos tenham sido ameaçados por algum vilão.
É o ponto em que o herói põe o copo sobre a mesa, ajeita o seu cinto, acerta o chapéu e encara o homem vestido de preto.
“Um homem tem de fazer o que um homem tem de fazer”, diz ele de maneira arrastada — e faz exatamente isso, tornando a rua principal novamente segura para as pessoas civilizadas.
Será isto o que vemos em Ester 3: Mordecai, o herói, encarando Hamã, o cara mau. Para que o mundo mais uma vez seja um lugar seguro para as pessoas decentes?
Com certeza este é um duelo atípico e não exatamente o estilo de duelo que vemos nos antigos faroestes.
- Vivendo na sombra.
Alguém já disse: ou você se torna um herói ou vive o bastante para se tonar um vilão. E todo vilão vive na sombra de um herói.
O texto de Ester 3.1,2. Diz que Mordecai se negava a prestar homenagem ao recentemente designado conselheiro, Hamã.
As opiniões divergem quanto a exatamente por que Mordecai recusava-se a ajoelhar-se.
O rei havia ordenado e todos estavam fazendo isso — menos Mordecai. Somente ele recusava-se a ajoelhar-se.
Por quê? Alguns estudiosos acham que Mordecai não queria se curvar diante de nenhum ser humano, dando ao homem o louvor devido somente a Deus.
Mas o povo judeu se curvava diante de seus governantes. Como Abraão diante dos nobres de canaã. Jacó diante Esaú. Davi diante de Saul…
No entanto, Mordecai aparentemente não via nenhum problema em se curvar diante de Assuero, o rei. No capítulo 8, Ester do mesmo modo iria se atirar aos pés do rei para implorar que seu povo fosse poupado.
Mordecai só tinha problema em se curvar diante de Hamã. Embora Mordecai possa estar sendo obstinadamente arrogante ao recusar-se a ajoelhar-se, ou que ele tinha ciúmes de Hamã por esse ter sido promovido a conselheiro.
Mas no texto há indicação mais clara dessas atitudes. Na verdade, se olharmos atentamente, o próprio texto sugere a razão pela qual Mordecai não se curvava.
Hamã era um agagita. Ele era, portanto, um descendente de Agague, o amalequita, o antigo inimigo tribal dos judeus (Et 3.1).
Quando os israelitas saíram do Egito, os amalequitas os atacaram no deserto, pelo que Deus os amaldiçoou e os condenou à extinção (Êx 17.8-16).
Por causa desse ataque, Deus declarou que haveria inimizade permanente entre os dois povos, e ele se comprometeu a apagar toda a lembrança de Amaleque de debaixo do céu.
No tempo do rei Saul, Deus enviou Israel para cumprir a sentença sobre Amaleque, destruindo homens e animais (1 Sm 15).
Porém, Saul não cumpriu os termos da guerra santa como Deus o havia ordenado. Saul era um homem de CONVICÇÕES CINZENTAS.
Em vez disso, ele poupou o melhor dos animais e o próprio rei Agague, o melhor do povo. Saul alegou as melhores intenções, para sua OBEDIÊNCIA CINZENTA.
Ele disse que queria simplesmente oferecer os animais como sacrifício diante do Senhor (o que não explicava, evidentemente, o que ele pretendia fazer com o rei Agague. Cobrar resgate pelo rei é o motivo mais óbvio para tê-lo deixado vivo).
Aos olhos de Deus, contudo, obedecer é melhor do que sacrificar. Fazer o que Deus diz é melhor do que tentar criativamente produzir nosso próprio plano para servi-lo.
Por esse ato de DESOBEDIÊNCIA, Saul foi abandonado por Deus e rejeitado (1 Sm 15.28). E isto deixou Saul, profundamente desgostoso.
Sendo assim, para Mordecai – cuja genealogia o liga à família do rei Saul (Et 2.5) — curvar-se diante de Hamã, um descendente da família do rei Agague, era mais do que ele podia engolir. Seria como submeter-se a um inimigo odiado, a quem Deus havia amaldiçoado.
Curvar-se perante o rei Assuero, a autoridade pagã estabelecida por Deus sobre seu povo por causa do pecado deles, era uma coisa; curvar-se diante de Hamã era outra completamente diferente.
- O ANTI-HERÓI: Mordecai.
Não é a primeira vez que o texto de Ester nos convida a comparar os personagens dessa história com os do livro de Daniel.
Anteriormente, vimos como tanto a Daniel como a Ester foi oferecida a comida do rei e como eles responderam de maneiras bem diferentes.
Os três amigos de Daniel também haviam se recusado a prostrar-se ante ao comando do rei, embora no caso deles não fosse uma questão de se curvar diante de um oficial do rei, mas de um enorme ídolo de ouro (Dn 3).
Nesse caso, a obediência a Deus não lhes deixou escolha: se Deus os livrasse ou não, eles não poderiam em sã consciência se curvar diante daquele ídolo (Dn 3.17-18). ERA PRETO NO BRANCO. Eles preferiam queimar a se curvar.
- A nova fé com tons de cinza.
Comparado ao grande ato desafiador de Daniel, o posicionamento de Mordecai, conquanto tenha uma motivação aparentemente justificável, mas parece estar ligado a uma questão RELATIVAMENTE SECUNDÁRIA.
Era uma questão com TONS DE CINZA, NÃO PRETA E BRANCA, é tipo de “questão”, “conceito”, sobre a qual crentes fiéis poderiam chegar a conclusões diferentes.
Não é que Mordecai não estava sendo totalmente razoável em sua relutância em se curvar diante de Hamã, mas nos perguntamos se essa era uma questão digna de opor resistência.
Pense em quantas outras coisas Mordecai teve de abrir mão para permanecer vivo e empregado na corte persa. Ele já estava jogando dos dois lados, o do império e o da sua fé.
O livro de Ester, está mostrando lançamento exclusivo do nascimento de “nova fé”, que se opunha a “fé ortodoxa”.
Os JUDEUS ORTODOXOS, voltaram para Jerusalém; mas o que não quiseram obedecer a Deus, ficaram na Pérsia, e se tornavam, os Judeus Helenistas, híbridos, influenciados pela cultura, mundanos.
Como acontece Hoje com os cristãos modernos e progressistas, querem Deus e o mundo, e são uma “nova categoria” de crentes “elitizados”, na busca de aceitação, acabaram ASSIMILADOS pelo mundo.
Na verdade, Mordecai trabalhou tanto para ser aceito como um bom cidadão do império que, quando ouvimos a descrição dos judeus como aqueles cujas leis são diferentes das de qualquer outro povo (Et 3.8), sentimos que Mordecai, pelo menos, não estava sendo descrito corretamente.
Embora a acusação devesse ser verdadeira em relação ao povo de Deus, Mordecai estava longe de ser um caso excepcional de RESISTÊNCIA AO PECADO.
Ele não demonstrou muita preocupação com as questões étnicas quando sua prima Ester foi levada ao harém do rei gentio — com sua comida impura e práticas corruptas.
Ele insistiu para Ester, não se portar diferentemente dos outros povos, mas que escondesse totalmente sua origem judaica.
Ele não era nenhum Sadraque, Mesaque ou AbedeNego. Ele tinha sido um bom servo do império, obedecendo silenciosamente a todas as outras leis do rei, esforçando-se para ser aceito.
Mesmo assim, curvar-se diante de Hamã já era ir longe demais. Essa era a posição dele. Ele não poderia agir de outra maneira. A sua consciência estava cativa aquilo que ele achava que era um chamado mais elevado.
Não era como LUTERO, cuja consciência estava cativa a palavra de Deus, e não podia agir de outra forma.
Os judeus alexandrinos, inquietos com as atitudes e ações de Mordecai expressas no texto hebraico, procuraram melhorar sua imagem com esta inserção:
“Por volta de 100 aC, judeus alexandrinos, possivelmente em um esforço para reivindicar a espiritualidade de Mordecai. . . coloca esta oração em sua boca: ‘Você sabe todas as coisas; você sabe, Senhor, que não foi por insolência ou arrogância ou vaidade que fiz isso, que não me curvei diante do arrogante Hamã; pois eu estaria muito disposto a beijar a planta de seus pés por amor de Israel. Mas fiz isso para não colocar a glória de um homem acima da glória de Deus.
Se não fosse tão óbvio que Mordecai era um judeu orgulhoso e obstinado, os judeus posteriores não veriam necessidade de tentar alterar o texto original.
- Primeiro as primeiras coisas.
Com muita frequência, isso se aplica a nós também. Jesus acusou os fariseus do seu tempo de coarem mosquitos, mas engolirem camelos (Mt 23.24). Essa é uma imagem perfeita de muitas igrejas.
Somos especialistas em coar mosquitos, peneirando com precisão as letras e os estilos antibíblicos, preocupados demais com nossa ortodoxia.
Damos a vida na defesa de nossa teologia correta, não toleramos ouvir uma pregação que não seja bíblica.
Ao mesmo tempo, porém, podemos facilmente tolerar, em nós e naqueles que nos cercam, pecados do tamanho de um camelo como, adultérios, mundanismo, fofocas, orgulho pelas nossas realizações ou negligência para com a oração.
Não vamos nos curvar diante de Hamã, haja o que houver, mas vamos facilmente cair em muitos pecados maiores.
Não queremos dizer que deveríamos deixar os mosquitos escorregarem para dentro da nossa garganta livremente.
Jesus não quis dizer que deveríamos nos tornar negligentes com nossa ortodoxia, com a pregação, nem com nossa música.
Mordecai não estava necessariamente errado em recusar-se a ajoelhar-se diante de Hamã. Porém, PRIMEIRO AS PRIMEIRAS COISAS.
Talvez houvesse outras questões em relação às quais Mordecai deveria começar a exercer suas convicções recém-descobertas.
Poderíamos dizer a Mordecai: “Tenha noção de prioridades. Não atire nas moscas com um canhão”.
III. O ANTAGONISTA: Os tons de cinza do pecado.
O protagonista e o antagonista são antônimos na linguagem teatral, literária, novelística, cinematográfica. O primeiro é o que possui papel de destaque na trama, ou seja, é o ícone principal do enredo em questão.
O ANTAGONISTA também se destaca na obra, mas nem sempre é um ser humano, pode ser um obstáculo na vida do protagonista, seja seu caráter, circunstancias, pessoas, entre outros.
- Os tons de cinza da desobediência.
A verdadeira causa dessa TRAGÉDIA (gênero Literário onde o personagem principal tem um sério problema de caráter) são as complicações criadas pelo próprio pecado do povo de Deus. A origem dessa oposição foi a desobediência.
Curvar-se diante de Hamã era apenas uma questão secundária. Além do mais, isso só era um problema porque o povo de Deus havia errado no passado.
Se, em primeiro lugar, o rei Saul tivesse cumprido sua missão adequadamente, não haveria agagitas vivos para ameaçar seus descendentes. Esse é um problema perene.
Os pecados passados costumam voltar repetidamente para assombrar a nós e, às vezes, aos nossos filhos depois de nós.
Quantas decisões éticas difíceis, com as quais nos debatemos por horas, não estariam nem mesmo nos aborrecendo se não fosse pelos nossos pecados passados?
A vida das pessoas pode ser tornar horrivelmente complicada porque ela vem fazendo pequenas concessões ao longo de sua vida.
Em muitos casos, as maiores complicações nos vêm como subprodutos diretos dos nossos pecados passados.
Uma vez que as complicações começam, elas tendem a proliferar. Foi o que aconteceu a Mordecai. Não demorou muito para que o comportamento de Mordecai fosse levado à atenção de Hamã.
Os auxiliares de Mordecai, perguntou-lhe: porque você desobedece a ordem do rei? (Et 3.3). E eles insistiram muito com Mordecai:
Sucedeu, pois, que, dizendo-lhe eles isto, dia após dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de Mardoqueu se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu (Et 3:4).
Mordecai tem um CORAÇÃO CINZENTO como o de Saul, ele não ouve a ninguém. Ele não aceita que Ester o desobedeça, mas ele não obedece ao rei e nem aceita as repreensões dos servos do rei.
Obedecer ao rei da Pérsia não era simplesmente uma questão de necessidade – faça isso ou morra. Foi uma ordem de Deus.
Quando os falsos profetas exortaram o povo de Deus a não servir ao rei que os capturou, foi Deus quem ordenou aos judeus que O servissem: Jeremias (27: 6-15).
Os judeus deviam adorar o rei? Certamente que não. Mas eles não estão sendo solicitados a adorá-lo; eles são ordenados apenas a mostrar respeito aos seus oficiais nomeados.
E isso Mordecai não serviria. Haman estava certo; Mordecai era um rebelde e nisso não era muito diferente de seus irmãos judeus, que sempre foi um povo rebelde a lei de Deus.
Mordecai deveria ser sim, punido por sua insubordinação, movida pelo orgulho e preconceito.
Em nenhum lugar do nosso texto há qualquer sugestão de que se curvar a Hamã foi um ato de adoração ou um reconhecimento da divindade.
No capítulo 5, versículo 9, Hamã está novamente zangado com Mordecai, porque Mordecai não se levantou ou se moveu por ele quando ele passou. Isso não é adoração; isso é simplesmente mostrar respeito por alguém em uma posição superior.
E tudo isso por causa da “HISTÓRIA DE INTRIGA” dos seus antepassados que vai atrapalhar seus planos no presente.
Aliás, quando o ANTI-HERÓI é o protagonista, ele costuma retratar como é difícil escapar do passado e das cicatrizes profundas que ele pode deixar.
Todo mundo via que aquilo iria acabar em tragédia. Mas seu orgulho fazia desconsiderar toda tentativa de ajuda de seus amigos. Talvez confiado na posição e no prestigio que a rainha Ester sua sobrinha tinha.
Mordecai, parece estar tomado de uma VAIDADE E UM RESSENTIMENTO TOLO, pois por causa de Agage sua família perdeu o direito ao trono de Israel.
Para Mordecai por causa do seu PRECONCEITO, seria humilhação demais se curvar diante de um Amalequita amaldiçoado.
A História se repete, Saul x Agage; agora o duelo é entre seus descendentes. Saul poupou a vida de Agage, para tirar proveito e ganhar recompensa. Agora um filho de Agage, vai pagar uma recompensa para poder matar um filho de Saul.
- Os tons de cinza da hipocrisia.
Como todo ANTI-HEROI, ele cede a pressão, quando jogado contra a parede. Ele joga dos dois lados. Ele tem um padrão duplo.
Ele não permite Ester dizer a que povo ela pertencia. Mas agora ele mesmo quebra o silêncio e dá o ouro para o bandido.
A recusa de Mordecai em mostrar respeito e honra a Hamã é hipócrita. Se curvar-se ao rei (ou a um de seus oficiais) é algum tipo de adoração, porque então ele força Ester a ser uma idólatra ao insistir que ela esconda sua identidade de judia.
Mordecai poderia pelo menos oferecer o fato de ser judeu como desculpa para desobedecer à ordem do rei. Mas Esther não pôde oferecer tal desculpa, porque lhe disseram para esconder sua identidade.
Assim, Ester deve ter se curvado ao rei e aos oficiais dele. Se isso é tão errado, por que Mordecai permitiria – melhor ainda exigiria que ela o fizesse?
Isso só fica pior. MORDECAI RECEBE O QUE NÃO ESTÁ DISPOSTO A DAR. Mordecai não honrará o homem a quem o rei ordenou que todos os cidadãos de seu reino honrassem.
Mas no capítulo 6, quando o rei ordena a Hamã que providencie para que Mordecai seja homenageado, Hamã (relutantemente) obedece, e Mordecai recebe de bom grado esta honra (Ester 6: 10-11); assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar”.
Se é errado para os homens honrar um homem como Deus, como muitos eruditos dizem ao defender a rebelião de Mordecai, por que de repente é certo que os homens o façam a Mordecai e que ele receba essa honra?
Mais tarde, Mordecai receberá a posição e o poder de Haman para si. Não tenho dúvidas de que Mordecai esperava e recebeu de homens a mesma honra que ele, como judeu, não daria ao homem que ocupava a mesma posição. Mordecai é um hipócrita!
Não estou totalmente sozinho nesta conclusão. Muitos comentaristas dizem que Mordecai é um judeu teimoso, obstinado e rebelde, cuja recusa em mostrar respeito a Hamã é nada menos que pecado:
Embora escritores posteriores tenham afirmado que ‘reis persas assumem honras divinas. . . nenhuma reivindicação semelhante por parte dos reis é encontrada nos monumentos persas. (Paton, pág. 196)
Daniel não teve problemas em dizer a Dario, o medo: ‘Ó rei, vive para sempre!’ (Dn. 6.21); Neemias homenageou a Artaxerxes (Ne. 2:3).
Portanto, é preferível concluir que as ações de Mordecai sejam vistas ‘como uma expressão do espírito nacional judaico e orgulho, em vez de obediência a lei de Deus.
O autor divino está usando uma SÁTIRA, para mostrar, que não há ninguém justo, ninguém bom nesse livro (Rm 3.20).
Não há nada de piedoso nas atitudes e ações de Mordecai. Nem ele nem Ester são modelos de santidade para ser imitados. Eles são muito mais parecidos com Jonas do que com Daniel.
Deus não poupa Seu povo por causa da fé ou fidelidade de Mordecai ou de Ester. Ele o faz apesar de sua obstinação e pecado.
Para santificar as ações de Mordecai e Ester, devemos distorcer o texto assim como os judeus do primeiro século fizeram?
Adicionando versículos que obscureciam os pecados desses indivíduos, que não retornaram à terra prometida, mas ficaram na terra de seu cativeiro?
- Os tons de cinza da presunção fatal.
O foco do autor está em Mordecai. Ele parece ser a figura central de todo o Livro de Ester. O livro poderia ser mais apropriadamente chamado de Livro de Mordecai.
Ester não é a personagem central do livro. Ela é manipulada por seu tio, a quem ela obedece acima do seu marido.
E parece ser ele quem vai incluí-la no concurso para rainha; ele a instrui a manter sua identidade em segredo; ele ainda exercia autoridade sobre ela, em vez de seu marido, o rei.
Mas, acima de tudo, Mordecai colocou toda a raça judia em grave perigo por causa de seu orgulho teimoso e rebelião – não por causa de sua retidão.
Hamã nem sabia sobre Mordecai até que os servos do rei chamaram a atenção desse oficial para sua rebelião. Mesmo quando repreendido, Mordecai não se submeteu ou mostrou respeito.
Mesmo a única coisa boa que ele fez (informar o rei sobre a trama para matá-lo) parece ter sido um ato DE INTERESSE PRÓPRIO.
Ele poderia deixar a trama continuar e o rei ser morto. Mas isto causaria a perda da posição de Ester como rainha e traria prejuízo para seus planos egoístas (Jr 29:7; 1Tm 2:2).
Ele faz parte do serviço real, por certo devido a ajuda de Ester. Se ele não fizesse parte trabalho real, os servos do rei teriam expulsado ele do palácio, quando via que ele não respeitava Hamã.
Ele tem um caráter duvidoso e uma moralidade não muito bem definida, ele tenta cativar seus amigos, justificando os seus “deslizes” em obedecer ao rei, dizendo que era Judeu. Ele tornou o seu judaísmo uma bandeira.
Sua história não sensibiliza seus amigos, como os ANTI-HEROIS modernos ganham seus expectadores.
Os companheiros de trabalho de Mordecai, não parece ter nenhum ressentimento em especial contra Mordecai, e nem estão procurando uma desculpa para metê-lo em confusão.
Pelo contrário, eles primeiro tentaram falar com Mordecai pessoalmente, e só quando essa abordagem não funcionou, eles não podiam ser intransigentes, ai então tiveram que ir a Hamã (3.4).
Outra identificação do ANTI-HEROI, é que além dele está ligado de alguma forma ao passado do vilão, ele desastrosamente desperta o pior de seu inimigo.
Hamã nunca havia percebido, ou se percebeu, ou desconsiderava, que Mordecai o ignorava. Mas agora todo mundo percebeu, e isto depõe contra a honra que o rei deu a Hamã.
E pior essa visibilidade de sua desobediência, levou Hamã a descobrir um segredo mortal. Ele fica sabendo que Mordecai, pertence ao povo que destruiu o seu povo; os amalequitas, tanto crianças, mulheres e homens.
Ele vê uma oportunidade de ouro para vingar a destruição de seu povo, para também mandar exterminar os velhos, homens, crianças e mulheres.
O império persa era, em geral, relativamente tolerante. E por isso foi atrativo para muitos dos judeus não querer retornar a Jerusalém.
Contudo, essa famosa tolerância não estava em evidência nesse caso. Se nos destacamos na multidão e nos posicionamos contra o império, é melhor estarmos prontos para as consequências quando o império contra – atacar, como Vasti havia descoberto.
Hamã não achou suficiente uma simples vingança contra um inimigo pessoal. Por causa do seu orgulho ferido, eliminar uma única pessoa seria retribuição pequena demais.
Em vez disso, ele planejou um fim para todo o povo de Mordecai em todo o império.
O posicionamento pela verdade por Mordecai teria repercussões não apenas na sua própria vida, mas também nas vidas dos seus familiares, seus amigos e sua comunidade (Et 3.6).
Todo o grupo de pessoas teria de pagar pelas ações contraditórias de um único indivíduo. O egoísmo de um estava levando a morte de muitos. Isso era tudo o que o Diabo queria. Era legitimidade que precisava.
- Os tons cinza no evangelho.
Já é ruim o suficiente que Mordecai fosse mal e colocasse seu próprio povo em perigo. Mas sua hipocrisia ao fazer isso é ainda pior. Em meio ao seu pecado, ele procurou santificá-lo para que parecesse justiça.
A piedade de Mordecai não era preto no branco, era tons de cinza. E funcionou! Ainda funciona hoje, muitos cristãos os defendem; e pior, acham que são um modelo que devemos seguir.
Aqui está um aviso para nós. Tenhamos cuidado para não sermos como Mordecai, praticando o pecado em nome do Cristianismo.
Muitos de nós que chamamos o nome de Cristo e irritamos outras pessoas porque não agimos como cristãos.
Mas quando defendemos essas nossas ações como sendo cristãs, o mundo incrédulo vê nossa HIPOCRISIA e conclui que todos os cristãos são como nós. Como a “A ópera do mendigo” satiriza a corrupção da sociedade inglesa.
Não apenas trazemos opróbrio a nós mesmos, mas também o opróbrio do nome de Cristo.
Ele estava morando na Pérsia, mas seu comportamento não era excelente entre esses pagãos, como José, Daniel e outros haviam sido.
Seu comportamento não exibia respeito pelas autoridades. Ele usou seu judaísmo como uma “cobertura para o mal”.
Quando sofremos por causa de tal pecado e tolice, tentamos nos consolar dizendo que sofremos por causa da justiça.
Devemos considerar como imitamos Mordecai, santificando nosso pecado com rótulos aparentemente justos.
Continuamos a viver as mesmas características carnais que tínhamos como descrentes, mas mudamos o rótulo do que estamos fazendo.
Somos agressivos e egoístas, rotulando isso de “zelo pelo Senhor”.
Buscamos inclinações, tendências e atividades egoístas e chamamos isso de “exercer nosso dom espiritual”.
Damos a alguém um “pedaço de nossa mente” e chamamos isso de admoestação.
Tentamos nos vingar clamando por disciplina na igreja. Chamamos a atenção para nós mesmos agindo como se fôssemos cruzados, ansiosos apenas por preservar nossa ortodoxia, e não importam as pessoas.
Não queremos correr o risco de perder prestígio ou amizades, não repreendemos os que estão em pecado, mas nos orgulhamos de mostrar “amor incondicional”.
Encobrimos a expressão de nossa hostilidade rotulando-a de “indignação justa”.
Procuramos aconselhar os outros, não porque nos importamos profundamente com eles, mas porque é um pretexto para investigar essas áreas secretas de suas vidas que de outra forma não teríamos licença para explorar, satisfazendo nossas próprias curiosidades.
Dizemos aos outros o que fazer, não tanto porque Deus ordenou; mas estamos exortando a obedecer, Não porque as amamos, mas para dar nossas próprias opiniões e dirigir a vida dos outros.
Falamos sobre discipulado, mas na realidade, estamos simplesmente persuadindo os homens a nos seguirem e não a nosso Senhor.
Falamos sobre pedidos de oração, que às vezes são apenas um rótulo piedoso para fofoca.
Dizemos que estamos preservando a pureza nos separando dos outros, mas podemos realmente estar criando cismas, que o Senhor e Seus apóstolos condenam e proíbem.
Os cristãos devem ser diferentes dos descrentes. Devemos ser piedosos em contraste com o estilo de vida dos pagãos.
Devemos ser diferentes; mas devemos ser diferentes “como Deus” é diferente. Deus é santo e tudo o que o pertence também deve ser santo.
Vamos considerar seriamente os nossos pecados, que sejamos santos em toda a nossa maneira de viver.
- O PLANO PERFEITO DO VILÃO (Et 3.7-15).
Nesse DRAMA HISTÓRICO Hamã é um vilão perfeito: Inteligente, sagaz, manipulador, bajulador, perverso, e cheio de ódio.
Ele é descendente de Esaú, inimigo de Jacó, e dos Amalequitas a quem Israel dizimou toda a raça, por ordem de Deus, devido a medida de seus pecados haverem transbordados.
Saul, havia capturado seu ancestral para depois pedir recompensa, Agage seu ancestral foi morto por Samuel.
Hamã tem todos os elementos para nutrir um ódio mortal contra o povo de Deus, que nenhum outro vilão do cinema teria para odiar os mocinhos.
Satanás usou esse acumulo de ódio histórico, para levar Hamã a fazer, com riqueza de detalhes a mesma coisa que Deus havia ordenado Saul, para fazer com os Amalequitas.
Sempre que o nome de Hamã é lido na sinagoga, na festa do Purim, quando se lê o livro de Ester todos os anos; os judeus batem os pés e declaram: “que seu o nome seja apagado”.
Depois de se decidir por um plano para eliminar o povo judeu, Hamã precisava colocá-lo em ação.
A primeira coisa a fazer era consultar os deuses para encontrar a data mais adequada para esse massacre. Hamã então lançou sortes (Pur) para determinar quando o horrível ato aconteceria. (Et 3.7).
O plano do malvado Hamã de destruir todo um povo não poderia também ser realizado em seu próprio nome. Ele precisava do consentimento do rei e isso ele sabia fazer facilmente como político habilidoso que era.
Ele sabia o jeito certo de manipular o rei em sua vaidade e ganancia. (Et 3.8-11). Ele usou as palavras certas. Misturou verdades com mentiras.
Por que, então, Assuero permitiu que Hamã conseguisse que seu decreto fosse aprovado?
- Ele não se importava o bastante.
A descrição do problema por Hamã foi incrivelmente vaga: há certo povo que é reservado, possui leis próprias e não obedece às do rei.
A qualidade que era atraente nas taças imperiais — que cada uma deveria ser diferente — aparentemente era uma desvantagem nos grupos étnicos.
Os israelitas tinham cometido o pecado máximo contra o império: o pecado de não serem ASSIMILADOS. Desse modo, quando Hamã prosseguiu acrescentando: “pelo que não convém ao rei tolerá-lo” (Et 3.8).
Aparentemente, Assuero nem mesmo perguntou qual era o Povo ou o que exatamente estava lhe custando deixá-los em paz.
Se o rei soubesse que Ester era judia e que a ação proposta por Hamã era contra todos os judeus, ele certamente teria agido de outra forma.
JOSEFO descreve o edito enviado as províncias por Hamã, que dizia que os “Judeus, eram inimigos de todos os homens, que eram rebeldes e odiava os reis, e não querem aceitar dominação nenhuma, nem nossa, nem nossa prosperidade”.
Uma série de fracassos fatais levou a questão ao ponto mais baixo do capítulo 3 de Ester. Primeiro, o rei falhou ao mostrar a mesma sabedoria e discernimento encontrados no capítulo 1.
No capítulo 1, o rei acatou o conselho sábio de seus nobres príncipes. No capítulo 2, ele agiu conforme o conselho de seus criados. Agora, no capítulo 3, ele age sob o conselho exclusivo de Hamã.
Ele dá a este homem autoridade completa para que ele possa aprovar leis, que não poderão ser revogadas as quais ele assina e nunca leu.
O rei mais tarde ficará chocado com a lei que Hamã aprovou, com sua permissão. Ele não investigou o caso.
O rei falhou em honrar um homem cujas ações salvaram sua vida e seu reino, e ele entregou esse reino a Hamã, que pretendia matar Mordecai e toda sua raça.
De um ponto de vista meramente humano, o rei comete alguns erros muito tolos em nosso texto.
Assuero não pensou claramente acerca do que estava acontecendo, porque na verdade ele não se importava. Assuero pouco se importava com a verdade.
Tudo o que ele precisava era de uma razão suficiente para fazer o que parecia ser mais vantajoso para ele.
- Assuero era motivado por simples ganância.
Hamã era astuto, ele sabia que o império estava sem dinheiro após sua custosa guerra com os gregos. A brilhante ideia de Hamã resolveria grande parte das dívidas do império.
Sabendo disso Hamã ofereceu a ele muito dinheiro, DEZ MIL TALENTOS DE PRATA – mais da metade da receita bruta anual de impostos de todo o império.
O historiador grego Heródoto (livro III, seção 95) diz que a renda anual do império persa era de quinze mil talentos de prata. Ele está oferecendo dois terços dessa renda absurda. De onde Hamã pretendia tirar tanto dinheiro não fica claro.
Fica claro, contudo, que sua motivação não era financeira, pois mesmo que ele se apropriasse pessoalmente de todo o despojo dos judeus, ele ainda teria de tirar do próprio bolso uma quantia considerável.
Ainda assim, Assuero parecia não dar a mínima importância a essa questão – como não dava para qualquer outra. Apesar do potencial beneficio financeiro e o custo de assinar a destruição de um povo obscuro não identificado, ele não teve dúvida.
Consequentemente, ele entregou seu poder para um homem perverso, que o usou para tramar um genocídio.
Enquanto isso, o rei e seu conselheiro de confiança deram tão pouca importância aos prováveis desdobramentos de toda a questão que foram festejar o acordo vantajoso regado com muita bebida (Et 3.15).
Josefo diz que eles se entregaram aos banquetes, pois a soma de dinheiro era muito alta. Hamã passou ainda mais ser amado por Assuero.
- O AUTOR E PROTAGONISTA: Deus ou o império?
Assim, o edito para a destruição do povo de Deus foi assinado, selado e entregue até nos cantos mais remotos do império, nas várias línguas dos povos (Et 3.12-15).
O SISTEMA POSTAL que havia transportado o insensato decreto real, de que cada homem deveria ser o cabeça em sua própria casa, agora transportava esse decreto mais tenebroso com a mesma rapidez.
A cidade de Susã ficou perplexa, mostrando que nem todos no império eram contra os judeus.
Veja os desdobramentos que essa lei teria. Ela atingiria aqueles que já haviam voltado para Jerusalém, com Zorobabel e Esdras.
Você pode imaginar o júbilo dos SAMARITANOS quando leram que a lei em que os judeus não foram apenas condenados à morte, mas também puderam tomar seus bens? Era um sonho tornando realidade para os inimigos de Israel.
Mas o que se poderia fazer, agora que um edito para a destruição dos judeus fora emitido – uma lei dos persas e dos medos, que não podia ser mudada?
Do mesmo modo, durante a Segunda Guerra Mundial, muitas pessoas na Europa ocupada se sentiram impotentes para fazer qualquer coisa para impedir o destino dos seus amigos e vizinhos judeus.
Era simplesmente a maneira como o império operava. A sorte havia sido lançada, o edito emitido. Parecia que nada agora poderia impedir a tragédia iminente.
Contudo, o povo persa não contava com Deus. Hamã estava errado quando pensou que o futuro estava nas estrelas e podia ser desvendado pelo lançamento de sortes.
Como diz Provérbios 16.33: “A sorte se lança no regaço. mas do Senhor procede toda decisão”.
Isso então se realizou: A data escolhida pela sorte estava distante o suficiente para que o PLANO REDENTOR de Deus tivesse tempo de sobra para se desenrolar.
“No primeiro mês, que é o mês de nisã, no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou o Pur, isto é, sortes, perante Hamã, dia a dia, mês a mês, até ao duodécimo, que é o mês de adar” (Et 3.7).
Nisã era o início do Ano Novo época apropriada, de acordo com a religião babilônica, naquela época os deuses também se reuniam para determinar o destino (pur) dos homens.’”
Aqui a mão da SOBERANA PROVIDENCIA é visível. Os magos, lançaram sorte, no primeiro mês, e para cada dia, os dados foram jogados 342 vezes, e fizeram isso do primeiro mês a até o dia 13 do último mês. De nizã a adar.
O dia 13 é o dia que antecede a pascoa no dia 14. As cartas saíram pelos correios persas no dia 14 de Nisã, na pascoa (libertação).
Por isso os judeus começaram a festa do (pur) purim (sortes ou dados). Todo ano nesta festa os judeus leem o livro de Ester, para relembrar da providencia e o cuidado divino. Esse livro ajudou os judeus a enfrentarem o Holocausto.
Deus estava outra vez mostrando seu braço forte, quando libertou seu povo do Egito. A providência divina, programou a data, para que houvesse tempo, para se tomar as medidas de livramento do seu povo. Não era obra do destino.
Do mesmo modo, Assuero estava errado quando disse a Hamã: “Essa prata seja tua, como também esse povo, para fazeres dele o que melhor for de teu agrado” (Et 3.11).
Em última análise, o povo não era dele para que o entregasse ao poder de Hamã.
Eles eram de Deus, e ele não permitiria que eles fossem destruídos segundo o capricho do império.
A AÇÃO PRINCIPAL, a de maior relevância na sequência dos acontecimentos é dirigida e encenada pelo próprio Deus.
Tudo o que acontece aqui nesse texto é uma AÇÃO SECUNDARIA, e define-se em relação à principal cujo personagem é Deus.
Tudo o que acontece com Hamã, Mordecai, Assuero, são acontecimentos de menor relevância, que menos importa. O clímax e o DESFECHO final é obra da soberania divina ele dará o fim que deseja.
Provérbios 16 aborda essa realidade fundamental também: “O coração do homem traça o seu caminho, mas o SENHOR lhe dirige os passos” (Pv 16.9).
Antes de concluir esta lição, devo enfatizar que embora as terríveis circunstâncias dos judeus sejam o resultado dos pecados dos homens, elas também são o resultado da mão providencial de Deus, fazendo com que “todas as coisas trabalhem juntas” não apenas para a Sua glória , mas também para o bem de Seu povo.
A história ainda não acabou. Quando for, veremos que enquanto os homens pretendiam isso para o mal, Deus pretendia para o bem. Mas é muito claro que nenhum crédito vai para os homens. Toda a glória vai para Deus, como deveria.
- O HERÓI: O rei de amor.
O HERÓI é algum com virtudes nobres, cheio de coragem e humildade, que sempre está disposto a perdoar e suportar as injustiças e que se sacrifica para salvar aqueles que correm perigos.
No drama da redenção; nós somos ANTI-HERÓIS. Os nossos pecados é o maior VILÃO do universo, e eles se opõem a Deus.
Ironicamente, o próprio Deus tem muito mais motivos para agir contra nós e nossas famílias do que Assuero tinha contra os judeus. Nós não obedecemos a lei de Deus.
Recusamo-nos a nos curvar e a nos submeter a ele como deveríamos, dando-lhe a honra que, como nosso criador, lhe pertence por direito.
É bem verdade que, no nosso caso, Deus não ganha nada em nos tolerar, uma vez que nascemos REBELDES CÓSMICOS contra sua bondade e graça.
Mais do que isso, temos um inimigo cósmico, Satanás, que alegremente apresentaria muitos motivos válidos para justificar o nosso extermínio.
O edito para nossa destruição poderia legitimamente ser assinado contra nós pelo nosso Grande Rei. Mas não é assim que Deus, o verdadeiro Rei soberano, escolheu lidar conosco.
Em vez disso, veja o que nosso Rei fez. Ele não deu ouvidos às acusações que Satanás apresentou contra nós.
Pelo contrário, ele TOMOU O SEU PRÓPRIO FILHO, aquele que é tão precioso para ele quanto um “ANEL DE SINETE”, e o entregou a seus inimigos para que o esbofeteassem. Assuero nunca daria o seu filho Artaxexes para morrer em lugar de um povo rebelde como os judeus.
De fato, Deus disse: “Satanás, faça com meu filho o que você quiser. Que ele seja punido pelo pecado — mas deixe o povo dele ir.
Destrua, mate e aniquile Jesus, pois a divida do pecado deve ser paga. Saqueie os poucos bens que ele possui e os distribua entre os que o estão matando; (a túnica, a vida) torture-o e zombe dele, execute-o numa cruz. Mas quanto a meu povo, você não deverá tocar nele”.
Aqui não há lógica superficial e raciocínio raso. Aqui não é a FICÇÃO DA ARTE, do TEATRO, do CINEMA, ou da LITERATURA.
Aqui está a mais profunda lógica, uma lógica que precede o próprio tempo nos conselhos eternos de Deus, pela qual as ações de um homem — o homem Cristo Jesus — agora têm consequências redentoras para todo o seu povo quando eles depositam sua confiança nele.
Em vez de cartas de morte chegando rapidamente a todos os cantos do império em todas as línguas, agora o evangelho da vida chega a todas as tribos e nações em suas próprias línguas.
De fato, à medida que o evangelho penetra nosso coração, nos tornamos cartas vivas de Deus (2Co 3.2-3).
Nós somos o SISTEMA POSTAL de Deus para levar a sua mensagem de vida para nossos vizinhos e para as nações mais longínquas. Carregamos o aroma de Cristo para onde quer que vamos (2Co 2.15).
Quem não iria alegremente se curvar diante de um Rei como esse? Quem não se prostraria na presença dele e se submeteria ao seu comando para proclamar seus louvores entre as nações?
Todos podemos compartilhar as BOAS-NOVAS com nossos vizinhos e amigos; Deus chamará alguns de nós para levar as boas-novas aos confins da terra.
Infelizmente, contudo, Paulo nos lembra de que alguns permanecem inimigos do evangelho.
Eles não irão a Cristo e não se submeterão a ele. Para eles, nossa mensagem não é aroma de vida, mas o mau cheiro da morte (2Co 2.16).
Para eles, a suprema sabedoria de Deus parece loucura. E ser encontrado entre aqueles que zombam de Cristo é algo terrível.
Em última análise, há somente DUAS CATEGORIAS de pessoas no mundo: as que se curvam diante de Cristo — submetendo-se a ele com corações alegres e gratos — e aquelas que se recusam a se curvar e irão pagar o preço pelo seu apego obstinado aos próprios pecados.
O edito foi assinado e selado pelo soberano Senhor do céu e da terra e não pode ser mudado. Ele está baseado na lógica fundamental de que nossos pecados têm de ser pagos, seja por nós ou por Cristo em nosso lugar.
Isso quer dizer que nosso ouro e prata não podem nos salvar, ainda que oferecêssemos uma quantia tão grande quanto a que Hamã ofereceu.
Nossos atos de justiça e nossos melhores esforços não podem nos livrar da ameaça do edito. Reformar nosso comportamento não expia os nossos pecados passados.
Nada e ninguém pode fugir da realidade da lei de Deus. Todos merecemos a morte por causa das nossas transgressões. Todos nós recebemos o salário pelos nossos pecados.
Morte é o veredito de Deus para todos os que não estão em Cristo, seja homem ou mulher, jovem ou velho, adulto ou criança.
Mas pela graça de Deus, aqueles que estão em Cristo têm essa sentença terrível anulada porque ele tomou o lugar deles.
Chega a nós a gloriosa boa-nova do dom gratuito de Deus, que é a vida eterna em seu filho. A voz da lei é silenciada, Cristo cumpriu suas exigências por nós.
Há graça que se estende para além dos nossos pecados e nos promete misericórdia e aceitação por causa de Cristo. Como o Deus que servimos é grande!
Temos um maravilhoso evangelho para anunciar. O Cristo que seguimos é maravilhoso. Como John Newton expressou de modo tão eloquente:
Venham, amemos, cantemos e contemplemos, adoremos o nome do Senhor! Ele silenciou o estrondoso trovão da lei e apagou as chamas do monte Sinai: ele nos lavou com o seu sangue e nos levou para perto de Deus.
Assim sendo, há duas grandes surpresas no mundo: que Deus tenha nos amado tanto e que, em resposta, continuemos a amá-lo e a confiar nele tão pouco.
Que Deus cada vez mais imprima no nosso coração a realidade do seu evangelho, até que todo o nosso ser seja consumido por amor a ele.
CONCLUSÃO:
Antes de condenar o perverso Hamã examinemos o nosso coração. Bilhões de pecadores no mundo de hoje se encontram sobre uma sentença de morte eterna e a maioria dos cristãos não fazem nada.
Estamos com Assuero e Hamã, nos banqueteando e festejando com o rei, sem sequer se preocupar com os bilhões que vão morrer condenados.
Em julho de 1865, J. Hudson Taylor, missionário na china, estava passando alguns dias na Inglaterra. Estava exausto e doente e buscava a vontade de Deus para o seu ministério.
No domingo dia 25 de junho, sem poder suportar a multidão regozijante na casa de Deus, ele sai para caminhar e orar na praia com agonia na sua alma. Pois precisava de 24 novos obreiros para continuar seu trabalho na China.
As palavras que nos chamam a atenção é: Sem poder suportar a multidão regozijante na casa de Deus. sem dúvida é bom se alegrar na casa de Deus. mas o regozijo não deve ser um substituto para a nossa RESPONSABILIDADE.
Como diz um hino: as mesas de Deus estão cheias, mas os seus campos estão vazios.
Todos queremos compartilhar do banquete, mas será que estamos compartilhando a mensagem. Será que os nossos CORREIOS ELETRÔNICOS: Email, facebook, Instagram, Telegram tem sido impelido pela ordem do rei, de levar urgente essa mensagem a todos os povos da terra.
Não precisamos ser incrédulos de coração endurecidos para nos mostrar apáticos e despreocupados com a situação de bilhões de almas perdidas neste mundo.
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