Série de sermões expositivos sobre o livro de Eclesiastes. Sermão Nº 16 –  Um homem entre mil. Eclesiastes 7:19-29. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 08/07/2020.

INTRODUÇÃO

Acredite ou não, o departamento de inglês da importante universidade pública de Wyoming com mais de 3.400 alunos dos EUA e de outras partes do mundo; oferece um curso que ensina seus estudantes a se comunicar com alienígenas.

O curso se chama “Composição de Mensagem Interestelar” e é financiado por uma bolsa da Nasa. Segundo o site de universidade Wyoming, é “o primeiro curso a envolver escritores criativos em uma conversa potencialmente cósmica”.

“Temos refletido muito sobre como podemos nos comunicar com outros mundos”, diz o professor, “mas não refletimos muito sobre o que poderíamos realmente dizer”.

Um dos primeiros exercícios que o instrutor dá aos estudantes é fazer um resumo da condição humana em dez palavras ou menos — uma declaração sucinta e simples que poderiam enviar como S.O.S. para o universo.

Um aluno de inglês realizou o exercício usando apenas nove palavras: “Somos uma espécie adolescente em busca da nossa identidade”.

Se é isso que é considerado ensino superior nos Estados Unidos hoje em dia, é difícil saber se devemos rir ou chorar.

Mas deveríamos responder também com compaixão por que isso nos diz sobre a condição da humanidade caída.

As pessoas estão à procura de sentido, estão chamando na escuridão e esperando que haja alguém lá fora que possa nos dizer quem somos.

Você já descobriu o sentido da vida, ou ainda está procurando? Você conhece o seu lugar no universo, ou ainda está tentando descobrir quem você é o que está fazendo aqui?

Você é um na multidão, ou segue a manada. Você é alguém que vive preocupado com a opinião púbica? Você está atrás de significância ou conhece as dimensões de sua ignorância.

O texto de hoje está atrás de uma pessoa específica, “a qual busca a minha alma, porém ainda não achei; um homem entre mil (v.28).

Quem é a pessoa sabia que deve ser encontrada? O que a sabedoria dá a essa pessoa eleita? Como ela lida com consigo mesmo e os outros?

  1. GOVERNA SEU DOMÍNIO PESSOAL (V.19-22).

O Eclesiastes ainda está em sua busca espiritual. Desde o início desse livro, ele tem tentado e muitas vezes falhado na compreensão sobre: o que importa na vida. “Vaidade de vaidades”, ele disse, “tudo é vaidade!”.

Mas mesmo quando não encontrava todas as respostas, o Pregador ainda queria saber a maneira correta de viver.

E assim, ao longo de todo o capitulo 7, ele tem elogiado o valor da sabedoria e demonstrado os seus benefícios práticos.

A Bíblia diz que a sabedoria é mais valiosa do que pérolas (Jó 28.18). O rei Salomão diz: “melhor do que joias” (Pv 8.11).

três coisas esses versos (v.19-22) nos ensinam:

  1. Governe sua vontade. (v.19)

Mais acima nesse mesmo capítulo o Pregador nos disse que a sabedoria pode salvar vidas (veja Ec 7.12).

Aqui ele diz que ela nos deixa fortes: “A sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade” (Ec 7.19).

Nessa simples analogia, o Pregador imagina uma cidade governada por um conselho de dez homens. A maioria das cidades se consideraria feliz se tivesse um único líder sábio para proteger a cidade.

Mas há força em números, e essa cidade específica tem dez bons governantes para administrar seus assuntos cívicos. Se cada um cuidar de cem pessoas, eles cuidaram de mil.

Então uma pessoa sabia tema força de mil. Uma pessoa sábia tem a força de uma cidade bem administrada. A sabedoria governa!

A sabedoria governa os pensamentos; por isso, uma pessoa sábia sabe como refletir sobre as coisas centrando os seus pensamentos em Deus.

A sabedoria governa a vontade; por isso, uma pessoa sábia sabe fazer as escolhas certas na vida.

A sabedoria governa a fala; por isso, a pessoa sábia sabe o que dizer e o que não dizer.

A sabedoria governa os atos; por isso, a pessoa sábia sabe o que fazer em qualquer situação.

Adquira sabedoria, e ela deixará a sua vontade forte. Isso é demonstrado na maneira como nos relacionamos com os outros.

  1. Governe suas emoções (v.21)

Você não pode levara sério tudo o que as pessoas dizem sobre você.O Pregador nos dá um exemplo prático disso quando diz:

“Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te” (Ec 7.21).

Esse é o tipo de conselho sábio e bíblico que deveria ser mais conhecido e mais aplicado.Eles dizem: O que dizem eles? Deixe eles dizerem!

É um conselho excelente, pois levar excessivamente a sério o que as pessoas dizem sobre nós significa ser magoado, de qualquer modo todos nós já dissemos coisas que magoaram outras pessoas.

Os servos eram as pessoas mais próximas e confiáveis que havia na antiguidade, eles sabiam tudo sobre seus senhores, eles o acompanhavam o tempo todo, nem filhos e esposas eram tão íntimos.

Mesmo alguém tão íntimo assim vai nos amaldiçoar. Mais cedo ou mais tarde é inevitável ouvirmos alguém dizer algo sobre nós que possa não ser gentil ou verdadeiro. Normalmente, nossa primeira reação é raiva.

No entanto, o que deveríamos fazer é deixar passar, reconhecendo que aquelas palavras não se destinavam aos nossos ouvidos e que foram ditas num momento de fraqueza ou equívoco.

É tolo escutar atrás da porta. “Se todos os homens soubessem o que cada um diz sobre o outro”, observou Pascal sombriamente, “não haveriam quatro amigos neste mundo”?

Se formos sábios, teremos o cuidado de não nos interessar excessivamente por aquilo que os outros dizem ou pensam sobre nós: “Ouvintes, na ponta dos pés da suspeita, raramente ouvem coisas boas a seu respeito”.

Essa é uma lição que Lúcia aprendeu ao abrir o livro do mágico, uma história contada no filme A viagem do peregrino da alvorada, de C. S. Lewis.

Ao folhear um livro de encantos mágicos, Lúcia descobriu uma fórmula mágica que lhe permitiria ouvir o que seus amigos estavam dizendo sobre ela.

Ela não resistiu à curiosidade, e tolamente recitou a fórmula. Logo conseguiu ouvir suas melhores amigas da escola diziam sobre ela: ‘apesar de Lucy “não ser uma garota tão chata de certa forma”, elas “se cansariam dela ainda antes do fim do semestre”.

Lúcia teria sido mais sábia se tivesse se contentado com a sua ignorância e não arruinado uma amizade razoavelmente boa.

A mesma coisa acontecerá conosco se insistirmos em querer saber o que as pessoas dizem ou pensam sobre nós. Saiba o que ouvir e o que ignorar, especialmente quando se trata de críticas.

Essa é uma das maneiras como a sabedoria nos fortalece: ela nos ajuda a não nos preocuparmos excessivamente com o que os outros dizem. Ela nos ensina a não nos ofendermos. A não se preocupar com a opinião pública.

Assim, na vida literária, alguns dos sábios de coração estabeleceram como regra não ler resenhas de seus próprios escritos.

Mas devemos responder com gentileza e graça, mesmo quando as coisas que as pessoas dizem pareçam injustas.

Um homem sábio respondeu a um crítico dizendo:“Ele não me ofendeu de forma alguma; na verdade, estava falando sobre outro homem: o homem que ele pensava que eu fosse”.

  1. Governe suas expectativas (v.20, 22).

Se as pessoas realmente nos conhecessem elas diriam o pior. Isso nos ajuda a colocar as coisas nas perspectivas certas. Se colocar as expectativas nas pessoas elas vão nos frustrar.

Eclesiastes nos lembra que frustramos com nossas expectativas sobre nós mesmos.  Pois nós também cometemos os mesmos erros, e até piores.

Nossas próprias palavras também não são sempre caridosas: “tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros”. (Ec 7.22).

É verdade para a nossa vergonha, precisamos admitir que muitas vezes temos dito coisas por trás das pessoas que jamais diríamos na frente delas.

As vezes a FRUSTRAÇÃO nos faz dizer determinadas coisas, e apenas quando nos acalmamos conseguimos avaliar a situação adequadamente e dizer algo que se aproxime mais da verdade.

Às vezes falamos duramente sobre pessoas sem entender completamente a sua situação. NORMALMENTE, AS “NOSSAS CRÍTICAS” REVEIAM MAIS SOBRE O QUE HÁ DE ERRADO CONOSCO DO QUE COM A OUTRA PESSOA.

Quaisquer que sejam as nossas razões, há momentos em que todos nós nos tornamos culpados dessa FALSIDADE.

Esse pecado é a prova viva da nossa pecaminosidade, veja isso no versículo 22, e também do versículo 20, que diz: “Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque” (cf. SI 143.2).

  1. Governe sua integridade.

Nenhum de nós consegue cumprir o PADRÃO DA FALA PERFEITA DE DEUS. Portanto, devemos ser tardios em julgar outraspessoas por não corresponderem a esse padrão, pois também não o alcançamos.

Se formos sábios, permitiremos que as nossas próprias palavras pecaminosas nos lembrem de não levar tão a sério oque as outras pessoas dizem, e sermos tolerantes, oferecendo-lhes a mesma graça que nós mesmos precisamos tantas vezes.

Como você reage à crítica que recebe em casa? Ou pior ainda, como você reage as críticas que o seu cônjuge faz de você com outras pessoas?

E os comentários que as pessoas fazem de você na igreja; na escola ou aos comentários sarcásticos que ouve no trabalho?

Você possui o AUTOCONTROLE para controlar a sua língua, ou você tende a piorar a situação respondendo com palavras de raiva e indelicadeza?

Quando ainda era jovem, Jonathan Edwards tomou uma decisão pessoal “de jamais dizer qualquer coisa contra qualquer pessoa, a não ser que seja em acordo perfeito com o mais alto grau de honra cristã e de amor à humanidade,conforme a maior humildade e em consciência dos seus próprios erros e fracassos, e  de acordo com a Regra de Ouro”.

Esse voto está em conformidade com o alto padrão da Bíblia para a INTEGRIDADE PESSOAL.

Se formos sábios, garantiremos que nossas palavras passem por alguns testes simples antes de nos atrevermos a falar.

  • Eu diria isso se a pessoa pudesse me ouvir, e é assim que eu o diria?
  • Estou dizendo isso para a glória de Deus e por amor a meu irmão ou minha irmã?
  • Eu estou dizendo isso apenas para desabafar minha frustração?

Se formos sábios, seguiremos também a instrução que Paulo pediu que o pastor Tito desse ao povo em sua igreja:

“não difamem a ninguém; nem sejam encrenqueiros, mas cordatos, dando provas de toda cortesia, para com todos os homens” (Tt 3.2).

Paulo explicou também por quê. É porque nós temos sido culpados de muitos pecados maliciosos, inclusive palavras cheias de ódio.

Mas Deus demonstrou a sua misericórdia para conosco, salvando-nos pelas obras justas de seu Filho perfeito e lavando-nos com o poder purificador do Espírito Santo.

Sua graça salvífica e santificadora vem com a força da sabedoria de saber o que devemos e o que não devemos como devemos e como não devemos falar.

  1. CONSCIÊNCIA DE SUA PRÓPRIA IGNORÂNCIA.

É difícil ser sábio no emprego de nossas palavras. Na verdade, assim que o pregador termina de falar sobre a força da sabedoria, ele nos diz como é difícil encontrar sabedoria para entender o mundo, a fim de conhecer a sim mesmo.

  1. Admita sua ignorância.

Aqui temos um homem que dedicou a sua vida inteira à busca da sabedoria, que havia procurado com muito esforço o sentido da vida e o que ele vai encontrar é a sua PRÓPRIA INCAPACIDADE de encontrar todas as respostas

Observe os verbos ativos que ele usa para descrever a sua busca: “Tudo isto experimentei pela sabedoria”, ele diz (Ec 7.23).

Ou: “Apliquei-me a conhecer, e a investigar, e a buscar a sabedoria e meu juízo de tudo, e a conhecer que a perversidade é insensatez e a insensatez, loucura” (Ec 7.25).

Ao descrever a sua busca pelo conhecimento, o Pregador não está falando apenas sobre as muitas coisas que investigou no capítulo 7 — o valor da boa reputação, como a adversidade nos traz mais sabedoria do que a prosperidade, como aceitar o que Deus criou de forma torta e assim por diante.

Na verdade, suas palavras se aplicam a tudo que ele tem investigado desde o inicio de Eclesiastes, quando ele disse: “Apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu” (Ec 1.13).

Nenhum outro homem já fez uma tentativa mais séria de compreender o sentido da vida do que Salomão. “Tornar-me-ei sábio”, ele disse (Ec 7.23), e então, ao longo de muitos anos, ele fez de tudo para descobrir os segredos da sabedoria.

No entanto, no fim de sua busca, ele teve de admitir de modo muito relutante a sua frustração de que havia falhado em encontrar a sabedoria que procurou durante toda a sua vida.

Ele conclui que agora sei que nada sei. Quanto mais ele aprendia, mas duvidas aparecia, mais ele entendia a dimensão da sua própria ignorância.

O pregador diz; “A sabedoria estava longe de mim“, “O que está longe e mui profundo, quem o achará?” (Ec 7.23- 24).

O pregador está procurando uma sabedoria que não pode encontrar todas as respostas. Sua busca falhou. Ele é incapaz de explicar o propósito da vida ou explicar por que tudo importa.

Um comentarista descreve esses versículos como “o epitáfio de cada filósofo”: De fato, muitos filósofos chegaram a esse ponto em sua busca por sentido e tem lutado para ir além.

Segundo Horácio, “a curta duração da vida nos proíbe de nos entregarmos a esperanças de longo alcance”.

Veja estas palavras de Pascal, de suas famosas Pensées:

Quando contemplo a curta duração da minha vida, envolta pela eternidade que a antecede e sucede e depois disso, quando contemplo o pequeno espaço que preencho e vejo, envolto pela imensidão infinita dos espaços que eu desconheço que não me conhecem, permaneço assustado e maravilhado pois não existe razão pela qual eu deveria estar aqui, e não ali. Quem me colocou aqui? Por que agora e não em outro momento?

Mais cedo ou mais tarde, quase todos se deparam com as mesmas perguntas, com as mesmas dúvidas. Qual é o sentido da minha existência, se é que existe algum sentido?

Procurei pela sabedoria, fui fundo à busca do propósito da vida. No entanto, ainda não encontrei o que estou procurando. Qual, então, deve ser meu próximo passo?

A essa altura, temos duas escolhas. Uma é desistir completamente e entregar-se ao desespero. Mas o pregador nunca fez isso, e nós também não deveríamos.

A melhor alternativa que quanto mais aprendemos, mas se tem para descobrir.Reconheça que não temos todas as respostas, e acreditar que Deus as tem, e então esperar pela sabedoria que ele providenciar.

Esse é o caminho da humildade e da fé; um tipo de “IGNORÂNCIA INSTRUÍDA”.

Devemos nos esforçar ao máximo para entender o sentido da vida. Mas devemos também nos contentar e confessar que existem alguns mistérios que não conseguimos desvendar.

Devemos “duvidar sabiamente”, da nossa própria sabedoria; conhecendo que os limites da sabedoria é parte própria sabedoria. O apostolo Paulo diz: “que aquele que pensa que sabe, ainda nada sabe”.

Quanto mais sabemos, mais devemos perceber quão pouco sabemos, e que qualquer sabedoria que temos é uma dádiva de Deus. E isso deve nos conduzir a uma profunda humildade.

III. RECONHEÇA SUA DEPRAVAÇÃO (v.20, 25-28)

Por mais frustrante que tenha sido não encontrar o sentido da vida, o que o Pregador descobriu em seguida foi ainda mais desencorajador.

Ele ainda estava em busca de sabedoria, e nós estamos seguindo os caminhos tortuosos de sua mente inquisidora.

No versículo 24, ele anunciou que a sabedoria era tão profunda que ninguém conseguiria alcançar o seu fundo.

No versículo 25 ele nos conta que, mesmo assim, ele continuou a sua procura, tentando entender a diferença entre o modo SÁBIO e o modo TOLO de viver.

Então ele faz uma descoberta terrível. Ele descobriu o mistério mais sombrio e o problema mais profundo de todos — A DEPRAVAÇÃO DO CORAÇÃO HUMANO.

De alguma forma, todos os nossos problemas da vida sempre nos levam de volta ao problema do pecado.

  1. Nossa evidente impureza. (v.26).

Por mais decepcionado que o Pregador estivesse com a vida em geral, sua maior decepção foi a que ele experimentou.

Ele descreve a principal evidencia da nossa depravação a luxuria. Como exemplo, o pregador descreve um tipo de mulher que o sábio deve evitar:

“Achei coisa mais amarga do que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços e cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro” (Ec 7.26).

Eclesiastes compara o coração dessa mulher a uma armadilha, semelhante à rede ou armadilha usada para a captura de pássaros. Mas quem era ela? O Pregador parece ter alguém em mente.

Se quiséssemos um exemplo bíblico, a primeira mulher a vir à mente é Dalila, que emaranhou o longo cabelo de Sansão em seu tear e por fim roubou desse homem forte a sua santidade (Jz 16).

Alguns comentaristas fazem uma comparação com o livro de Provérbios, em que Salomão personifica a sabedoria e a loucura como duas mulheres chamando os que passam por elas. Segundo Provérbios, “a loucura é mulher apaixonada” (Pv 9.13).

Talvez o pregador estivesse falando da mesma mulher em Eclesiastes — não de uma pessoa real, mas de uma metáfora para uma vida insensata. Alguns estudiosos acreditam que o Pregador estivesse se referindo especificamente à FILOSOFIA PAGÃ.

O problema com essas MÁS INTERPRETAÇÕES é que elas se baseiam mais naquilo que a Bíblia diz em outros textos do que naquilo que a Bíblia diz em Eclesiastes 7.

Aqui, o Pregador não faz nenhuma comparação mais ampla com a sabedoria e a loucura, mas nos diz algo muito sério; em que ele e todos nós homens aprendemos por experiência própria.

Em algum momento, vamos conhecer “essa mulher” que vai ostentar sorrateiramente até nos destruir (cf. Pv 2.18-19; 5.4-5).

Ele não está dizendo que todas as mulheres são assim, mas algumas delas são, e uma pessoa sábia obedecerá a sua advertência e fugirá de suas tentações.

O alerta é aberto o suficiente para que possa ser aplicado a muitas situações na vida, mas uma maneira óbvia de aplicá-lo é mantendo-se longe das SEDUÇÕES DOS PECADOS SEXUAIS.

Seja pela falta de modéstia das mulheres; ou pelas tentações trazidas pela televisão e pela internet. As pessoas a chamam de REALIDADE VIRTUAL, MAS O PERIGO É REAL.

Quando a tentação vem, em vez de se deixar seduzir pelo desejo pecaminoso, lembre ao seu coração de que a mulher sedutora é uma armadilha.

Se você ceder aos seus encantos, o resultado será mais amargo do que a morte.

Ela o levará para o pecado que destrói a alma, ela destruirá a sua capacidade de se entregar à intimidade verdadeira, e você jamais se tornará o homem (ou a mulher) que Deus quer que você seja.

  1. Nosso escape (v.26).

Saiba disto: existe uma maneira de escapar. Eclesiastes diz que, mesmo que o pecador rebelde seja capturado pela mulher sedutora, a pessoa que agrada a Deus encontrará uma maneira de escapar.

Jamais diga que você não consegue parar de pecar; sempre acredite que, pelo poder de Deus, pelo Espírito Santo, EXISTE UMA MANEIRA DE FUGIR DA TENTAÇÃO, como também José o fez quando a esposa de Potifar tentou agarrá-lo (Gn 39).

O apostolo Paulo disse ao jovem Pastor Timóteo: “Fuja da imoralidade”.

Acredite no evangelho. Leve o seu pecado diretamente para a cruz e confesse-o. Cresça no conhecimento de Deus por meio do ministério de sua Palavra. Ore por santidade, e peça a um amigo para que ele o ajude a orar.

Recorra à ajuda de um pastor ou presbítero da igreja, se for necessário; submeta à disciplina cirúrgica.

Busque o prazer de Deus, e ele, em sua graça, o libertará do poder do pecado.

Ao dizer-nos que existe um caminho de fuga (veja 1 Co 10.13), o Pregador deixou claro que ele acreditava na possibilidade de SANTIDADE. Mesmo assim se decepcionou com toda a perversão em sua volta.

  1. A cultura erotizada (v.27-28).

Na sua busca ele encontrou a perversão sexual. Ouça a futilidade de sua busca para encontrar quem levasse uma vida sábia e justa:

“Eis o que achei, diz o Pregador, conferindo uma coisa com outra, para a respeito delas formar o meu juízo, juízo que ainda procuro e não o achei: entre mil homens achei um como esperava, mas entre tantas mulheres não achei nem sequer uma” (Ec 7.27-28).

Entre mil homens, conseguiu encontrar um único que não o decepcionou; entre mil mulheres, nenhuma.

Antes de acusar o Pregador de ser SEXISTA, MACHISTA; precisamos estudar esses versículos em seu contexto geral.

Como um todo, a Bíblia fala tanto (e talvez até mais) sobre homens pecaminosos quanto fala sobre mulheres pecaminosas. A iniquidade oferece oportunidades iguais a ambos os sexos.

A fim de não pensar que o Pregador via os homens de forma mais positiva do que as mulheres, precisamos nos lembrar daquilo que disse no versículo 20:

“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque”.

Até mesmo aquele homem bom que ele encontrou entre os mil era pecador. Se ele fala sobre a perversão dos homens, não devemos nos ofender se ele falar também sobre a loucura das mulheres.

Além de contemplar os versículos 27-28 em seu contexto bíblico, precisamos entender também o contexto bíblico. Desde o Éden a serpente usou a mulher para propósitos egoístas e sedutores.

Eclesiastes mostra como as culturas colocam a figura da EROTIZAÇÃO da mulher como o “prazer máximo a ser buscado”.

Salomão pode estar contando sua própria experiencia; ele conhecia alguns homens sábios e santos, como o profeta Natã, mas que também tinha mil esposas e concubinas em seu harém real – mulheres que adoravam deuses estrangeiros (veja 1Rs 11.3).

Devemos realmente nos surpreender ao saber que nenhuma delas era conhecida por sua SANTIDADE.

A Bíblia diz que essas mulheres seduzira o coração Salomão e o levou à adoração de outros deuses (veja 1Rs 11.1-8). Seus amores eram a armadilha amarga que levou à sua queda trágica e divisão do povo de Deus.

A vida de Salomão é um exemplo de como a EROTIZAÇÃO evidencia nossa natureza pecaminosa, e isso é um dos males de todos os povos.

Nossa cultura vive níveis absurdos de erotização, da qual a mulher se tornou um símbolo, um objeto. A pornografia coisificou a mulher. Ela é um mal pior que a morte.

4) Uma mulher entre mil (v.28)

A Bíblia elogia muitas mulheres por sua santidade, como a linda noiva no salmo 45, ou a mulher virtuosa em Provérbios 31 ou as mulheres solteiras em Lucas 8, que apoiaram Jesus em seu ministério.

Todas essas mulheres se destacaram por sua total devoção a Deus e, se eram casadas, pela fidelidade completa à aliança do casamento como era a Profetiza Ana em Lucas 3.

Aparentemente o Pregador não conhecia nenhuma mulher desse tipo, que é o que acontece com um homem que tenta amar mil mulheres ímpias.

Mas podemos louvar a Deus pelas muitas mulheres santas que encontramos na igreja de Jesus Cristo.

MARTINHO LUTERO estava pensando nelas quando disse: “Não há [nada] na terra tão amável quanto o coração de uma mulher, cujo amor é guiado pela graça de Deus”.

Isso nos ensina a como orar por nossas mães, esposas, irmãs e filhas – pedindo que sejam aquela mulher entre mil que tenha o coração gracioso guiado pelo amor de Deus.

  1. O ÚNICO ENCONTRADO (v.28-29)

Até a melhor das mulheres nada mais é do que uma pecadora salva pela graça. Somos lembrados disso pelo último versículo de Eclesiastes 7, que leva a busca do Pregador pela sabedoria humana à sua infeliz conclusão.

  1. Nossa criação e queda

Ele lamenta: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).

Temos aqui uma acusação ampla contra a humanidade- o que podemos chamar de um “testemunho humilhante da corrupção total universal de toda a raça humana”.

O Pregador toma toda a raça humana e a coloca sob a categoria da iniquidade.

Não adianta discutir sobre quem é mais ou menos justo ou brigar com Eclesiastes por afirmar que os homens eram um décimo de 1% mais prováveis de serem justos do         que as mulheres que ele conhecia.

O pecado é o grande igualador. Cada homem, cada mulher e cada criança é igualmente pecador.

Desde muito tempo os teólogos reconheceram que Eclesiastes 7.29 é um versículo importante para a doutrina cristã, um versículo que nos instrui sobre a CRIAÇÃO E A QUEDA.

Ele começa no início, dizendo como Deus nos criou. Muitas pessoas tentam culpar Deus por tudo que há de errado com o mundo, mas não é ele que deve ser culpado.

Segundo esse versículo (que concorda com o que lemos nos primeiros capítulos das Escrituras) “Deus fez o homem reto”. Essa é a doutrina bíblica da justiça original.

Quando o Pregador diz “homem”, ele usa a palavra adam, ou Adão, o pai de todos nós. Em sua condição criada, Adão era perfeitamente justo.

Mas Adão decidiu comer do fruto proibido, e ao fazer essa escolha ele condenou todos os seus filhos à depravação.

Essa é a DOUTRINA BÍBLICA DO PECADO ORIGINAL, que prova que Deus não pode ser culpado pelo pecado da nossa raça. Por “sua própria vontade”, “se tornou autor de sua própria ruína”.

E não apenas de sua própria ruína: O pecado de Adão é a ruína de todos nós. Adão é como uma raiz que apodrece e então destrói a árvore toda.

Essa é a história da árvore genealógica da humanidade. Descender “do Senhor Adão e da Senhora Eva”, disse C. S. Lewis, “é uma honra grande o bastante para levantar a cabeça do mais pobre mendigo e uma vergonha grande o bastante para curvar os ombros do maior imperador da terra”.

Em virtude do pecado que herdamos de Adão, o que Eclesiastes diz vale para todos nós: temos nos dedicado a uma grande variedade de esquemas ímpios e enganosos, temos procurado “muitas invenções”.

Essa pode não ter sido a resposta que o Pregador esperava encontrar quando começou a procurar pelo sentido da vida, mas é essencial para a sabedoria verdadeira.

Uma das primeiras coisas que precisamos entender é a condição humana. Que doutrina tem uma força explicativa maior do que a doutrina da DEPRAVAÇÃO TOTAL, que ensina que o problema do mundo não é Deus, mas nós e o nosso pecado?

A depravação é a doutrina da fé cristã que pode ser provada empiricamente. Um observador astuto da natureza humana vê o efeito do pecado de Adão:

“Todos que vivem o bastante para descobrir o que a vida é; sabem quanto devemos a Adão, o primeiro grande benfeitor da nossa raça. Ele trouxe a morte para o mundo”.

O apóstolo Paulo concorda: “Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

2.Nossa redenção.

Eclesiastes 7 pode nos trazer até aqui, mas não pode nos levar até onde deveríamos ir. Se pararmos na doutrina do pecado, paramos antes da salvação, e tudo está perdido.

Como disse Pascal certa vez: “Conhecer a nossa desgraça sem conhecer a Deus nos deixa entregues ao desespero”.

Graças a Deus pelo fato de a Bíblia não parar na criação e na queda, mas por continuar a ensinar a redenção pela graça.

O primeiro Adão não é o único Adão. Há também um Ultimo Adão (1 Co 15.45), que é um dos títulos nobres que a Bíblia confere a Jesus Cristo.

Reconhecendo que o primeiro Adão não conseguiu permanecer reto, devemos procurar nossa salvação no Ultimo Adão, pedindo que ele nos ajude a permanecer firmes até o juízo final.

Jesus Cristo é o único HOMEM ENCONTRADO que permaneceu totalmente reto e nunca caiu no pecado.

Graças à sua vida perfeita e morte expiatória, ele nos oferece o perdão por todos os nossos esquemas ímpios.

Apesar de ser verdade que “pela ofensa de um só, morreram muitos”, é verdade também que aqueles que “recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo” (Rm 5.15,17).

CONCLUSÃO

Mesmo se não tivermos a sabedoria para solucionar os mistérios profundos da vida ou para entender tudo que podemos saber sobre o nosso lugar no universo. E não há um homem entre mil que tenha essas respostas. E nem precisamos falar a linguagem interestrelar para pedir ajuda. Nós não “Somos uma espécie adolescente em busca da nossa identidade”. Somos uma raça caída que precisa de salvação. Devemos pelo menos ser sábios o bastante para reconhecer o pecado mortal em nosso coração e pedir a Jesus para ser nosso Salvador. Ele é um entre mil. Ele é o único “filho de Adão” que pode ser chamado de Justo.

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