Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 117 –  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 94).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 43). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 13/03/2024.

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INTRODUÇÃO

Um dos muitos livros do Dr Samuel Gregg “Razão, Fé e a Luta pela Civilização Ocidental oferece uma história intelectual concisa do Ocidente através do prisma da relação entre fé e razão.”

Ele mostra que a genialidade da civilização ocidental é a sua síntese única de razão e fé. Mas hoje essa síntese está sob ataque – a partir do Oriente pelo Islão radical (fé sem razão) e a partir do próprio Ocidente pelo secularismo agressivo (razão sem fé).

A suposição ingênua e cada vez mais comum de que a razão e a fé são incompatíveis está simplesmente em desacordo com os factos da história.

A revelação nas Escrituras Hebraicas de um Criador razoável imbuiu o Judaísmo e o Cristianismo com a convicção de que o mundo é inteligível, levando ao florescimento da razão e à invenção da ciência no Ocidente.

Não foi por acaso que o Iluminismo ocorreu na cultura formada pelas religiões judaica e cristã.

Todos podemos ver que a fé sem razão é, na melhor das hipóteses, obscura e, na pior, fanática e violenta. Mas muitos esquecem que a razão, despojada de fé, está sujeita às suas próprias patologias.

Uma razão supostamente autónoma afunda-se facilmente no fanatismo, sufocando a dissidência como preconceituosa e irracional e devorando a civilização humana promovida pela integração da razão e da fé.

A história sangrenta do século XX atesta as forças totalitárias desencadeadas pela razão corrompida.

Mas Samuel Gregg faz mais do que lamentar a ruína intelectual e espiritual causada pelo divórcio entre razão e fé.

Ele mostra que cada um destes princípios fundamentais corrige os excessos do outro e aumenta a nossa compreensão da verdade numa renovação contínua da civilização.

Ao recuperar este equilíbrio, podemos evitar um conflito suicida em que o vencedor leva tudo entre a razão e a fé e um futuro que não respeitará nenhuma das duas.

Nesse sermão vamos concluir a analise do secularismo marxista cultural que fizemos sobre a ótica do historiador Paul Kengor, em seu livro Karl Marx e o Diablo, o comunismo e sua longa marcha de morte, falsidade e infiltração.

  1. A procura incessante pela mais nova classe oprimida

Em um aspecto fundamental, o marxismo clássico e o marxismo cultural sempre terão em comum uma coisa essencial e duradoura, que explica grande parte da esquerda moderna hoje.

Ambos vêem a história como uma série de lutas que dividem o mundo em grupos inimigos/antagônicos de opressores e oprimidos.

Ambos saem à procura de grupos oprimidos como os ungidos que haverão de ser os redentores da sociedade.[1]

O grupo oprimido torna-se agente de emancipação para inaugurar um mundo novo e melhor.

Portanto, o secularismo marxista precisa estar sempre à caça da mais nova classe a ser vitimizada, a qual, por sua vez, deve sempre estar ciente de sua vitimização – deve sempre “se conscientizar”.

No marxismo clássico, era simples: identificava-se o grupo oprimido conforme a classe econômica. Era o proletariado, o operário de fábrica que era oprimido pelos donos das fabricas.

No marxismo cultural, isso já não é tão simples, porque a cultura está sempre mudando: há sempre um novo grupo oprimido visado pelo marxista cultural. Num ano, são as mulheres, no outro, os negros, no outro, algum outro grupo.

É por isso que, em janeiro de 2017, na Marcha das Mulheres em Washington, D. C., uma líder marxista cultural como Angela Davis (discípula de Herbert Marcuse) podia estar diante de um mar de jovens inconscientes vestindo chapéus cor-de-rosa no formato de suas genitálias e proferir uma ladainha de queixumes politicamente corretos.

Esforçando-se arduamente em identificar grupos oprimidos e denunciando o “hétero-patriarcado masculino branco”, a misoginia, a islamofobia e a exploração capitalista.[2]

Nessas passeatas e discursos, não citam o nome de Marx, ou outro pervertido da escola de Frankfurt, não falam do fim da propriedade privada, mas usam termos que parecem promover uma falsa justiça, como Patriarcado masculino, e fim da família tradicional.

Eles procuram hoje menos os trabalhadores operários e mais os trabalhadores culturais[3]. Esqueça o chão de fábrica esse projeto deu errado há muito tempo.

Os comunistas tentaram organizar os metalúrgicos, os operários da indústria automobilística, os condutores, os mineradores, mas não tem dado certo.

O novo centro de recrutamento agora é o chão de sala de aula, o campus, a universidade, e as escolas; é aí que se tem buscado e encontrado os trabalhadores culturais capazes de promover a transformação fundamental.

Esses estudantes revolucionários culturais modernos estão tendo um enorme sucesso em redefinir tudo quanto existe, desde o casamento até a sexualidade, passando pelo gênero.

É onde se encontra o trabalho duro do secularismo marxista na América e no Ocidente hoje, dedicando-se de corpo e alma ao front cultural.

É onde eles têm confiança de que podem finalmente derrubar o Ocidente e seus alicerces judaico-cristãos, que Marx e uma longa linhagem de discípulos tanto quiseram destruir.

  1. A teoria crítica e o Marx crítico.

É claro, portanto, que o elo mais importante entre o marxismo cultural e o marxismo clássico de Marx, Lenin e seus executores imediatos e admiradores de longa data talvez esteja no próprio nome dado ao marxismo cultural na academia(universidade).

De certo modo, é muito frustrante – a ponto de suspeitarmos tratar-se de um engano proposital – que a academia tenha escolhido ou se apegado ao termo “teoria crítica” para agitar às ocultas a bandeira do marxismo cultural; trata-se de um rótulo mais palatável para vender suas bugigangas e oferecer seu gato por lebre ideológico.

Cientes de que dariam muito na vista se propagandeassem abertamente um programa acadêmico chamado “marxismo cultural”, certamente alarmando ex-alunos e conselheiros, os astutos acadêmicos secularistas decidiram pelo termo que seria menos inofensivo e ambíguo: “teoria crítica”.

E, no entanto, ele descreve com perfeição o que os secularistas culturais fazem de melhor: criticar.

Procurando derrubar a velha sociedade, sobretudo as tradições que tanto detestam, eles agem conforme a maneira e o espírito de Karl Marx e Lenin.

Talvez não saibam dizer o que será erguido no lugar daquilo que destruíram daqui a um século ou daqui a apenas uma década -, porém concordam que é preciso derrubar tudo. O que precisam não é de uma chave de fenda, mas de uma marreta.

Porém, como o pioneiro neo-marxista Herbert Marcuse, com sua noção de “tolerância repressiva” (incitando à “intolerância contra os movimentos de direita, e tolerância para com os movimentos de esquerda”), eles fazem em pedacinhos apenas as coisas de que não gostam.

Estão dispostos a tolerar as piores invencionices, desde novas formas de “casamento” e sexualidade até incontáveis opções de gênero.

O fato é que, a rigor, não criticam tudo quanto existe, mas apenas as coisas que não lhes caem bem.

Como os secularistas e progressistas que exultam com a “diversidade” e a “tolerância”, os teóricos críticos e marxistas culturais vilipendiam todos os que discordam de sua nova visão de mundo e da humanidade.

Se concorda com a transformação fundamental deles, então você é uma pessoa boa e bem aceita. Se discorda, prepare-se para ser boicotado, “cancelado” nas redes sociais, linchado no Twitter, perseguido por advogados e processado nos tribunais.

Você não tem o direito de entrar debaixo do guarda-chuva colorido da “diversidade”, o que na verdade não é diversidade, mas divergência da ordem tradicional.

A tolerância e a diversidade dessa gente é uma grande fraude. Infelizmente, 90% deles em seu zeitgeist (espírito da época) não costumam perceber o embuste.

A lavagem cerebral por que passaram na universidade foi tão grave que não parecem dispor dos recursos mentais para discernir essas contradições. Somos inclinados a chamar isso de farsa, mas isso implicaria que eles estão cientes disso e não estão.

Bem-vindo à enlouquecedora tirania do relativismo moral, o cocho em comum que alimenta a massa esquerdista, seja ela progressista, “liberal”, teórica crítica ou marxista cultural.

Infelizmente, essa é a taça com que se intoxicam, o cálice que os une em sua transformação fundamental do Ocidente judaico-cristão.

  1. A heresia modernista

Essa transformação fundamental é um subproduto do novo espírito moderno. As forças do modernismo não almejavam outra coisa.

O objetivo do modernismo é a transformação radical do pensamento humano em relação a Deus, ao homem, ao mundo e à vida, aqui e após a morte”.[4]

A igreja percebeu logo no início a ameaça perigosa do modernismo, mas ele não fez absolutamente nada relevante para impedir seu domínio.

O modernismo já foi chamado de a “síntese de todas as heresias”. O modernismo tinha de ser condenado a fim de proteger a fé, inclusive dos inimigos internos[5].

Esses hereges modernistas, não eram simples marxistas, comunistas ou socialistas, mas um leque mais amplo de pagãos, progressistas, relativistas morais, relativistas culturais, redefinidores da natureza humana, adeptos da transformação fundamental.

Seus inimigos eram os valores absolutos, a religião e a tradição. Eles tinham fé na mudança, na reforma, na evolução, no “progresso”.

O que eles privilegiavam e ainda privilegiam não é uma ordem moral duradoura, como o conservadorismo, mas uma ordem sempre em evolução.

Rejeitam a própria noção de uma ordem moral imutável fundada na lei bíblica e na lei natural.

Eles Creem que as verdades e valores podem e devem evoluir, mudar, progredir em paralelo ou em relação à sociedade, à cultura, às normas e à história.

Negam que existam “verdades permanentes”, um “tesouro da sabedoria” a ser preservado e conservado, ou o que G. K. Chesterton chamava de “a democracia dos mortos”[6].

Ele enfatiza a necessidade de darmos vozes às pessoas piedosas do passado que vieram antes de nós, que construíram a ortodoxia por meio das confissões de fé e da tradição da igreja cristã.

A geração de hoje não deve desprezar a voz dos mortos, só porque ela está viva, pois ela também vai passar.

Precisamos estar alerta contra os “muitos caminhos” do modernismo que acabam “no ateísmo e na destruição de toda religião”.

Corremos um terrível perigo quando cada pessoa assume para si a sua própria interpretação individual da verdade e do real.

No fim, cada pessoa se torna seu próprio deus. Sem demora, chega-se à meta derradeira de Karl Marx: o enfraquecimento, ou mesmo a destruição da religião.

  1. O poder anônimo ou o Diabo está nos detalhes.

Sendo assim, quem ou o quê o mundo ocidental está seguindo hoje, no fim das contas? Quem ou o que está soprando em nosso ouvido?

Quem ou o que vai discretamente destruindo a cultura ocidental? Será a mesma força sombria e nebulosa a quem Karl Marx dedicava sua prosa sórdida?

Seria um poder anônimo ou uma obra das trevas, que nasce da filosofia alemã e que tem origem no ocultismo e numa dialética das trevas.

Parece um presságio bem exato de onde nos encontramos culturalmente, socialmente, ideologicamente e teologicamente, neste momento tão complicado da história.

Como em todas as épocas, embora num ritmo nunca visto antes, hoje vemos passar muitas modas e novidades, sobretudo a partir do século XIX.

Quer estejamos lidando com ideais destrutivas e velhas como o marxismo, o freudismo, ou mesmo o repulsivo freudo-marxismo dos pervertidos sexuais da Escola de Frankfurt.

Quer com ideais novas como a ideologia de gênero, a teoria crítica, ou qualquer moda do momento, essas ideais frequentemente nocivas – velhas e novas – compartilham de algumas particularidades dignas de nota.

Primeiro, o puro sofisma que está envolvido nesses conceitos (na medida em que mereçam ser chamados de “conceitos”) e sua violação intrínseca do senso comum.

Pior ainda, o sofisma[7](retórica para enganar) é auto-evidente, sobretudo para alguém educado na cosmovisão cristã com uma consciência bem formada, uma bússola moral e uma tradição intelectual sólida.

Segundo, há a questão da simples periculosidade dessas ideais em sua época e para além dela; a carnificina cultural, a ruína humana, o dano à alma que promovem.

Terceiro, há a sua fugacidade, sua evanescência (efêmera), que jamais é evidente para um número mínimo de pessoas, já que tantos são sugados por esse redemoinho enlouquecedor.

Em meio à prevalência e o predomínio dessas perniciosas doutrinas, incontáveis vidas humanas são arrastadas para o inferno.

Quarto, e talvez mais frustrante, é a realidade de que muitos desses conceitos possuem a estranha tendência de simplesmente rastejar para a escuridão da noite e desaparecer.

Contudo, embora pareçam, para nossa alegria, sumir na lata de lixo da história, elas tendem a perdurar, persistir, reemergir numa forma levemente alterada, e então seguir seu trabalho de corrosão.

Por exemplo, achávamos que a recente vitória do Ocidente na Guerra Fria havia decretado o fim do comunismo. Bem pelo contrário, a ideologia se reergueu com um surpreendente apelo junto a um número enorme de [8]millenials.[9]

De quem ou de onde esses conceitos tiram sua força? Existe um “poder anônimo”, um poder oculto e tenebroso que dita as modas e tendências dominantes.

O mundo se curva diante de um poder sombrio e maligno, com seus humores inconstantes e que ditam a moda do momento. Foi precisamente esse poder sombrio que crucificou Jesus, motivando a multidão a gritar: ‘Fora com ele! Crucifica-o!'”.

Esse poder maligno que sempre operou no passado continua tão influente nos tempos modernos, e continua enganando as multidões.

É um poder com o qual precisamos sempre lidar e discernir com clareza e para isso precisamos da ajuda do Espírito Santo, pois os seus efeitos terríveis, assombrosos estão exercendo uma tremenda influência sobre a multidão dos perdidos.

Existiram inúmeras ideias e ideologias em que pudemos discernir esse poder sombrio atuando:

O materialismo, o evolucionismo, o ateísmo, o agnosticismo, o marxismo, o freudismo, o freudo-marxismo, as concepções doentias de Wilhelm Reich, Herbert Marcuse, Mikhail Bakunin, Bruno Bauer, Aleister Crowley, Harry Hay, Kate Millett, todos os que inspiraram a brutalidade diabólica em lugares como a prisão de Piteşti na Romênia ou o número 60 da Avenida Andrássy em Budapeste, na Hungria.

Pense na multidão de milhões e milhões de mártires e nas sofridas testemunhas, todos torturados e mortos em nome de uma ideologia de luta de classes. Como foi o Rev. Richard Wurmbrand (autor do Best-seller torturados por amor a Cristo).

Pense também no impulso militante dos progressistas ao redor do Ocidente em redefinir o plano de Deus para o casamento, a família e o gênero. Trata-se do mesmo espírito do anticristo, ali pairando, como o próprio ar que respiramos.

É um espírito infernal com a força de um verdadeiro tsunami cultural. Na literatura, nas artes, na escola, nas universidades, no governo, na Tv, no cinema, twitter, no Facebook, na internet, está em toda parte.

Nosso mundo ocidental é feito de legiões de militantes que se curvam ao poder sombrio e maligno de humores inconstantes e que dtia da moda do momento.

  1. O espírito do anticristo.

Por mais que essas tendências atuais sejam contrárias à moral e à lei natural, indo da redefinição do matrimônio até a redefinição do próprio gênero dado por Deus e pela natureza, as maiorias democráticas modernistas sempre se adiantam em surfar nessa a última onda.

É o que alguns chamam de zeitgeist (uma expressão alemã que siguinifica: “o espírito da época” que produz uma poluição cultural.

O contorno desse espírito ou poluição cultural é movido por uma força sombria que se levanta contra tudo o que chama Deus (1João 4:2-3; 1João 4.1; 2 Tessalonicenses3), esse é o espírito do Anticristo.

Que vem atuando em toda parte e em cada época ele assume uma forma e uma tendencia diferente.

Hoje por meio do secularismo ele usa uma “filosofia” condutora que controla o mundo moderno, é a “ditadura do relativismo”, na qual cada pessoa é seu próprio poder condutor.

Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento modernista.

A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas, lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e daí por diante.

Cada dia surgem novas seitas e filosofias e Paulo diz acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14).

Ter uma fé bíblica e clara, segundo a ortodoxia da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo.

Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar “aqui e além por qualquer vento de doutrina”, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos.

Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades.

A cada dia brota uma nova seita, uma nova ladainha, e as pessoas são enganadas, enroladas e aliciadas com a maior facilidade.

O que (ou quem) quer que esteja por trás do incrível sucesso desse relativismo assentado na raiz da modernidade (e do marxismo), é algo que quase conseguiu destruir a civilização ocidental.

Só o Diabo, a quem Karl Marx dedicou uma atenção tão sinistra (como vimos), é que pode ter tido uma participação nisso tudo.

O secularismo marxista se tornou a ideologia do embuste e da infiltração, da manipulação e da exploração – da trapaça e do engano.

Basta consultar pessoas como Bem Gitlow, Louis Budenz, Manning Johnson, Bella Dodd, William Z. Foster, Earl Browder, Harry Ward que admitiram seduzido tantas pessoas intelectuais ao erro e a perdição.

Tantas vítimas sucumbiriam, tantos jovens se perderam, levadas pelas ondas dos cursos universitários e por qualquer vento da doutrina dos livros secularistas.

CONCLUSÃO:

“Se você se casar com o sentimento ou o espírito de uma época”, “você será viúvo na próxima. Essas modas simplesmente não duram”.[10]

Precisamos viver segundo princípios que não mudam. Para raciocinar bem, precisamos de princípios independentes do espaço e do tempo, pelo qual possamos viver.

Sabemos que eles existem, e sabemos que a verdade existe simplesmente porque há um Criador inteligente por trás do universo e que nos deus as Escrituras Sagradas.

São as verdades eternas, as primeiras coisas, as coisas permanentes, a ordem moral duradoura. Os indivíduos não criam essas coisas do nada. Elas estão aí.

E, com o seu depósito de verdadeira fé, os verdadeiros cristãos tem o dever sagrado de proteger, cultivar, guardar e proclamar tais verdades. Só o evangelho tem o poder de manter o homem e a mulher no caminho da retidão e da justiça:

Alguém exemplificou que o romantismo se assemelha muito à condução de uma carroça, com seis cavalos bravos, ao longo de uma estrada na montanha.

E de cada lado dessa estrada, surge aqui uma ravina, ali um precipício, aqui um abismo, ali um fosso. E a emoção na busca da verdade está em seguir firme nesse trajeto”. Isso se parece com as ideologias e “ismos” do nosso tempo:

 

Ah, a coisa mais fácil do mundo é seguir o secularismo progressista. Tudo que você precisa é tombar [e cair pela montanha]. A coisa mais fácil do mundo é seguir a tendência. É só cair. É só de deixar levar pelas tendências.

No século IV e V, a coisa mais fácil era ser ariano e só Atanásio, e outro poucos fiéis eram trinitários.

Nada mais fácil no mundo que tombar em alguma opinião do momento. É fácil demais ser marxista. Tão simples quanto cair de um tronco. É fácil demais ser um progressista, tudo que você precisa é cair do outro lado.

Logo, o grande romantismo da verdade consiste em seguir firme nesse trajeto, conhecendo os obstáculos, conduzindo os cavalos direto ao destino e vendo todos esses erros e sentimentos, abatidos, caídos e esquecidos pelo caminho.

Seguir em frente, vacilante, mas ainda ereto: eis o romantismo do pensamento, eis a alegria da verdade.

A verdade deve ser encontrada somente em Jesus Cristo. Somente as Escrituras tem todas as verdades que satisfaz o coração das pessoas, pois elas são o poder de Deus para a salvação de todos aqueles que creem.

A verdadeira igreja sobreviveu a todas as ideologias corrosivas, aos “ismos” e espíritos de época, e ela não se contaminou. Os cristãos não são filhos do seu tempo, eles não se deixam dominar pela cultura do mundo.

O comunismo matou mais 100 milhões de cristãos na Rússia, hoje a Rússia tem uma população com mais de 80% de cristãos. A China matou milhões de cristãos, mas ela está se tornando o maior país cristão do mundo.

Não é de admirar que Karl Marx e seus asseclas odiassem a religião. É ela quem detém o seu importante projeto de transformação radical.

A Igreja é uma rocha, estável e segura e as portas do inferno não prevaleceram contra ela.

A verdadeira igreja não é escrava de alguma moda passageira.  Após 1.900 anos de experiência, a Igreja sabe que qualquer instituição que se adapte ao espírito da época será viúva na próxima”.[11]

O maior problema dos sistemas modernos é serem conduzidos pelo espírito da época e pela evolução do mundo.[12]

Eles contaminam o ar com ideais tóxicas para a alma, infundem na atmosfera partículas de algum poder sombrio que bloqueiam os pulmões e turvam a mente.

No caso do comunismo ateu, não foram poluentes quaisquer. Um legado de mais de 300 milhões de mortos, sem falar da subtração de tantas liberdades básicas e do dano incalculável a tantas almas, não pode ser nada menos que diabólico um horrendo flagelo, uma máquina de matar.

Os efeitos dessa dança da morte foram perniciosos. O seu espectro perdura como uma das piores heresias modernistas e uma das obras mais infrutíferas das trevas. Até hoje esse espectro nos assola.

Parafraseando Marx, em seu poema: um fumo infernal ainda paira sobre nós. Em que medida esse fumo emana da figura obscura, do Príncipe das Trevas?.

Daquele a quem pertencia o sabre tinto em sangue escuro sobre o qual Marx, quando jovem, escreveu em sua poesia? Daquele que faz na alma um inciso furo, que turba o senso até a loucura e cuja alma arrancou-se dos Céus elegendo o Inferno?

Um fumo infernal, de fato é revelador, pois é exatamente essa figura do apocalipse 9 que fala o fosso que é aberto e os demônios saem em meio a uma fumaça infernal com cheio de enxofre.

Apocalipse 9:2: “E abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço, como a fumaça de uma grande fornalha, e com a fumaça do poço escureceu-se o sol e o ar”.

Nosso dever é lutar contra esses vapores infernais, não inspirá-los. Precisamos lutar e expor os poderes das trevas que continuam a permear este mundo moderno.

[1] Para mais detalhes sobre o proletariado considerado como oprimidos e salvadores na doutrina marxista, cf. a introdução do Professor Martin Malia à edição da Penguin-Signet Classics (eds. de 1998 e 2011) de Communist Manifesto, pp. 14-15.

[2] Paul Kengor, “Women’s Marchers, Unite!”, The American Spectator, 24 de janeiro de 2017.

[3] Cf. “About People’s World”, disponível em: :https://www.peoplesworld.org/about-the-peoples-world/

[4] Cf. a exposição de Joseph Pearce, “How the Modernists Made ‘Ecumenical’ a Dirty Word”, Crisis, Magazine, 26 de novembro de 2019. Catholic Encyclopedia.

[5] Um homem que previu isso, ou algo semelhante, foi o Papa Pio x, cuja encíclica sobre os modernistas, conhecida formalmente como Pascendi Dominici Gregis, foi publicada em 1907.

[6] Cf. Wilfred McClay (ed.), Russell Kirk’s Concise Guide to Conservatism. Washington, D.C.: Regnery, 2019, pp. 2-6.

[7] Qual é o conceito de sofismo? Sofismo ou sofisma significa um pensamento ou retórica que procura induzir ao erro, apresentada com aparente lógica e sentido, mas com fundamentos contraditórios e com a intenção de enganar. Em um sentido popular, um sofisma pode ser interpretado como uma mentira ou um ato de má fé

[8] A geração Y, também chamada geração do milênio, geração da internet, ou milênicos é um conceito em Sociologia que se refere à corte dos nascidos após o início da década de 1980 até, aproximadamente, a primeira metade da década de 1990

[9] Já estamos todos carecas de saber das inúmeras pesquisas com millenials falando coisas positivas do comunismo e dizendo até que preferiam o comunismo e o socialismo ao capitalismo. Hoje podemos

dizer que houve uma grande reviravolta em 2011, quando um importante estudo do Pew Research Center descobriu que 49% dos americanos de 18 a 25 anos vêem o socialismo com bons olhos, mais do que os 43% com uma visão positiva do capitalismo. Três anos depois, em 2014, uma pesquisa da Reason

Magazine e da Rupe Foundation foi mais fundo, e descobriu que 53% dos entrevistados de 18 a 29 anos tinham uma visão favorável do socialismo. Não muito tempo depois, o Instituto Gallup fez um achado e tanto, ao descobrir que 69% dos millennials votariam em um socialista para presidente dos Estados Unidos da América – um país fundado sobre princípios que são a antítese do socialismo. Foi exatamente o que fizeram em 2016, dando enorme contribuição para os 12 milhões de votos de Bernie Sanders nas primárias do Partido Democrata. Esses são dados de um país que venceu a Guerra Fria e derrotou o comunismo. Enquanto escrevo estas linhas, a última pesquisa da Victims of Communism Memorial Foundation (realizada pela YouGov), em novembro de 2019, aponta que 36% dos millennials aprovam o comunismo e 22% acreditam que “a sociedade seria melhor se toda a prosperidade privada fosse abolida”

[10] Fulton Sheen, “How To Think”, Life Is Worth Living, transmitido originalmente em 1955: https://www.youtube.com/watch?v=J69VD-DpJ4g

[11] Fulton J. Sheen, War and Guilt. Huntington, Indiana: Our Sunday Visitor, 1941, pp. 138-139.

[12] Reeves, America’s Bishop, p. 54.