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OCÉU161: A Bíblia versus o Secularismo – PARTE 88

Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 161  –  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 135).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 88). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 04/06/2025.

INTRODUÇÃO:

Dante Alighieri, o renomado poeta florentino do século XIII e XIV, é frequentemente descrito como um “poeta profeta” devido à profundidade de sua visão moral, espiritual e política, expressa magistralmente em sua obra-prima, “A Divina Comédia”. Essa designação não implica que Dante tivesse o dom da premonição de eventos futuros específicos, mas sim que sua poesia continha verdades atemporais, críticas sociais contundentes e um chamado urgente à redenção individual e coletiva, ecoando o papel dos profetas bíblicos. Vários fatores contribuem para essa percepção profética:

Crítica Moral e Religiosa: Em “A Divina Comédia”, Dante não hesita em condenar veementemente a corrupção moral, política e eclesiástica de seu tempo. Ele populariza figuras históricas e contemporâneas, incluindo papas, nobres e cidadãos comuns, nos círculos do Inferno ou Paraíso, de acordo com seus pecados ou virtudes. Essa disposição de julgar e alertar sobre as consequências do pecado assemelha-se à postura dos profetas, que denunciavam as iniquidades e conclamavam ao arrependimento.

Visão de Justiça Divina: A estrutura moral do universo dantesco, com suas punições e recompensas meticulosamente detalhadas, reflete uma profunda crença na justiça divina. Dante apresenta um sistema onde cada ação tem uma consequência eterna, e o sofrimento no Inferno ou a purificação no Purgatório (santificação) são manifestações dessa justiça.  Ao expor essa ordem divina, Dante assume um papel de intérprete e transmissor de uma verdade superior.

Chamado à Conversão e Retidão: A jornada de Dante através dos três reinos do além representa a jornada da alma humana da escuridão do pecado para a luz da salvação. “A Divina Comédia” é, em essência, um apelo à conversão pessoal e à reforma da sociedade e da vida moral da igreja. O poeta conclama seus leitores a abandonarem o caminho da perdição e a buscarem a virtude e a Deus. Esse fervor evangelizador e o desejo de guiar a humanidade para um caminho mais justo são características proféticas.

Contexto Político e Exílio: O próprio exílio de Dante, resultado de conflitos políticos, intensificou sua perspectiva crítica e seu desejo por uma ordem política mais justa, idealmente sob um Sacro Império Romano restaurado que pudesse trazer paz e estabilidade. Suas críticas e propostas políticas, entrelaçadas com sua visão religiosa, também podem ser vistas como proféticas no sentido de alertar para as consequências da desordem e da tirania e de propor caminhos para a restauração.

Linguagem e Simbolismo: A linguagem poderosa e a rica tapeçaria de símbolos em “A Divina Comédia” elevam a obra para além de uma simples narrativa. A profundidade de seus insights sobre a natureza humana, o pecado, a graça e a redenção conferem à sua poesia uma qualidade transcendental e atemporal, que muitos interpretam como inspirada.

Impacto Duradouro: A relevância contínua da obra de Dante ao longo dos séculos, sua capacidade de interpelar leitores de diferentes épocas e culturas sobre questões fundamentais da existência humana. Isso reforça a ideia de que sua mensagem transcende seu contexto histórico imediato, aproximando-se de uma verdade universal, como a dos textos proféticos. Dante já foi chamado de o “profeta da esperança”.

  1. A covardia: a antessala do inferno

O “Vestíbulo do Inferno”, ou “Ante-Inferno”, é onde estão os mortos que não podem ir para o céu nem para o inferno. O céu e inferno são estados onde uma escolha é permanentemente recompensada (de forma positiva ou negativa), pois deve também existir um estado onde a negação da escolha seja recompensada, uma vez que recusar a escolha é escolher a indecisão. Pode-se argumentar que a indecisão é, de certa forma, uma decisão tomada para não decidir. A indecisão é, em si, uma escolha – a escolha de não escolher. Ignorar ou adiar a tomada de decisão, por medo, insegurança ou falta de confiança, também resulta em consequências, que podem ser tão prejudiciais ou mais do que uma decisão mal tomada. 

  1. O eterno desprezo dos covardes.

Logo, a antessala do inferno é a morada dos indecisos, covardes e que passaram a vida “em cima do muro”. Eles nunca quiseram assumir compromissos, tomar decisões firmes, por acharem que assim perderiam a oportunidade de fazer alguma coisa.  Veja como Dante descreve os covardes: Inferno, Canto III, vv. 10-60

10 E eu: “Mestre, o que é isto que eu ouço?

11 E que gente é esta que parece tão vencida na dor?”

12 E ele a mim: “Este mísero modo

13 têm as almas tristes daqueles

14 que viveram sem infâmia e sem louvor.

 

15 Misturadas estão àquele coro réprobo

16 dos anjos que não foram rebeldes

17 nem foram fiéis a Deus, mas por si mesmos foram.

18 Expulsam-nos os céus para não serem menos belos,

19 nem o profundo inferno os recebe,

20 pois alguma glória os réus teriam deles.”

 

21 E eu: “Mestre, que é tão grave

22 a eles que os faz lamentar tão forte?”

23 Respondeu: “Dir-te-ei muito brevemente.

24 Estes não têm esperança de morte,

25 e a sua vida cega é tão baixa,

26 que invejosos são de toda outra sorte.

 

27 O mundo não permite que a fama deles perdure;

28 misericórdia e justiça os desdenham:

29 não falemos deles, mas olha e passa.”

30 E eu, que olhei, vi uma insígnia

31 que, girando, corria tanto veloz,

32 que de nenhuma pausa parecia digna;

 

33 e atrás dela vinha tão longa cauda

34 de gente, que eu nunca teria crido

35 que tanta morte já houvesse desfeito.

36 Depois que alguns eu ali reconheci,

37 vi e conheci a sombra daquele

38 que fez por covardia a grande recusa.

39 Imediatamente entendi e fui certo

 

40 que esta era a seita dos cativos,

41 a Deus e a seus inimigos desagradáveis.

42 Estes desgraçados, que nunca foram vivos,

43 estavam nus e eram muito estimulados

44 por moscardos e por vespas que ali havia.

 

45 Eles lhes riscavam o rosto de sangue,

46 que, misturado com lágrimas, aos seus pés

47 por vermes nojentos era colhido.

48 E quando a olhar mais adiante me pus,

49 vi gente na margem de um grande rio;

50 por que eu disse: “Mestre, ora me concedas

 

51 que eu saiba quem são, e que costume

52 os faz parecer tão prontos a passar,

53 como eu distingo pelo bruxulear da luz.”

54 E ele a mim: “As coisas te serão claras

55 quando nós pararmos os nossos passos

56 na triste ribeira do Aqueronte.”

 

57 Então com os olhos envergonhados e baixos,

58 temendo que o meu falar lhe fosse molesto,

59 até o rio me abstive de falar.

60 E eis que em direção a nós vem uma embarcação

 

Os covardes são condenados à nevoa e a correr em filas atrás de uma bandeira[1] sem insígnia (marca, símbolo), que corre rapidamente, e que não vai a lugar nenhum; enquanto são continuamente torturados pelas picadas de vespas e moscões, enquanto vermes roem suas pernas. Eles serão desprezados tanto pela misericórdia divina quanto pela justiça infernal. Virgílio, o guia de Dante, aconselha a Dante a “não raciocinar sobre eles, mas olha e passa[2]” sublinhando seu estado de completa insignificância. Não vale a pena sequer mencioná-los. Eles viveram numa condição de total desprezo e terão a primeira lição que o inferno dará a todos os que ali chegarem.

  1. A covardia das covardias dantescas.

Nessa parte do poema, Dante fala da renúncia do Papa Celestino V.

36 Depois que alguns eu ali reconheci,

37 vi e conheci a sombra daquele

38 que fez por covardia a grande recusa.

Para ele, a renúncia de Celestino V poderia ser vista como uma abdicação de uma responsabilidade sagrada, um ato de fraqueza (“viltade”) que abriu caminho para a eleição de uns dos mais corruptos papas, Bonifácio VIII. Ele ficou conhecido como o Papa Ateu, foi acusado de simonia, que é venda de títulos, bençãos espirituais, sacramentos e perdão de pecados, além da venda de cargos eclesiásticos e enriquecimento ilícito de sua família. Foi acusado de vários crimes, heresias, imoralidade, sodomia, idolatria, e até mesmo de ter assassinado Celestino V (que morreu em cativeiro sob as ordens de Bonifácio.

Para Dante, Bonifácio VIII encarnava muitos dos males que afligiam a Igreja: a cobiça, a arrogância do poder, a corrupção moral e a traição da missão espiritual do papado. Em “A Divina Comédia”, Dante reserva um lugar no Inferno para Bonifácio por todos os seus pecados e corrupção generalizada em seu pontificado. Como Poeta e Profeta Dante denunciou a corrupção papal de Bonifácio VIII, e por isso ele foi julgado e condenado ao exilado de Florença, para não influenciar a população contra o governo Papal.

Depois de longo conclave e impasse político: a eleição de Celestino V ocorreu após um longo período de Sé Vacante (a cadeira papal vazia) que durou mais de dois anos (de abril de 1292 a julho de 1294). Os cardeais estavam profundamente divididos por facções políticas e familiares, principalmente entre os Orsini e os Colonna, o que impedia um consenso.

A figura de Pietro da Morrone: Pietro da Morrone era um monge eremita beneditino, conhecido por sua piedade e vida ascética. Sua eleição foi vista por alguns como uma solução espiritual para a crise e uma esperança de reforma na Igreja, que era criticada por sua crescente mundanização e envolvimento em disputas de poder. Sua inexperiência e pressões que sofreu depois de eleito como Celestino V ficaram evidentes. Ele foi tomado de medo e mostrou-se despreparado para as complexidades da administração da Igreja e para as intrigas políticas da Cúria Romana. Ele era ingênuo em questões de governança e logo caiu sob a influência do Rei Carlos II da França, que buscou usar o papado para seus próprios fins políticos.

Por medo ele nutriu o desejo de retorno à vida monástica e Questões Canônicas: Celestino V sentia-se inadequado para o cargo e ansiava por retornar à sua vida de oração e solidão. Além disso, surgiram questionamentos sobre a validade canônica de uma renúncia papal. Foi o próprio Celestino V quem, influenciado maliciosamente pelo Cardeal Benedetto Caetani (que viria a ser seu sucessor, Bonifácio VIII), emitiu um decreto confirmando o direito de um papa renunciar.

A renúncia e a ascensão de Bonifácio VIII: Após apenas cinco meses, em 13 de dezembro de 1294, Celestino V formalmente renunciou ao papado.Dez dias depois, o Cardeal Benedetto Caetani foi eleito Papa Bonifácio VIII. Bonifácio VIII, temendo que Celestino pudesse ser usado por facções opositoras para questionar sua legitimidade, mandou aprisionar o ex-papa, que morreu em cativeiro em 1296.

Dante, em particular, condena Bonifácio VIII por simonia. No Canto XIX do “Inferno”, Dante encontra o Papa Nicolau III punido no oitavo círculo dos simoníacos, enterrado de cabeça para baixo com as plantas dos pés em chamas. Nicolau III “profetiza” a chegada de Bonifácio VIII ao mesmo local, indicando o destino que Dante reservava para ele. Embora Bonifácio ainda estivesse vivo em 1300 (o ano fictício da jornada de Dante), o poeta não hesitou em prever sua condenação eterna por esse pecado.

CONCLUSÃO:

No livro do Apocalipse 21.8, lemos que:  “Mas, quanto aos covardes, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.A palavra convarde Covarde é δειλοῖς [ deilois ]: “tímidos [os]”, “pessoas que demonstram medo de forma vergonhosa”.  A palavra é usada por Jesus para descrever o perigo da falta de fé ( Mat. 8:26; Marcos 4:40). Durante a Grande Tribulação, os adoradores da Besta levaram sua marca na testa ou na mão (lugares visíveis), em parte por medo de serem perseguidas e perderem suas vidas (Ap 13:15). Eles estavam entre aqueles que, por medo, daqueles que podem matar o corpo, salvaram suas vidas, mas acabaram perdendo sua alma e corpo no inferno (Mt. 10:28).

Os ímpios e preguiçosos, representados pelo servo que escondeu seu talento na terra por medo, em vez de investi-lo em benefício do Senhor, foram lançados em um lugar externo escuridão (Mt 25:25 ; Lc 19:21).  Aqueles que negam Jesus diante dos homens, possivelmente por medo, não serão confessados ​​pelo Filho do Homem, diante de Deus e seus anjos (Lucas 12:8-9). Muitos dos líderes religiosos acreditavam em Jesus, mas por medo de serem expulsos da sinagoga pelos fariseus, não o confessaram. Eles amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus (João 12:43).  Pilatos, condenou a Jesus, porque amou mais a glória dos homens do que a gloria de Deus. Ele teve medo quando a multidão diz que ele não era amigo  de do imperador Romano Cesar, se ele não condenasse a Jesus.

Porém, essa não é uma ameaça aos crentes que lutam contra o medo e a timidez, mas que buscam em Deus a força do Espírito para vencer e testemunhar do Evangelho. A bíblia diz que nós não recebemos um espírito de medo, “mas de poder e de amor e de moderação” ( 2Tm 1:7 ). Apocalipse 12.11 diz sobre os que chegaram no céu, na multidão de todos os povos, tribos e línguas: “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida”.

 

[1] No sentido figurado a bandeira representa os preceitos ou normas que norteiam um partido, instituição, ou doutrina religiosa defendia com zelo e amor.

[2] (“non ragioniam di lor, ma guarda e passa”),

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