Série de sermões expositivos sobre o livro de Eclesiastes. Sermão Nº 26 –  Eternamente jovem. Eclesiastes 12:8. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 16/09/2020.

INTRODUÇÃO

Se não houver Deus, não há juiz. Se não houver juiz, não haverá juízo final. Se não houver juízo final, a vida não tem sentido. Nada importa.

Esse é o raciocínio do personagem Quentin da peça teatral “After the Fall, (Depois da queda) escrita pelo aclamado dramaturgo; Arthur Miller, que viveu no tempo da grande depressão de 1930, e acompanhou o holocausto.

A peça teatral conta a história real do seu segundo casamento com a musa e atriz Marilyn Monroe, para quem ele escreveu um filme e após o divórcio deles, ela comete suicídio.

O personagem da peça é um advogado de si mesmo, cheio de culpa, pelos seus dois divórcios, envolvimento com mulheres, bebidas, drogas e traição de seu melhor amigo.

O personagem Quentin diz:

Durante muitos anos olhei para a vida como um caso jurídico. Era uma série de provas. Quando é jovem, você prova como você é corajoso ou esperto; depois, quão bom é como amante; mais tarde, como pai; por fim, prova como é sábio ou poderoso…

Mas por trás de tudo isso, agora eu vejo, havia uma presunção. Essa se moveu… numa trilha ascendente até alguma elevação, onde… sei lá… Eu seria justificado ou até mesmo condenado.

Em todo caso, um veredito. Creio agora que meu desastre realmente começou quando, certo dia, olhei para cima… e o banco estava vazio. Nenhum juiz à vista.

E tudo o que restou foi a discussão infinita comigo mesmo, esse conflito sem sentido da existência diante do banco vazio… O que, é claro, é outra maneira de dizer – DESESPERO.

Se não houver Deus para julgar o mundo, a existência humana é um conflito sem sentido que termina em desespero sem sentido.

O Pregador que escreveu Eclesiastes teria concordado. Desde o início de seu livro, ele vem dizendo que, se não houver Deus, não há sentido.

Se não temos que prestar contas a ninguém, então NADA IMPORTA! NADA TEM SENTIDO!

Vejamos o resumo de tudo o que pregador quis dizer até agora em Eclesiastes.

Tudo, o que ele disse até agora, sua busca, suas experiencias em busca do sentido da vida, foi somente uma preparação para ele dizer o mais importante, no final. Qual é a moral de tudo o que ele disse?

  1. O que ele disse

“Vaidade de vaidades… tudo é vaidade” (Ec 12.8). Essas são as primeiras e também últimas palavras do Pregador (veja Ec 1.2) – uma técnica literária conhecida como inclusio.

O escritor começa e termina sua composição dizendo exatamente a mesma coisa que ele disse no início.

A palavra hebraica para vaidade (hevel) é a metáfora de propósitos múltiplos do Pregador para expressar a futilidade da vida num mundo caído.

Em seu sentido literal, a palavra se refere à respiração ou ao vapor que sobe de um bule com água fervente. Assim é a vida. É impossível agarrá-la, e antes que você perceba, ela já se foi; ela dissolve no ar.

O vapor da nossa existência é dramaticamente representado em Breath [Sopro], uma peça de Samuel Beckett que dura apenas 35 segundos.

Quando a cortina se levanta, há uma pilha de lixo no palco, iluminada por um único holofote. A luz diminui, depois aumenta um pouco antes de se apagar completamente.

Não há palavras ou atores no drama, apenas uma trilha sonora com um grito humano, seguido pelo barulho de uma pessoa que inspira, expira e grita. Assim, a peça representa o que o rei Davi escreveu em Salmos: “a humanidade é um mero sopro” (Sl 139.5,11 NVI).

Ao começar e encerrar com a mesma declaração, a estrutura de Eclesiastes reforça uma de suas principais mensagens — isto é, “nada há novo debaixo do sol” (Ec 1.9).

Como foi no passado, assim é no presente e assim será para sempre. Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade, sempre.

Assim, terminamos exatamente onde começamos. Por mais que o tempo passa. A coisas permanecem a mesma coisa. Não nada novo debaixo do céu.

No entanto, não devemos pensar que o Pregador apenas se repete. Eclesiastes 12.8 realmente nos leva de volta para onde começamos, mas não somos mais as mesmas pessoas.

A leitura de Eclesiastes nos deu uma perspectiva maior sobre a vida. O Pregador nos mostrou como a vida é vã; então, quando o ouvimos repetir a mesma afirmação no fim do livro, sentimos seu golpe com intensidade muito maior.

Agora sabemos que o trabalho é vaidade, que não há nada a ganhar com nossa labuta infindável debaixo do sol (p.ex., Ec 1.3). Tudo é “vaidade e correr atrás do vento” (Ec 1.13-14; 2.18- 23).

Sabemos que a sabedoria humana é vaidade, que ela apenas aumenta a nossa “tristeza” e “desilusão” (Ec 1.18). Nem importa se formos sábios ou tolos, pois todos nós morreremos no fim (Ec. 2. 15-16).

Sabemos que o prazer é vaidade. Vinhos, mulheres e músicas; parques, casas e vinhas; ouro, prata e tesouros – “nenhum proveito há debaixo do sol” (Ec 2.11).

Tudo é vaidade. Poder é vaidade: não há ninguém que enxugue as lágrimas dos oprimidos (Ec 4.1).

Dinheiro também é vaidade, pois ele nos causa infinitos problemas quando administramos nossos bens, que podem todos se perder dentro de um instante (Ec 5.11-14). Mas mesmo se conseguirmos salvar nosso dinheiro, ele não consegue satisfazer nossa alma (Ec 5.10).

Então há também a última das vaidades, a vaidade da morte. Quase todos nós teremos de suportar as indignidades do envelhecer (Ec 12.1 ss.), e, depois disso, a vaidade final de retornar à terra da qual fomos feitos. Somos pó, e ao pó retornaremos (Ec 3.20).

Não que não haja nenhuma alegria, é claro. A despeito de toda a vaidade, podemos gozar das muitas bênçãos da vida. O Pregador nos encorajou a comer e beber e a encontrar satisfação no trabalho (p. ex., Ec 2.24).

Ele nos disse que existe um tempo para curar e ceifar, um tempo para rir e dançar, um tempo para amar e fazer as pazes (Ec 3.1-8).

Ele nos instruiu a nos regozijar na prosperidade que Deus providencia tão ricamente (Ec 5.19; 7.14) e a aproveitar a vida com a pessoa a quem amamos (Ec 9.9). Há alegria no mundo sob a bênção de um Deus fiel.

No entanto, o que o Pregador quer que vejamos é como a vida é sem sentido sem Deus, quão pouca alegria há debaixo do sol se excluirmos nosso Criador de seu universo.

Quando alcançamos o final de Eclesiastes, precisamos reconhecer que ele provou ser este o seu caso.

Como diz o comentarista Derek Kidner, “Nada ao nosso alcance nos levou para casa, nada que nos é oferecido debaixo do sol é nosso por direito”. Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.

  1. Como ele o disse

Entretanto, a última palavra não é da “vaidade”, nem na Bíblia nem na vida cristã. Eclesiastes poderia ter encerrado muito bem com o versículo 8 do capítulo 12 como um resumo adequado de tudo aquilo que o pregador disse.

Em vez disso, o livro fecha com outras observações que nos ajudam a ver o livro inteiro pela perspectiva certa.

Alguns ensinam que o epílogo, o desfecho final, de Eclesiastes pode ter sido escrito por outro autor. O Pregador ainda está falando no versículo 8, mas no versículo 9 ocorre uma mudança radical.

Alguém se refere ao Pregador na terceira pessoa, como que dizendo: “Agora, deixem-me apresentar o meu ponto de vista em relação a tudo isso”.

Alguns estudiosos acreditam até que há dois epílogos, um nos versículos 9-11 de alguém que concorda com o Pregador e outro nos versículos 12-14 de alguém que tenta corrigi-lo.

Eles acreditam que é possível que esses versículos tenham sido escritos por uma pessoa diferente de Salomão.

Mas se lermos com cuidado, descobriremos que o epílogo confirma aquilo que o pregador disse e como ele o disse, antes de aplicar seus ensinamentos de forma prática à vida que vivemos diante de Deus.

Até agora, Eclesiastes nos disse o que o Pregador tinha a dizer. Agora, o livro nos diz como ele o disse:

“O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao povo o conhecimento; e, atentando e esquadrinhando, compôs muitos provérbios. Procurou o Pregador achar palavras agradáveis (proveitosas) e escrever com retidão palavras de verdade” (Ec 12.9-10).

Mesmo que esses versículos se refiram especificamente ao que lemos em Eclesiastes, eles nos dizem ao mesmo tempo algumas coisas importantes sobre como toda a Bíblia foi escrita.

(a) O Pregador escreveu com lucidez lógica. Ele investiu tempo e esforço para avaliar todos os provérbios sábios que ele ouvira e então incluiu apenas aqueles que eram importantes o bastante para exigir toda a nossa atenção.

O rei Salomão ouviu e disse muitos provérbios sábios ao longo de sua vida, mas incluiu na Bíblia apenas aqueles que eram sábios e verdadeiros — ao todo, cerca de três mil provérbios (veja 1 Rs 4.32).

O Pregador não só avaliou esses provérbios zelosamente, mas também os organizou com muito cuidado. A organização desse livro revela uma lógica. Não é a lógica de uma história ou de uma epístola, mas de uma coleção de provérbios.

Eclesiastes não foi simplesmente reunido, mas construído como obra completa de literatura. Após uma declaração inicial do tema (Ec 1.1-11), o Pregador nos contou a história de sua busca pelo sentido da vida (Ec 1.12-6.12).

Então, para nos ajudar a saber como viver para Deus neste mundo vão, ele demonstrou a diferença entre sabedoria e tolice (Ec 7-11).

Encerrou, apropriadamente, falando mais uma vez sobre a morte e o morrer (Ec 12.1-7), antes de reafirmar seu tema primário – a vaidade de todas as vaidades (Ec 12.8).

(b) O pregador escreveu com perfeição literária.

Além de escrever com lucidez lógica, o Pregador escreveu também com Perfeição Literária.

Ele tentou encontrar “palavras agradáveis” (Ec 12.10); hebraico, רבי חפצ; “palavras aceitáveis, proveitosas, dignas de toda aceitação que servem de consolo e estimo para seus ouvintes.

Essa expressão maravilhosa expressa a beleza da Bíblia. As pessoas podem concordar com o Pregador ou não, mas ninguém critica seu estilo literário.

O famoso romancista e escritor norte-americano Tom Wolfe descreveu Eclesiastes como “a mais sublime flor da poesia, eloquência e verdade” – “a maior obra de escrita que jamais conheci”.

Devemos louvar a Deus pela beleza de Eclesiastes – não só pelo o que o livro diz, mas também como o livro o diz. Essa é uma das muitas formas como Deus revela seu caráter e nos mostra a sua graça.

Ele é um Deus de beleza requintada. Portanto, é mais do que apropriado que o livro que conta a história da sua salvação seja agradável ao ouvido, inspire a imaginação, fascine a mente e alegre a alma.

(c) O Pregador escreveu com integridade intelectual. Uma vez que encontrou as palavras agradáveis, escreveu “com retidão palavras de verdade” (Ec 12.10).

Para ser uma ajuda espiritual real, não basta escrever com clareza e estilo; precisa escrever também de forma verdadeira.

Se há uma coisa que podemos confiar que o Pregador fez, foi nos contar a verdade – não só a verdade sobre Deus, mas também a verdade sobre a vida num mundo caído.

É por isso que Moby Dick descreve Eclesiastes como “um aço de lamento bem trabalhado”. Ele pode falar sobre a agonia da idade ou sobre a angústia de perder uma fortuna, o Pregador sempre nos diz como é a vida debaixo do sol.

O autor de Eclesiastes escreveu com lucidez, maestria e integridade. Assim, seu livro instrui a nossa mente, comove o nosso coração e nos guia na sabedoria de Deus.

  1. Por que ele o disse

Sabendo o que o Pregador disse e como ele disse, precisamos ainda fazer a pergunta: por quê? Essas “palavras agradáveis” têm também um propósito?

Se esse for o caso, qual foi a razão pela qual o Pregador nos falou sobre a vaidade da vida?

Eclesiastes encerra com uma declaração clara sobre seu propósito: “As palavras dos sábios são como AGUILHÕES, e como PREGOS bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor” (Ec 12.11).

As palavras do Pregador – como as palavras de tantos outros homens sábios -são como aguilhões que os fazendeiros usam para guiar seus bois pela estrada.

Um “AGUILHÃO” é uma das ferramentas do pastor, uma vara pontuda que incentiva um animal teimoso a continuar andando.

Não foi feito para ferir um animal, é claro, mas para infligir uma dose suficiente de dor, a fim de obter a sua plena cooperação.

Eclesiastes faz a mesma coisa com as pessoas de fé. Suas palavras podem ser agradáveis, mas elas infligem também uma suficiente dose de dor.

São AGUILHÕES para a consciência, deixam-nos desconfortáveis o bastante para abandonar o pecado. São estímulos para a alma, guiando-nos de volta para o caminho espiritual.

Nos dias da igreja primitiva, Gregório Taumaturgo bispo cristão do século III, e que foi discípulo de Orígenes, descreve seu aprendizado de seu mestre. Ele  disse:

“A mente é despertada e estimulada pelas instruções de pessoas sábias assim como acontece com o corpo quando um aguilhão lhe é aplicado”.

Veja, então, Eclesiastes como um aguilhão de Deus e como é toda a Bíblia. As palavras do Pregador nos levam a não procurar uma satisfação duradoura no dinheiro ou no prazer, mas apenas na bondade de Deus.

Elas nos afastam da raiva tola e do riso zombador. Elas nos estimulam à paciência, contentamento, humildade e alegria.

Quando nos esquecemos de Deus, o Pregador nos cutuca para nos lembrar do Criador, e no momento em que pensamos que viveremos para sempre, ele nos dá uma cutucada nas costelas e nos lembra de que logo morreremos.

Eclesiastes também compara as palavras do Pregador com “pregos bem fixados”. Isso não é uma profecia da crucificação, mas uma imagem da firmeza, permanência e solidez.

A pregação é comparada também a um outro instrumento pontiagudo. Quando sua instrução sabia é introduzida na mente, na mente, ela permanece ali, como um PREGO que rasga a madeira e se fixa.

A vida pode ser um vapor, mas a sabedoria pode nos ajudar a fixá-la, dando-nos um lugar para pendurar a nossa experiência.

As verdades bíblicas têm um jeito de pregar diretamente à nossa consciência. Também têm um jeito de se fixar em nosso cérebro. São tão memoráveis que, quando os ouvimos uma vez, nunca mais nos esquecemos delas.

Há muitos provérbios desse tipo em Eclesiastes: “Melhor é serem dois do que um… o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade” (Ec 4.9,12), “não é dos ligeiros o prêmio, nem dos valentes, a vitória…; porém tudo depende do tempo e do acaso’’ (Ec 9.11) e assim em diante.

Todas essas palavras- os provérbios sábios que se fixam em nosso coração e nos levam á ação – são “dadas pelo único Pastor” (Ec 12.11).

É possível que isso se refira ao próprio Pregador, já que um pregador é um tipo de pastor que fala na Eclésia; isto é, na assembleia, na reunião; na igreja.

Além do mais, o Pregador, se identificou como “rei de Israel, em Jerusalém” (veja Ec 1.12), e no mundo antigo os reis eram muitas vezes identificados como pastores do seu povo.

No entanto, é mais provável que o “pastor” seja o próprio Deus (razão pela qual a palavra é escrita com letra maiúscula na tradução em português).

Essa é a primeira vez que o título “pastor” aparece em Eclesiastes, o que mostra a origem do oficio do “Pastor Pregador”.

Eclesiastes é literalmente “aquele que prega na igreja”. Sendo a pregação a principal ocupação do Pastor, falar as palavras dadas pelo SUPREMO PASTOR.

Além do mais, “Pastor” é um dos títulos nobres para Deus no Antigo Testamento. não só no salmo 23, mas também em passagens como o salmo 80, em que ele é chamado de “Pastor de Israel” (v. 1).

Assim, o “Pastor” em Eclesiastes 12 é o único Pastor — o Deus Todo-poderoso. Isso faz de Eclesiastes 12.11 um texto importante para a doutrina bíblica da inspiração das Escrituras (2Pe 1.21). Eclesiastes é a própria Palavra de Deus que todo pastor deve pregar.

As palavras do Pregador não são apenas reflexões de algum filósofo cético; são parte da revelação inspirada, infalível e inerrante do Deus Todo-poderoso.

Portanto, não basta apenas admirar a sua maestria e respeitar a sua integridade, precisamos nos submeter imediatamente à sua autoridade, na pregação. Lutero dizia que a pregação é a palavra de Deus falada.

Como Pastor das nossas almas, Deus usa esse livro — como usa tudo que está escrito na Bíblia — para produzir em nós ação espiritual.

O que Eclesiastes diz sobre as palavras do Pastor adquire uma força ainda maior quando nos lembramos que o nosso Pastor é também o nosso Salvador. Jesus Cristo é o Bom Pastor que entrega a sua vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11).

Assim, as palavras que lemos em Eclesiastes são, na verdade, as palavras dele. Jesus é aquele que nos afasta da vaidade da vida sem Deus e nos chama para encontrar alegria e sentido em sua graça.

Não estamos apenas vivendo “debaixo do sol”. Estamos vivendo debaixo do Filho – do Filho de Deus que “nos amou e se entregou a si mesmo por nós” (Ef 5.2).

  1. Livros sem fim

Ler Eclesiastes é ouvir a voz do Pastor. Por isso, deveríamos ter muito cuidado ao ouvi-lo, construindo a nossa vida sobre a Palavra de Deus, nada mais e nada menos.

A Bíblia nos adverte: “filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne” (Ec 12.12).

O que Eclesiastes diz sobre ler e escrever pode ser confirmado por todo estudioso que já viveu. Já no mundo antigo, as bibliotecas reais eram cheias de livros.

Quantos livros existem no mundo? O Google calculou! Dizer com certeza quantos livros há no mundo não é uma tarefa fácil, pois a cada dia novos títulos são publicados no mundo inteiro.

Nos primórdios dos anos 2000, o Google Books entrou no desafio de digitalizar a maior quantidade possível de livros. Assim, em 2010 publicou uma cifra: a incrível quantidade de 129,864,880 títulos.

Segundo a UNESCO, a cada ano se publicam 2.2 milhões novos de livros. Então, estaríamos falando de algo em mais de 150 milhões de livros publicados, na atualidade.

Hoje qualquer um pode publicar seu próprio livro, sem custo algum pelo Amazon, eu estou acabando de publicar meu primeiro livro, da série de pregação sobre Judas.

O ritmo foi acelerado do crescimento do conhecimento humano que em 1900, o dobrava aproximadamente a cada 100 anos e no final da 2a Guerra Mundial passou a dobrar já a cada 25 anos.

Hoje, por causa da era digital; estima-se que o conhecimento humano dobre a cada ano com previsões para depois de 2020, que esse ritmo seja a cada 73 dias e podendo chegar a cada 12 horas.

Então, o que a Bíblia diz é verdade: não há limite para fazer livros, e estudar apenas uns poucos deles já basta para cansar qualquer um.

Não que não devamos ler nenhum livro (ou escrever qualquer livro, sobre esse assunto). Há um lugar no discipulado cristão para a vida da mente.

Mas devemos sempre nos lembrar que a sabedoria humana e a filosofia do homem são extremamente limitadas.

Quantos livros já foram escritos! Uns afirmando ou negando a edição anterior. E quão pouco a maioria deles é capaz de nos ensinar sobre o conhecimento de Deus ou sobre a vida eterna.

O livro mais importante que podemos estudar é a Bíblia, inclusive tudo o que está escrito em Eclesiastes. Portanto, preste atenção quando quiser ir mais longe do que a Palavra de Deus.

Em seu romance O grande abismo, C. S. Lewis descreve um homem dos subúrbios do inferno, que passou sua vida inteira buscando a verdade, como afirma.

O homem vagueia pelas regiões próximas ao céu, onde, pelo convite gracioso de Deus, é convidado a entrar. Mas o Espírito o adverte: “Não posso lhe prometer… carta branca para seus talentos; apenas o perdão por tê-los pervertido.

Nenhuma atmosfera de investigação, pois eu o levarei não à terra das perguntas, mas à das respostas, e você verá a face de Deus”.

No entanto, o homem não está disposto a desistir de sua busca. Ele quer estudar um pouco mais por conta própria antes de aceitar as conclusões de outra pessoa.

Então, ele diz: “Precisamos todos interpretar essas lindas palavras de nosso jeito. Para mim, não existe tal coisa como uma resposta final. O vento livre da investigação precisa sempre continuar a soprar pela mente, não é?”.

“Ouça!” o Espírito de Deus diz ao homem. “Você já foi criança. No passado, você sabia o propósito da investigação. Houve um tempo em que você fazia perguntas porque queria respostas e se alegrava quando as encontrava.

Volte a ser essa criança: agora.” Infelizmente, porém, o homem recusa: “Quando eu me tornei homem”, ele diz, “eu me livrei das coisas infantis”.

A conversa termina repentinamente quando o homem se lembra que tem um compromisso. Ele se despede e corre para um grupo de discussão no inferno.

Você ainda está à procura da verdade espiritual? Encerre essa busca e se entregue a Deus, que conhece as respostas.

Não seja como as pessoas das quais Paulo nos advertiu no Novo Testamento “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (2Tm 3.7). SE CONTENTE COM O QUE A BÍBLIA DIZ. NÃO ACEITE MENOS E NÃO EXIJA MAIS (CF. Ap 22.18-19).

A base do conhecimento filosófico é doutrina da evolução ateísta, uma teoria anticristã, que influenciou as grandes revoluções modernas, não aperfeiçoou e nem enobreceu sociedade alguma.

Mas produziu, o nazismo, o fascismo, o comunismo, guerras, miséria, fome, violência e toda espécie de imoralidade.

  1. Isso é tudo que há.

Eclesiastes encerra com a aplicação prática da verdade bíblica. Ouvimos o que o Pregador disse, e também como e por que ele o disse.

Como, então, devemos responder? Qual é a conclusão do livro? O que devemos levar conosco quando fechamos o livro de Eclesiastes?

As últimas palavras do livro fornecem uma conclusão ética e escatológica:

“De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos: porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12.13-14).

Essa não é a primeira vez que Eclesiastes nos instrui a temer o Deus vivo. Temer a Deus é honrá-lo e reverenciá-lo, adorá-lo como Deus.

Em vários momentos, o Pregador nos instruiu a temer a Deus porque a sua obra é eterna (3.14) e porque ele exige adoração santa (5.7).

Ele nos instruiu a temer a Deus em tempos de adversidade e de prosperidade (7.14-18). Ele nos disse que, se temermos a Deus, tudo correrá bem conosco (8.12).

Agora, ele nos diz que devemos temer a Deus e obedecer-lhe porque um dia nos apresentaremos a ele para o julgamento.

Quando a Bíblia diz que “isto é o dever de todo homem“; de “cada pessoa” ela diz literalmente “isto é o todo do homem”; ou “é o todo de todos”. Não é apenas o nosso dever é a nossa essência.

Dizer “isto é o todo do homem” significa dizer: “o homem se resume a isto” Em outras palavras: “é disso que a vida trata“. Este é o summus (latim) = o ponto mais alto; que é superior a todos, o ultimo, aquilo que atingi o limite máximo.

A coisa mais importante para toda pessoa é adorar a Deus e obedecer aos seus mandamentos sagrados. Isso é mais do que o mero dever do homem.  Isso é a sua essência.

Isso é “toda a sua felicidade e ocupação — a soma total de tudo que diz respeito a ele – tudo que Deus exige dele — tudo que o Salvador ordena. Tudo que o Espírito Santo lhe ensina e opera nele”.

A coisa mais importante na vida é apresentar-se ao único Deus verdadeiro em adoração e obediência. A sequência lógica é Temer e obedecer, ou seja, a conduta deriva da adoração. O conhecimento de Deus, leva a obediência e não o contrário.

Devemos obedecer aos mandamentos da palavra de Deus. Jesus guardou perfeitamente os mandamentos divinos em nosso lugar.

Isto não nos isenta de, com fé e com a assistência do Espírito Santo procurar alcançar uma perfeição sempre maior (Fp 3.12) e isto, não para merecer o céu, já conquistado para nós, mas por gratidão e para maior glória de nosso Deus

Independentemente se estamos prontos para nos apresentar diante de Deus ou se estamos a evitá-lo, a verdade é que um dia cada um de nós se apresentará a Deus para o julgamento.

A vida aqui em baixo, é apenas um prelúdio a uma vida maior, mais completa e real na vida eterna.

Um dia, Deus revelará cada pecado secreto e cada gentileza anônima. Ele julgará cada ato, bom ou mau, incluindo cada pensamento casual e cada palavra descuidada (veja Mt 12.36).

Ele “trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5).

Eclesiastes já mencionou tudo isso. Quando o Pregador nos instruiu a regozijar na força da nossa juventude, ele também nos lembrou de que um dia Deus nos levará ao julgamento (veja 11.9).

E é o que ele fará. Após todos os nossos dias de busca, no fim da nossa estrada espiritual chegaremos ao trono da justiça eterna e encontraremos o Grande Juiz.

Por que Eclesiastes nos fala aqui sobre o juízo final? Porque significa que tudo importa. O Pregador iniciou e encerrou a sua busca espiritual dizendo que tudo é vaidade e que, sem Deus, a vida não tem propósito nem sentido.

“Isso é tudo o que há?”, ele continuou perguntando. “A vida não tem nada mais a oferecer do que aquilo que vejo debaixo do sol?”

Se não houver Deus e, portanto, não houver juízo final, é difícil ver como qualquer coisa que façamos possa importar. Mas se existir um Deus que julgará o mundo, tudo importa.

Isso não é tudo que há. Há um Deus no céu que reina sobre o mundo. Existe uma vida depois desta vida. Um dia, os mortos serão ressuscitados, e cada pessoa que já viveu será julgada por Deus.

Quando este dia vier, será revelado que tudo que qualquer um já fez ou disse ou pensou tem relevância eterna.

No juízo final, importará como usamos nosso tempo, se o gastamos com prazeres tolos ou trabalhamos duro para o Senhor. Importará o que fizemos com o nosso dinheiro, se o gastamos com nós mesmos ou se o investimos no reino eterno.

Importará o que fizemos com o nosso corpo- o que os nossos olhos viram, o que as nossas mãos tocaram e o que as nossas bocas disseram.

Importará se obedecemos aos nossos pais; importará como os olhamos e importará o pequeno comentário que fizemos quando nos afastamos.

Importará o que fizemos para uma criança de 2 anos – a maneira como dedicamos tempo a ela e descemos ao seu nível. Importará o que dissemos sobre o desempenho de outra pessoa- a observação sarcástica ou o elogio sincero.

Importará se nos gabamos com orgulho ou nos sacrificamos com altruísmo. Importará a tarefa doméstica e a lição de casa, o copo de água, a lágrima de compaixão, a palavra de testemunho – tudo isso importará.

A mensagem final de Eclesiastes não é que nada importa, mas que tudo importa. O que fizemos, como o fizemos e por que o fizemos terá relevância que tudo no universo está sujeito ao eterno.

O que importa é o momento mais “emocionante da vida” o “grand finale”, o grande dia do juízo final, onde todos os livros serão abertos, os livros das obras e o vida.

A razão pela qual tudo importa é VEREDICTO FINAL de um Deus justo que conhece cada segredo do nosso coração.

Prepare-se para estar diante de Deus em um julgamento futuro, onde serão a   responsabilidade de desfrutar o que Ele deu e por viver de acordo com Seus mandamentos.

CONCLUSÃO: Sabe o que realmente; mais importa, sabe qual é suma de todas as coisas, a mais alta, a melhor de todas a coisas que importa: é a decisão pessoal que cada pessoa faz em relação a Jesus Cristo.

Eclesiastes não termina com uma promessa da graça, mas com uma advertência do juízo. Mesmo assim, esse livro tem o propósito gracioso de nos apontar o evangelho.

Se é verdade que Deus levará tudo a julgamento, então é de importância desesperadora que sejamos considerados justos naquele dia maravilhoso.

Uma maneira de garantir isso é confiar a nossa vida a Jesus Cristo, que é o único que tem o poder para nos salvar da ira de Deus.

O Salvador veio a este mundo vão. Como nós, ele sofreu todas as suas futilidades e frustrações. Mas Jesus fez mais.

Quando veio o seu tempo, ele tomou sobre si o julgamento que nós merecemos e morreu na cruz pelos nossos pecados.

Seu corpo voltou ao pó, como o Pregador disse. Mas no terceiro dia ele ressuscitou, saindo do túmulo com a vida.

Logo Jesus voltará, “no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho” (Rm 2.16).

A Bíblia diz que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.31).

Quando esse dia vier, todos que creem em Jesus se apresentarão ao justo Juiz e olharão nos olhos de um Salvador Amoroso. Confie em Jesus, cuja vitória nos salva da vaidade da vida — louvado seja Deus!

Acesse os sermões na categoria: Sermões Expositivos.