Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 62 – O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 40). Gn 1:26-28: O legado de John Wesley – Parte 2: a abolição da escravidão humana. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 30/11/2022.
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INTRODUÇÃO:
Em 1887, a escravidão foi abolida oficialmente no Brasil. Oitenta anos antes, o parlamento inglês havia proibido o transporte de escravos e escravas em suas embarcações.
Apesar das primeiras vozes abolicionistas aparecerem já nos séculos 16 e 17 com os anabatistas, que influenciaram os Quarks[1], Petistas e Moravianos que por sua vez tem sua voz mais duradoura em John Wesley e os metodistas.
A pregação de Wesley e sua teologia, o levou a ver o que a maioria dos grandes teólogos de linhas deterministas não conseguiram ver.
No tempo de Wesley, uma forma de hipercalvinismo foi mal-usada para justificar o sistema de classes e manter a desigualdade socioeconômica.
Assim, o seu lugar no mundo, e os problemas dentro da sociedade em geral, eram muitas vezes aceitos passivamente como parte da vontade soberana de Deus1.
A mensagem de Wesley de que ‘todos…posso ser salvo’, e do livre arbítrio humano (livre escolha), e sua rejeição contundente às formas teológicas de fatalismo e determinismo; e sua aceitação do igualitarismo implícito no Arminianismo, injetou esperança e indústria (capacidade para realizar algo) no povo metodista, encorajando-os a assumir a responsabilidade por seu destino.
Não mais se vendo como réprobos, vítimas indefesas de um conspirar para mantê-los pobres, eles foram capacitados com confiança para lidar suas próprias circunstâncias e, além disso, se engajar em uma reforma social mais ampla.2
Em grande medida, os princípios de igualdade e santidade social, manifestam-se na teologia e no ministério de Wesley, dando respostas bíblicas, sensatas e inovadoras à questão da escravidão e da desigualdade racial.
Em vez de aceitar os males sociais como parte da vontade soberana de Deus, ou uma consequência inevitável da queda, então muitos começaram a perceber sua “livre agência” (livre arbítrio); como um potencial para a mudança; e isso despertou uma necessidade de desafiar os problemas como a escravidão.
No entanto, dentro do contexto americano, a ideia de Wesley de uma religião que produz efeitos sociais teria que competir com a noção de que a Igreja e o Estado devem ser mantidos separados.6
Essa tradição política arraigada, combinada com a concepção racista da escravidão endêmica na época, complicou a digestão dos princípios teológicos de Wesley dentro da psique americana (calvinista).
Este sermão explorará a interação entre essas diferentes ideias à medida que pesquisamos Respostas de Wesley e Metodistas Americanos à escravidão.
Enquanto validamos extensivamente a realidade da escravidão e do racismo nos Estados Unidos durante o período Antebellum[2] (antes da Guerra Civil Americana travada em 1861 a 1865 o Sul (escravagista) e o Norte, antiescravagista).
É importante entendermos as perspectivas de John e Charles Wesley sobre a escravidão desde cedo, pois o Pai deles Samuel Wesley era armíniano e antiescravidão.
Isso é necessário porque ajuda a mostrar como a pregação de Wesley e dos metodistas do seu tempo ajudou a forjar os primeiros conceitos evolucionistas.
- A Resposta de Wesley à Escravidão e ao conceito de Raça.
Durante seu tempo na América, principalmente na Georgia em 1735 os Wesleys foram testemunhas em primeira mão dos males da escravidão. Wesley chamou a escravidão da “somatória de todas a vilanias”.
Ele diz que a escravidão que ele presenciou na américa foi a mais terrível que já aconteceu debaixo do sol.
Em seu diário, Charles Wesley relata o tratamento bárbaro do escravo pelos seus proprietários como ‘prática diária sobre seus semelhantes’, incluindo:
“chicotadas, martelando pregos nas orelhas, arrancando os dentes, derramando cera quente, água escaldante sobre sua carne, e até mesmo ‘dando a uma criança negra para ser uma escrava de uma criança branca sua própria idade para ser tiranizada’.
Enquanto cercado por essas ‘instâncias chocantes de crueldade diabólica’ os Wesleys praticaram bondade para com os africanos Americanos.
Eles pregavam aos escravos e quando tinha oportunidade os ensinava a ler. Wesley fez isso no navio de volta à Inglaterra em 1738.
Em seu retorno à Grã-Bretanha, Wesley continuou a apoiar o trabalho evangelístico entre escravos na Virgínia e declarou repetidamente sua crença de que a ‘graça salvadora’ de Deus deve ‘ser dado a conhecer a todos’.11
Em seu diário, ele até afirma que uma mulher cristã africana em uma de suas sociedades é ‘mais cheia’ com o ‘puro amor de Deus’ do que qual quer outro cristão (branco) em sua comunidade.12
No suas notas sobre o Novo Testamento ele chamavam os traficantes de escravos de ‘ladrões de homens’, acreditando ser o pior dos crimes.13
Ele considerou a participação da Inglaterra no comércio de escravos uma vergonha nacional.
- Wesley e o racismo
Wesley acreditava que a escravidão (em todas as suas formas) era irreconciliável com qualquer ‘grau da justiça ou da misericórdia’.15
Wesley não via os europeus como superiores, seus diários muitas vezes registram sua admiração tanto pela virtude de africanos e pela sua aptidão para a instrução e que não eram um povo atrasado.17
Além disso, em sua Ensaio sobre Pecado original (1757) Wesley ele vê que os africanos sejam culturalmente mais atrasados que os europeus, mas isso devido a falta de acesso a instrução. Infelizmente muitos torcem essa fala dele.18
Em seus escritos “Pensamentos sobre a escravidão” (1774) ele descreve que as sociedades africanas, das quais escravos são levados, desenvolveram sistemas políticos e judiciais justos e modernos.19
Ele então conclui que, se tais relatos são verdadeiros, eles são superiores em virtude do comércio de escravos nações como ‘Inglaterra e França’ e que aqueles que buscam ‘honestidade genuína’ deveria ir para ‘Benin, Congo ou Angola’.20
Além disso, há pontos em sua escritos onde Wesley desafia os estereótipos sobre os negros e sugere que a única razão ‘porque uma parte da humanidade tem pele negra, e o outro Branco’ é ‘clima’.
Assim, ele rejeitar a ideia, comum em seu dia, que os brancos são superiores, pois ele enfatiza que, sejam brancos ou Preto, todos nós ‘temos a mesma carne e sangue.
Wesley está avançado que a ciência evolucionista do século 19, que ensinava nas universidades que a raça negra era inferior a branca, como Darwin deixou claro em seus escritos.
- Escravidão e independência americana
O tema da escravidão surge mais frequentemente na controvérsia de Wesley com os defensores da independência da América da Grã-Bretanha.
As colônias pagam impostos sem obter representação política. Assim, alguns defensores da independência argumentaram que ‘todos os americanos são escravos’ porque não têm voz no parlamento britânico.23
Em resposta a este argumento Wesley apontou o seguinte:
“A escravidão é um estado em que nem os bens de um homem, nem a liberdade, nem a vida, estão à sua disposição. Tal é o estado de mil, de dez mil negros nas colônias americanas”.
“E são seus mestres no mesmo estado com eles? na mesma escravidão com os Negros? Eles não têm mais a sua disposição, os seus próprios bens, nem liberdade nem suas vidas?
Sobre os senhores de escravos ele diz:
“Alguém bate neles, ou os aprisiona à vontade; ou os afastam de suas esposas, de filhos ou vidas; e os vendê-los como vacas ou cavalos?
Então Wesley conclui:
Isso é escravidão; não se pode fazer tal afirmação dos americanos, pois eles não estão numa escravidão tal como os negros vivem.
Wesley enviou muitos pregadores para a américa em 1769, que defendiam seus pontos de vista sobre a escravidão.
Embora Wesley não defendia a independência americana, pois ele não era pregador de insurreição contra o governo inglês, e sua pregação, como a de Jesus não incitava uma revolta política.26
Embora ele seja criticado hoje por sua posição e seus pregadores metodistas foram vistos como fantoches do governo britânico.27
Em uma série de folhetos e ensaios Wesley permitiu que seus argumentos contra a escravidão para se entrelaçar com sua CRÍTICA AO REPUBLICANISMO, que ele descreveu como a forma mais ‘despótica’ de governo ‘sob o céu’.28
Wesley viva numa monarquia parlamentarista, e via neste sistema mais justiça do que na democracia; republicana onde teoricamente os três poderes são independentes, vimos isso claramente hoje em nosso país que isso nunca foi verdade.
E que o “poder nunca emana do povo”, pois o povo dificilmente escolhe bem seus representantes e são sujeitos a serem induzidos e enganados.
Mesmo assim, no palavras do proprio metodista Francis Asbury[3], a oposição de Wesley à independência americana fez dele o homem mais ‘detestável’ ‘no [novo] mundo’ e lançou uma sombra colonial sobre o movimento metodista americano.30
Como resultado, muitos pregadores de Wesley foram chamados para casa – diluindo a força de sua antiescravidão perspectiva dentro da hierarquia desta Igreja.31
Com o tempo, isso tornaria o Igreja recém-formada incapaz de enfrentar o leviatã da escravidão institucional.32 Se esses ministros tivessem ficado, talvez a história tivesse sido diferente.
Quando a América finalmente conquistou sua independência da Grã-Bretanha, Wesley reconheceu a separação do Metodismo Americano e do consagrado Thomas Coke (1747–1814) como seu superintendente.
No entanto, os americanos queriam Francis Asbury, então Wesley nomeia os dois.
- A maior das injustiças.
A escravidão talvez seja a maior e mais singular de todas as injustiças sociais da história, principalmente o tipo de escravidão depois da autorização do imperador Carlos V em 1517 para o comercio de escravos.
Quando pensamos em atrocidades humanas, nossas mentes vão para o Holocausto, com seus seis a sete milhões de vítimas judias, além de outras que receberam menos atenção.
Pensamos também na LIMPEZA ÉTNICA (eliminação de grupos étnicos)[4] no século 20 com 2 milhões de vítimas inocentes influenciados pela filosofia do Darwinismo.
Pensamos nos comunistas; Stalin que matou mais de 7 milhões e Mao Tsé-Tung que matou 80 milhões de Chineses; por causa de suas ideologias.
No entanto, a questão da escravidão transcende países ou líderes individuais, ela cobriu mais de 300 anos do século 16 ao século 18, início século 19.
A escravidão negra é única porque se baseou não na guerra ou na limpeza étnica, mas na motivos puramente financeiros. O amor ao dinheiro produziu a escravidão.
O mundo nunca viu tanta riqueza como no tempo da escravidão. Toda a prosperidade do mundo que conhecemos foi construída sobre os escombros da escravidão.
Como a escravidão africana se compara? Não só a escravidão diretamente responsável por cerca de 20 milhões de mortes (para não falar das mortes em vida daqueles que “sobreviveram”), mas seus efeitos posteriores são difíceis de calcular (ou compreender) em números ou influência.
Às vezes perdemos de vista a correlação direta entre escravidão colonial e a guerra civil americana.
Quando vemos a angústia de Abraham Lincoln sobre a provável desintegração da União, devemos não esquecer a causa inseparável da secessão.
Uns duzentos anos antes, quando ninguém via a américa como nada além de colônias, ninguém teria previsto o poder devastador da escravidão para dividir uma nação.
No tempo de Lincoln, não só dividiu a nação, mas foi diretamente responsável por 600.000 mortes na guerra civil.2
Não para por aí. Cem anos depois daquela guerra, o país foi finalmente forçado a abordar os direitos civis dos descendentes da escravidão.
No dia 21 século, esse problema não foi de forma alguma resolvido. Apesar de tentativas legais de coibir suas influências, discriminação e preconceito continuam a surgir e florescer.
Some os fatos: 20 milhões de africanos e mortes de escravos americanos, mais as baixas da guerra civil, mais o assassinato de Abraham Lincoln, além das lutas pelos direitos civis dos últimos séculos.
Não é simples demais colocar tudo isso aos pés de uma causa, a escravidão. Como um câncer horrível, ele espalhou sua malignidade letal a todas as facetas dos organismos das sociedades modernas.
E seus efeitos ainda estão conosco. Tudo isso é o que vem à mente quando a palavra “escravidão” é pronunciada.
Esta é a escravidão que John Wesley conhecia na Geórgia e Carolina. A escravidão foi o mal contra o qual ele pregou e escreveu desde moço até a sua morte com os seus 88 anos em 1791. Quase 100 anos antes do Brasil libertar seus escravos em 1888.
- Wesley e seu legado abolicionista.
Embora não seja o único mal, definitivamente foi o principal problema social/moral. A escravidão foi o mal do século de Wesley. Isso não é mito.
Mas, como acontece com qualquer figura importante ou evento mundial, há realidade e mito.
Muita coisa dita sobre ele não era verdade, outros o interpretam mal, mas ele esteve envolvido nos principais eventos que resultaram na abolição da escravidão humana.
Wesley se opôs à instituição da escravidão. Ele não apenas se opôs aos horrores do tráfico de escravos. Ele condenou os dois. Ele escreveu contra isso e viveu isso. Ele não teve escravos.
Ao contrário de seus contemporâneos Jhonatas Edwards e George Whitefield. Edwards condenava o tráfico de escravos, mas comprava escravos dos navios negreiros.
Withified amigo íntimo de Wesley, usou sua influência para que a Georgia aceitasse a escravidão; para beneficiar seu trabalho com o orfanato que precisava de mão de obra escrava.
Questiona-se se as desavenças entre Wesley eram somente sobre a predestinação, ou se essas tenham ligação direta com a escravidão.
A razão para isto é que muitas pessoas do século XVIII se opunham fortemente à escravatura na questão do comércio de escravos, mas não teve dificuldade moral com a instituição de escravidão, como foi o caso de Jhonatas Edwards e George Whitefield que tiveram escravos.
Wesley se opôs à escravidão, e não foram os abusos que o incomodaram, como muitos dizem. Ele rejeitou os fundamentos filosóficos da própria instituição, por contrariar as Escrituras.
O que é verdade e o que é mito sobre os contemporâneos de Wesley? Como seu amigo John Newton, autor do hino “maravilhosa graça”, foi conhecido como o “comerciante de escravos convertido?”
Na verdade Milton começou comandar navios negreiros depois de sua conversão, mas tarde ele vai dizer que sua consciência não via como errado, isto devido a sua teologia determinista.
Mas o acompanhamento que Wesley fez com Milton o ajudou a entender o mal da escravidão, então ele vai engajar na luta; e escreve sobre os males da escravidão para Ajudar William Wilberforce; a convencer o parlamento inglês.
Wesley era a personalidade mais amada da Inglaterra e ele vai usar todo o seu prestígio para a causa da escravidão.
Ele vai incentivar outros, como um grupo de homens ricos e famosos dos quais Granville Sharp e vários Quarkes vão ajudar a causa de William Wiberforce na sua luta no parlamento para aprovar o comercio de Escravos em 1807.
John Wesley e Charles Wesley vão influenciar William Wiberfoce, dando apoio bíblico e espiritual para que ele não desista de lutar. Wesley escreve uma carta muito encorajadora para ajudá-lo.
- Wesley e os negros.
Um olhar mais atento sobre Wesley e escravidão deve trazer uma compreensão mais clara para estas questões.
Com a ajuda de Wesley e de Milton, a mídia do século 18; começou a expor ao público os horrores do tráfico de escravos. As pessoas se conscientizaram de detalhes de revirar o estômago.
O comércio envolvia o que foi chamado de “rota comercial triangular”.
A primeira etapa envolveu a viagem da Inglaterra para África com mercadorias para trocar com africanos por escravos africanos, muitas vezes prisioneiros de guerra tribal ou vítimas de ataques de escravos.
A segunda etapa trouxe os escravos da África para as Índias Ocidentais ou colônias americanas e foi conhecida como a “Passagem do Meio”, a perna do meio do triângulo.
Na América os escravos eram descarregados e produtos como açúcar, algodão e tabaco foram carregados para a etapa final do triângulo, de volta à Inglaterra.
Uma vez que este era um “negócio” com fins lucrativos, o que um capitão deveria fazer se comida ou a água escasseou?
E se a doença surgisse entre a carga? Doente escravos infectariam outros. Eles não trariam um preço decente ou podem nem ser vendáveis quando chegaram à América.
Tornou-se comum prática, bom senso comercial, lançar tal responsabilidade fiscal ao mar.
Os marinheiros relataram que o Atlântico, da África à América, tornou-se fortemente tubarão infestado por causa da disponibilidade de carne humana. Os portos de as Índias Ocidentais tinham a mesma reputação pela mesma razão.
Um incidente em particular ocorreu em 1781 e expôs o público a essas realidades. Um navio chamado Zong encontrou problemas no alto mares.
A solução calculada do capitão foi descartar cerca de 132 escravos e, em seguida, recuperar a perda das seguradoras. De volta à Inglaterra seria uma questão financeira entre os proprietários do navio e a seguradora.
No entanto, no momento do incidente, um dos escravos conseguiu agarrar-se para uma corda à direita e, sob o manto da escuridão, puxou-se de volta para o navio.
Sem ser detectado, ele se escondeu no porão e completou a jornada, não apenas a Passagem do Meio, mas todo o caminho para a Inglaterra, onde ele contou a seus história.
De repente, como uma perspectiva diferente sobre o incidente e o as seguradoras não estavam dispostas a simplesmente cobrir as perdas. Como a batalha legal prosseguiu, seguiu-se uma consequência maior.
Os jornais divulgaram a atrocidade ultrajante que havia sido cometida. A consciência surgiu: tal tratamento não era incomum neste negócio.
À medida que o público e os indivíduos em posições de formulação de políticas a tais horrores, surgiram dois focos:
Primeiro o tráfico de escravos e a escravidão. O Parlamento começou a abordar a questão do envolvimento da Inglaterra no comércio de escravos.
Para alguns, a questão não era o erro da escravidão. Eles não acreditaram estava errado. O tráfico de escravos era o problema.
Se acabasse, as atrocidades contra os africanos seriam encerrado, ou pelo menos apaziguado por duas razões.
Primeiro, a aquisição bárbara de escravos e o transporte desumano através da Passagem do Meio impediria uma grande fonte de sofrimento.
Em segundo lugar, sem um fornecimento contínuo de novos escravos, os proprietários de escravos seriam forçados a tratar melhor seus escravos para manter sua força de trabalho.
O tratamento amável faria sentido econômico. A escravidão pode ser humana. Para outros, a questão era a própria escravidão.
Mas outros influenciados por Wiliam Wilberforce reconheceram o comercio de escravos como um mal terrível, mas eles também rejeitaram a prática da escravidão, não importa o quão “humano” possa ser.
Por princípio, filosófico ou teológico, a própria instituição da escravidão não poderia ser justificada. Para acabar com a escravidão também acabaria com o tráfico de escravos.
- Wesley condenou a escravidão desde cedo.
Ele estaria ciente do Zong incidente, mas ele também havia encontrado diretamente escravos e anos de escravidão antes na América.
Teria ele se oposto ao tráfico de escravos para tornar a escravidão mais suave? Teria ele visto a escravidão como aceitável sob diretrizes bíblicas, se os escravos fossem tratados adequadamente, especialmente se fossem evangelizado?
Felizmente, podemos ir ao próprio Wesley para encontrar suas respostas. Seu Diário, sermões, folhetos e comentários sobre as Escrituras dão uma imagem clara.
Em nenhum lugar do corpus dos escritos de Wesley há uma declaração em sustentação da escravidão ele sempre a condena.
Embora ele vai atacar mais de frente a escravidão em idade mais avançada, pois nesse momento muita gente estava discutindo o assunto.
Ele já vem trabalhando o tema ao longo sua vida e nem uma vez ele fala favoravelmente a escravidão. Quando enfrenta a escravidão, não deixa dúvidas sobre sua posição.
Ele não dá provas que sua posição mudou e ele continua trabalhando para acabar com a escravidão até sua morte, dezenove anos depois.
O que é notável é que, na idade de sessenta e nove quando a maioria de seus colegas estava inativa ou morta, Wesley exerce grande energia na causa.
Algo o havia inflamado. Não era uma nova convicção de que a escravidão era errada, mas provavelmente uma nova consciência que ele poderia fazer algo a respeito. Ele sentiu que deveria fazer algo sobre isso.
A respeito de sua atual posição, Wesley se opôs veementemente a venda e compra de escravos. Ele é severo ao se referir aos envolvidos no comércio. Ele os chama de “homens… açougueiros e ladrões de homens”.
Ele tem plena consciência de como o comércio é realizado e ora “para que nunca mais roubemos e vendamos nossos irmãos como bestas: nunca os matem aos milhares e dezenas de milhares!”
Ele deduz que o tráfico de escravos é a maior reprovação na história da Inglaterra[5].
Aos envolvidos, ele apela, Você é um homem? Então você deve ter um coração humano… Ele faz você nunca sente a dor de outro? Você não tem simpatia .. . não sentimento de aflição humana, nenhuma piedade para os miseráveis?
Quando você viu os olhos fluindo, os seios arfantes, ou os lados sangrando e membros torturados de seus semelhantes, você era uma pedra, ou um bruto? O que quer que você perca, não perca sua alma:
Nada pode compensar essa perda. Saia imediatamente do horrível comércio: Em todos os eventos, seja um homem honesto.
Ele não é menos claro ou enfático sobre a instituição da escravidão. Ao invés de ver o tráfico de escravos como o problema, sem o qual a escravidão pudesse se tornar leve e aceitável, ele via a escravidão como o condutor do mal”
A todos os que possuíam escravos, ele escreveu: “Você é a fonte que coloca todos o resto em movimento…”
A escravidão em si é indiscutivelmente errada. Independentemente de condições severas ou brandas, os próprios fundamentos da criação e a natureza humana, a lei da natureza, contradizia a escravidão: ”
A liberdade é o direito de toda criatura humana, assim que ela respira o ar vital: e não a lei humana pode privá-lo desse direito.”
Ao olhar para toda a questão da escravidão e do tráfico de escravos, ele disse:
“Eu atingi a raiz desta vilania complicada: eu absolutamente nego que toda escravatura seja consistente com qualquer grau de justiça natural.”
Nada poderia justificar a escravização dos outros, nem a necessidade econômica, a necessidade de uma força de trabalho forte, na justifica vender os africanos como escravos sub-humanos ou bens, “ Nada”.
Ele apelou para quem possuía escravos:
Conclusão:
O movimento de libertação dos Escravos, não começou com os negros já que eles mesmos lucravam com a venda de seus irmãos. Foi uma obra feita por gente que buscava a Deus piedosamente.
Foi uma teologia da livre vontade que levou o mundo a ver o mal da escravidão como ele realmente é. Foi a simples mensagem da cruz que diz que Deus amou o mundo (todos e não somente os eleitos), para salvar todo aquele que crer.
A pregação de que todos podem crer, mudou o mundo e as garantias e liberdades que conhecemos.
[1] Devem ser lembrados o puritano Richard Baxter (1615-1691) que se opunha ao comercio de escravos; e o fundador dos quacres, George Fox (1624-1691). Bénézet (1766, p. 37 e 38; 1772, p. 83-84) lembra dos dois. George Keith (1639[?] 1716) outro quacre, porém expulso em 1694, é autor de outro panfleto contra a escravidão (KEITH, 1693; apud TORPY, 2008, p. 6).
[2] A palavra “antebellum” significa “antes de uma guerra”, e é associado ao período anterior à Guerra Civil americana, quando a escravidão ainda era permitida.
[3] Francis Asbury (20 ou 21 de agosto de 1745 – 31 de março de 1816) foi um dos dois primeiros bispos da Igreja Metodista Episcopal nos Estados Unidos. Durante seus 45 anos nas colônias e nos recém-independentes Estados Unidos, ele dedicou sua vida ao ministério, viajando a cavalo e de carruagem por milhares de quilômetros para aqueles que viviam na fronteira.
Asbury espalhou o Metodismo na América colonial britânica como parte do Segundo Grande Despertar . Ele também fundou várias escolas durante sua vida, embora sua própria educação formal fosse limitada. Seu diário é valioso para os estudiosos por seu relato da sociedade de fronteira, com referências a muitas cidades e vilas da América colonial. https://en.wikipedia.org/wiki/Francis_Asbury, pesquisado em 30/11/2022.
[4] Isso inclui os muitos genocídios pós-1953 e limpezas étnicas do século 20, como as 1.700.000 pessoas mortas por Pol Pot no Camboja em 1975-79, as 1.500.000 pessoas mortas na Etiópia em 1975-78, as 1.000.000 pessoas mortas em Biafra em 1967-70, e as 400.000 pessoas mortas em Angola em 1975-2002, para citar apenas alguns
[5] Wesley, Works, Vol. XI, 145. 6Wesley, Works, Vol. XI, 77, “Pensamentos sobre a escravidão”.