Série de sermões expositivos sobre o livro de Eclesiastes. Sermão Nº 11 –  Preste atenção no culto. Eclesiastes 5:1-7. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 03/06/2020.

 

INTRODUÇÃO

O firme curta metragem James 3, exibido no Youtube no canal DesiringGod:  retrata uma família, composta por quatro pessoas, se preparando para ir à igreja numa manhã de domingo.

Apesar de o espectador não conseguir ouvir o que os membros da família estão dizendo, não é difícil ler seus lábios ou, pelo menos, suas posturas.

Eles acordam cansados e mal-humorados. O pai tropeça sobre a roupa suja e a chuta para longe. A filha mais velha discute com sua mãe o que ela vestirá (ou não vestirá) para ir à igreja.

A filha mais nova derrama seu leite e seus cereais. Palavras irritadas são ditas, especialmente quando o pai pisa no freio enquanto a mãe está tentando se maquiar no carro.

Enquanto se preparam para a igreja, nenhum membro da família sorri ou diz uma palavra amigável… até entrar na igreja, que é o momento de apresentar um rosto feliz.

A mãe e o pai sorriem ao ver as primeiras pessoas. Alegres, tomam seus lugares no santuário. Quando se levantam para cantar, seus olhos estão fechados em reverente adoração.

Quando o filme termina, ouvimos o que eles cantam: “Louvado seja Deus do qual fluem todas as bênçãos”.

O filme deveria também ter abordado; quando estão voltando para casa, estão falando mal, do sermão do pastor, ou apontando alguma coisa errada na igreja da qual eles não concordam.

E quando se juntam com outros crentes, o ponto mais emocionante é o momento em que estão falando discordando de algo na igreja, enquanto se enchem de autojustiça e indignação para ocultar o cristianismo hipócrita que vivem.

O que nesse filme é a realidade? E o que é a ficção nesse filme? Será que a arte imita a vida.

E quem é você realmente? É a pessoa que trata mal as pessoas em casa ou a pessoa que trata as pessoas na casa de Deus de forma amigável? ou apenas fingindo?

Quando você adora, está realmente adorando ou apenas fingindo? O pregador já demonstrou que tudo debaixo do céu é vaidade. Não tem sentido algum.

Neste texto o pregador trata da futilidade de um culto hipócrita. Ele não é simplesmente vaidade, ou correr atrás do vento, como são todas as outras vaidades.

O culto hipócrita é acima de tudo mal, ele é odiado por Deus; atrai o seu juízo sobre nós.  Então devemos prestar atenção ao culto que prestamos a Deus.

  1. Preste atenção no que você ouve.

Eclesiastes 5 abre com uma exortação: é preciso ter verdade e reverência na adoração a Deus. O Pregador, começou seu livro falando na falta de sentido em nossa existência. “Vaidade de vaidades”, disse. “Tudo é vaidade.”

A princípio, parecia estar apenas se queixando dos problemas do mundo. Mas quanto mais escrevia, mais conselhos ele tinha a dar para o modo como deveríamos viver — conselhos sábios e práticos sobre temas cotidianos como trabalho, morte, tempo e bens.

No capítulo 5, ele se dirige diretamente a nós, dizendo-nos o que devemos fazer. Agora, ele fala realmente como um pregador.

Essa é a seção da sua mensagem em que ele oferece uma aplicação prática para ensinar ao povo a maneira certa de viver.

As admoestações e os imperativos do Pregador se dirigem tanto a nós quanto às pessoas que vivem em sua época.

São para os crentes BEM-INTENCIONADOS que gostam de cantar e que chegam alegre na igreja; mas que ouvem apenas com um ouvido e que nunca chega a fazer o que se ofereceu a fazer para Deus. Que exigem dos outros, mas não se obrigam a cumprir.

Em outras palavras, o Pregador está falando de praticamente todos que vão à igreja. Suas palavras não se dirigem às pessoas que nunca vão à igreja.

Aqui a adoração frutuosa e aceitável começa antes de começar. Assim, nossa passagem começa com o comportamento do adorador a caminho da casa de Deus.

Os crentes do passado tinham a pratica de se prepararem todo o sábado para o culto no domingo.

Apesar de todas as frustrações com a vida, o pregador não só acreditava em Deus, mas se dedicava completamente à adoração.

Assim, suas exortações são para pessoas que realmente vão à igreja, mas que têm dificuldade de prestar atenção.

Cujos pensamentos vagueiam quando oram, e até dormem na hora do sermão e que são cheias de bons conceitos e boas intenções em relação a servir a Deus, mas que têm dificuldades de realizá-las.

Trata-se de pessoas que sabem que precisam se envolver na obra de Deus e na evangelização, mas que normalmente encontram alguma desculpa para não participar do ministério neste momento.

Iniciaram um programa sério de estudo bíblico pessoal já uma dezena de vezes, mas nunca o concluíram. Que começam animadas com o plano de leitura devocional do McCheyne, mas logo considerado um fardo pesado demais.

Tentam prestar atenção no sermão, mas normalmente passam metade do tempo pensando na semana seguinte, principalmente se estamos prosperando financeiramente ou indo bem em alguma outra área da nossa vida.

As pessoas desse tipo — pessoas como nós — Eclesiastes diz:

“Guarda o Pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5.1; cf. 1Sm 15.22).

Essa é a primeira exortação do pregador, que diz respeito a como abordamos a adoração de Deus. Ele está dizendo que devemos prestar atenção à Palavra de Deus.

Ele diz que ouvir a pregação é melhor que oferecer sacrifícios tolos. Não importará quão zelosos fomos nos outros atos do culto, se não prestarmos atenção a pregação.

Lutero dizia: “que o mais alto culto a Deus está na pregação”, ela é o principal meio de graça dada por Deus ao seu povo”.

“Ouvir” a pregação é mais importante que oferecer os melhores sacríficos, que eram os de abate, chamados de “sacrifício de comunhão”.

Onde um cordeiro era engordado especialmente para ser compartilhado, entre o Deus, o sacerdote, a família e todos os amigos.

O contexto é o de um adorador que entra na casa de Deus, no sagrado santuário. Nos dias de Salomão “a casa de Deus” teria sido o templo em Jerusalém, mas o que ele diz se aplica a todo ENDEREÇO ou lugar sagrado separado para a adoração de Deus.

O pregador nos diz que devemos guardar os nossos passos quando formos para o culto.

Existe uma maneira certa e outra errada para entrarmos nos espaços de ação de graças e pelos portões do louvor.

A Maneira certa de se aproximar de Deus em adoração é vir com os ouvidos bem abertos para sermos confrontados pela palavra.

O Pregador supõe que, quando as pessoas vão para a casa de Deus, haverá algo que elas precisam ouvir. Esse “algo” é a PREGAÇÃO DA PALAVRA DO DEUS.

A casa de Deus é um lugar para a LEITURA e a PREGAÇÃO da Palavra de Deus. Portanto, as primeiras perguntas que precisamos fazer a nós mesmos quando nos preparamos para o culto são:

Estou preparado para ouvir a voz de Deus e obedecê-la? O meu coração está aberto para a instrução espiritual? Meus ouvidos estão atentos a mensagem que ouvirei da Bíblia?

Aqui na ADME, a adoração começa com dois hinos da harpa, relembrando nossa herança pentecostal.

Sendo seguida pela leitura devocional familiar do dia da bíblia McCheyne, e são no mínimo dois capítulos, acompanhado de orações, ofertas e louvores relacionados com tema principal do culto.

Tudo isso é um chamado formal para a adoração principal. Deus fala conosco para que comecemos a ouvir a voz do nosso Salvador.

Se formos sábios, ouviremos, pois, diz a Escritura: “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17: cf. At 10.33).

O problema, é claro, é que para nós é difícil ouvir. Tantas outras vozes exigem a nossa atenção.

Mesmo quando entramos num espaço quieto para a adoração, o barulho da CULTURA continua a ressoar em nossos ouvidos.

É fácil deixar nossos pensamentos vagarem, mas é difícil ouvir a voz de Deus. Como galinhas sem cabeça, executamos todos os gestos de adoração sem jamais envolver as nossas mentes e corações.

É melhor ouvir, diz o Pregador, fazendo mais umas de suas famosas comparações. Não é apenas um pouco melhor ouvir a Palavra de Deus, mas totalmente melhor.

O Pregador usa uma linguagem dura para condenar as pessoas que não prestam atenção. Em vez de oferecer a Deus um sacrifício de louvor, elas lhe oferecem o “SACRIFÍCIO DE TOLOS”.

Se ouvirem de qualquer modo a mensagem de Deus, elas não a recebem por meio da fé e assim, não são salvas (veja Hb 4.2). Quaisquer outros sacrifícios que ofereçam não serão sinceros.

Esse tipo de hipocrisia não é só tolo, é também maligno. Lembre-se, o Pregador está falando especificamente sobre pessoas na igreja.

No entanto, elas têm tão pouco entendimento de quem é Deus ou o que significa adorá-lo “em espírito e em verdade” (Jo 4.24) que nem percebem que o que fazem é mau.

A adoração do hipócrita é pecado. Compreenda que, sempre que adoramos, entramos na presença de um Deus santo, que reuniu seu povo santo para ouvir a sua Santa Palavra.

Se tomamos isso como certo, não ouvindo o que Deus diz, então, diz a Bíblia somos culpados de um grande mal, pois desprezamos o evangelho da cruz e o túmulo vazio.

O escritor aos Hebreus, nesse mesmo contexto de desprezo culto publico, diz;

Quão mais severo castigo, julgam vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, que profanou o sangue da aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? (Hebreus 10:29)

Isso explica por que algumas pessoas caíram mortas na porta da casa de Deus — como Nadabe e Abiú, que ofereceram fogo estranho (Lv 10.1ss.), ou Ananias e Safira, que mentiram a Deus sobre a quantia que haviam dado como oferta (At 5.1-11).

Como aqueles que estavam fracos, enfermos ou foram mortos por participarem indevidamente da santa Ceia em Corinto (1Co 11: 29,30).

Como aqueles que Jesus diz que lançará no leito de enfermidade, ou ferirá com a morte aqueles que se recusam a deixar a impureza sexual, dentro da igreja (Ap 2.21-23).

Cada um desses terríveis atos de julgamento ocorreu no início de uma nova era de adoração (quando o “tabernáculo” foi inaugurado e nos “dias da igreja primitiva”), demonstrando para todos os tempos quanto Deus zela pela adoração adequada.

Quando contemplamos a santidade de Deus e a comparamos com a nossa própria adoração profana, é um milagre ainda estarmos vivos. Graças a Deus por Jesus!

Não são apenas os seus sofrimentos que nos salvam, mas também a sua obediência, inclusive a sua adoração perfeita que ele ofereceu ao Pai.

Jesus morreu pelos nossos pecados, inclusive todos os pecados que cometemos em cada ato na adoração a Deus, dos quais precisamos nos arrepender.

Mas Jesus fez algo mais. Segundo Hebreus, ele tomou as palavras do salmo 22.22 e fez delas as suas próprias:

“Cantar-te-ei louvores no meio da congregação” (Hb 2.12).

Estas palavras se referem à adoração que Jesus ofereceu no templo e na sinagoga. Imagine o Filho de Deus cantando os salmos inspirados pelo Espírito e usando-os para louvar o Pai.

Por meio da fé em Cristo, essa adoração perfeita pertence agora a nós, como se nós mesmos a tivéssemos oferecido a Deus.

Isso é parte do que significa conhecer Cristo: nossa adoração imperfeita é aceita pelo Pai por causa da adoração perfeita oferecida pelo Filho.

Quando sabemos que até mesmo a nossa adoração é perdoada, então podemos nos aproximar de Deus em alegre confiança.

Em vez de dizer: “Se eu adorar da forma correta, Deus me aceitará”, devemos dizer:

“Já sou aceito por meio da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo, e agora é primeiramente o meu PRIVILÉGIOe minha RESPONSABILIDADEadorar a Deus da forma como ele deseja ser adorado”.

Nós vamos à adoração da forma como Eclesiastes nos instrui a ir — prestando atenção em Deus, guardando os nossos passos quando entrarmos em seu santuário e ouvindo a verdade da sua Palavra.

Ouvimos essa palavra com a confiança de Salomão, que disse: “Toda palavra de Deus é pura” (Pv 30.5).

Ouvimos a palavra com a expectativa de Maria, que se sentou aos pés do Mestre em Betânia, ouvindo cada palavra (Lc 10.38-39).

Nós a ouvimos com a fé de Pedro, que disse a Jesus: “Tu tens as palavras da vida eterna” (Jo 6.68).

  1. Preste atenção naquilo que você diz!

O Pregador se preocupa não só com a maneira como ouvimos, mas também com aquilo que dizemos.

Sua primeira exortação nos ordena a ouvir. Sua segunda exortação – que diz respeito principalmente à oração – diz respeito ao que dizemos:

“Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras” (Ec 5.2).

As pessoas tendem a ser imprudentes com as palavras. Quando fazem comentários rudes e atacam com raiva. Proferem ameaças de morte e usam insultos raciais repulsivos.

Fazem promessas que jamais cumprirão, e muitas vezes blasfemam contra Deus.

SEMPRE QUE UMA BOCA SE ABRE, REVELA-SE UM CORAÇÃO, e é tão provável ouvirmos uma palavra do inferno quanto ouvirmos uma palavra do céu.

Entre todas as palavras rudes e inconsistentes, o pregador se preocupava mais com aquelas que falamos na casa de Deus. O versículo 2 se refere a uma palavra dita “DIANTE DE DEUS”.

Há uma compreensão que cada palavra que dizemos é dita diante de Deus. Se Deus está em todos os lugares, então, cada palavra que sai da nossa boca alcança o ouvido de Deus.

Ele está sempre ouvindo, o que deveria nos levar a prestar atenção naquilo que dizemos, não importa onde estejamos.

Mas a expressão “DIANTE DE DEUS” se refere especificamente à adoração pública, sobretudo nesse contexto, em que o Pregador está falando sobre guardar os nossos passos quando estivermos indo para a casa de Deus.

Ele quer que sejamos cuidadosos com o que dizemos na adoração, quando oramos e quando pregamos.

Estamos sendo sinceros com aquilo que dizemos quando nos levantamos e adoramos na casa de Deus?

É fácil ler um texto ou cantar um hino ou confessar um credo sem refletir sobre o seu significado.

Às vezes, até mesmo uma oração pode se tornar desprovida de oração. A simples repetição de palavras piedosas não significa que nossas palavras vêm de um coração piedoso.

O Deus a quem adoramos — ou fingimos adorar — é o Deus soberano e poderoso que governa todo o universo.

O Pregador nos lembra disso no versículo 2, quando diz: “Deus está nos céus, e tu, na terra”. Este é um dos melhores versículos da Bíblia para colocar-nos em nosso devido lugar.

Conhecer a Deus e conhecer a nós mesmos é a soma de toda sabedoria. Eclesiastes 5.2 nos oferece essa sabedoria. Deus está nos céus; ele é a deidade eterna que criou todo o universo.

Nós estamos na terra, somos seres mortais, limitados ao tempo e espaço. Existe urna distância enorme entre o finito e o infinito.

A distância entre Deus no céu e nós na terra é importante para a geografia teológica de Eclesiastes, pois fornece o contexto para tudo o que pregador diz sobre a vida “debaixo do sol” e também sobre as possibilidades de uma perspectiva acima do sol para contemplar a vaidade da vida.

Em termos mais gerais, a diferença entre Deus estar no céu e nós estarmos na terra é fundamentai para qualquer visão adequada de mundo — aquilo que os teólogos chamam de distinção Criador/criatura.

A distinção Criador/criatura tem implicações práticas para o que dizemos quando adoramos. Precisamos conhecer o nosso lugar, lembrando-nos de quem Deus é e quem nós somos.

Em uma de suas famosas profecias. Isaías disse:

Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55.8-9).

Se isso é verdade, devemos pensar antes de falar. Gregório de Nissa escreveu: “Sabendo como é ampla a diferença entre a natureza divina e a nossa, permaneçamos silenciosamente dentro de nossos próprios limites”.

Eclesiastes nos ajuda a definir esses limites quando diz: “Sejam poucas as tuas palavras” e explica por quê: “Porque dos muitos trabalhos vêm os sonhos, e do muito falar, palavras néscias” (Ec 5.2-3).

A comparação do Pregador é familiar para todos que dormem e, portanto, também sonham.

Se preocuparmos demais para nos envolver em nossos negócios terrenos, é provável termos sonhos estranhos à noite.

Há um vínculo natural, entre PREOCUPAÇÕES e SONHOS. Semelhantemente, há um vínculo íntimo entre tolice e verbosidade (falar demais).

É difícil ser sábio o tempo todo, e quanto mais falamos, maior a chance de dizermos algo tolo, especialmente quando adoramos. Como regra geral, os tolos são prolixos, eles falam demais (cf. Ec 10.14).

Raramente guardam seus pensamentos para si mesmos, antes tendem a falar muito. Eclesiastes diz que o excesso de ocupação leva a muitos sonhos; e a tolice leva a muitas palavras.

O Pregador nos instrui a sermos mais prudentes. Em vez de falar sem cessar sobre tudo, devemos economizar nossas falas. No entanto, a questão não é o número exato de palavras que usamos.

A questão real é se as palavras que falamos são sinceras. A sinceridade de um voto só pode ser testada pelo cumprimento de sua promessa.

A questão aqui nãos que devemos economizar as palavras, mas a preocupação principal, é são palavras do coração, se são sinceras.

Podemos aplicar esse princípio a todas as palavras que professamos, fazendo perguntas como: “Estou falando do coração?

As minhas palavras de encorajamento refletem minha opinião verdadeira ou estou apenas tentando agradar alguém?

Quando uso palavras para compartilhar o evangelho, eu acredito nas boas novas que estou tentando transmitir?”.

Sinceridade é especialmente importante quando adoramos. Quando cantamos um hino de louvor, devemos fazê-lo com os pensamentos de Deus em mente e com o amor por Deus em nosso coração.

Em uma igreja havia uma placa que ajudava os líderes de adoração a se lembrarem disso. A placa dizia: “Cante como se acreditasse nisso”, mas a palavra “como” foi riscada e substituída pela palavra “porque”: ficando assim: “CANTE PORQUE ACREDITA NISSO”.

O que cantamos reflete nossas orações. Nossas orações deveriam ser igualmente sinceras.

Jesus nos ensinou a não ficar falando como os pagãos irresponsavelmente, mas apenas apresentar os nossos pedidos sinceros a Deus (veja Mt 6.7ss.).

Jesus é o nosso exemplo perfeito para isso. A Bíblia diz: “Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão” (Tg 3.2).

Jesus Cristo é esse varão perfeito. Cada palavra que falou é verdadeira. Jesus nunca fez um comentário tolo.

E mesmo quando foi perseguido, ele não respondeu em raiva injusta. No final de sua vida, quando estava morrendo na cruz, escolheu cuidadosamente cada palavra que diria.

Jesus tem a graça para nos ajudar a falar as palavras que agradam a Deus. O Salvador da fala perfeita pode tocar nossos lábios com sua graça.

Pelo poder do Espírito Santo, ele nos ensinará como usar as palavras que falamos no culto para a glória de Deus.

  1. Preste atenção no que você faz!

Um bom resumo de tudo que temos dito até agora é oferecido pelo apóstolo Tiago, que disse: “Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar” (Tg 1.19).

Mas o Pregador tinha também uma terceira exortação, e esta também era um assunto íntimo e precioso ao coração de Tiago. Ele falou sobre não só ouvir a Palavra, mas também PRATICÁ-LA (veja Tg 1.22).

O pregador expressou da seguinte forma:

Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em CUMPRI-LO; porque não se agrada de tolos. CUMPRE o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não CUMPRAS” (Ec 5.4-5; cf. Dt 23.21-23).

Após nos instruir a ouvir e a prestar atenção naquilo que falamos, o Pregador agora nos diz o que devemos fazer. Ele diz: “Faça o que diz”.

Ou, para ser mais preciso, ele diz: “CUMPRE O VOTO QUE FAZES”. Aqui, Eclesiastes está lidando sobre um tipo específico de fala; as PROMESSAS que fazemos a Deus.

Nos tempos bíblicos, as pessoas costumavam fazer muitos votos (promessas, pactos, acordos) a Deus, e eram feitos normalmente no contexto da adoração pública (veja Lv 27.18-20).

Encontramos essa linguagem nos salmos, como o salmo 50.14 (-(“Oferece a Deus sacrifício de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo“) ou o salmo 65.1 (“A ti, ó Deus, confiança e louvor em Sião! E a ti se pagará o voto”).

O Salmo 116:18  diz: Cumprirei pagarei os meus votos para com o SENHOR,na presença de todo o seu povo (ou diante da congregação, ou seja onde o povo de Deus se reúne para adoração pública).

Vemos exemplos também nas histórias do Antigo Testamento, por exemplo, na história de Ana, que jurou dedicar o seu primogênito ao ministério do sacerdócio (1 Sm 1.11), ou na de Jefté, que precipitadamente fez um voto que lhe custou a sua filha (J 11.29-40).

Aqui em Eclesiastes não estamos falando sobre um voto pecaminoso, mas sobre uma PROMESSA SAGRADA de oferecer a Deus um presente ou um sacrifício, como o voto descrito por Asafe no salmo 76.11:

“Fazei votos e pagai-os ao SENHOR, vosso Deus; tragam presentes todos os que o rodeiam, àquele que deve ser temido”.

A mensagem de Eclesiastes é muito simples: se fizermos um voto, uma promessa; precisamos ter certeza de que faremos o que dissemos e que pagaremos a Deus o que devemos.

É muito mais fácil fazer uma promessa do que a cumprir. As pessoas fazem isso com Deus o tempo todo, especialmente quando usam a oração para negociar com ele.

Dizem coisas como: “Deus, se tu me perdoares essa única vez, juro que nunca mais cometerei esse pecado.”

Ou: “Prometo que, assim que eu receber mais dinheiro, eu começarei a devolver os 10% a ti.”

Se alguma vez você já fez uma oração desse tipo — como muitos já fizeram – você sabe também como é fácil esquecer o que prometeu.

Antes de nos darmos conta, voltamos a praticar o mesmo pecado ou continuamos a ser tão EGOÍSTAS E AVARENTOS com o nosso dinheiro quanto antes, nesse caso teria sido melhor nunca ter feito qualquer promessa a Deus.

Jesus contou uma parábola sobre uma pessoa assim — um filho que disse que faria o que seu pai mandava e que sairia para os campos para trabalhar, mas nunca foi (Mt 21.28-31).

O Pregador de Eclesiastes teria chamado o garoto de tolo, porque nunca fazia o que dizia. Não devemos a Deus apenas nossas PALAVRAS, mas também as nossas OBRAS.

Se lhe dissermos que faremos algo — por exemplo, se assumirmos um compromisso no ministério ou se prometemos dinheiro para a obra do reino — então precisamos fazer o que prometemos e pagar o que devemos.

Na verdade, Eclesiastes diz que precisamos fazê-lo sem tardar. Cumprir prontamente os nossos compromissos é uma parte importante da SANTIDADE PRÁTICA.

Outra maneira de dizer isso é: não faça Deus de bobo! Se você lhe prometer algo, seja um homem ou uma mulher de palavra.

Em alguns casos, isso significa que seria melhor não prometer nada a Deus.

Mas a Bíblia supõe que, existem momentos em que é apropriado fazer votos espirituais, como os ATOS DO MATRIMÔNIO, por exemplo, ou as PROMESSAS que as pessoas fazem quando se tornam membros da igreja.

Ou promessas de consagração, como fazemos na ADME;“no tempo do jejum” em março e setembro, onde pactuamos; ou seja; prometemos, e subscrevemos isso (concordamos).

Os cristãos sempre fizeram votos pactuais, como o Pacto eclesial, que é um voto, uma promessa que cumpriremos o nosso compromisso de fidelidade a Deus e aos membros da igreja local.

Qualquer atividade religiosa, seja os devocionais, orações, louvor; ofertas, serviços; cultos, piedade; e que são necessárias para nutrir uma espiritualidade saudável, mas também podem serem feitas sem expressarem devoção real e pura.

Quando pensarmos em fizer um voto, aqui está um bom conselho, do velho pregador Charles Bridges, para seguirmos:

Um compromisso solene assumido com Deus é uma transação que exige muita oração e ponderação. Ele deveria se apoiar na clara garantia da Palavra de Deus.

Deveria dizer respeito a uma questão verdadeiramente importante, apropriada e atingível. Deveria ser tão limitada a ponto de abrir o caminho para a realização sob contingências imprevisíveis ou circunstâncias alteradas.

Estes são princípios sábios a serem seguidos, pois se fizermos um voto e não o cumprirmos, tornamo-nos culpados de pecado e podemos cair sob o julgamento de Deus.

Eclesiastes adverte:

“Não consintas que a tua boca te faça culpado, nem digas diante do mensageiro de Deus que foi inadvertência; por que razão se iraria Deus por causa da tua palavra, a ponto de destruir as obras das tuas mãos?” (Ec 5.6).

Há muitas maneiras para a boca nos levar para o pecado (basta ler Tg 3). Mas o que o Pregador tem em mente aqui é, supostamente, o grande pecado de não cumprir uma promessa dada a Deus no contexto do culto.

Em geral, as pessoas tentam se desculpar pelo seu pecado, e o Pregador fala sobre isso aqui. Por isso os votos eram públicos, para haver testemunhas.

Normalmente os votos eram feitos no “templo” e diante do sacerdote, como foi o caso de Ana.

Alguns comentaristas creem que “O mensageiro” que ele menciona pode ser um anjo, ou um sacerdote, porém é mais provável que ele se refira a alguém do templo que coletava as ofertas e os sacrifícios que as pessoas haviam jurado pagar.

Alguns estudiosos acreditam que “durante o tempo do pregador”, havia pessoas cuja tarefa era conferir se as pessoas haviam cumprido seus votos públicos”.

Hoje nós os chamaríamos de “A POLÍCIA DO DÍZIMO”, mas naqueles dias os líderes espirituais exigiam que as pessoas prestassem contas de suas promessas.

Como houve em alguns governos, onde o estado fiscalizava se as pessoas eram fiéis em seus dízimos.

O problema era, e ainda é; que algumas pessoas tentavam fugir de seus compromissos inventando todos os tipos de desculpa esfarrapada (“Voto? Que voto? Deve haver algum tipo de equívoco!”).

Quando não fazemos o que dizemos — especialmente quando fazemos uma promessa a Deus — a Bíblia diz que nos tornamos culpados de pecado, que isso provoca a ira de Deus e que ele destruirá o que fizemos.

É por isso que as pessoas às vezes dizem que “de boas intenções o inferno está cheio”.

Por melhores que sejam nossas intenções, elas não nos levam ao céu. Na verdade, podem até aumentar a nossa condenação.

Se continuarmos prometendo a Deus que faremos isso e aquilo e ainda aquilo outro, mas nunca cumprirmos, então nos tornaremos ainda mais culpados.

Então precisamos nos arrepender e nos entregar à misericórdia de Deus, orando que ele nos perdoe por tudo que deixamos de fazer e pedir que ele nos aceite por meio de Jesus Cristo.

Isso os crentes da antiga aliança não tinham. Muitos perdiam seus privilégios, suas propriedades, alguns eram banidos do povo de Deus e outros até mortos.

O Messias é o único que cumpriu todas as suas promessas a Deus, inclusive seu voto de oferecer um sacrifício santo – o sacrifício de seu corpo pelos nossos pecados.

Pela misericórdia de Jesus, todos os nossos erros são perdoados. E agora, pela graça de Jesus, temos ajuda para cumprir nossos compromissos e nosso votos para com Deus e as pessoas.

Quando oramos pela graça de cumprir o que dizemos, estamos orando a um Salvador que sabe o que significa cumprir um compromisso, que fez tudo que prometeu até a morte. E isto nós precisamos imitar.

  1. Preste atenção no que te motiva!

O Pregador encerra essa passagem descrevendo a POSTURA DO CORAÇÃO que devemos ter em tudo que dizemos e fazemos na adoração:

Como na multidão dos sonhos há vaidade, assim também, nas muitas palavras; tu, porém, teme a Deus” (Ec 5.7).

Se “o temor do SENHOR é o princípio do saber” (como Salomão disse certa vez, Pv 1.7), então este é um dos versículos mais sábios de Eclesiastes.

Ele reúne os dois grandes temas desse grande livro. Eclesiastes começou com a vaidade de vaidades – a futilidade da vida num mundo caído.

Aqui, encontramos essa vaidade em devaneios fúteis e nas palavras tolas de um frequentador da igreja que apenas finge adorar, sem realmente oferecer sua mente e seu coração a Deus.

Aqui encontramos a futilidade de um CULTO HIPÓCRITA. Ele não tem sentido algum, é pura vaidade, é correr atrás do vento; é aflição de espirito.

Todo serviço feito no ministério sem a motivação correta é cansativo, frustrante, agonizante e estressante e isto é pura vaidade; é correr atrás do vento.

Eclesiastes tem uma resposta para a futilidade do culto hipócrita. Ele revela a motivação correta na adoração.

No versículo 7 desse capitulo e no final de Eclesiastes, ele finalmente alcança a conclusão da sua busca espiritual, ele dirá que o propósito da vida é O TEMOR DE DEUS (EC 12.13).

Assim, Eclesiastes avança da VAIDADE para a REVERÊNCIA. O temor é a manifestação do amor mais a obediência aos mandamentos.

(Ec12:13) diz: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem!.

O apostolo João diz: Porque nisto consiste o AMOR A DEUS: obedecer aos seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados (1 Jo 5:3).

Eclesiastes nos prega sobre a adoração correta. Deus é aquele a quem precisamos reverenciar.

Devemos fazer as coisas por que é CERTO FAZER, e não porque somos impulsionados (motivados) a fazer.

O temor de Deus pode ser definido como “o grande fundamento da santidade”. Temer a Deus é reconhecer seu poder e sua majestade.

Significa reconhecer que ele está no céu, e nós, na terra, que ele é Deus e que nós não somos- Significa dizer: “Quem nos céus é comparável ao SENHOR?

Deus é sobremodo tremendo na assembleia dos santos e temível sobre todos os que o rodeiam- (SI 89.6-7).

Quando temermos a Deus dessa forma, viremos para a adoração com expectativa e maravilha.

Estaremos preparados para ouvir o que ele tem a dizer por meio de sua palavra. E o que Deus tem a dizer a nós é mais importante do que aquilo que temos a dizer a ele. (ele é Deus, afinal de contas).

Teremos cuidado com o que dizemos, limitando a nossa fala a palavras que o agradam. Daremos a Deus o que ele merece, incluindo qualquer tempo, talento ou tesouro que prometemos lhe dar.

Eclesiastes 5 foi escrito para nos ajudar a levar Deus mais a sério quando o adoramos.

CONCLUSÃO:

T. M. Moore escreveu uma paráfrase poética desses versículos que pode nos ajudar a lembrar suas lições espirituais.

Como as pessoas são insolentes e desonestas com a sua religião.

Usam-na apenas de acordo com as suas necessidades;

por isso, atendem aos cultos e cantam os hinos,

e quando precisam dão um pouco de dinheiro ao Senhor.

Mas vivem elas como alguém que fez um voto a Deus’?

Não se iluda.Entre seus amigos a sua fé está em jogo…

Lembre-se, Deus sabe tudo.

Ele conhece nosso coração quando lhe oferecemos nossa adoração, e você não pode enganá-lo.

Por isso, dê uma boa olhada em si mesmo antes de se apresentar novamente ao Senhor.

E vá para ouvir, não para falar, pois ele saberá o que você precisa.

Porque qualquer tolo consegue fazer uma oração linda ou cantar um hino sobre

sua fé.

Mas suas palavras são irracionais, como um sonho, mesmo que as pessoas que as ouvem se impressionem.

Mas não Deus… Pois as palavras não valem nada,como os sonhos que você tem enquanto dorme.

Deus quer o seu coração, meu filho, não apenas um espetáculo.

Acerte as suas contas com ele antes de se apresentar perante ele.'”

A forma de acertar as suas contas com Deus antes de adorá-lo é muito simples.

A forma correta de adorar é ser honesto com ele sobre nossa hipocrisia e todos os nossos outros pecados.

Precisamos confessar e pedir que ele nos perdoe, pelo amor de Jesus. Pois os verdadeiros adoradores, adoram o “Pai em espírito e verdade”.

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