Série de sermões expositivos sobre o livro de Tito. Sermão Nº 09 – Crentes ou cretenses. Referência: Tito 1:12-13. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 31/07/2019.

INTRODUÇÃO

Os cretenses são sempre mentirosos, é uma citação da literatura grega clássica. Não foi com frequência que Paulo citou os tesouros da literatura clássica e, quando o fez, não recorreu aos mais celebrados dos poetas gregos. Na primeira vez “O Hino de Cleanthes” deu-lhe um texto em seu discurso na colina de Marte em quando esteve em Atenas (Atos 17); e a segunda citação foi o tratado de Epimênides, “relativo a oráculos”, que ele faz aqui neste texto de Tito 1.12. Epimênides era um poeta cretense de caráter religioso e que também fazia afirmações proféticas, que visitou Atenas em 599 a.C, e que pouco depois morreu, com a idade avançada de cento e cinquenta anos. Ele parece ter proferido um conciso e dramático provérbio, uma amarga caracterização epigramática de seus compatriotas, uma parte da qual, “Os cretenses são sempre mentirosos”, foi citado por Callímaco em seu hino a Zeus.

Embora o Bispo Theodoret (393-457) atribui toda a citação a Callimachus. Jerônimo, Crisóstomo e Epifânio concordam em referir esta severa acusação contra os cretenses a Epimênides, o filosofo, poeta místico e profético. Apesar da severidade desta condenação; ela não interferiu com a tradição preservada pelo historiador romano Diógenes Laércio (200 d.C), que os cretenses fizeram honra sacrificial a ele como se fosse um deus. De acordo com Diógenes, histórias manifestamente fabulosas são contadas sobre Epimênides, e ele é considerado por ter escrito numerosos tratados e poemas. (HR Reynolds , DD)

I – O caráter dos cretenses.

A acusação de falsidade é feita também pelo bibliotecário de Alexandria; Callímaco (310 a.C), e esse estigma de mentirosos deve ter sido merecida, e podemos confiar numa série de testemunhos com o mesmo efeito em outras fontes clássicas. A própria palavra “Cretize” foi inventada, significando “fazer o papel de um cretense”, e era idêntica a “enganar, ou proferir e propagar uma mentira”. A expressão ‘bestas feras” ou “Feras do mal” é uma expressão que demonstra uma “ferocidade indomável”, egoísmo truculento e ganância. Enquanto “barrigas ociosas”, ou “não faça nada glutões”, completa uma imagem negativa e revoltante do caráter de todos os cretenses.

 1) Falsidade

A falsidade e o engano; seja em palavras ou ações são condenados, não apenas pela luz das Escrituras, mas pela luz da própria natureza. Que aparece expressamente não apenas pelo testemunho desse poeta pagão, mas por outras luzes na natureza; porque a consciência natural do homem a acusa quando mente, seja nas próprias crianças, isso faz com que elas ficam alarmadas quando alguém mente. Além disso, o mais desprezível dos homens considera a mais alta desgraça ter a mentira que lhes é dada, a infâmia de que o vício é tal que ninguém o aceita, ninguém o confessará. E, ao contrário, os pagãos louvavam tanto a verdade, na palavra, na prática, como todas as outras virtudes diziam ser a verdade a única filha de Júpiter, com quem mais se parecia.

(a) Os crentes e a mentira.

Como deveríamos nós que somos reputados como filhos de Deus abominar essa prática, da qual até os filhos dos homens se envergonham? Se os brilhos da luz natural tomam a consciência natural de um pagão, que é um homem sem graça e o acusa desse pecado. Quanto mais a luz clara da graça não obrigará a consciência de cristãos professos a reprová-los? É justamente reputado uma desgraça para os homens comuns, o ser pego numa mentira, quão vergonhoso deve ser ainda mais para os cristãos? Se os pagãos querem professar a verdade, para se assemelharem a um falso deus; não deveriam os crentes que são filhos do Deus verdadeiro, e que são imagem da palavra da verdade que é Cristo, falar sempre a verdade como parte dessa filiação.

(b) A pratica da mentira.

Toda mentira é prejudicial, seja na brincadeira ou na má intenção, seja por mal ou pelo bem, porque ela é inimiga da verdade e quebra o nono mandamento: “não dirás falso testemunho”. Mesmo que alguém mente de brincadeira ou na esportiva, o perigo é o mesmo. Por isso inverdades não podem ser ditas embora não sejam pensadas ou desejadas. (Salmo 5.6) Deus destruirá os mentirosos. E muitos dos próprios pagãos viram a tolice e insensatez dessa mudança; lemos dos lacedemônios, mas conhecidos como ESPARTANOS, que eles não permitiriam que suas leis fossem reprimidas em tom de brincadeira ou piadas. Muitos cristãos modernos assistem a programas humorísticos que zombam abertamente das Escrituras. A lei do Senhor não pode ser vilipendiada em tom de brincadeira o piadas, seja por cristãos ou não.

O dramaturgo Thespis (610-550 a.C) considerado o primeiro ator do ocidente, que introduziu uso de máscaras no teatro; foi perguntado se ele não tinha vergonha de proferir tantas mentiras para um público tão digno, pois segundo Sólon “As peças mentem para seus públicos”. Então Thespis respondeu que fazia isso pela arte do entretenimento. Mas o sábio Solon o pai da democracia respondeu: Se nós aprovarmos e elogiarmos este tipo de espetáculo, e isto é muito sério, pois logo acabaremos aceitando pacificamente isso em nossos contratos e assuntos particulares. Muitos cristãos estão debaixo do julgamento justo de Deus, porque começaram a mentir por brincadeira, adquiriram o hábito de mentir a sério. E por suas mentiras brincalhonas, acabam levantando suspeita de sua conduta, que nunca pode ser acreditado e que não leva nada a sério.

(c) A mentira prejudica a verdade.

Para mentiras oficiosas, assim chamadas, não pode haver tal coisa, porque em toda mentira algum ofício ou dever é violado. Alguém pode argumentar; mas eles não machucam ninguém; embora possam não machucar a outros, a mentira machuca as pessoas de muitas maneiras. Se não prejudica as partes envolvidas (sobre que quem se está falando), mas prejudica as pessoas a quem são contadas as mentiras; que são abusadas e levadas a acreditar numa mentira. E não somente isso, o pior de tudo e o maior de todos os danos é que as mentiras, prejudicam e prejudicam a VERDADE que deveria prevalecer. Ou alguém pode dizer mas o fim é bom, não causa mal a ninguém; mas aquilo que é mau na natureza e na constituição nunca pode ser admitido, que o fim nunca seja bom, já que é algo mal.

O mal menor não pode ser cometido para o bem maior; para ajudar o homem, pois não podemos ferir a Deus. Não, nós podemos dizer a menor mentira para a maior glória de Deus, e muito menos para o bem do homem (Jó 13: 9-10). O amor não se deleita na mentira. A mentira é falta de amor. A Escritura diz que o amor se regozija na verdade, se não for assim não há piedade. A verdade e o amor não podem ser separados.

(d) O perigo da mentira

Devemos pensar sobre o perigo da mentira por algumas razões. Toda falsidade e mentira são diretamente contra o próprio Deus, que é a própria verdade; assim como por eles um homem se torna mais diferente de Deus, e mais semelhante ao diabo, quem é o pai e primeiro fundador deles. Que, portanto, o mentiroso se lança no inferno, local do desagrado de Deus, visto como Ele aborrece todas as obras do diabo, assim testificou ódio especial contra isso criando o inferno.

Uma língua mentirosa é uma das seis coisas que o Senhor aborrece e lhe é abominável (Pv 12:22) e, portanto, faz com elas o que fazemos com as coisas que abominamos; ou remove-os fora de vista, barrando-os do céu, e destrói-os (Sl 5: 6). Embora a maior desgraça que o mentiroso possa receber é ter a face de Deus colocada contra eles aqui, e ser lançada fora de Sua face e abençoada presença de alegria. Há ainda uma infinidade de outros males inferiores que não devem ser desprezados, que seguem aqueles que vivem na pratica da mentira.

(e) A repreensão severa aos mentirosos

Quando Aristóteles, o filósofo grego, tutor de Alexandre, o Grande, foi questionado sobre o que um homem poderia ganhar expressando falsidades, ele respondeu: “NÃO SER ACREDITADO QUANDO FALAR A VERDADE.” O contrário, é relatado de que quando Francisco Petrarca (Sec XIV) um poeta italiano, um homem de integridade estrita, foi convocado como testemunha, e quando de maneira usual ia iniciar a falar para prestando juramento diante de um tribunal de justiça, o juiz fechou o livro, dizendo: “Quanto a você, Petrarca, sua palavra é suficiente”.

Da história de Petrarca, podemos aprender como grande respeito é pago àqueles cujo caráter para a verdade é estabelecido; bem como a resposta de  Aristóteles à loucura, e a maldade de mentir. No antigo país de Sião, um reino da Ásia, hoje conhecido como Tailândia; aquele que contava uma mentira era punido de acordo com a lei, tendo a BOCA COSTURADA. Isso pode parecer terrível; mas nenhuma severidade é grande demais contra alguém que comete um pecado tão grande. Nós lemos a mesma SEVERIDADE na forma em que Deus Todo Poderoso puniu Ananias e Safira com a morte por não falar a verdade.

2) Feras do mal (v.12)

Paulo fala da Bestialidade nos homens, chamando-os de bestas ruins. Animais ferozes.

(a) A bestialidade dos indivíduos.

São pessoas sem entendimento, em todas as coisas de Deus, por natureza, tão ignorantes como as bestas brutas ( Sl 73:22; Jr 10:14; Pv 20:24). Que são conduzidas por sentimentos e instintos baixos. E que são conduzidos com sensualidade ou desejos ou instintos como bestas brutas ( 2 Pd 2:12). Pessoas que não são tratáveis, que são irreconciliáveis, que não se abrem ao diálogos, que não são convencidas racionalmente. Que não são pastoreáveis, que não são corrigíveis, não são treináveis, não são disciplináveis. Pessoas assim são privadas de compreensão, julgamento, razão, como todo homem natural está nas coisas de Deus, precisam ser guiados por outros guias, como a soberba, o intelectualismo fútil, a  luxúria, o apetite, sentidos e visão, assim como os animais são. São comportamentos bestiais e brutais, vorazes em seus conceitos e condutas. São nocivos e perigosos ao rebanho. Que vivem isolados e fora do aprisco. São lobos no meio das ovelhas.

(b) Comportamento vorazes.

Há Indivíduos que agem como uma fera animal. Nós temos um ditado comum quando nos vemos supervisionados ou ultrapassados ​​em qualquer coisa externa e temporal, dizemos:

Oh, que besta eu fui! Mas bom seria se, assim, nos acusássemos seriamente, se fracassássemos em nosso proceder piedoso, e disséssemos: Oh, que besta era fui deixar a direção da Palavra; e sofro com o meu apetite, ou com a concupiscência do meu coração, ou com a visão dos meus olhos para este ou aquele pecado? Ai, que eu a quem Deus deu razão, julgamento, eleição, deliberação, sim, Sua Palavra e Espírito, deveria viver tudo isso enquanto um desprovido de tudo isso. Não entendo qual é a boa e aceitável vontade de Deus, mas ainda sou como o cavalo e a mula sem entendimento.

Eu pisei meus ouvidos na Palavra como o vidente surdo, e recusei as coisas da minha paz; Tenho ladrado contra Deus e piedade; Eu tenho chafurdado na minha impureza como um porco em sua própria sujeira. Eu fui impiedoso e cruel como qualquer leão ou lobo; Eu não poupei nenhuma presa e tão sutil quanto qualquer raposa para enganar meus irmãos. Eu cuspi fora meu veneno tanto para o rosto como para as costas dos meus vizinhos, e especialmente contra a casa da fé, os professores da religião. Oh, que besta eu era em tudo isso! Mas agora, vendo a minha compreensão ser-me restabelecida, nunca mais levarei a mim mesmo, a não ser como um homem.

Não mais fazendo minha luxúria minha lei, mas a razão será meu guia; ou melhor, mas, como um homem cristão, pela graça de Deus, deixarei que eu seja guiado daqui por diante pela razão renovada, sim, pela Palavra e pelo Espírito de Deus.

Se preciso de qualquer coisa que se pareça com as bestas, será o boi e o jumento conhecendo meu Senhor e Mestre; a cegonha e o guindaste e engolir, em reconhecer o tempo de época do meu arrependimento. Ser a serpente na sabedoria cristã, o cordeiro e pomba em mansidão e inocência cristãs, e assim se assemelhando a eles, eu não serei nem considerado uma besta, nem ainda ser condenado por nenhum deles. Mas se algum, relutante em deixar suas propriedades brutas, ainda será uma fera e seguir sua luxúria, é adequado que ele veja o fim de seu caminho em um de seus predecessores (Pv 7:22)

3) Comilões preguiçosos.

O último traço do caráter dos cretenses é uma consequência natural dos dois primeiros, uma vida de mentiras e sem noção vai levar uma vida descuidada e centrada na busca do prazer nas suas diversas formas. Os cretenses, gostavam de festas, farras, comidas. Paulo diz que são ventres preguiçosos. Não porque não gostavam do trabalho, mas pelo estilo de vida fútil que eles viviam. o fim ultimo dos crentes cretenses, era o empoderamento inútil. Essas festas custavam caras, mas tudo o que faziam não era para dignidade do trabalho, mas para gastar em seus desejos egoístas e festivos. A

A preguiça espiritual é um vício comportamental desses crentes cretenses. O estilo de vida deles é uma inutilidade no reino de Deus. Gente que enche o ventre com uma teologia de autossatisfação. Que agrada o intelecto, mas que não toda o cerne do evangelho. Gente que fala demais e não faz nada. Que critica, mas não ajuda em nada. Tem uma ideia perfeita para tudo. Mas não serve sacrificialmente ao evangelho. Não se envolve com a igreja local, pois são paralisados por suas travas teológicas, que os tornam imprestáveis e nocivos ao reino

II – LIDANDO COM OS CRETENSES.

Paulo diz que este testemunho é verdadeiro, que muitos crentes são cretenses em seu caráter. Os que lidam com o serviço cristão não devem ser desencorajados de seu dever, embora tenham que lidar com um povo brutal e miserável. Sendo este testemunho verdadeiro, Tito poderia ter sido desencorajado, e por isso ocasionou a meditar a sua partida deles como um povo sem esperança, ou a repelir que o apóstolo o colocasse em meio a tal companhia de animais em vez de homens.

Mas ainda assim Tito medita e faz com coragem continuar em seu trabalho entre eles, e semear a palavra mesmo neste terreno duro. É a sorte de muitos servos graciosos serem chamados e plantados entre pessoas grosseiras, bárbaras e bestiais, tais como esses cretenses eram, sim, entre as pragas venenosas que recompensariam suas lutas e dores fiéis ao gerá-las a Deus com a extremidade do erro e violência que viviam ( Jeremias 26: 8). Agora, o que o ministro deve fazer neste caso?  Duas coisas devem ser feitas.

1) Coragem para lidar com as feras.

Certamente, como não somos chamados por nós mesmos e não vivemos para nós mesmos, então não vivemos para nosso próprio prazer. E se ele fosse pensar assim, ele não encontraria nenhuma motivação para continuar a servir entre as víboras venenosas dos cretenses.  Se Deus ordenou a Jonas que se levantasse e fosse a Nínive, e ele teria um dos ministérios mais bem-sucedidos de toda a história da pregação. Mas antes o Senhor lhe ensinará, que ele não pode fugir e nem agir pela sua própria vontade e nem ir aonde quiser.

Quando Moisés fosse chamado para falar com o Faraó, ele não pode dar a desculpa: “Mas eles não vão acreditar em mim”.As vezes Deus nos chama para um trabalho que a única motivação que temos para ir é uma desmotivação: “Eles não vão ouvir! Eles não mudam”. “Eles não aprendem”. “Eles não querem”. Da mesma maneira, Cristo, enviando Seus discípulos, “Portanto, ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos” (Lc 10.3). Vocês serão perseguidos e caluniados, e odiados sem causa. E se chamaram o mestre de Belzebu, de que não seremos chamados (Mt 10.16-28).

2) Repreender severamente.

Paulo uso um fraseologia da saúde ou “solidez” em relação à fé. Provavelmente foi sugerido ao apóstolo pela adoção prévia de frases indicativas de doença e de remédios severos. Uma faca afiada, instrumentos de cautério, manuseio firme, incisões livres, são necessárias para algumas feridas venenosas e putrefatas; e como antigamente Tito tinha que mostrar aos coríntios como purificar o velho fermento. Entregar pessoas iníquas a Satanás, repreender o quem tinha pecado e reprender e confrontar todo tipo de vício, então mais uma vez ele teve que levantar sua voz como uma trombeta e, por pura bondade, foi ordenado e não para poupá-los.

(a) Diferentes modos de lidar com diferentes pecados

De acordo com a natureza dos pecados e pecadores, devemos colocar uma vantagem sobre nossas reprovações e afiá-las. Porque todos os pecados não são de um mesmo tamanho, nem todos os pecadores de uma só linhagem; mas alguns pecados são maiores que outros, e alguns pecadores são mais obstinados que outros. Alguns pecados são de ignorância, alguns de malícia; alguns são privados, outros são ocultos.

Agora, devemos, sabiamente, colocar uma diferença entre ele. A compaixão deve ser mostrada a alguns; e outros, a quem o amor não pode fascinar, o medo deve forçar. Alguns devem ser salvos pelo amor, e alguns devem ser retirados do fogo. Algumas feridas precisam apenas de um lenitivo gentil, outros um bisturi mais afiado; alguns exigem apenas a picada de uma agulha para abri-los, outros um cirurgia levou ou uma amputação.

(b) Administrando a Repreensão cristã

A repreensão cristã deve sempre ser baseada em uma firme convicção. Nunca mero boato insuficiente; nem na curiosidade ou probabilidade. A repreensão cristã deve ser completa e eficaz. Uma repreensão de corte não precisa ser indelicada. Sarcasmo, sátira, desprezo – estes são impróprios para um cristão. Palavras suaves quebram corações duros; o calor derrete, enquanto o frio congela. A repreensão cristã deve ser para o bem do pecador – “para que sejam sadios na fé”. NUNCA PARA OS MOTIVOS ERRADOS: 1. Para salvar aparências. 2. Manter a dignidade. 3. Para gratificar a vingança. MAS PELOS MOTIVOS CERTOS: 1. Para salvar a pureza da Igreja.2. Para evitar a propagação do contágio. 3. Restaurar a vida e o privilégio espiritual.

(c) O objetivo das repreensões

As mais severas repreensões na Igreja devem visar a este fim, a recuperação dos cristãos doentes à solidez da religião, tanto no juízo quanto na prática; que parece que a maior censura comum na Igreja não é mortal, mas medicinal. Pois, como um cirurgião corta os braços e as pernas para que o corpo e o coração possam ser salvos, também neste corpo, partes e membros são cortados para que eles mesmos possam ser salvos, assim como todo o seu corpo.Paulo exorta a pessoa incestuosa que seu espírito pode ser salvo. Hermineu e e Fileto foram entregues a Satanás para que eles pudessem aprender a não blasfemar.

Aqueles a quem Judas deseja que sejam retirados do fogo pela violência, devem ser salvos por meio dele. Paulo usa uma linguagem forte em (1Co 16:21) “Se alguém não ama o Senhor Jesus, seja amaldiçoado” E, portanto, edificação e salvação não são o fim dessa censura. Eu respondo: “Uma coisa é a Igreja excomungar, outra a maldição da execração; uma é a censura comum, o outro é ato muito extraordinário e raro. A excomunhão é contra aqueles que podem ser amigos da Igreja. Execração, é apenas contra inimigos, e apóstatas abertos e obstinados, até mesmo como Juliano, quem na história da Igreja foi julgado ter pecado “o pecado contra o Espírito Santo”, e, portanto, execra e amaldiçoa.

(d) Repreensões agudas às vezes são necessárias

As palavras são uma metáfora tirada dos cirurgiões, que cortam a carne morta ao rápido, mas é para curar. Palavras cortantes fizeram grandes curas: muitas pessoas doentes e purificadas se tornaram sãs, tanto pela fé quanto pelas boas maneiras, por severa repreensão. Aprendei daqui que embora, em termos gerais, devamos temperar nossas repreensões com muita brandura e mansidão. Mas há ainda assim um tempo em que devemos repreender severamente, para que os homens sejam “firmes na fé”. Podemos, devemos falar severamente quando palavras gentis não vão fazer o efeito necessário.

(d) Fidelidade na administração de reprovação

O não conformista; Rev. Joseph Alleine (1634-1688) na Inglaterra; foi muito fiel e imparcial na administração da repreensão. Certa vez, quando empregado em um trabalho desse tipo, ele disse a um amigo cristão: “Estou agora fazendo aquilo que provavelmente tornará um amigo muito querido e prestativo num inimigo. Mas, no entanto, não pode ser omitido; é melhor perder o favor do homem do que o de Deus. ”Mas, longe de se tornar seu inimigo por sua fidelidade conscienciosa a ele, ele o amou ainda mais depois, enquanto ele vivesse.

CONCLUSÃO

O evangelho é oferecido ao pior. Este é realmente um caráter medonho, que o apóstolo diz ser perfeitamente verdadeiro. A ilha deve ter estado em uma condição de medo, pois o apóstolo tem sempre o hábito de falar suavemente até mesmo daqueles que são culpados. Se a culpa não fosse enorme, ele nunca teria repreendidos tão severamente, nem dado tais ordens rígidas a Tito para repreendê-los severamente, para que eles pudessem ser sadios na fé. E aqui devemos observar quão maravilhoso é o amor de Deus, que chega até o mais baixo da espécie, e eleva essas naturezas brutais à semelhança do Filho de Deus, e eleva-as ao trono de Sua glória!

Em meio a essa ilha pandemonial, a Igreja de Deus é plantada, como um oásis no deserto, como um farol nos mares revoltos, para dar descanso e direção a todos os que quiserem ouvir os chamados da Divina Misericórdia. Oh, quão admirável, quão glorioso é aquele Deus que, como o pai do filho perdido, abre Sua casa e Seu seio para um mundo vil, miserável e pródigo! És tu um crente cretense? és tu um mentiroso, um glutão e um bruto? então a mensagem do amor de Deus é para você – até mesmo para você; e se você receber, você deve brilhar entre os santos na luz para sempre!

O mundo diz talvez de você, como o provérbio fazia antigamente: “Os três piores C’s do mundo são a Capadócia, Creta e Cilícia”; todavia para estas habitações de iniquidade e covas de demônios a graça de Deus penetrou, e multidões foram atraídas ao Senhor. O evangelho é para ti, irmão, em toda a tua vileza e culpa; e Jesus, que te amou, é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Venha a ele e seja salvo.