Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 57– O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 35). Gn 1:26-28: Os cristãos que defendiam a escravidão. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 02/02/2022.
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INTRODUÇÃO
Os historiadores supõem que os homens devem, em última análise, ser entendidos em termos de seu próprio tempo.
Se a época em que as pessoas vivem não faz diferença na maneira como as percebemos, então a explicação histórica se torna supérflua.
A fé, como o pensamento, é um evento histórico que ocorre em um contexto histórico específico e, em última análise, deve ser explicado em termos desse contexto.
O avivamento, é muitas vezes considerado como um evento que ocorre fora de seu tempo, e ele provoca profundas mudanças em toda as esferas da sociedade.
O século 17 e 18 foram séculos de mudanças profundas, na teologia -do calvinismo para o arminianismo; na sociedade – Da escravidão para as liberdades e garantias individuais.
Poucos homens podem se isolar contra a influência intelectual de seu tempo e nesse sentido, o avivamento, produziu a base teológica para a abolição da Escravidão e outras mudanças sociais.
Logo o debate entre os abolicionistas versus escravagistas, aconteceram em todas as esferas, como também no cristianismo protestante, principalmente entre os calvinistas.
Alguns escritores da história religiosa afro-americana afirmam que os cristãos negros rejeitaram a predestinação e eleição como incompatíveis com sua experiência vivida na escravidão, sua esperança de liberdade nesta vida, e sua visão de Deus como justo e benevolente
Por exemplo, Eugene Genovese afirma que “a doutrina predestinacionista” não apareceu na religião negra” e “só raramente nos ortodoxos[1].
Historiadores entendem que o calvinismo forneceu a mais baixa e profunda estrutura social para os afro-americanos durante os séculos 17 e 18.
John Saillant escreve:
“De fato, o calvinismo parece ter corroborado os elementos estruturantes mais profundos das experiências… negros que foram alfabetizados e educados e se tornaram autores negros do calvinismo…
… esta geração de autores negros desenhou uma visão de Deus que trabalha providencialmente na vida dos negros, direcionando seus sofrimentos; prometendo aos fiéis entre eles uma restauração ao seu favor e sua presença.
“Não até por volta de 1815 autores afro-americanos, como John Jea, explicitamente declaram-se contra o calvinismo e pela religião do livre-arbítrio”.
O historiador e autor Douglas Harper explica como a teologia calvinista se encaixou com a aprovação da escravidão:
“Massachusetts, como muitas colônias americanas, teve raízes em um escrupuloso protestantismo fundamentalista. O cristianismo não era uma barreira para a propriedade dos escravos, no entanto.
Os puritanos se consideravam eleitos de Deus, e assim não tinham dificuldade com a escravidão, que tinha a sanção da Lei do Deus de Israel.
A doutrina calvinista da predestinação apoiava facilmente os puritanos na posição de que os negros eram um povo maldito e condenado por Deus para servir aos brancos.
O puritano Cotton Mather disse aos negros que eram os “filhos miseráveis de Adão e Noé”, para quem a escravidão havia sido ordenada como uma punição”.[2]
Muitos crentes piedosos tinham escravos. A escravidão era defendia por meio de sermões e livros escritos por importantes teólogos fundamentalistas de várias denominações, anglicanas, batistas, presbiterianas, congregacionais, e metodistas calvinistas.
Os próprios puritanos apoiavam a escravidão, mas todos eles de forma geral defendiam um tratamento bíblico aos escravos, embora na pratica nem sempre acontecia.
- OS PURITANOS E A ESCRAVIDÃO NO “NOVO MUNDO”.
O puritanismo foi um movimento protestante que surgiu na Inglaterra do século XVI (1533) com o objetivo de transformá-la em uma sociedade piedosa, reformando ou purificando a Igreja da Inglaterra de todos os ensinamentos e práticas católicas romanas remanescentes.
A escravidão era legal na Nova Inglaterra colonial, desde quando chegaram os primeiros puritanos em 1620.
Eles estabeleceram o que chamaram de “Novo Mundo”, buscando leis justas e piedosas, uma espécie de “Paraiso, ou a nova terra”.
E de muitas formas eles começaram muito bem, o novo mundo.
- Os puritanos e a educação moderna.
Eles contribuíram para o crescimento da Educação moderna.
De acordo com o historiador Bruce C. Daniels, os puritanos eram “um dos grupos mais letrados no início do mundo moderno”, com cerca de 60 por cento da Nova Inglaterra capaz de ler[3].
Em uma época em que a taxa de alfabetização na Inglaterra era inferior a 30%, os líderes puritanos da Nova Inglaterra colonial acreditavam que as crianças deveriam ser educadas por razões religiosas e civis, e trabalhavam para alcançar a alfabetização universal.
Em 1642, Massachusetts exigia que os chefes de família ensinassem suas esposas, filhos e servos a ler e escrever para que pudessem ler a Bíblia e entender as leis coloniais.
Em 1647, o governo exigiu que todas as cidades com 50 ou mais famílias contratassem um professor e cidades de 100 ou mais famílias contratassem uma escola primária com instrutor para preparar garotos promissores para a faculdade.
Os meninos interessados no ministério eram frequentemente enviados para faculdades como Harvard (fundada em 1636) ou Yale (fundada em 1707)[4].
Os puritanos anteciparam as teorias educacionais de John Locke e outros pensadores do Iluminismo.
Como a lousa em branco de Locke, os puritanos acreditavam que a mente de uma criança era “um receptáculo vazio, que precisava ser infundido com o conhecimento adquirido, com instrução e educação cuidadosas”[5].
Os puritanos nos Estados Unidos eram grandes crentes na educação. Eles queriam que seus filhos pudessem ler a Bíblia por si mesmos e interpretá-la, em vez de ter que ter um clérigo dizendo a eles o que ela diz e significa.
Isso então leva a pensar por si mesmos, que é a base da democracia[6].
Os puritanos, quase imediatamente após chegarem à América em 1630, fundaram escolas para seus filhos.
Eles também criaram as chamadas escolas de damas para suas filhas e, em outros casos, ensinaram suas filhas em casa a ler.
Como resultado, os americanos eram as pessoas mais alfabetizadas do mundo.
Na época da Revolução Americana, havia 40 jornais nos Estados Unidos (em uma época em que havia apenas duas cidades – Nova York e Filadélfia – com até 20.000 pessoas nelas)[7].
Os puritanos também fundaram a Universidades de Harvard em 1636 apenas seis anos depois de chegarem aos Estados Unidos.
Na época da Revolução, os Estados Unidos tinham 10 faculdades, enquanto a Inglaterra fundada no século X (927 d.C.) tinha apenas duas.
- A escravidão puritana.
Incialmente, no novo mundo a população escrava era menos de três por cento da força de trabalho[8].
A maioria do clero puritano aceitou a existência da escravidão, uma vez que para eles era uma prática reconhecida na Bíblia.
Eles também reconheceram que todas as pessoas – sejam brancas, negras ou nativas americanas – eram pessoas com almas que poderiam receber a graça salvadora.
Por esta razão, escravos e negros livres eram elegíveis para membros plenos da igreja; no entanto, na vida pratica isso não funcionava; pois as capelas e cemitérios eram racialmente segregados.
A influência puritana sobre a sociedade do norte que era mais industrializada, e significava que os escravos eram tratados melhor na Nova Inglaterra do que nas colônias do sul, onde a economia vinha da fazenda de plantações.
Os estados das colônias do Sul desenvolveram o pior tipo de escravidão já visto pelo homem. John Wesley dizia que foi a mais vil escravidão, já vista debaixo do sol.
Em Massachusetts, a lei deu aos escravos “todas as liberdades e costumes cristãos que a lei de Deus estabelecida em Israel exige moralmente”.
Como resultado, “teoricamente” os escravos recebiam as mesmas proteções contra maus-tratos que os servos brancos.
Os casamentos de escravos eram legalmente reconhecidos, e os escravos também tinham direito a um julgamento por júri, mesmo que acusados de um crime por seu senhor.
Em 1697, o importante juiz de Massachusetts; puritano e ardente MILENISTA; Samuel Sewall, escritor de vários comentários comparando a Nova Inglaterra puritana, que recebeu o nome de “O novo mundo”, como uma ideia de como seria a “Nova Jerusalém” e o “novo Céu e a Nova Terra”.
Samuel Sewall; esteve envolvido no julgamento das bruxas Salem, e que mais tarde se arrepende e pede perdão publicamente por essa injustiça.
Ele publicou The Selling of Joseph, (A venda de José); que foi o primeiro tratado antiescravagista escrito na América em 1700.
Nele, Sewall condenou a escravidão e o comércio de escravos e refutou muitas das justificativas típicas da época para a escravidão[9].
Nele, Sewell argumentou:
“A liberdade tem um valor real próximo à vida: ninguém deve se separar dela ou privar os outros dela, a não ser sob a consideração mais madura”.
Ele considerava “o roubo de homens um crime atroz que introduziria entre os colonos ingleses, pessoas estrangeiras que permaneceriam para sempre inquietas”.
Mas também acreditava equivocadamente que:
“há uma disparidade em suas condições, cor, cabelo, que eles nunca podem encarnar conosco, e crescer em Famílias ordenadas, para o Povoamento da Terra.”
Estranhamente, mesmo sustentando tais visões segregacionistas (racistas), ele sustentou que:
“esses etíopes, tão negros como são; vendo que são os Filhos e Filhas do Primeiro Adão, os irmãos e irmãs do último Adão [significando Jesus Cristo], e a Descendência de Deus; Eles devem ser tratados com um respeito agradável.
Nas décadas que antecederam a Guerra Civil 1861-1865, foi responsável de certa forma pela causa abolicionista, iniciada por John Wesley (1703-1791) e Granville Sharp (1735-1813), e William Wilberforce (1759-1833) que lutaram para aprovar a lei que proibia o tráfico de escravo em 1807 e o fim da Escravidão em 1833.
- O DISCURSO ESCRAVAGISTA DE JONATHAS EDWARDS (1703-1758)
- Seu legado.
Não resta dúvida do legado histórico e teológico de Jonathan Edwards. Não há como negar que Edwards foi uma força significativa de influência intelectual em seu tempo.
Ele foi autor de diversas obras teológicas e literárias. Ele foi líder de um grande avivamento em seu tempo. Influenciou diversos pastores em todo o mundo por sua piedade e conhecimento.
Infelizmente, nossas escolas públicas não foram gentis ou justas com ele. Eles subestimam grandemente suas contribuições para a ciência e a filosofia.
Ele foi um dos primeiros presidentes da universidade de Princeton. Ele morreu apenas dois meses depois de assumir o cargo; de febre após uma inoculação da vacina de varíola e foi enterrado em um canto especial do cemitério de Princeton chamado “Lote do Presidente”.
Ele era socialmente progressista para seu tempo ao defender que os índios fossem compensados por terras tiradas deles – o que o colocava em uma situação delicada com alguns dos seus paroquianos da Nova Inglaterra.
Edwards defendeu os índios Moicanos e Mohawks, se opondo à sua escravização, e foi missionário entre eles.
Deve ser mencionado que a igreja que ele pastoreou em Northampton foi a primeira na região a receber negros e índios como membros plenos, e ele negou explicitamente que negros e índios fossem inferiores aos olhos de Deus.
Por outro lado, Edwards demonstrou um talento desconcertante por ser completamente inconsistente pois ele era um dono de escravos[10]!
A família de Jonatas Edwards pertencia a aristocracia[11]; e possuíam escravos e defendia a escravidão doméstica, desde que eles fossem tratados com respeito, mas condenava o tráfico de escravos.
Isso era inconsistente, pois uma coisa dependia de outra. Parece que o determinismo teológico de Edwards tenha exercido uma forte influência na sua decisão de defender sem remorso a propriedade e o comercio de escravos[12].
O teólogo calvinista John Piper que fez seu doutorado baseado nos estudos de Edwards, escreve um livro[13] defendendo ou justificando a posição escravista de John Edwards, e assim tem sido feito por outros calvinistas mais proeminentes.
Do outro lado temos posição de outro calvinista Jason Meyer pastor da igreja onde John Piper foi pastor por muitos anos na Bethlehem Baptist Church e professor associado de Novo Testamento no Bethlehem College and Seminary.
Escreve um artigo com o título: Jonathan Edwards e seu apoio à escravidão: um lamento:
“…pode-se tentar minimizar o apoio de Edwards à escravidão oferecendo desculpas para ele.
Alguns argumentam que ele era simplesmente um “homem de seu tempo”: a escravidão era tão comum e a economia tão dependente dela que o apoio de Edwards à escravidão é, embora talvez não desculpável, inteiramente compreensível.
Ele continua:
Meu problema com esta resposta é duplo. Primeiro, desculpar ou minimizar a injustiça nunca honra a Deus. Eu nunca quero criar o hábito de inventar desculpas para coisas que machucam as pessoas, coisas que Deus odeia.
“Devemos praticar a nomeação fiel. Chame o que é sem vacilar. Deixe o horror completo ser sentido. Nunca quero falar da escravidão como tão “compreensível” que comece a parecer mais palatável e menos lamentável.”
“A escravidão desonra a Deus e desumaniza aqueles feitos à sua imagem. Considerar e tratar um ser humano como propriedade desvaloriza o valor intrínseco da imago Dei.”
Jason Meyer continua:
“Em segundo lugar, desculpar o apoio de Edwards à escravidão comparando-o com seus contemporâneos simplesmente não funciona. O argumento é autodestrutivo.
É verdade que muitos em sua época apoiavam a escravidão, mas também é verdade que outros se opunham ferozmente a ela”.
Nesse mesmo artigo Jason Meyer também afirma:
Quando eu era um jovem seminarista, aprendi que Jonathan Edwards às vezes estudava 13 horas por dia. Eu quase idolatrava essa informação…muitas vezes… ele pulava o jantar com sua família e continuava estudando.
“Essa ideia era perigosa para uma recém-casado. Eu não tinha certeza do que pensar, então alguns alunos e eu perguntamos a John Piper se deveríamos ou não imitar Edwards”.
O pastor John nos disse que não deveríamos copiar esse padrão de forma simplista, porque não temos necessariamente Sarah Edwards como esposa. Seus dons como mãe permitiram que ele estivesse menos presente em casa[14]…
A resposta de Piper, parece outra vez minimizadora. Edwards viajava muito e ficava muito tempo fora de casa. E se comunicava muito com seus 11 filhos por intermédio de cartas.
Embora Sarah seja uma esposa muito piedosa, mas parece não atender tão bem assim a expectativa de seu marido, ou vice versa. A própria Sarah confessa para um outro Pastor que andava inquieta com várias coisas, e isso não agradou seu marido.
Outros sugeriram que as experiências de Sarah faziam parte de um colapso nervoso. Elisabeth Dodds, por exemplo, descreve Sarah se tornando uma tagarela grotesca, alucinada e bastante fraca”[15].
Edwards, por sua vez, estava convicto de que as experiências de sua esposa representavam um encontro genuíno com o Deus trino e de que o ESTRESSE em sua vida era o meio de Deus trazê-la a um ponto de absoluta submissão à sua doce soberania.
Apesar de suas muitas ocupações, quando estava em casa, durante a noite, Edwards passava cerca de uma hora conversando com sua família e depois orava abençoando cada criança. Sempre que podia levava um dos filhos em sua viagem.
- Sua ortodoxia escravagista.
Edwards, de forma mais realista, teve que admitir que “as coisas” ainda não estavam “estabelecidas em paz”, e a ordem do mundo caído, que incluiu a escravidão, ainda estava em vigor[16].
Na verdade, é logicamente consistente para Edwards manter isso porque sua teologia afirma que todos os acontecimentos do mundo são predeterminados por Deus.
Na incongruente lógica de Edwards, Deus fez a queda e todas as suas horríveis consequências inevitáveis ou mesmo necessárias.
E, no entanto, as criaturas são culpadas por pecar, mesmo que pensem que não poderiam fazer o contrário[17].
Como tal, os eventos no mundo não mudam até que o tempo preordenado para que eles mudem venha a ocorrer.
Aparentemente, Edwards sentiu que tal mudança para o homem negro na América ainda não estava acontecendo no mundo e, portanto, a predestinação de Deus sobre a escravidão do homem negro ainda estava em vigor.
Por exemplo, ao examinar as notas de sermão de Edwards, “Christian Liberty”, o professor Minkema Kenneth observa que a sentença de abertura de Edwards originalmente diz que quando o Messias vier “ele deve proclamar uma liberdade universal para todos os servos, escravos, cativos, vassalos e prisioneiros [ou] pessoas condenadas”.
Mas antes de se levantar para entregar o seu sermão, Edwards evidentemente teve um segundo pensamento e” recuando em uma aparente retirada tática, eliminou a palavra “escravo” desta lista.
Mesmo assim, o Messias ainda não havia chegado; o tempo do jubileu não chegou, nem provavelmente viria por algum tempo, e até então a escravidão estava sancionada[18] “.
Curiosamente, Edwards tentou argumentar que, enquanto todos os homens, incluindo os escravos africanos, são nossos próximos iguais e, possivelmente, até nossos irmãos e irmãs iguais em Cristo no Reino de Deus, não era de todo pecado usar o trabalho de um dos próximos africanos sem salários “em um contexto de escravo[19].
Edwards estranhamente defende um colega ministro chamado Doolittle[20], cuja congregação queria expulsá-lo porque ele era proprietário de Escravos[21], e o que era comum em seu tempo; pastores terem escravos.
O próprio Jonatas Edwards, em 1744 enfrentou esse tipo de acusação e de ser “prodigo”; em sua própria congregação, que por sinal era uma das mais prospera das 13 colônias.
“vários de seus paroquianos(membros) insistiram em um relato de suas próprias despesas, uma ação que sugere ciúme e ressentimento despertado pelo gosto da grande família por joias, chocolate, roupas feitas em Boston[22], brinquedos infantis – e escravos”[23].
Edwards se opôs ao movimento abolicionista. Ele não libertou seus escravos até sua morte – algo que não era incomum em seus dias quando a consciência moral dos Estados Unidos começou a despertar no Norte, que estava libertando seus escravos.
Ele vivia em Massachusetts o centro cultural e econômico das 13 colônias, onde primeiro floresceu o movimento abolicionista desde 1700, antes de seu nascimento.
Outro fato é que as tendências arminianos do Pastor Doolittle; teve a última palavra contra seus detratores, cedendo seu direito a propriedade de escravo, dando liberdade a seu único escravo, Abijah Prince, e generosamente lhe concedendo sua herança e seus títulos de propriedade pessoal em Northfield – o que realmente era inédito naquele momento!
O Pastor negro; Thabiti Anyabwile, sendo ele um teólogo calvinista da atualidade, resume bem, dizendo:
“Edwards tentou encontrar um ponto de equilíbrio entre acabar com o tráfico de escravos transatlânticos, por um lado, e apoiar a servidão doméstica dos africanos, por outro”.
Quando ele escreveu a congregação em defesa de Doolittle, ele os repreendeu por sua hipocrisia, por condenar a escravidão, mas usufruírem dos frutos da economia escrava”.
Talvez seja apropriado simplesmente declarar: é preciso um hipócrita para reconhecer outro hipócrita. Ou, mais carinhosamente, Edwards viu a inconsistência dos outros com mais clareza do que ele viu o sua própria neste caso[24]”.
Em um panfleto de 1741, Edwards defendeu a escravização de pessoas que eram devedoras, cativas de guerra ou nascidas escravizadas na América do Norte, mas rejeitou o comércio transatlântico de escravos.
O próprio Edwards comprou um de seus escravos[25], uma menina de 14 anos chamada Venus[26] de um capitão de navio negreiro e a compra ocorreu em Newport, um porto marítimo no coração do comércio de escravos norte-americano, é provável que Vênus fosse africana.
Como a escassez de papel era comum naquele tempo, as pessoas usavam os papeis de ambos os lados. Esse relato foi preservado, pois no verso estava escrito um sermão de Edwards[27].
Jonathan Edwards teve vários escravos ao longo de sua vida, e um “menino negro chamado Titus” foi listado, terrivelmente, entre o “Quick Stock” (estoque) no inventário de seu testamento.
Embora ele esteja enterrado em Princeton, há dois marcos para Jonathan Edwards no cemitério de Bridge Street em Northampton, onde ele pregou por vinte e três anos.
Mas há também uma lápide para Sylva Church, que, de acordo com o historiador da família do século XIX Benjamin Dwight, foi escravizada em Northampton – primeiro na família da filha de Jonathan Edwards, Mary Dwight, depois na casa de sua neta Sarah Storrs – desde os nove anos até ela morrer aos sessenta e seis anos.
Ironicamente alguns da próxima geração de pensadores religiosos influenciados por Edwards – incluindo um dos seus alunos Samuel Hopkins e um dos seus 11 filhos de Edwards, Jonathan Edwards Jr. Foram abolicionistas.
Eles escreveram contra a escravidão, refutando os próprios argumentos de Jonatas Edwards, na defesa da escravidão. O próprio filho refuta o pai.
As escolhas que Jonathan Edwards fez como líder religioso, pensador e proprietário de escravos tiveram impacto na vida de seus filhos e das pessoas ao seu redor, incluindo as escravas Leah e Sylva Church, que eram membros da igreja e ao mesmo tempo eram pessoas escravizadas[28].
Apesar de suas muitas qualidades maravilhosas, Edwards ficou espantosamente cego de como o apoio irresponsável durante sua vida à propriedade doméstica de escravos; era inconsistente com o Reino de Deus.
À medida que a consciência da América do Norte se despertava para os males da escravidão e as vozes começavam a falar contra sua natureza insidiosa, Edwards estranhamente procurou defendê-la.
Ele foi um defensor implacável do comércio de escravos doméstico dos Estados Unidos até sua morte. Ironicamente seu filho vai ser um abolicionista.
Nesse assunto ele não estava sendo fiel pelo menos a sua primeira das 70 resoluções que ele escreveu:
“Resolvi que farei tudo aquilo que seja para a maior glória de Deus e para o meu próprio bem, proveito e agrado, durante todo tempo de minha peregrinação, sem nunca levar em consideração o tempo que isso exigirá de mim, seja agora ou pela eternidade fora’.
‘Resolvi que farei tudo o que sentir ser o meu dever e que traga benefícios para a humanidade em geral, não importando quantas ou quão grandes sejam as dificuldades que venha a enfrentar”.
A escravidão não deu maior gloria a Deus, e ela não trouxe benefícios algum para a humanidade”.
Mas o fim dela, por meio de Wesley, Granville Sharp e William Wilberforce, glorificou a Deus e foi uma das grandes vitorias que o evangelho trouxe a humanidade.
Sem dúvida, Edwards foi um grande homem e merece mais e melhor estima do que ele recebe no sistema educacional.
Mas posso me identificar com Charles Finney, que disse de Edwards: “O homem eu adoro; seus erros deploro”. Não podemos ignorar as falhas óbvias e lógicas em sua teologia em tantos outros assuntos.
Esse ponto temos que ouvir o apostolo Paulo: “Abomine o que é mau; retenha o que é bom” (Rm 12:9).
CONCLUSÃO:
Ao contrário de Wesley que pregou e condenou a escravidão como soma de todas as vilezas humanas.
Edwards pregou milhares de sermões e a maioria deles estão ainda hoje disponíveis. Parece que Edwards nunca pregou contra a escravidão como uma forma de mal social.
Embora ele muitas vezes falasse contra todos os tipos de impiedade – tudo, desde a embriaguez até os jovens que ficam muito tarde nas ruas de Northampton – nunca lhe ocorreu pregar contra os horrores da escravidão que ele via diante dos seus olhos todos os dias.
Ele pregou o maior de todos os sermões:
“Pecadores nas mãos de um Deus irado”. Mas não pode perceber a ira de Deus contra a maior de todas as impiedades da humanidade, a Escravidão humana.
Felizmente, nosso padrão, não é Paulo, Pedro, Wesley ou Edwards, é Jesus Cristo, o Deus-homem, perfeitamente bom e justo.
Gálatas 3:26-29 “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.
Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”.
Apocalipse 5:9,10: “e eles cantavam um cântico novo: “Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra”.
[1] Eugene D. Genovese, Roll, Jordan, Roll: The World the Slaves Made (Nova York: Vintage Books, 1976), p. 243
[2]Harper, Douglas. http://www.slavenorth.com/massachusetts.htm
[3] Daniels, Bruce C. (Primavera de 1993). “Sober Mirth and Pleasant Poisons: Purltan Ambivalência em relação ao lazer e recreação na Nova Inglaterra colonial”. Estudos Americanos. Associação de Estudos Americanos da América Central.
[4] Fischer, David Hackett. Albion’s Seed: Four British Folkways in America, pp. 132-4, Oxford University Press, Nova York, Oxford, 1989. ISBN 978-0-19-503794-4 .
Puritanismo: Uma Introdução Muito Curta . Imprensa da Universidade de Oxford. ISBN 9780199740871.
[5] Moran, Gerald F.; Vinovskis, Maris A. (1985). “O grande cuidado dos pais piedosos: primeira infância na Nova Inglaterra puritana”. Monografias da Sociedade de Pesquisa em Desenvolvimento Infantil. Wiley para a Sociedade de Pesquisa em Desenvolvimento Infantil. 50 (4/5): 24–37. doi: 10.2307/3333861. JSTOR 3333861
[6] James Axtell, The School upon a Hill: Education and Society in Colonial New England (1976);
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[7] Copeland, David A. Debatendo as questões em jornais coloniais, p viii, Greenwood Press, Westport, Connecticut, 2000. ISBN 0-313-30982-5.
Queimaduras, Eric. Infamous Scribblers: The Founding Fathers and the Rowdy Beginnings of American Journalism, pp 6–7, Public Affairs, New York, New York, 2006, ISBN 978-1-58648-334-0.
Wroth, Lawrence C. The Colonial Printer, pp 230–236, Dover Publications, Inc., Nova York, Nova York, 1965. ISBN 0-486-28294-5.
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[8] Bremer, Francis J. (1995). The Puritan Experiment: New England Society, de Bradford a Edwards (revista ed.). Imprensa da Universidade da Nova Inglaterra. ISBN 9780874517286.
[9] Sewall, Samuel. The Selling of Joseph, pp. 1-3, Bartholomew Green & John Allen, Boston, Massachusetts, 1700.
McCullough, David. John Adams, pág. 132-3, Simon & Schuster, Nova York, Nova York, 2001. ISBN 0-684-81363-7.
[10] Sherard Burns, “Confiando na Teologia de um Dono de Escravos”, em Uma Visão de Todas as Coisas Entranhada por Deus: O Legado de JonathanEdwards , ed. John Piper e Justin Taylor (Wheaton, IL: Crossway Books, 2004), pp. 147, 149
[11] Além disso, Edwards pertencia a uma elite estendida família que fazia parte da classe dominante de clero, magistrados, juízes, líderes militares, aldeias escudeiros e mercadores.
[12] Ver Marsden, Jonathan Edwards , pp. 255-258; Kenneth P. Minkema, “A Defesa da Escravidão de Jonathan Edwards”, TheRevisão Histórica de Massachusetts, vol. 4 (2002): 23-59. Baixado em 17 de outubro de 2009
[13] A God-Entranced Vision of All Things: The Legacy of Jonathan Edwards, John Piper, Justin Taylor.
[14] https://www.thegospelcoalition.org/article/jonathan-edwards-support-slavery-lament/
[15] https://ministeriofiel.com.br/artigos/a-reliquia-da-senhora-edwards/
[16] Minkema, Kenneth. Massachusetts Historical Review Vol. 4, Issue NA. p.29
[17] Edwards queria obter para Deus a absorvição de ser o autor do pecado e do mal, mas, finalmente, ele não poderia. E ele não recuou de admitir que EM ALGUM SENTIDO Deus seja o autor do pecado e do mal. Mas ele insistiu que Deus não era culpado do pecado ou mal porque … O motivo de Deus em torná-los certos era bom.
Tudo o que Deus faz é necessário – incluindo tornar o pecado e o mal certo. E por que Deus faz o pecado e o mal necessários? Para a sua glória. (Veja o Tratado de Edwards sobre o fim para o qual Deus criou o mundo.) Portanto, o pecado e o mal são necessários e servem a glória de Deus.
[18] Minkema, Kenneth. Massachusetts Historical Review Vol. 4, Issue NA. p.34
[19] Anyabwile, Thabati. “Jonathan Edwards, Slavery, and the Theology of African Americans” Ver: http://thegospelcoalition.org/blogs/justintaylor/files/2012/02/Thabiti-Jonathan-Edwards-slavery-and-theological-appropriation.pdf (p.6)
[20] A escravidão estava aumentando na Nova Inglaterra na primeira metade do século XVIII. Em seu livro indispensável, Slavery in the Connecticut Valley of Massachusetts, Robert Romer identifica vinte e quatro ministros locais ordenados no século XVIII ou antes que possuíam escravos.
[21] Doolitttle rejeitou o rótulo Arminiano, dizendo: “Não sou papista para fazer Calvino ou Arminío meu papa para determinar para mim quais são meus artigos de fé “.
Ver: Minkema, Kenneth. Massachusetts Historical Review Vol. 4, Issue NA. p.32
[22] Embora Whitfield, diz que ao conversar com os filhos de Edwards, que eles usavam roupas simples.
[23] Minkema, Kenneth. Massachusetts Historical Review Vol. 4, Issue NA. p.24
[24] Anyabwile, Thabati. “Jonathan Edwards, Slavery, and the Theology of African Americans” Ver: http://thegospelcoalition.org/blogs/justintaylor/files/2012/02/Thabiti-Jonathan-Edwards-slavery-and-theological-appropriation.pdf
[25] Sweeney, Douglas A. (2010). Jonathan Edwards e o Ministério da Palavra: Um Modelo de Fé e Pensamento. Downers Grove: InterVarsity Press . págs. 66-68. ISBN 978-0-8308-7941-0. … eles possuíam vários escravos. A partir de junho de 1731, Edwards ingressou no comércio de escravos, comprando “uma garota negra chamada Vênus com quatorze anos ou algo próximo” em Newport, em um leilão, pela “soma de oitenta libras”.
[26] Sabemos disso porque ele realmente anotou alguns dos registros de compra, incluindo créditos e débitos em sua famosa Bíblia em branco, bem como seu “Último testamento”, onde ele registrava questões financeiras de tempos em tempos em vez de um Excel digital. Planilha.
Também conhecemos pelo menos três nomes de escravos da família Edwards, Vênus (uma menina de quatorze anos), Leah (convertida durante os avivamentos) e Titus (um menino africano).
Veja Alan G. Hedberg, “Escravidão” em The Jonathan Edwards Encyclopedia , 535.
[27] https://valleyadvocate.com/2012/04/05/the-other-side-of-the-paper-jonathan-edwards-as-slave-owner/
[28] https://valleyadvocate.com/2012/04/05/the-other-side-of-the-paper-jonathan-edwards-as-slave-owner/