Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 149 – O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 123). Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 76). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 26/02/2025.
INTRODUÇÃO
Jesus disse aos seus discípulos no Evangelho de João 15.19 “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia”.
Uma pergunta que deveríamos fazer: Por que John Milton não é tão famoso quanto Shakespeare? Nos fóruns de debates literários as respostas são muitas.
Entre aqueles que estudaram literatura inglesa adequadamente, Milton tem uma posição comparada a Shakespeare.
Shakespeare é amplamente considerado o maior gênio literário que a Inglaterra – ou mesmo o mundo – produziu e nenhum outro se compara.
Mas os admiradores de Milton alegam que ele foi negligenciado, e que seu engajamento político e filosófico o tornam um escritor tanto para os nossos tempos quanto para os seus.
Quase quatro séculos após sua morte, nenhum escritor chegou perto de igualar a compreensão de Shakespeare sobre o mundo – ou seu dom para a poesia dramática.
Milton, trabalha em um plano completamente diferente e mais alto. Em Paradise Lost – o melhor poema já escrito em inglês – Milton foi além de literário para abordar questões políticas, filosóficas e religiosas de uma forma que ainda ressoa fortemente hoje.
Em sua poesia complexa e intelectual, ele se aprofundou nas verdades eternas e buscou incorporar novas descobertas científicas em seu trabalho.
Seu envolvimento com as questões do dia – com a natureza do conhecimento, escravidão, livre-arbítrio, amor e criação – era incomparável.
Apesar da cegueira completa na meia-idade, ele foi o apologista mais conhecido e fervoroso da república inglesa, e um funcionário público essencial para Oliver Cromwell.
Em suas outras obras, notavelmente em Areopagítica, seu ataque à censura, ele se mostrou tanto um mestre da prosa quanto da poesia. Ele define não apenas sua era, mas a nossa com a liberdade de imprensa.
Mas essa cultura de cancelamento contra o cristianismo, tem evitado Milton, por causa de sua ênfase bíblica. A questão não é qual dos dois foi o melhor, mas o que eles defendem.
O que a obra “Romeu e Julieta” contribuiu para a humanidade? Não importa, a obra de Milton contribuiu muito mais para a riqueza moral das nações. Se tudo isso veio da bíblia, o mundo odeia.
A bíblia criou a civilização que conhecemos, mas ela é o livro mais cancelado. E fizeram a mesma tentativa com as obras de Milton. Vamos continuar vendo como esse cancelamento vem disfarçado de crítica literária.
- CRÍTICAS HERÉTICAS QUE PODEM ESTAR NO PARAÍSO PERDIDO.
No Paraíso Perdido de Milton, tem um verso sobre a essência de Deus que tem sido alvo crítico literário, na tentativa de torná-lo herético e impreciso.
Essa é a primeira vez que um biógrafo, tão respeitado, tenta desconstruir a reputação do poeta, a qualquer preço, ao invés de simplesmente contar os fatos.
nem vacante o espaço.
Embora incircunscrito eu retroceda,
E não propale a bondade, que é livre
Pr’a agir ou não.
O academicismo influenciado pelo iluminismo francês, do Prof. Denis Saurat[1](1890-1958), biografo de Milton, erroneamente chega à conclusão que a doutrina do Zohar[2] (ocultismo judaico do século 13), possivelmente estava na mente de Milton quando escreveu esses versos.
- A Heresia da materialidade Divina.
Tal doutrina parece ser a de que Deus se estende infinitamente no espaço (como éter) e, portanto, para criar – para abrir espaço para que qualquer coisa além de si mesmo possa existir -, ele precisa contrair, ou fazer retroceder, a essência infinita.
Não pode ser provável que tal ideia tenha ocorrido na mente de Milton, mas, hipoteticamente podemos conceder ao Prof. Denis Saurat que Milton foi influenciado pelo Zohar quando fala de Deus “retrocedendo”.
Resta definir em que sentido isso é herético. Dizer que Deus está em todo lugar é ortodoxo. “Não encho os céus e a terra? Diz o Senhor” (Jeremias 23:24).
E seria heresia se Milton houvesse dito que Deus é corpóreo. E nenhum cristão jamais se viu obrigado a sustentar tal conceito.
O agnosticismo do Prof. Denis Saurat, o levou inconsistentemente definir o modo da onipresença de Deus, de forma que esteja presente no espaço da maneira que um corpo está, e isto não é possível. Pois Deus é Espírito, não é a matéria criada.
O Judaísmo ocultista da cabala[3] que foi o fundamento para a escrita do Zohar[4], descreve hereticamente (erroneamente) Deus estando presente de forma a excluir outros seres (pois se ele não excluiu outros seres, porque teria de se retirar para abrir espaço para eles?)
Mas será mesmo que Milton seguiu essas heresias? Para que as ideias de Milton estejam de acordo com o Zohar, o Deus de Milton deveria dizer: “O espaço é vacante (está vago) porque me retirei”; na verdade, ele diz: “O espaço não é vacante, embora eu tenha me retirado”.
E Milton segue explicando que a retirada de Deus consiste não em uma retração espacial, mas em “não propalar[5] Sua bondade”.
Isto é, há partes do espaço (universo) sobre as quais Deus não exerce sua eficácia (bondade), embora ele ainda esteja, de alguma forma indefinida, nelas presente.
Deus não está da mesma forma em todos os lugares. A Onipresença de Deus está no Inferno, diferente de como ele está no Céu e ou na igreja.
Logo, atribuir uma heresia a Milton, diversa daquilo que ele quis expressar, não faz Deus um ser estendido como a matéria orgânica.
Na verdade, é duvidoso que a própria literatura judaica, O Zohar esteja comprometido com tal ideia; tendo dito que Deus “contrai sua essência”, ele afirma que, por meio disso, Deus não diminui a si mesmo.
No entanto, a contração espacial de um corpo orgânico implicaria um decrescimento da extensão e isso não acontece com Deus.
O Prof. Denis Zohar, biografo de Milton, não foi justo em sua crítica literária, pois nem mesmo o Zohar Judaico, e Milton menos ainda, podem ser convictamente acusados de tal crueza de pensamento imagético[6] como a princípio somos levados a suspeitar.
- A Heresia da delimitação[7] Divina.
Por fim, gostaria de chamar atenção para a palavra “incircunscrito”. Não está claro a que frase no Zohar o Prof. Denis Saurat supõe que ela corresponda.
nem vacante o espaço.
Embora incircunscrito eu retroceda,
E não propale a bondade, que é livre
Pr’a agir ou não.
Na verdade, podemos, porém, encontrar paralelos em um autor bastante diferente. Tomás de Aquino,[8] ao definir o modo da onipresença de Deus, atribui três diferentes sentidos às palavras “estar em um lugar” (ou “no lugar”).
Um corpo é um lugar de tal modo a ser delimitado por ele, i.e., ele ocupa um lugar circunscritivo.
Um anjo se encontra em um lugar não circunscritivo, pois não está delimitado por ele, mas definitivo, porque encontra-se naquele lugar específico, e não em qualquer outro.
Deus, todavia, encontra-se em um lugar nem circunscritivo nem definitivo, porque ele está em todo lugar (Summa Theologicae, parte 1, questão 52, art. 2).
Logo o uso da palavra incircunscrito, Paraíso Perdido, tem associações com teorias ou confissões teológicas da “onipresença divina” que são consideradas perfeitamente ortodoxas.
Mesmo se o termo “incircunscrito” tenha sido tomado emprestado da obra judaica Zohar, a expressão seguinte: “não que Ele tenha diminuído a Si mesmo”; ainda assim a ênfase é evitar uma concepção puramente espacial, ou delimitada da essência de Deus.
- A heresia da negação “Creatio ex nihilo[9]”.
A heresia de que a matéria é parte de Deus e alguns autores, acreditam que Milton rejeita em sua obra sobre a doutrina cristã (De Doctrina, livro 1, cap. 7), o ensinamento ortodoxo de que Deus fez o universo material “a partir do nada”, i.e., sem qualquer material bruto preexistente.
Eles usam o texto de Milton: “um argumento de supremo poder e bondade que tal virtude variegada[10], multiforme e inexaurível[11]” (a saber, como a da matéria) “possa existir e ser substancialmente inerente a Deus”.
O espírito, de acordo com Milton, “sendo a mais excelente substância, contém virtual e essencialmente dentro de si aquela inferior”.
Não é fácil compreender esta doutrina, mas podemos notar que ela não recai na heresia contra a qual a doutrina da “criação a partir do nada” buscava oferecer proteção.
A doutrina do ex nihillo, estava direcionada contra o dualismo – contra a ideia de que Deus não era a origem exclusiva das coisas, mas que se achara desde o início confrontado por algo diverso de si mesmo.
Nisto Milton não crê: se errou, ele o fez ao voar para bem longe disso, e crer que Deus fez o mundo “a partir de Si mesmo”.
E esta visão é aceita por todos os teístas[12]: no sentido de que o mundo foi modelado em uma ideia existente na mente de Deus, de que Deus inventou a matéria, de que (salva reverentia)[13] ele “pensou” na matéria assim como Charles Dickens “pensou” no Sr. Pickwick.[14]
Daquele ponto de vista, poder-se-ia dizer que Deus “continha[15]” matéria assim como Shakespeare “continha” Hamlet.
- A HERESIA NO PARAÍSO RECUPERADO.
Talvez seja útil mencionar aqui, o quanto a crítica literária do Paraíso Perdido e das obras de Milton estava obscura e tendenciosamente a heresia.
- A heresia da negação da redenção na cruz.
Na sua segunda obra o Paraíso reconquistado[16] de Milton, que trata da tentação de Cristo e sua vitória sobre Satanás; O Prof. Denis Saurat, como um não crente (agnóstico e ocultista) não compreende a obra da redenção apresentada por Milton.
Diz o Prof. Denis Saurat (p. 177) que a crucificação não desempenha “qualquer papel notável” na teologia do poeta e que aquela “reparação vicária não é de forma alguma uma concepção miltônica” (p. 178).
A verdade é precisamente que Milton apresenta o esquema de reparação vicária em sua forma mais estritamente anselmiana[17] que o Pai propõe em PP., liv. 3 (v. 210 em diante) e que o Filho aceita:
“Em mim recaia tua raiva;/ Por homem toma-me” (liv. 3, v. 237-8).
O arcanjo Miguel, no romance, explica todo o assunto para Adão em termos forenses[18].
Cristo salvará o homem “ao sofrer Morte,/ A pena justa pelo teu trespasse” (liv. 12, v. 398-9): “Tua punição/ Ele há de suportar” (liv. 12, v. 404-5).
Seus méritos “imputados” salvarão os seres humanos (v. 409). Ele vai “pregar” nossos inimigos “à cruz” (v. 415) e pagar nosso “resgate” (v. 424).
- A heresia da negação do céu.
O Prof. Saurat, questiona que em “Paraíso reconquistado”, é somente o Éden – não o céu que Cristo ergue no ermo(deserto) (PR., liv. 1, v. 7).
A “pureza perfeita” perdida por Adão em conflito com Satã; naquele sentido, o Éden, ou o Paraíso, o estado de perfeição, é “reconquistado”.
Pode parecer que toda reparação vicária ainda precisava ser levada a cabo: pois parece que ouvimos tão pouco sobre isso no poema.
Parece que a tentação é meramente “exercício” (PR., liv. 1, v. 156) e “rudimentos” (PR., liv. 1, v. 157) preparatórios para o trabalho da redenção, e dele difere em tipo, porque no deserto Cristo meramente derrota os “apelos” de Satã (PR., liv. 1, v. 152), enquanto na crucificação ele derrota “toda sua vasta força” (PR., liv. 1, v. 153).
No final do poema, o coro angélico pede a Cristo que “então venha” em sua verdadeira missão e “principie” a salvar a humanidade (PR., liv. 4, v. 634).
A “derrota moral” de Satã foi alcançada, mas sua derrota efetiva ainda está por vir, pois ela será feita no Juízo final.
Se a analogia é admissível, Milton descreveu as enfances[19] e a sagração do herói em cavaleiro, e verdadeiramente deixou bastante claro que a morte do dragão não é parte do seu assunto. Isso acontece no Apocalipse.
Pode-se, é claro, indagar por que Milton não escreveu um poema sobre a crucificação. Milton não estava obrigado a escrever o que achamos adequado de como ele deveria escrever.
- Acusações heréticas e perversas a Milton.
As acusações de Heresias no Paraíso Perdido, reduzem-se, dessa forma, a algo muito diminuto e antes ambíguo. A ideia inicialmente é transgredir a mente dos leitores cristãos.
As palavras de Milton nos obrigam a colocar de lado as evidências de suas outras obras que nos mostram o que ele “realmente quis dizer” com elas.
O que realmente Milton quis dizer com o poema, somente ele poderia nos explicar mais precisamente e isso seria impossível, apenas podemos compreender vagamente tudo o que ele diz.
O poema não foi endereçado a nenhum leitor específico, nem aos seguidores da Cabala em Zohar, pois Milton era um biblicista, e ele se dirigia a todo o mundo criado por Deus.
O hábito moderno de criticar os poemas de Milton segundo as concepções clássicas difere completamente da intenção que o autor tinha ao escrever sua obra. E nisso os críticos não vão conseguir entender Milton, um cristão verdadeiro.
Desviar os olhos do efeito que se esperava que o poema produzisse, e que fora pensado para produzir, no público ordinariamente instruído e cristão da época de Milton.
Ao invés disso tentar considerar conexões obscuras do pensamento de fórum íntimo de Milton, das quais ele nunca defendeu em público ou foi censurado pelo público puritano, teológico, acadêmico de sua época.
Milton pôs de lado, parte dos seus caprichos teológicos privados (calvinista) durante suas horas de trabalho como poeta épico.
Milton, como artista, era muito disciplinado. Portanto, suas possíveis acusações de heresias – cujo número é menor do que alguns supõem -, um número ainda menor se mostra no Paraíso perdido.
As Escrituras o mantive sob controle, o amor a Jesus Cristo, e as recompensas do céu eram sua meta.
O melhor de Milton encontra-se em sua fé e não em sua obra literária. Ele cometeu erros, como todos nós. Mas seu exemplo de fé foi testemunhado até os seus últimos dias de vida.
Não os seus erros e pecados, que foram perdoados na cruz de Cristo. Porque os homens perversos querem arrastar de volta para dentro nobre edifício, os entulhos do passado de Milton.
Será que os erros de Milton, não o faria um grande escritor e poeta de todos os tempos. Seria ele melhor ou pior que Shakespeare, porque os críticos não o avaliam, como fazem com as obras de Milton.
Porque não avaliam com os mesmos critérios, escritores que defenderam abertamente a impureza, a prostituição a pedofilia
Noé precisa figurar sempre ébrio e desnudo em nossas mentes, sem jamais construir a arca?[20] Quem de nós conhece Noé ele dessa forma, e qual perverso seríamos se lembrássemos dele assim, pelado e bêbado?
Os inimigos de Daniel, não puderam encontrar falhas em sua conduta, então tramaram contra ele, procurando ocasião na lei do seu Deus! Porque não criticam de igual forma a poesia de Milton, mas somente a teologia de Milton[21].
C.S.Lewis, diz sobre o Paraíso Perdido:
“Enquanto isso, o caminho mais seguro é julgar o poema por seus méritos, não o prejulgar por meio da projeção de erros doutrinais no texto. Ademais, no que se refere à doutrina, o poema é imperiosamente cristão”.
A obra de Milton trata da Queda, algo que toda a terra, e toda a cristandade e os não convertidos, em todos os lugares e em todos os tempos terão que lidar com suas consciências e seus pecados.
Jesus disse em João 3.17-21:
17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
20 Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
[1] Foi um acadêmico iluminista-anglo-francês e biografo critico de John Milton, sua visão agnóstica o fez interpretar Milton equivocadamente.
Denis Saurat (1890-1958) que escreveu uma biografia de John Milton, intitulada Milton: Man and Thinker. O livro explora a vida, educação, ativismo político e realizações literárias de Milton. https://www.amazon.com/Milton-Man-Thinker-Denis-Saurat/dp/1258892588
[2] Saurat disse que a Urânia de Milton é um ser chamado no Zohar (uma compilação judaica do século 13) de a Terceira Sefirá, e Milton atribui “um caráter sexual” (acompanhado, ao que parece, por incesto) a “atos dentro do seio da divindade” (p. 291).
[3] A Cabala ou Cabalá (em hebraico: קַבָּלָה; romaniz.: Kabbalah ou Qabbālâ; literalmente: “recebimento”) é um método esotérico, uma disciplina e uma escola de pensamento do misticismo judaico. Os cabalistas tradicionais do judaísmo são chamados Mekubalim (em hebraico: מְקוּבָלים) ou Maskilim (משכילים; “iniciados”).
[4] O Zohar (זֹהַר, “esplendor” ou “radiante”) é o trabalho fundamental da literatura cabalista e do misticismo judaico. Um texto esotérico, ficticio e com autoria falsa ( pseudepigráfico).
[5] Divulgar, espalhar, fazer conhecida.
[6] Imagem, imaginário, fictício.
[7] demarcação, circunscrição de espaço,
[8] São Tomás de Aquino (1225-1274): frade católico italiano, autor de obras de grande influência nos campos teológico e filosófico e cujo livro mais importante, a Suma Teológica (1485), é considerado o grande monumento da escolástica medieval. Composta a partir de mais de seiscentas perguntas, a Suma compende todos os principais ensinamentos teológicos da doutrina católica e busca ser um guia abrangente e racional para quaisquer interessados na teologia cristã.
[9] Creatio ex nihilo” é a crença de que Deus criou o universo do nada. “Ex nihilo” é uma expressão latina que significa “do nada” ou “a partir do nada”.
[10] que ostenta diversidade; diversificado, variado, diferente.
[11] que não se pode exaurir; inesgotável.
[12] São aqueles que creem na existência de Deus. O contrário do ateísmo.
[13] Expressão latina cujo sentido é próximo de “com todo o respeito”.
[14] Samuel Pickwick: protagonista do livro de estreia de Charles Dickens, As aventuras do Sr. Pickwick (1836).
[15] De fato, se Milton poderia dizer que Deus “virtualmente continha” matéria. Mas esse termo não era usado na sua época, então ele usa “essencialmente”, embora não entendamos exatamente o significado, em Paraíso perdido, liv. 5, v. 403 e seguintes – uma coloração fugaz no poema que detectamos apenas com o auxílio de evidências externas extraídas de De Doctrina.
[16] Sequência do Paraíso perdido publicada em 1671 que tem como tema as tentações de Cristo por Satã.
[17] Anselmo de Cantuária (1033-1109): importante teólogo medieval, autor de obras que influenciaram o pensamento escolástico. Lewis parece se referir aqui à teoria anselmiana da expiação satisfatória elaborada por Anselmo em Cur Deus Homo? [Por que Deus se fez homem?] (1094-8), propondo que a morte de Cristo, em vez de saldar uma dívida com Satã, salda na verdade a dívida dos homens para com Deus. O desequilíbrio moral ocasionado pelo pecado dos homens demanda reparação, cumprida por meio do sacrifício substitutivo de uma vítima perfeita: o próprio Cristo.
[18] Forense é um adjetivo que significa relativo a tribunais, ao foro judicial ou que aplica métodos científicos a questões criminais.
[19] Em textos medievais, o termo “enfances” se refere aos primeiros feitos de armas de um aspirante a cavaleiro.
[20] 16 Os episódios da construção da arca e da embriaguez e nudez de Noé encontram-se em Gênesis 6-9.
[21] Os leitores cristãos que consideram o Paraíso perdido insatisfatório enquanto poema religioso podem muito naturalmente suspeitar de que algumas de suas falhas nesse quesito não estão desconectadas daquelas possíveis crenças heréticas, que, extraídas de suas outras obras, podemos atribuir ao autor. A suspeita não será confirmada ou rechaçada até o Dia do Juízo.