Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 166 – O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 140). Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 93). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 16/07/2025.
INTRODUÇÃO
Nessa série de sermões sobre o Céu, estamos analisando o romance a “Divina Comédia” de Dante, escrito no início do século XIV e considerado a obra literária mais essencial da humanidade depois das Escrituras. Estamos nessa viagem pelo inferno junto com Dante e Virgílio, que representa a razão humana. Já caminhamos com ele pela antessala do inferno onde estão sendo punidos os indecisos, medrosos e tímidos, correndo atrás de uma bandeira sem insígnia, e sendo atormentados por vermes.Logo em seguida passamos pela borda o inferno, no limbo, onde estão os que nunca ouviram falar de Jesus e os mestres ilustres da filosofia, que mesmo tendo uma razão iluminada, nunca alcançaram o paraíso.
E no segundo ciclo estão os luxuriosos, que não controlaram seus desejos, sendo lançados pelas tormentas infernais. E estamos no terceiro ciclo do inferno de Dante, onde estão os condenados pelo pecado de Gula. Mas não imagine um banquete farto. Imagine o oposto. Aqui estão almas deitadas em uma lama podre (fedida) e gelada, sob uma chuva incessante e imunda, atormentadas por Cérbero, o cão de três cabeças que as rasga e as devora.
Este é o destino daqueles cujo deus, em vida, foi o próprio ventre. E é aqui, neste cenário de degradação, que uma figura se ergue da lama e fala com Dante. E a conversa deles nos força a fazer uma pergunta fundamental, uma pergunta que ecoa desde a Florença do século XIV até ao nosso mundo digital em 2025: O que acontece quando fazemos dos nossos apetites o nosso deus? Continuando a viagem no Terceiro Ciclo do inferno, vamos encontrar outro personagem memorável.
- A Voz que emerge da lama: o encontro com Ciacco
A parte mais arrepiante de um pesadelo não é ver o monstro. Mas é quando o monstro se vira e fala conosco, ou pior, quando vemos um rosto humano no meio da monstruosidade. É exatamente isso que acontece agora.Enquanto Dante e seu guia passam, uma figura coberta de imundície se levanta da lama e lhe diz: “Ó tu, que és conduzido por este inferno, reconhece-me se puderes: tu foste feito antes que eu fosse desfeito[1]“. A resposta de Dante é brutalmente honesta: “A angústia que te aflige talvez te tire da minha memória, de modo que não parece que eu jamais te tenha visto“.
Parem e meditem sobre esta troca. O pecado desfigura. O pecado corrompe a nossa própria identidade a ponto de nos tornarmos irreconhecíveis. A imagem de Deus em nós, a Imago Dei, fica tão coberta pela lama de nossas idolatrias que aqueles que nos conheceram antes não nos veem mais. Quantas vezes ouvimos histórias de vidas arruinadas pelo vício, pela ganância, pela obsessão? Amigos e familiares olham para a pessoa e dizem: “Eu não o reconheço mais”. Dante captura essa trágica verdade. O pecado nos “desfaz”. Ele nos desconstrói, nos desumaniza. A alma então se apresenta: “Vós, cidadãos, me chamastes Ciacco”. “Ciacco” é uma forma pejorativa para “porco” no dialeto florentino. Que terrível! No mundo, ele era conhecido por seu pecado. E na eternidade, essa é a sua única identidade. Ele é o Porco. Ele se tornou aquilo que adorou.
Ciacco era um nobre. Por isso, Dante pergunta a ele sobre seus amigos ricos e nobres que estavam junto com ele nos banquetes regados a comida e bebidas. Ele responde que Dante os encontraria em ciclos mais baixos no inferno. Isso nos leva a uma verdade fundamental da teologia protestante: o pecado não é apenas algo que fazemos. Quando não arrependido, é algo que nos tornamos. Nós nos conformamos ao objeto de nossa adoração. Se adoramos ao dinheiro, nos tornamos gananciosos. Se adoramos ao poder, nos tornamos tiranos.
Se, como diz Paulo, nosso deus é o ventre, nós nos tornamos bestiais em nossos apetites, como o filho pródigo que, após desperdiçar sua herança em uma vida de excessos, acaba desejando a comida dos porcos, o ponto mais baixo de sua degradação. Ciacco é o filho pródigo que nunca voltou para casa, que se contentou em desejar a lavagem dos porcos e acabou um com eles.
- A gula, um pecado social.
No entanto, a conversa se aprofunda. Dante, reconhecendo-o como um conterrâneo, faz perguntas políticas sobre o futuro de Florença, a sua amada e dividida cidade. E Ciacco, da sua poça de lama, profetiza com clareza sombria sobre a luta sangrenta entre os partidos políticos[2], dos guelfos brancos versus guelfos negros, que aconteceria três anos depois.
Por que Dante insere uma profecia política no meio do círculo da Gula? Porque ele, com uma genialidade inspirada, entende que a gula não é apenas um pecado individual. É um pecado social. A corrupção dominou completamente a igreja, o papado, a política e a sociedade irremediavelmente, o que também é um retrato da nossa época. A mesma doença da alma que leva um homem a se entregar ao excesso à mesa de jantar é a que leva uma cidade a se entregar ao excesso de orgulho, ganância e divisão.
O que é a luta fratricida[3] pelo poder político senão uma forma de gula por poder? O que é a corrupção que enriquece alguns à custa de muitos, senão uma gula por riqueza? O que é o “partidarismo” cego que destrói o bem comum senão uma gula por influência? Ciacco diagnostica a causa da doença social e política da sociedade com três palavras: “soberba, inveja e avareza”. Estes são os apetites desordenados da alma coletiva. Florença está no inferno da Gula porque seus cidadãos fizeram de seus apetites políticos e financeiros os seus deuses.
Nesse contexto, Dante age como um profeta do Antigo Testamento, tais como Isaías, Jeremias e Amós, os quais não apenas condenaram a idolatria individual. Eles se levantaram e trovejaram contra a injustiça social, a opressão dos pobres e a corrupção dos líderes, mostrando que a falha de uma nação em sua vida pública era um sintoma direto de sua falha em sua vida espiritual. Dante está fazendo o mesmo. Ele está dizendo a seus leitores: “Vejam o que acontece quando uma sociedade inteira tem o ventre como seu deus. Ela se afoga em sua própria sujeira”.
- A Justiça de Deus e o Inferno.
A conversa termina com uma pergunta teológica de Dante: “Dize-me ainda mais: depois da grande sentença [o Juízo Final], seu tormento crescerá, será menor ou ficará como está?” A resposta de Ciacco, citando Aristóteles, é um pilar da teologia medieval, que nós, como protestantes, devemos examinar cuidadosamente.
“Este não há de acordar mais”, disse meu guia.
Até que ele ouça o som da trombeta do anjo
Que virá conduzido pelo hostil Juiz.
E cada sombra retornará ao seu sepulcro sombrio
Sua carne e forma antiga elas devem reassumir
E Ouvir o que ecoará pelos círculos Eternos.
…
E falávamos um pouco sobre a vida futura…
Ao que eu disse: Mestre, os sofrimentos aumentarão.
Depois que a terrível sentença for ouvida
Ou serão atenuados por tormentos menos cruéis?
O guia então reponde, usando as palavras de Aristóteles:
Lembre-se de sua Ciência, foi sua palavra;
Que diz: conforme as coisas ficam mais perfeitas,
Elas são estremecidas por maior prazer ou sofrimento.
Ele diz que, após a ressurreição do corpo, sua dor será “mais perfeita”, pois uma criatura é mais perfeita quando está completa (corpo e alma reunidos). Esta é uma doutrina que encontra forte apoio na Escritura. O apóstolo Paulo nos ensina que haverá uma ressurreição tanto dos justos quanto dos injustos (Atos 24:15). Em João 5:28-29, o próprio Jesus afirma que “virá a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”.
O que isso significa? Significa que o corpo, que nesta vida foi o instrumento para o pecado, será reunido à alma para experimentar a plenitude da justiça de Deus. Para o crente, cujo corpo é templo do Espírito Santo, a ressurreição será para a glória, um corpo novo e perfeito para desfrutar da presença de Deus para sempre. Mas para o ímpio, o corpo ressurreto será um instrumento perfeitamente sintonizado para receber a plenitude da ira de Deus. A dor será “mais perfeita” porque a pessoa estará “completa” em sua rebelião e, portanto, completa em sua recepção da justa consequência.
É aqui que a perspectiva protestante se torna crucial. Ao contrário da visão católica, que inclui o purgatório como um lugar de purificação após a morte, a teologia protestante, baseada na suficiência do sacrifício de Cristo, sustenta que nosso estado eterno é fixado no momento da morte. O inferno, portanto, não é um lugar de reabilitação. Não há esperança, não há segunda chance, não há purgação. É um estado final e irreversível. É o que Jesus descreve na parábola do rico e Lázaro: um “grande abismo” fixado entre os salvos e os condenados (Lucas 16:26).
O inferno é a consequência natural e justa da escolha de uma vida inteira. É a materialização da lógica do pecado descrita em Romanos 1. Diante da rebelião humana, o que Deus faz? Três vezes o texto diz: “Deus os entregou”. Ele os entregou à impureza de seus corações, às paixões vergonhosas e a uma mente depravada. O inferno é a entrega final. É Deus, em sua justiça terrível, dando às pessoas exatamente o que elas pensavam que queriam: um universo sem Ele. Um universo onde elas são o centro.
Porém, um universo sem Deus é um universo sem amor, sem luz, sem bondade, sem alegria, sem significado e sem esperança. É, por definição, o Inferno. Os gulosos queriam fazer de seus apetites o centro de suas vidas. Deus, no final, lhes concede seu desejo, e o resultado é uma eternidade de lama sob uma chuva fria. O sofrimento deles se tornará “perfeito” porque sua separação de Deus, a fonte de todo o bem, será perfeita e completa. É uma verdade que deve nos fazer tremer, não por um medo servil, mas por uma profunda e reverente gratidão pelo sacrifício de Cristo, que nos resgatou de tal destino.
- O Terceiro Círculo hoje: aplicações práticas.
Dante, Ciacco e a Florença do século XIV podem parecer distantes. Podemos ser tentados a pensar: “Isto é história. É literatura. Eu não sou um glutão medieval”. Mas o apóstolo Paulo não escreveu Filipenses para a Itália do século XIV. Ele escreveu para a igreja. Para nós. E o diagnóstico do “deus-ventre” é mais relevante hoje, em pleno 2025, do que nunca. A Gula não desapareceu. Ela apenas mudou de cardápio. Então, como se manifesta o Terceiro Círculo em nossas vidas e em nossa cultura? Onde encontramos a chuva fria e a lama fétida hoje? Vejamos então o diagnóstico da Gula Moderna:
Primeiro, encontramos a Gula no altar do Consumismo. Nossa sociedade é uma máquina gigantesca projetada para criar apetites insaciáveis. Somos bombardeados com a mensagem de que a felicidade está na próxima compra, no próximo upgrade, na próxima aquisição. O “ventre” moderno anseia pelo último modelo de smartphone, pelo carro do ano, pela roupa da estação.
E nós, como as almas de Dante, deitamo-nos passivamente na lama do marketing e permitimos que a chuva de anúncios caia sobre nós, criando um desejo constante e uma insatisfação crônica. A glória que Paulo menciona, que está na vergonha, é a “glória” de um vídeo de “unboxing[4]“, o prazer efêmero de possuir algo novo.
O deus-ventre do século XXI exige sacrifícios constantes no altar do cartão de crédito, e sua liturgia é o passeio pelo shopping ou o scroll infinito em uma loja online. Ele promete realização, mas entrega dívida, ansiedade e um vazio que o próximo produto nunca consegue preencher.
Segundo, a Gula Digital: essa é talvez a forma mais sutil e perigosa em que a Gula se manifesta em nossos dias. Pense em como usamos a tecnologia. Quantos de nós não se deitam à noite, não na lama no inferno, mas em nossas camas, com o rosto banhado pela luz fria de uma tela? Ficamos ali, passivos, rolando por um feed infinito, deixando que uma chuva de conteúdo — notícias, fofocas, vídeos, memes, opiniões — caia sobre nós. É uma forma de gula. Consumimos informação sem digerir. Acumulamos conhecimento sem sabedoria. Vemos imagens sem refletir.
O resultado é o mesmo do Terceiro Círculo: nossos sentidos ficam embotados. Ficamos dessensibilizados com a violência, ansiosos com a sobrecarga de informações.E cada vez mais ficamos incapazes de ter pensamentos profundos, ficamos sem tempo para orar, e perdemos a capacidade de nos relacionar com pessoas reais. O monstro Cérbero hoje é o algoritmo, com suas três cabeças de Engajamento, Monetização e Coleta de Dados, latindo constantemente por nossa atenção, nos esquartejando em mil distrações e nos alimentando com a lama do conteúdo viciante e polarizador.
Terceiro, encontramos a Gula Emocional: quando o nosso coração está vazio da presença de Deus, ele se torna um vácuo faminto. E tentamos preencher esse vácuo consumindo experiências, pessoas e sentimentos. A maratona de séries para anestesiar a solidão. A busca incessante por um parceiro romântico após o outro, na esperança de que o próximo finalmente nos “complete”. O vício em trabalho, consumindo nossas horas e nossa saúde para sentir um pingo de valor e identidade. O abuso de álcool, drogas ou pornografia. Tudo isso são formas de gula espiritual. É tentar saciar uma fome de infinito com coisas finitas. É como tentar apagar um incêndio com gasolina. O resultado é sempre o mesmo: um prazer momentâneo seguido por uma ressaca de vergonha, vazio e mais fome do que antes.
- Análise Filosófica Cristã: Hedonismo vs. Alegria
A filosofia que sustenta a Gula moderna é o Hedonismo: a crença de que o prazer é o bem supremo e o objetivo principal da vida. Mas o cristianismo oferece um contraponto radical. A Bíblia não é contra o prazer. Deus criou um mundo cheio de coisas para desfrutarmos. O problema não é o prazer, mas a idolatria do prazer. O Hedonismo busca o prazer a qualquer preço. Neste caso, ele é circunstancial, dependente de estímulos externos e, em última análise, fugaz.
A fé cristã busca a Alegria, que é um fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22). A alegria é um estado da alma, uma profunda e estável satisfação em Deus que independe das circunstâncias. O guloso no banquete está buscando prazer. O apóstolo Paulo, cantando hinos na prisão em Filipos, encontrou a alegria. O prazer é a felicidade barata do mundo. A alegria é o ouro puro do Reino de Deus.
O grande escritor cristão C.S. Lewis diagnosticou nosso problema de forma brilhante. Ele disse que nossos desejos não são, na verdade, muito fortes. Eles são muito fracos. Ele escreveu: “Somos criaturas tímidas, brincando com bebida, sexo e ambição, quando a alegria infinita nos é oferecida. Somos como uma criança ignorante que quer continuar a fazer tortas de lama numa favela porque não consegue imaginar o que significa a oportunidade de passar a férias num Resort na beira da praia. Nós nos contentamos com muito pouco.”
Os gulosos de Dante se contentaram com as tortas de lama de seus banquetes. E, como recompensa, ganharam uma eternidade de lama. Este é o chamado para nós, Igreja: vamos parar de nos contentar com a lama? Vamos parar de tentar satisfazer a fome de nossas almas com o cardápio sujo deste mundo?
- O Banquete da Graça versus anti-banquete infernal.
Nossa jornada pelo Terceiro Círculo deve nos deixar perturbados. Deve nos levar ao autoexame. Deve nos forçar a perguntar: Qual “ventre” eu tenho servido? Que “chuva” tenho deixado cair sobre minha mente? Em que “lama” tenho me deitado? Mas, graças a Deus, a jornada do cristão não termina no Inferno. Dante precisou passar por ele para chegar ao Paraíso, e nós também precisamos passar pelo reconhecimento honesto de nosso pecado para chegarmos à glória da graça de Deus.
E aqui, o Evangelho brilha com uma luz ofuscante contra o pano de fundo escuro do Inferno de Dante. A imagem final do Terceiro Círculo é a de um banquete de cinzas e podridão. A Bíblia nos oferece a imagem de um banquete completamente diferente. Em Apocalipse 19:9, o anjo diz a João: “Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. Contemplem o contraste!
- De um lado, um anti-banquete solitário, frio, sujo e passivo.
- Do outro, uma festa de casamento comunitária, cheia de calor, pureza e celebração jubilosa.
- De um lado, Cérbero, o cão infernal, devorando lama.
- Do outro, o Cordeiro de Deus, que foi morto, oferecendo a Si mesmo como o pão da festa.
A cura para a Gula não é simplesmente a disciplina ou a força de vontade, embora elas tenham seu lugar. A cura fundamental para um apetite idólatra é um apetite superior. A cura para a fome pela lama é uma fome e sede pela justiça de Deus. E essa fome só pode ser saciada por uma Pessoa. Jesus Cristo, que em pé diante de uma multidão faminta, declarou em João 6:35: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome; e quem crê em mim, nunca mais terá sede”.
Você entende o que Ele está dizendo? A fome mais profunda de seu coração não é por comida, nem por sexo, nem por dinheiro, nem por poder, nem por likes, nem por entretenimento. A fome mais profunda de sua alma é por Deus. E Jesus é a única refeição que pode satisfazer essa fome. Ele é o Pão do Céu que desceu para nos dar vida. Na cruz, Ele tomou sobre Si toda a nossa imundície, toda a nossa gula, toda a nossa idolatria. Ele suportou a separação de Deus para que nós pudéssemos ser convidados para o banquete.
Portanto, o chamado do Evangelho para cada um de nós hoje é um chamado ao arrependimento e à transformação. É um chamado para nos levantarmos da lama de nossas idolatrias. Confesse a Deus: “Sim, meu deus tem sido o meu ventre. Tenho buscado vida onde há apenas morte”. E então, pela fé, aceite o convite para a ceia do Cordeiro.
Isso terá implicações práticas. Significa cultivar disciplinas espirituais. A prática do jejum não é para nos punir, mas para treinar nosso estômago e nossa alma a dizer “não” a um apetite menor para poder dizer “sim” a um apetite maior por Deus. Significa cultivar a simplicidade, resistindo conscientemente à maré do consumismo. Significa praticar a gratidão, agradecendo a Deus pelas dádivas que Ele nos deu, em vez de sempre ansiar pelo que não temos.
CONCLUSÃO:
O apóstolo Paulo escreve: “Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o ventre, e a sua glória está na sua vergonha. Só pensam nas coisas terrenas.” (Filipenses 3:18-19) E temos o Contraste final: O banquete de cinzas e lama do Inferno versus o Banquete do Cordeiro (Apocalipse 19:9). Cristo, o Pão da Vida: a única resposta para a fome da alma (João 6:35). A satisfação que não se encontra nos apetites, mas na comunhão com o Criador.
O terceiro ciclo do inferno de Dante é um chamado ao arrependimento e à disciplina Espiritual. É um chamado para identificar e confessar os “deuses-ventre” de nossas vidas. É um chamado a prática do jejum, da simplicidade e da gratidão como armas espirituais contra a gula. A quem você tem servido? Onde você tem buscado saciar a sua fome mais profunda? Que possamos nos voltar para Aquele que é a fonte de Água Viva e o Pão do Céu.
[1] Ele está dizendo que Dante nasceu antes que ele morresse. Dante era eu contemporâneo.
[2] No final de 1300 houve uma guerra entre os guelfos brancos (queriam que o papa não interferisse no poder político) e os guelfos negros que apoiavam a corrupção do papa Bonifácio VIII. Inicialmente os guelfos brancos expulsaram os guelfos negros, mas meses depois voltaram com a ajuda do Papa, e expulsaram os guelfos brancos de Florença. Isso aconteceu 3 anos depois da conversa de Dante com Ciacco.
[3] que ou aquele que é responsável pela morte de indivíduo, ou indivíduos (p.ex., compatrícios), com o qual tem relação fraternal.
[4] Unboxing é o ato de desembalar um produto e mostrar o processo em vídeo, geralmente compartilhado em plataformas como YouTube e Instagram. É uma prática popular tanto para consumidores que desejam mostrar suas compras quanto para empresas que a utilizam como estratégia de marketing. O termo em inglês “unboxing” significa literalmente “desempacotar” ou “tirar da caixa”.