Série de sermões expositivos sobre o livro de Eclesiastes. Sermão Nº 07 – Tudo tem seu tempo. Eclesiastes 3:1-8. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 06/05/2020.
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar na importância do tempo? Alguém disse que o melhor presente é o tempo presente, por isso é preciso aproveitá-lo bem. Embora seja isso seja em parte verdade.
Não somos apenas nosso presente, somos também nosso passado e seremos nosso futuro. Então precisamos viver um presente que altere nosso passado, que decida nosso presente, e preserve nosso futuro.
Há uma ciência para utilizar o tempo, e não se trata de fazer as coisas correndo, mas de não o desperdiçar com coisas sem sentido.
Para viver bem é preciso saber usar o tempo, pois é nele que construímos a nossa vida. Cada momento de nossa existência tem consequências nesta vida e na eternidade.
Eclesiastes vai dizer que todo tempo é precioso, seja o passado, o presente e o futuro, pois todo tempo tem um proposito determinado por Deus.
Na economia de Deus, há um tempo e uma temporada para tudo, inclusive um tempo para derrubar e para erguer.
Há um tempo para brincar, e há também um tempo para avançar o ministério da igreja – tudo tem seu tempo determinado por Deus.
- Um tempo para isso, um tempo para aquilo
Após tudo o que ele disse sobre a vaidade e futilidade da existência humana, esperaríamos que o Pregador dissesse algo diferente e mais desencorajador sobre o tempo.
Ele poderia ter dito, por exemplo, que o tempo é curto e que, por isso, nunca temos tempo o suficiente para fazer tudo o que desejamos fazer.
Ou o Pregador poderia ter falado sobre a tirania do tempo – sobre como ele parece controlar nossa vida até o milésimo de cada segundo.
Plauto o escritor romano amentando o estresse causado pelo método mais recente de sua época de controlar o tempo, disse:
“Que os deuses confundam o homem que primeiro descobriu como distinguir as horas! Confundam aquele que cortou e partiu meus dias em pedaços tão pequenos. Confundam aquele que, aqui, ergueu um relógio de sol”.
O Pregador que escreveu Eclesiastes poderia também ter dito que o tempo é passageiro, que nosso tempo está acabando e que, uma vez que o tempo se foi, ele jamais poderá ser recuperado.
Com esse pensamento em mente, o educador norte-americano Horace Mann escreveu certa vez numa seção de anuncio o seguinte:
“Procura-se”: “Perdi ontem, em algum momento entre o nascer e o pôr do sol, duas horas douradas, cada uma adornada de 60 minutos de diamantes. Não ofereço nenhuma recompensa, pois se foram para sempre”.
O Pregador poderia ter dito todas essas coisas, mas decidiu não o fazer. Em vez disso, escreveu um poema sobre a ordem de todo tempo ordenado por Deus e que se tornou o poema mais famoso do mundo sobre o tema “tempo”.
Na verdade, o poema é tão famoso que até pessoas que não conhecem a Bíblia o ouvem com frequência e são comovidos em seus corações.
O Pregador começa com uma declaração generalizada: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Então, como explicação, criou as seguintes letras:
há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar Fora;
tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. (Ec 3.2-8)
Todos reconhecem a beleza desses versos — seu ritmo, sua repetição e sua abrangência ordenada.
No entanto, alguns estudiosos acreditam que a perspectiva desse poema é quase totalmente pessimista.
O Pregador está tão preso na TIRANIA DO TEMPO e nem assume uma postura FATALISTA em relação à sua existência. Existe um tempo para isso e um tempo para aquilo, mas independentemente do que o tempo seja, não há nada que possamos fazer a seu respeito.
Isso também não quer dizer que Deus seja um mestre absoluto e arbitrário, e nem o pregador se sente preso por essa sequência de tempos e ele se revolta porque precisa passar por isso sem saber por quê.
A dificuldade desses estudiosos parece estar na dificuldade de entender a doutrina da SOBERANIA DIVINA e a RESPONSABILIDADE HUMANA, e que uma não exclui a outra.
O domínio de Deus sobre todas as coisas não é um determinismo fatalista, nem lutamos inutilmente contra um Deus arbitrário.
A perspectiva de Eclesiastes/ sobre o Deus do tempo é algo muito glorioso. Em Eclesiastes 3.11 diz que Deus faz tudo formoso no seu devido tempo”.
Longe de ser um determinista fatalista, o Pregador alcançou um apreço apropriado da soberania de Deus sobre o tempo e a eternidade. A vida não é uniformemente ruim, mas inclui experiências positivas e negativas.
Esse poema perfeitamente equilibrado nos ensina muitas verdades importantes sobre Deus, seu Filho e nossa própria administração do tempo, que pode ser nosso bem mais precioso.
- O Deus do tempo
Uma compreensão bíblica do tempo e de seu lugar na visão de mundo cristã começa com a soberania de Deus.
O primeiro versículo desse capitulo diz que há uma tempo determinado e proposito em tudo “debaixo do céu”.
A expressão oque acontece “debaixo do céu”, é propositalmente diferente da expressão mais comum “debaixo do sol”.
As palavras “debaixo do céu” tem uma conotação mais positiva. Mais tarde, o Pregador dirá explicitamente que “Deus está nos céus” (Ec 5.2).
Portanto, tudo o que acontece neste universo sujeito ao tempo se encontra sob a autoridade de Deus que reina no céu. Deus é soberano sobre o tempo e sobre tudo o que acontece no tempo.
Isso se expressa na amplitude abrangente do versículo 1: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu“.
Nada acontece sem a vontade soberana de Deus, que se divide em vontade PERMISSA e DIRETIVA.
As duas trabalham em perfeita harmonia, levando a história ao cumprimento infalível do plano de Deus. Deus em sua perfeita sabedoria, faz com que tudo aconteça do jeito que ele planejou “segundo o conselho de sua vontade (Ef 1.11).
Todas as coisas acontecem pela vontade soberana de Deus, seja por sua direção ou por sua permissão.
Deus em sua providência “santa, sábia e poderosa” governa todas as suas criaturas e todos os seus atos sem interferir em sua LIVRE-ESCOLHA.
A extensão da soberania de Deus é ressaltada ainda mais pelo poema que segue, com suas séries paralelas de opostos relacionados.
Cada par são duas polaridades que formam um todo. E cada um dos pares em Eclesiastes 3 forma um conjunto maior.
Juntos, o nascimento e a morte abarcam toda a existência humana, o choro e o riso resumem toda a gama de emoções humanas, etc. Cada par apresenta algo abrangente.
E também a lista como um todo possui um aspecto compreensivo. Há 14 pares ao todo, que é o dobro do número bíblico da perfeição e consumação (sete).
Não surpreende, então, que os pares parecem abarcar toda a extensão da experiência humana, do nascimento até a morte, da guerra até a paz, e tudo que existe entre estes pares.
Os pares desse poema de Eclesiastes abrangem a maior extensão possível e, portanto, praticamente todos os aspectos da vida humana.
Deus é o Rei do tempo. Ele regulamenta nossos minutos e segundos. Ele rege todos os nossos momentos e todos os nossos dias.
Nada acontece na vida sem sua supervisão. Tudo acontece quando acontece porque Deus é soberano sobre o tempo e também sobre a eternidade.
Além do mais, existe uma ordem definida no modo como Deus faz as coisas. Ele é um Deus preciso. Absoluto em sua autoridade sobre o tempo e o espaço, ele coloca tudo em seu tempo e lugar. A soberania de Deus tem uma cronologia.
Isso tem sido verdade desde os primórdios do tempo, quando Deus dividiu os dias da criação.
Vemos isso com cada mudança de estação — a transição do verão para o outono e a vinda da primavera depois do inverno. Os ritmos da criação são testemunho da ordem de seu Criador (veja Gn 8.22).
Em Eclesiastes 3, vemos a mesma ordem soberana aplicada às atividades e aos relacionamentos humanos.
Como diz o Pregador: “Tudo tem o seu tempo” — não só as quatro estações, mas tudo o que acontece debaixo do céu.
“Tempo” neste sentido é um “tempo fixo, uma ocasião oportuna, ou um propósito pré-determinado.
A tradução grega padrão do Antigo Testamento (conhecida como Septuaginta) usa o termo KAIRÓS (o tempo visto como oportunidade) para essa passagem, e não o termo chronos(o tempo no sentido de duração).
Na economia divina existe uma “ocasião apropriada” ou “adequada”, “oportunizada” para tudo que acontece. Essa perspectiva está longe de ser fatalista, determinista ou decretada.
O Pregador não está dizendo que Deus é arbitrário e que, não há nada que possamos fazer em relação ao que acontece, e aíacaba colocando tudo na conta Deus, inclusive o mau moral (pecado, adultério).
A ideia aqui é que para todas as cosias existe uma “aptidão”, uma “ocasião apropriada”; para tudo o que acontece.
Deus não determina nossos atos e vontades, elas são escolhas livres, embora influenciadas pelo pecado, o homem é sempre responsável por usas escolhas morais.
Deus em sua onisciência sabe todas as coisas, e na sua presciência sabe de cada motivação, ato, ou decisão de cada ser humano, prever todos os eventos todas as circunstancias, discernindo tudo em perfeita harmonia.
Em palavras muito simples: Deus faz tudo no tempo certo.
- Experimentando tudo.
Normalmente, vemos as atividades descritas em Eclesiastes 3 como coisas que as pessoas costumam fazer, e certamente as fazem.
Poderíamos demonstrar isso a exemplo da vida do rei Salomão, que era construtor de grandes prédios, plantador de jardins magníficos e colecionador de muitos provérbios.
Mas esse poema não se limita somente ao contexto humano. As atividades mencionadas são também coisas que Deus faz.
Os verbos em Eclesiastes 3.1-8 são primeiro atos divinos antes e que se tornarem atividades humanas.
É importante ver a perfeição de tudo quanto Deus faz, seja DIRETIVAMENTE OU PERMISSIVAMENTE.
Cada atividade nesse poema tem seu oposto, e, juntos, ambos nos dizem o que Deus faz no mundo.
Veja, por exemplo, NASCIMENTO E MORTE — as duas experiências mais importantes da vida, e as duas são compromissos que cada pessoa precisa cumprir.
Todos nós vamos experimentar todas as experiencias descritas em Eclesiastes, tudo no seu devido tempo.
Tanto o berço quanto o leito da morte seguem a agenda de Deus. Ele é quem traz vida para o mundo.
Por isso, Davi o louvou, dizendo: “Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe” (SI 139.13; cf. Jó 33.4). embora os pais de Davi, tiveram participação na gestação da vida.
Deus é também aquele que determina ou permite a hora da morte. “Visto que os seus dias estão contados”, disse Jó ao Criador, “contigo está o número dos seus meses; tu ao homem puseste limites além dos quais não passará” (Jó 14.5).
O Senhor da vida tem também poder soberano sobre a morte. “Você não pode viver mais tempo do que o Senhor determinou ou disse Martinho Lutero, nem morrer antes disso”.
Lutero deveria ter considerado a vontade permissiva ou diretiva de Deus, embora as duas estejam em harmonia e expressam a vontade soberana de Deus.
O início, a duração e o término da nossa existência estão todos sob a sua autoridade, não importa qual seja nossas escolhas, nem onde ela nos leva.
O mesmo vale para as atividades de plantar e colher. No Antigo Testamento, esses verbos são muito usados para descrever o relacionamento de Deus com seu povo.
Deus em sua VONTADE DIRETIVA plantou o seu povo como vinha frutífera (por exemplo, Is 5.1; Jr 2.21).
Mas quando se voltaram contra ele em rebelião, Deus em sua VONTADE PERMISSIVA revirou a vinha, mandando o seu povo para o cativeiro. Ele disse por intermédio do profeta Isaias:
“Agora, pois, vos farei saber o que pretendo fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que a vinha sirva de pasto; derribarei o seu muro, para que seja pisada” (Is 5.5). Observe que Deus planta (diretiva) e arranca (permissiva).
Semelhantemente, existe um tempo para edificar e para derrubar, e Deus faz ambas as coisas. Deus permitiu a construção da torre de Torre de Babel e a destruiu porque foi construída por causa do orgulho humano (Gn 11.5-9).
A obra completa de Deus inclui ambas: CRIAÇÃO E DEVASTAÇÃO. Muitas pessoas preferem uma deidade unidimensional.
Gostam de imaginar Deus dando vida, mas não determinando a hora da morte, seja diretivamente ou permissivamente.
Preferem ver Deus plantando e edificando do que arrancando e derrubando. Mas em vez de aceitá-lo apenas pela metade, devemos levar em consideração seu caráter completo.
Há um tempo para ele matar e um tempo para ele curar — em outras palavras, um tempo para a sentença de morte (veja Gn 9.6; Rm 13.3-5) e um tempo para cura, seja um milagre ou pela assistência médica profissional.
Isso faz parte da perfeição de Deus em suas interações soberanas com a raça humana. Como Deus disse nos dias de Moisés:
“Eu sou, Eu somente, e mais nenhum Deus além de mim; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro” (Dt 32.39).
Dependendo do momento, Deus não é isso ou aquilo, ele é ambos. Segundo a cronologia de Deus, existem ambos, “um tempo para amar, e um tempo para odiar”.
Repito, muitas pessoas gostam de imaginar Deus como amor sem levar em conta a realidade de sua ira. Mas a ira de Deus é uma de suas perfeições. É certo e bom que Deus se opõe a cada ato ímpio e que ele julga o mal.
Vemos isso no Segundo Mandamento, no qual o Deus santo nos diz que ele odiará a idolatria até a terceira e quarta gerações, ao mesmo tempo em que demonstra seu amor a mil gerações de pessoas que o amam e observam os seus mandamentos (veja Ex 20.4-6).
Vemos isso também em Provérbios, em que Salomão nos diz sete coisas que o Senhor odeia:
“olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos” (6.17-19).
Com Deus existem ambas as coisas, “um tempo para paz, e um tempo para guerra”. Sim, Deus prometeu paz na terra. Mas até a segunda vinda do”Príncipe da Paz” ( Is 9.6), vivemos em tempos de guerra.
Isso é verdade no sentido espiritual, pois usamos as armas da Palavra de Deus e a oração para lutar contra Satanás. Mas há também tempos de guerra no mundo quando nações justas lutam para proteger seu povo e para defender a justiça.
Precisamos da imagem completa. Para conhecer Deus e descobrir nosso lugar em seu mundo, precisamos aceitar que ambas as metades de cada par nos contam a verdade sobre seu caráter.
MUITAS PESSOAS TÊM UMA VISÃO DESEQUILIBRADA DE DEUS. Nunca levam em conta todo o ensinamento bíblico sobre seu caráter e assim acabam levando em consideração apenas metade da equação.
Deus cria “tempo para todo propósito debaixo do céu“, porque no tempo certo, tudo nesse poema corresponde completamente ao seu caráter — nascimento e morte, choro e riso, amor e ódio, exclusão e aceitação, guerra e paz.
- Uso perfeito do tempo
A maioria das pessoas para por aqui quando usa Eclesiastes 3.1-8 para descrever o caráter de Deus, mas podemos dar um passo além, vinculando esse grande poema à pessoa e à obra de Jesus Cristo.
Esses “pares” que nos ensinam algo sobre o caráter do Deus Todo-poderoso nos ensinam também algo sobre o Filho, que compartilha todas as suas perfeições divinas.
Se Deus é soberano sobre as estações, então Jesus Cristo é o Senhor do tempo. Assim como o Deus Criador, Jesus ordenou os ritmos da criação.
Agora, por meio de sua ressurreição dentre os mortos, Jesus rege o universo com autoridade soberana sobre o tempo e a eternidade.Jesus Cristo é “o Senhor dos anos” e “o Potentado do tempo”.
Quando testemunhamos a obra de Jesus nos evangelhos, vemos um Salvador que sabia fazer bom uso do tempo, ele sempre conhecia a hora.
Houve um tempo oportuno para ele nascer: “vindo, porém, a PLENITUDE DO TEMPO, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (G14.4).
Houve também um dia oportunizado para Jesus morrer. Ele morreu naquele dia, nenhum dia antes ou depois. Os líderes religiosos estavam tramando contra ele, tentando matá-lo quanto antes.
Mas não conseguiram crucificá-lo antes do dia determinado por Deus. Antes disso, “NÃO ERA CHEGADA A SUA HORA” (p. ex., Jo 7.30). Mas quando a hora chegou, Jesus morreu na cruz.
Assim, as Escrituras dizem: “Cristo (…) morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). Jesus ressuscitou também na hora certa – no terceiro dia, como as Escrituras haviam prometido (Os 6.2; cf. Lc 24.45-46: 1 Co 15.4).
Desde o seu nascimento até sua morte e ressurreição, Jesus fez tudo na hora certa em sua obra de salvação.
Durante seu ministério na terra, Jesus conhecia a hora certa para cada atividade. Quando disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos” (Jo 15.5), ele estava usando seus discípulos para PLANTAR de novo a vinha do povo de Deus.
Como Senhor da ceifa, ele sabia também quando era a hora de ARRANCAR.Jesus disse: “Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada” (Mt 15.13).
Jesus sabia quando era a hora para CURAR. Quando realizou os milagres do reino, ele fez os paralíticos andarem, os surdos ouvirem e os cegos verem.
Jesus sabia quando era a hora de DERRUBAR — lembre-se, por exemplo, de como ele expulsou os cambistas do templo (Lc 19.45) — e sabia também quando era a hora de EDIFICAR, como quando edificou a sua igreja sobre a pedra da confissão de Pedro segundo a qual ele era e é o Cristo (Mt 16.15-18; cf. 7.24).
JESUS CONHECIA O TEMPO CERTO PARA CADA EMOÇÃO. Havia tempos para chorar. Assim, esse “homem de dores” (Is 53.3) chorou diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.35,38) e derramou as lágrimas do bom pastor pelas ovelhas perdidas de Jerusalém (Lc 19.41-44; cf. Mt 9.36).
Mas havia para ele também momentos para rir e festejar. Ele se regozijou no Espírito Santo quando seus discípulos retornaram de sua primeira viagem missionária, quando começaram a obra do reino (Lc 10.21).
Quando se tratava de relacionamentos pessoais, Jesus sabia quando era hora de PROCURAR AS OVELHAS PERDIDAS e quando era hora DE DESISTIR DOS BODES que se recusavam a ouvir sua voz.
Ele ABRAÇOU os coletores de impostos, as prostitutas e outros pecadores perdidos que sabiam quanto precisavam de um Salvador. Mas Jesus NÃO ABRAÇOU os escribas, os fariseus e outras pessoas orgulhosas que insistiam que já eram justas o bastante para Deus.
Jesus sabia também quando era a hora de FALAR e quando era a hora de se CALAR. Ele falou muito durante os três curtos anos de seu ministério público — contando histórias, explicando a lei, pregando o evangelho.
Jesus cumpriu seu propósito “de dar testemunho da verdade” (Jo 18.37). Mas quando chegou a hora do julgamento de sua vida, ele não falou em sua defesa (Mt 27.14), mas sofreu em inocência silenciosa.
Chegara a hora de ele se manter calado, pois “como ovelha ao matadouro; e, como um cordeiro mudo perante o seu tosquiador, assim ele não abriu a boca” (At 8.32; cf. 1Pe 2.21-23).
Incluindo o dia de sua morte, Jesus conhecia a hora certa para tudo. Ele ainda conhece.
Ele conhece o tempo para AMAR, demonstrando misericórdia para com os pecadores perdidos e necessitados que pedem para que ele seja seu Salvador. Ele conhece o tempo para ODIAR, levantando-se contra o mal e a injustiça.
Ele conhece o tempo para a GUERRA, pois sua igreja luta contra Satanás e contra todos os inimigos de Deus.
Em breve chegará o tempo para a PAZ, quando o Filho de Deus porá “termo à guerra até aos confins do mundo” (Sl 46.9) e trará a paz eterna do reino de Deus do início ao fim, a cronologia de Jesus é perfeita.
A soberania de Deus sobre as estações se manifesta gloriosamente em sua vida e obra salvífica.
5.Remindo o tempo
O exemplo de Jesus nos encoraja a fazer o melhor uso do nosso tempo. Essa é uma das melhores maneiras de evitar a vaidade da vida sem Deus – saber o que fazer com nosso tempo.
O modo como gastamos nosso tempo é o modo que passamos nossa vida. Há um grande mal a ser colhido se não fizermos o bom uso do tempo.
Primeiro porque nós termos que prestar contas do tempo que nos foi disponibilizado.
As coisas precisam ser feitas no tempo oportunizado por Deus. o mau uso do tempo produz o ESTRESSE que é o excesso de presente, a DEPRESSÃO é o excesso de passado, e a ANSIEDADE é o excesso de futuro.
Se somos seguidores de Cristo, então precisamos conhecer a hora, medindo o tempo não só em termos de horas e dias, mas vendo-o como uma oportunidade (Kairós)) de servir a Deus.
Veja três maneiras de aprender com esse poema.
Em primeiro lugar; espere pelo tempo de Deus. Se é verdade que Deus é soberano sobre o tempo e que Jesus sempre faz uso perfeito do tempo, então nós devemos confiar que Deus conhece o tempo certo para tudo.
Essa é uma das razões pelas quais Davi foi capaz de “bendizer o SENHOR em todo o tempo” (SI 34.1): ele sabia que, não importando a hora, Deus ainda estava no controle.
Alguns dos tempos na lista do Pregador estão além do nosso controle — como os tempos do nascimento e da morte, por exemplo, ou os tempos de guerra e paz. Isso vale para muitos eventos na vida: eles fogem ao nosso controle.
A maioria de nós preferiria administrar a sua própria agenda, o que nos leva facilmente a criticar a agenda de Deus.
Mas em vez de perder a paciência ou se antecipar à cronologia de Deus, deveríamos nos apressar a esperar por Deus. Sempre que nos encontramos diante de uma incerteza, devemos esperar por Deus.
Não cabe a nós “conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade” (At 1.7).
Enquanto isso, somos chamados para esperar pela hora de Deus. Devemos esperar como Isaias, que prometeu que aqueles que “esperam no SENHOR renovam as suas forças” (Is 40.31; cf. 30.18), ou como Davi, que disse: “Confio em ti, SENHOR C..) Nas tuas mãos, estão os meus dias” (S131.14-15).
Essas palavras deveriam ser a oração de todo cristão, como o foram também para William Lloyd, quando transformou o salmo de Davi em um hino:
“Nas tuas mãos estão os meus dias; Meu Deus, ali quero que estejam; Minha vida, meus amigos, minha alma entrego Completamente aos teus cuidados.”
Em segundo lugar, viva toda sua vida sabendo que há um tempo para você morrer. Como dizem as Escrituras: “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Você estará preparado quando a hora vier? Muitas pessoas não estão. Quando o Visconde de Turenne foi fatalmente ferido na Batalha de Salzbach em 1675, ele disse melancolicamente: “Eu não pretendia ser morto hoje”.
Uma viúva de 65 anos de idade, de Amsterdã, por sua vez, estava totalmente preparada. Após a morte de seu marido em 2005, ela planejou o seu próprio funeral cuidadosamente, inclusive a música.
Certo dia do ano seguinte, quando foi visitar o local em que seu marido estava sepultado, ela se deitou e morreu ao lado do túmulo da família, talvez em decorrência de um ataque cardíaco. O nome da mulher já estava inscrito na lápide, e seu testamento foi encontrado dentro de sua bolsa.
Seria difícil para toda pessoa estar mais preparada para morrer do que ela estava, mas, na verdade, todos que confiam em Cristo deveriam estar prontos para morrer a qualquer momento, pois o céu é a promessa de Deus para cada cristão.
Você está preparado para a eternidade? Não há tempo a perder. Não importa a hora que seja agora, esta é uma boa hora para entregar a sua vida a Cristo.
Agora é hora de nascer de novo, pois quando se trata de receber o presente gratuito da vida eterna, não há tempo melhor do que o presente:
“eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6.2).
Em terceiro lugar, faça bom uso do tempo que tiver. O tempo é o bem mais precioso que temos. É a moeda impagável que Deus nos deu para fazer a obra do seu reino.
O tempo é um fragmento da eternidade dado ao homem por Deus como uma mordomia solene.
Acontece que o tempo é também uma das coisas mais difíceis que temos para administrar. Todos nós temos a mesma quantia de tempo por dia; a pergunta é como a usamos… ou se a desperdiçamos.
Assim, a Bíblia nos aconselha a usar o tempo com sabedoria, “remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.16).
A melhor maneira de usar nosso tempo é para a glória de Deus e para o reino de Cristo. Mas remir o tempo exige a sabedoria do Espírito Santo.
Há tempos na vida e no ministério para começar algo, para plantar, edificar e dar à luz. Mas há também tempos em que algo deve chegar ao fim — um projeto, um ministério ou uma instituição.
Saber quando é a hora para ARRANCAR E DERRUBAR sempre exige sabedoria, pois estas são algumas das decisões mais difíceis na vida.
Deus nos chama para sabermos a hora certa para REAÇÕES EMOCIONAIS, tanto na vida particular (choro e riso) quanto na vida pública (luto e o festejo).
Ter o coração de Jesus significa saber quando é hora de “chorar com os que choram” e de “alegrar-se com os que se alegram” (Rm 12.15; cf. Jo 16.20).
Precisamos de sabedoria para agendar nossos relacionamentos, sabendo quando é a hora de abraçar alguém e quando é a hora de excluir alguém de nossos planos, das nossas prioridades e, às vezes, até da nossa igreja.
Há tempos em que é importante se levantar para falar uma palavra na hora certa (veja Pv 15.23; 25.11) ou justificar a esperança que há em nós (1 Pe 3.15).
Mas há também momentos para se calar — tempos em que o silêncio vale ouro ou quando é melhor domar a nossa língua (veja o Si 141.3; Pv 27.14; Tg 1.26).
Remir o tempo exige também sabedoria no uso de nossos bens. Há tempos para acumular(poupar) e tempos para espalhar (gastar).
Há tempos para procurar por aquilo que se perdeu, mas há também tempos para parar de procurar e dar algo por perdido.
Há tempos para guardar algo que possamos precisar mais tarde, mas há também tempos para abrir mão daquilo para que outra pessoa possa aproveitá-lo.
Se há “tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1), então remir o tempo exige decisões sábias.
Aprenda a perguntar pela hora. Está na hora de edificar ou de derrubar? Devo abraçar ou excluir?
Isso é algo que Deus quer que eu ame ou odeie? Estou falando porque quero dizer algo ou porque realmente tenho algo a dizer?
CONCLUSÃO.Peça ajuda a Deus, e ele lhe dará a sabedoria para discernir a hora (veja Tg 1.5).
Em breve, Jesus voltará “uma segunda vez” (Hb 9.28), de fato, exatamente na hora certa, na hora que seu Pai determinou (Mt 24.36) — e então o tempo não existirá mais.
Entrementes, oramos para que o Senhor nos abençoe assim como abençoou os filhos de Issacar nos dias de Davi.
Aqueles homens eram “conhecedores da (tempo) época, para saberem o que Israel devia fazer” (1Cr 12.32• cf. Et 1.13).
Para tanto, oramos as palavras atemporais do profeta Moisés: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (S190.12).
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