Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 84 –  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 62).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 10). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 31/05/2023.

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INTRODUÇÃO

Como disse Salomão, “não há nada novo de debaixo do céu”, ou seja, por mais que o tempo passa as coisas permanecem as mesmas.

Para entender como o iluminismo francês se tornou uma revolução sangrenta e de terror como temos visto nos últimos sermões, vamos olhar para o passado na história e ver o “modus operandi” da batalha da cosmovisão dos fundamentos bíblicos e a cultura de cada época, começando por Roma.

Na arena do coliseu está a resistência cristã primitiva a uma cultura pagã, tempos depois temos a reforma e o renascimento que vai culminar no iluminismo moldando definitivamente uma cultura sem Deus e sem civilização.

A igreja primitiva tem muito que nos ensinar nessa batalha. Principalmente quando a cultura e as Escrituras discordam, de que lado devemos ficar?

Vejamos como as diferentes respostas a essa pergunta aconteceram ao longo dos séculos em Roma e o que essa história significa para os cristãos hoje.

Dentro dessas paredes de pedra do coliseu que se estendem para o céu, contém inúmeras histórias de vida haviam terminado ali.

Essas paredes outrora ressoaram com o rugido das multidões, o choque do aço e os gritos dos gladiadores.

Mas as batalhas travadas no Coliseu de Roma eram apenas sombras da verdadeira guerra nesta cidade.

O maior conflito está em uma antiga batalha de visões de mundo, com os humanos travando uma guerra fútil e desastrosa contra a infalível Palavra de seu Criador.

Com seu significado para a igreja primitiva, Reforma e Renascimento, Roma oferece um ponto de vista central para entender a batalha de visão de mundo ainda travada na cultura ocidental.

Uma batalha que se estende às ideias neomarxistas e totalitárias que invadem a sociedade hoje com a “DITADURA DO RELATIVISMO”,  que não reconhece nada como definitivo e que só deixa como última medida o próprio eu e suas vontades.

Para ver como o passado oferece lembretes práticos para os seguidores de Cristo hoje, vamos fazer um rápido resumo da batalha da cosmovisão ocidental que começou em Roma.

  1. Resistência: Igreja Primitiva vs. Cultura Pagã

Seguindo a ruas labirínticas de Roma encontramos um gigantesco monumento ao paganismo: o Panteão. Dado que pan significa “todos” e theos se refere à divindade, você pode imaginar que o Panteão já abrigou uma miscelânea de ídolos – e você estaria certo.

Do “deus dos vermes do gado[1]”  à “deusa do bolor dos grãos[2]”,  os romanos adoravam um panteão de divindades míticas.

Mas nenhum ídolo – nem mesmo aqueles talhados na pedra mais dura – pode fornecer uma base sólida de visão de mundo sobre a qual construir uma cultura.

Como o famoso estudioso cristão Francis Shaeffer apontou,

Como os gregos, os romanos não tinham um deus infinito. Sendo assim, eles não tinham ponto de referência suficiente intelectualmente; isto é, eles não tinham nada grande o suficiente ou permanente o suficiente para relacionar seu pensamento ou sua vida.

Consequentemente, seu sistema de valores não era forte o suficiente para suportar as tensões da vida, seja individual ou política. Todos os seus deuses juntos não poderiam dar-lhes uma base suficiente para a vida, a moral, os valores e as decisões finais[3].

Como resultado, Roma voltou-se cada vez mais para a adoração de ídolos mais animados: os imperadores.

Um período chamado de Grande Perseguição (303-311) começou quando um desses imperadores, Diocleciano, decretou editos que colocaram pressão crescente sobre os cristãos[4].

Veremos que o processo que Diocleciano usou foram os mesmos padrões usados no iluminismo e nos regimes totalitários nos últimos séculos.

Primeiro, Diocleciano demitiu soldados cristãos e funcionários do palácio que se recusaram a sacrificar às divindades romanas[5].

Em seguida, ele ordenou a remoção de textos cristãos (manuscritos, cartas, livros) e edifícios de igrejas, proibiu os cristãos de realizar cultos e restringiu os direitos legais de cidadãos dos cristãos.

Ele paganizou a festa da pascoa e o Natal. A festa da saturnalia que era comemorada em agosto, foi transferida para 25 de dezembro, para ofuscar a comemoração cristã.

Diferente do que ensina muitos historiadores, o Natal é comemorado de o meado do segundo século a data que a maioria dos cristãos usava era o 25 de dezembro, por uma razão muito simples como explica agostinho em seu tratado sobre a Trindade:

“Pois ele [Jesus] foi concebido, conforme crido no dia 25 de março, dia em que também sofreu(crucificado); assim, o ventre da Virgem, no qual ele foi concebido, onde nenhum mortal foi gerado, corresponde à nova sepultura em que ele foi sepultado, onde o homem nunca foi colocado, nem antes dele nem depois. Mas ele nasceu, segundo a tradição, no dia 25 de dezembro[6].”

Agostinho também intitulou especificamente um de seus pontos do Sermão 22, “O Festival não tem nada a ver com a adoração do Sol, como alguns afirmam.”

Assim, no final do século IV, Agostinho refutou que o Natal teve suas origens na Saturnália, ao mesmo tempo que atribuiu claramente o nascimento do Senhor a 25 de dezembro como uma “tradição da igreja”.

Na revolução francesa todos os feriados cristãos foram cancelados e substituídos por outros pagãos. O mesmo acontece nos países de governos marxistas totalitários.

O imperador Deocleciano emitiu um edito que determinava a prisão de membros do clero, acrescentando um edito subsequente que concedia liberdade ao clero se eles oferecessem sacrifícios romanos.

Essa mesma estratégia foi feita na revolução francesa onde os padres que aceitavam a “nova constituição” pagã, podia continuar com suas atividades.

O mesmo aconteceu no tempo de Hitler onde lideres religiosos que apoiavam o nazismo podiam continuar com suas reuniões.

Enquanto isso, o governo de Diocleciano encontrou maneiras de usar os cristãos como bodes expiatórios para crises locais, fossem “sacrifícios fracassados” ou incêndios em palácios.

Como a revolução francesa culpou os cristãos dos problemas que a França encontrava, acusando-os de inimigos do povo francês.

Finalmente, em 304 dC, um decreto universal deu um ultimato aos cristãos: sacrificar aos deuses pagãos ou suportar punições, incluindo tortura, prisão e morte[7].

Milhares de crentes se recusaram a transigir com as exigências antibíblicas do governo romano – e como resultado enfrentaram mortes horríveis.

Mas lembre-se, os cristãos poderiam ter evitado esses destinos. Tudo o que eles tinham que fazer era seguir sua cultura, misturando uma cosmovisão romana com o cristianismo, acrescentando a adoração de divindades locais à adoração de Jesus.

No entanto, isso significaria seguir a palavra do homem (ou religião feita pelo homem) como a autoridade acima da Palavra de Deus, que diz: “Não terás outros deuses diante de mim”. (Êxodo 20:3)

Onde a cultura e as Escrituras discordavam, muitos crentes em Roma seguiam a Palavra de Deus sob pena de morte. Eles foram contra a cultura de sua época e ano se conformaram aos padrões dela.

  1. Reforma: a necessidade de um retorno à Palavra de Deus.

Depois que Diocleciano e seu co-imperador renunciaram, um dos novos imperadores, Constantino, emitiu o Édito de Milão em 313 DC, concedendo liberdade religiosa.

A cristianização de Roma logo começou, com a igreja permanecendo central para grande parte da vida civil e política da Europa muito depois do declínio do Império Romano.

Mas com o desenrolar dos séculos, três veias relacionadas de compromisso corroeram a base da visão de mundo sob o verniz cristianizado da cultura ocidental.

(a) Compromisso com a autoridade bíblica

Em vez de aceitar a Palavra de Deus como sua autoridade para a verdade, muitos cristãos começaram a ver os ensinamentos feitos pelo homem e as tradições da igreja fora da Bíblia como se fossem iguais às Escrituras.

Parte desse problema decorre do fato de que a maioria dos cristãos não podia acessar a Palavra de Deus por si mesmos. A primeira sociedade bíblica foi fundada em 1807.

Uma limitação que os cristãos ocidentais não compartilham hoje, em grande parte graças à coragem de homens, incluindo John Wycliffe e William Tyndale, que traduziram as Escrituras em oposição aos decretos do homem[8].

(b) Falta de compromisso com a doutrina bíblica

Tolerar o sincretismo da palavra do homem com a Palavra de Deus abriu a porta para os cristãos importarem mais e mais ensinamentos antibíblicos para suas crenças.

Isso contribuiu para o surgimento de muitas falsas doutrinas dentro da igreja principal ao ponto da igreja perder completamente sua essência primitiva, tornando-se uma igreja apostata e politica.

As pessoas cada vez mais viam a salvação como uma recompensa pelos esforços humanos (obras, caridade, legalismos, indulgencias) em vez de aceitar a revelação da Bíblia de que a salvação é um dom da graça de Deus tornado possível somente por meio de Jesus.

  1. Compromisso com a filosofia pagã

Ao longo do caminho, muitos crentes tradicionais começaram a incorporar ensinamentos seculares em seu cristianismo.

Por exemplo, o proeminente teólogo Tomás de Aquino (1225-1274) enfatizou o filósofo grego pagão Aristóteles a ponto dos ensinamentos de Aristóteles serem tratados como doutrina oficial da igreja.

A filosofia aristotélica se tornou autoridade dentro da teologia e essa fusão trouxe toda sorte de males e mundanismo na igreja.

Percebendo que a religião dominante da cultura ocidental havia se distanciado alarmantemente da Palavra de Deus, os reformadores, incluindo Martinho Lutero (1483-1546), instaram a igreja a retornar ao seu fundamento de autoridade bíblica.

  1. Renascimento: a cultura se alinha à palavra do homem

Nos anos entre Tomás de Aquino e Lutero, a ênfase renovada da cultura ocidental na Grécia e Roma pagãs deu lugar a um renascimento total da filosofia clássica – uma mudança conhecida como Renascimento, em homenagem ao termo francês para “renascimento”.

Seguindo os ensinamentos de Aristóteles, os pensadores renascentistas acreditavam que os humanos poderiam construir sua própria visão significativa da realidade.

A razão se tornou uma autoridade final. O humanismo raciocinando sobre as partes do mundo que podiam perceber ao seu redor, em vez de começar com Deus como a autoridade objetiva para a verdade e o significado da existencia.

Para vislumbrar um exemplo famoso desse pensamento na Roma do século XVI, bastar olhar para o Museu do Vaticano, na Capela Sistina, famosa por suas pinturas do artista renascentista Michelangelo (1475–1564).

Uma cena mostra como Michelangelo imaginou a criação do homem, com Deus e Adão quase se tocando pintada em 1512.

Durante séculos, as pessoas viram essa pintura como um símbolo de como os humanos foram criados à imagem de Deus, cuja Palavra é nossa autoridade para a verdade.

Mas, mais recentemente, estudiosos marxistas sugeriram que as representações de Deus feitas por Michelangelo podem conter ou existir dentro de ilustrações do cérebro humano[9].

Estaria Michelangelo insinuando que “as pessoas criaram Deus”, significando que os pensamentos e sentimentos humanos são a autoridade para a verdade?[10]

Quer essa interpretação da obra de arte de Michelangelo esteja correta ou não, esse pensamento humanístico ganhou força rapidamente durante a Renascença, refletindo as mentiras originais de Satanás: “Deus realmente disse . . .?” e “Você será como Deus”. (Gênesis 3:1–5).

Acreditar nessas mentiras e nos tornar a autoridade da verdade é deixar o fundamento último para a verdade, a lógica, a moralidade, a justiça e o valor humano, que a Palavra de Deus fornece.

Isso leva a consequências desastrosas e abre caminho para regimes totalitários posteriores, incluindo aqueles influenciados por Karl Marx.

  1. De Michelangelo a Rousseau: bom sem Deus.

Rousseau junto com Voltaire foram um dos iluministas enciclopedistas, mas importantes, que se tornaram a base da cultura que conhecemos hoje.

O chamado culto da auto-autenticidade – “seja você mesmo”, tornando os sentimentos humanos o fundamento da verdade e não a Palavra de Deus.

O contrato social de Rousseau, criou o mito da vontade geral, onde uma elite iluminada determina sua vontade, criando leis que oprimem a maioria.  Tornando a vontade humana o fundamento para a verdade e não a palavra de Deus.

Rousseau também ensinou a ideia do “nobre selvagem”, de que o homem originalmente era bom, mas que a sociedade o corrompeu.

Agora o homem pode ser bom sem Deus. O homem se torna o fundamento para a moralidade e não a Palavra de Deus.

  1. De Rousseau a Marx: salvação pelo trabalho.

Marx, um ateu, acreditava que a humanidade evoluiu sem um Criador e, portanto, deve “criar” a si mesma[11].

Este processo de autocriação, de acordo com Marx, envolve trabalhar para o desenvolvimento de uma sociedade ateísta e comunista que libertaria a humanidade para atingir seu pleno potencial.

Para fazer essa afirmação de que o homem é seu próprio criador, Marx primeiro teve de descontar o Gênesis dando mais passo para que as ideias cada vez mais populares de milhões de anos na idade da terra e origens evolucionárias pareciam justificar.

Resumindo esses pontos de vista, Marx afirmou:

A criação da terra recebeu um poderoso golpe da geognosia, isto é, da ciência que apresenta a formação da terra, o desenvolvimento da terra, como um processo, como uma autogeração. . . .

Mas para o homem socialista, toda a assim chamada história do mundo nada mais é que a criação do homem pelo trabalho humano, nada mais que o surgimento da natureza para o homem, então ele tem a prova visível e irrefutável de seu nascimento através de si mesmo, de sua gênese[12].

Podemos ver traços da religião centrada no homem de Marx no humanismo da era renascentista refletidos em outras obras de Michelangelo.

Por exemplo, ao descrever uma sala que exibe algumas das esculturas mais famosas de Michelangelo, Francis Shaeffer observou:

Aqui vemos em ambos os lados as estátuas de homens de Michelangelo “se arrancando da rocha”.

Estes foram esculpidos entre 1519 e 1536. Eles fazem uma verdadeira declaração humanística: o homem se tornará grande. O homem como homem está se desprendendo da rocha. O homem por si mesmo se separará da natureza e se libertará dela. O homem será vitorioso[13].

De Michelangelo a Marx, vemos o padrão recorrente e fatal de os humanos rejeitarem a Palavra de Deus para tentarem se tornar “como Deus” — um padrão tão antigo quanto o Éden.

  1. De Marx ao Pós-modernismo: a ditadura do relativismo.

O pós-modernismo nasce depois da segunda guerra mundial. Ele defende o conceito filosófica de que tudo é relativo e que não existe absolutos.

É uma filosofia que inclui a ideia de que nenhuma afirmação de verdade é absolutamente verdadeira para todos, nem em todos os momentos; em vez disso, as pessoas constroem suas próprias versões da realidade decidindo “o que é verdade para elas”.

Na França o berço do Iluminismo, que se tornou o país mais secularista do mundo é o exemplo dessa influência.

Se você pergunta qual visão de mundo a maioria dos franceses adotam, verá surpreendentemente, que o conceito de “visão de mundo” não existe na França como existe em outros países.

Na França as pessoas acreditam que ao definir diferentes visões de mundo, você cria categorias que limitam seu pensamento. Isso é puro engano, pois ao não definir uma cosmovisão, é aí que você estará limitando seu pensamento.

A cultura Francesa está tão imersa no pensamento pós-moderno secular que isso está permeado tem toda a cultura, as pessoas pensam e vivem assim.

Isso promove um anarquismo moral, deixando as pessoas sem absolutos, abrindo caminho para uma visão ditatorial e totalitária.

O pós-modernismo, troca o fundamento das Escrituras pelo relativismo humano, produzindo todo tipo de caos social e moral. Sem os absolutos da palavra de Deus não haverá base para moralidade, a verdade e a justiça.

 

CONCLUSÃO:

Na sociedade ocidental de hoje, descendente cultural de Roma, vemos o mesmo padrão se desdobrando a cada passo.

Novamente nos encontramos na linha de frente da antiga batalha de visão de mundo, onde os humanos travam uma guerra inútil contra seu Criador.

Vemos essa batalha no apelo de Marx para que o homem crie a si mesmo por meio do comunismo.

Vemos isso nos tempos da Renascença e nos séculos de comprometimento da igreja que levaram à necessidade da Reforma.

E vemos isso entre os primeiros crentes em Roma, onde apoiar-se na Palavra de Deus sobre a do homem significava enfrentar mortes horríveis.

Hoje temos que nos posicionar diante dessa cultura. Esse posicionamento não pode ser feito sem o martírio.

 


 

[1] “Verminus,” Lawrence Richardson, A New Topographical Dictionary of Ancient Rome (Baltimore: John Hopkins University Press, 1992), 411. (inglês)

[2] “Robigo,” Christian Smith, “The Religion of Archaic Rome,” A Companion to Roman Religion , ed. Jörg Rüpke (Malden: Blackwell Publishing, 2007), 37. (inglês)

[3] Francis Shaeffer, Como Devemos Viver Então? (Old Tappan: Fleming H. Revel, 1976), 21.

[4] Hartmut Leppin, “Antigas Religiões Transformadas: Religiões e Política Religiosa de Décio a Constantino,” Um Companheiro para a Religião Romana , ed. Jörg Rüpke (Malden: Blackwell Publishing, 2007), 103.

[5] Em 23 de fevereiro de 303, o imperador romano Diocleciano baixou o edital que deu início à Grande Perseguição aos cristãos. O edital ordenava a destruição de todos livros e edifícios de culto cristão, e a extinção de cargos, dignidades e dos direitos de cidadania romana a quem professasse a fé cristã. Decretos posteriores exigiram que sacerdotes e fiéis rendessem cultos e sacrifícios ao imperador e aos deuses romanos sob pena de prisão, tortura e morte.

[6] Agostinho, Sermão 202.

[7] Você pode ler o relato de uma testemunha ocular sobre o surgimento da Grande Perseguição e o que aconteceu durante ela no manuscrito Mártires da Palestina de Eusébio de Cesaréia (c. 260–339 DC) , com várias traduções para o inglês disponíveis online. (Observe que grande parte do conteúdo, compreensivelmente, contém descrições gráficas de violência.)

[8] Wycliffe dizia acreditar firmemente que a Bíblia deveria estar disponível para todos. Via a alfabetização como a chave para a emancipação dos pobres. Naquela época, embora partes da Bíblia já tivessem sido traduzidas para o inglês, ainda não havia uma tradução completa do livro sagrado.

As pessoas comuns, que nem falavam latim nem podiam ler, só podiam aprender com o clero. E muito do que eles achavam que sabiam, ideias como o fogo do inferno e o purgatório, não faziam parte das Escrituras. Assim, com a ajuda de seus assistentes, Wycliffe produziu uma Bíblia em inglês, durante 13 anos, começando em 1382.

Irado o arcebispo de Canterbury disse que Wycliffe tinha sido “aquele canalha pestilento, de memória condenável, sim, o precursor e discípulo do Anticristo que, além de sua maldade, inventou uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna”.

[9] Frank Lynn Meshberger, “Uma interpretação da criação de Adão de Michelangelo baseada em neuroanatomia”, Journal of the American Medical Association, 264, no. 14 (1990): 1837–1841; Ian Suk e Rafael Tamargo, “Neuroanatomia Oculta na Separação da Luz da Escuridão de Michelangelo na Capela Sistina,” Neurocirurgia 66, no. 5 (2010): 851–861; e J.Wesson Ashford e Sue Binkley Tatem, “Michelangelo’s Sistine Chapel Frescoes: Communications About the Brain,” Neurocase 26, no. 5 (2020): 293–298.

[10] Meshberger (1990), o primeiro pesquisador a descrever as ilustrações cerebrais potenciais de Michelangelo, interpreta essas imagens como um símbolo de como Deus criou o intelecto do homem; no entanto, a ideia de que Michelangelo quis dizer que as mentes humanas inventaram Deus é a interpretação que me foi ensinada em um dos laboratórios da minha universidade. (Notavelmente, uma ênfase blasfema semelhante em ‘o homem criando Deus à sua própria imagem’ era central para o pensamento do filósofo alemão Ludwig Feuerbach, que influenciou muito Karl Marx. Veja Kathleen Clarkson e David Hawkin, “Marx on Religion: The Influence of Bruno Bauer e Ludwig Feuerbach sobre seu pensamento e suas implicações para o diálogo cristão-marxista,” Scottish Journal of Theology31, nº. 6 (1978): 533–555.) Também vale a pena notar que Ashford e Tatem (2020) interpretam os retratos de Michelangelo dos dias da criação como retratando um desenvolvimento progressivo do cérebro vertebrado através dos estágios de peixe, anfíbio e mamífero.

[11] Por exemplo, ver Karl Marx, “Private Property and Communism,” Economic and Philosophic Manuscripts of 1844 , trad. Martin Milligan (Nova York: International Publishers, 1964), 144–145.

[12] Veja Jerry Bergman, “The Darwinian Foundation of Communism,” Journal of Creation 15, no. 1 (abril de 2001): 89–95, https://answersingenesis.org/charles-darwin/racism/the-darwinian-foundation-of-communism/ ; e Jerry Bergman, “Fredrich Engels apresentou Darwin a Karl Marx e mudou o mundo”, Answers Research Journal 14 (2021): 463–472, https://answersresearchjournal.org/charles-darwin/engels-darwin-marx/ . Veja também Darwin’s On the Origin of the Species , que popularizou a evolução pela seleção natural, foi publicado 12 anos depois do ensaio de Marx citado acima; no entanto, as ideias evolutivas anteriores eram muito anteriores a Darwin . (inglês)

[13] Francis Shaeffer (1976), 71. Veja também as páginas 71–72 para uma análise dos elementos humanísticos refletidos na famosa escultura David de Michelangelo. (inglês)