Série de sermões expositivos sobre o livro de Tito. Sermão Nº 05 – O mandamento da pregação. Referência: Tito 1:5. Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 05/06/2019.

INTRODUÇÃO

Os livros acerca da vida da igreja ou de plantação de igreja geralmente falam muito em como organizar ou estruturar uma igreja. Existe no mercado uma profusão de material oferecem planos para a vida eclesiástica saudável. Discute-se muito também a respeito da elaboração de bons cultos aos domingos. Qual é a melhor maneira de organizar pequenos grupos? Quais são os melhores cursos de treinamento? Quais são os melhores métodos de discipulado? Que fatores impedem o crescimento da igreja e como vencê-los? Que sistemas administrativos são os melhores para uma igreja em crescimento?

Em vista de Paulo ter deixado Tito em Creta para que ele “… pusesse em ordem o que foi deixado inacabado…” (v.5), seria lógico esperarmos que a Carta a Tito oferecesse respostas a essas perguntas. Contudo, a carta de Paulo não responde a nenhuma delas. Paulo instrui Tito em como organizar a igreja, mas não fala nada a respeito de estruturas, eclesiologias, sistemas, reuniões ou liturgias.  Não que essas coisas sejam insignificantes. Precisamos de estruturas, reuniões,  e eclesiologias, mas elas são específicas a um contexto.

Não podemos pegar um modelo criado para um lugar determinado em um tempo específico e usá-lo em toda e qualquer situação. Temos de resolver essas coisas dentro do contexto em que estamos.O que é central e universal — e esse é o foco de Paulo —- é DISCIPULAR com o evangelho. A impressão é que Paulo deixa por conta de Tito as estruturas, os processos e as reuniões. O que ele enfatiza em toda a carta é a importância do discipulado centralizado no evangelho. A ênfase está em organizar a igreja pelo discipulado fundamentado na palavra para o ministério.

  1. ORDEM DA IGREJA
  2. A importância da liderança.

Em toda comunidade cristã deve haver a manutenção da ordem. Confusão em uma Igreja é uma calúnia ao nome de Cristo e impedi definitivamente a paz, o poder, a prosperidade e a utilidade da igreja local. A manutenção da ordem da igreja requer o ministério de superintendentes especiais. As palavras presbítero, bispo e pastor, inicialmente parecem se referir ao mesmo ofício – o de superintendente.

Mas ao longo do tempo cada uma delas foi tomando novos significados e funções de acordo com o contexto da necessidade da igreja local. A liderança de tais pessoas deve manter a ordem, não para legislar, mas para amar; não pela imposição de autoridade, mas por uma humilde devoção aos interesses espirituais de todos.

  1. A indicação da liderança.

O primeiro passo imediato para deixar a igreja de Creta em ordem é a indicação de líderes. É isso que a segunda metade do versículo 5 deixa claro: “A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí”. Paulo havia anunciado o evangelho, plantado a igreja e começado a discipular os novos crentes, mas ele foi embora antes de indicar líderes.

Podemos imaginar o motivo para essa atitude de Paulo ao lermos a Primeira Carta a Timóteo, na qual o apóstolo adverte acerca do perigo de indicar pessoas inexperientes para a liderança da igreja. O presbítero não deve “ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o Diabo” (1Tm 3.6).

Assim, o conselho a Timóteo (e a Tito, e ao próprio Paulo) é: “Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro. […] Os pecados de alguns são evidentes, mesmo antes de serem submetidos a julgamento, ao passo que os pecados de outros se manifestam posteriormente” (1Tm 5.22,24).

Temos de observar sem pressa o caráter das pessoas; o tempo revela verdades que nem sempre são óbvias à primeira vista. Portanto, Paulo encarrega Tito de continuar DISCIPULANDO os crentes, tendo em mente a indicação de presbíteros. Esse padrão reflete a atitude de Paulo em sua primeira viagem missionária. Ele e Barnabé anunciaram o evangelho nas cidades de Antioquia, Icônio, Listra e Derbe. “… Então [mais tarde] voltaram para Listra, Icônio e Antioquia […] Paulo e Barnabé designaram-lhes em cada igreja; tendo orado e jejuado eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado” (At 14.21,23).

Observe a estratégia missionária de Paulo nessa cultura Pagã. Primeiro ele anuncia o evangelho (Tt 1.1, 4:) e depois organiza os cristãos em igrejas locais (V.5-9). Sua estratégia é a plantação de igrejas. Seu alvo é espalhar igrejas centradas no evangelho em todo o mediterrâneo, e ele deseja ver igrejas lideradas por presbíteros “… em cada cidade” (v. 5).Devemos nos perguntar: É essa a nossa paixão e meta? Embora, quase não conhecemos cidades, e bairros sem uma igreja evangélica?

Mas há uma carência de igrejas, que sejam fieis ao ensino das Escrituras, e que procurem viver uma vida de piedade e santidade. O que nossa igreja poderia fazer para que em dez anos uma comunidade evangélica bíblica esteja testemunhando de Cristo pelo menos nos principais bairros da nossa cidade?Dessa forma, organizar uma igreja requer a indicação de obreiros.

Contudo, é importante notar que Paulo não está preocupado em estabelecer estruturas e processos específicos. É difícil, por exemplo, extrair desses versículos um MODELO DE GOVERNO eclesiástico (embora algumas pessoas tenham tentado). O interesse maior de Paulo é o CARÁTER, não a estrutura da equipe de liderança; o importante é a função dos líderes, e não sua hierarquia (v. 9).

Quando fala a respeito de liderança, Paulo enfatiza a descoberta de bons discípulos que irão treinar bons discípulos. Ele quer líderes que mostraram ser discípulos fiéis e espera que eles invistam tempo fazendo mais discípulos.O que você espera de um líder? Geralmente esperamos que tenha muitas aptidões — boa pregação, personalidade dinâmica, um toque pastoral, boa estratégia, capacidade administrativa.

No entanto, Paulo está mais interessado no tipo de pessoa que os líderes são. Se você é líder da igreja ou de um pequeno grupo, os versículos 5 a 9 mostram o tipo de líder que deve ser.  Se você não tem cargo de liderança na igreja, esse é o tipo de líder que deve querer ter e (caso você já tenha) então apoiem e apreciam o trabalho deles. Se não, então: orem para que seus líderes sejam assim.

  1. O trabalho da liderança.

Os superintendentes devem ser homens de excelência distinta.  Aperfeiçoando a ordem da igreja. Vejam qual foi o trabalho especial desses pastores. Eram companheiros dos apóstolos, eles deveriam levar à obra do Senhor até a perfeição, tanto preservando o fundamento que havia sido estabelecido pelos apóstolos, quanto construindo mais adiante por sua direção, de onde pararam.

O ministério ficava entre o apóstolo e o pastor: o chamado deste era procedente dos apóstolos, assim como o dos apóstolos era procedente de Cristo. Não obstante muitos defeitos e problemas haviam nestas Igrejas e daqueles grandes; e vemos que na sua constituição, elas eram desprovidas de Pastores que liderassem essas igrejas. No entanto isso não foi negligenciado por Paulo e nem condenado por Tito, como uma igreja antibíblica. Isto nos ensina que não devemos ser precitados em condenar uma igreja, por falta de algumas leis ou governos que não estão no momento de acordo com as orientações das Escrituras.

Muitas igrejas plantadas pelos próprios apóstolos, não se enquadram no nosso modelo de ORTODOXIA. Muitas delas foram supridas doutrinariamente e mudaram anos depois. Outras foram igrejas que eram bíblicas, ortodoxas e exaustivamente ensinadas pelos apóstolos e seus obreiros, mas que se tornaram frias e estéreis, ao ponto de serem ameaçadas pelo próprio Cristo de serem excluídas, e perderem o status de ser igreja. Veja o exemplo da igreja mais ortodoxa, que tinha a melhor teologia, a quem o próprio apostolo Paulo, ensinou tudo o que sabia, ao ponto de dizer eu vos ensinei “todo o conselho de Deus” (At 20.27).

A essa igreja, Paulo colocou seu melhor discípulo, de quem ele fala que sabia tudo de bíblia, que era Timóteo que depois foi substituído por Onésimo. Veja o que Jesus fala a essa igreja poucos anos depois da morte do pastor Timóteo e Onésimo.  Contra você, porém, tenho isto: você abandonou o seu primeiro amor. Lembre-se de onde caiu! Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio. Se não se arrepender, virei a você e tirarei o seu candelabro do seu lugar. (Ap 2:4,5).

  1. O trabalho paciente da liderança

Aprendemos, portanto, que nenhuma Igreja é levada apressadamente para qualquer perfeição. Muitas igrejas levaram anos para encontrarem o caminho da ortodoxia. Os próprios apóstolos, os mestres construtores, com muita sabedoria e trabalho, e muitas vezes por um longo tempo, não conseguiram tais objetivos.

E se eles não tivessem providenciado obreiros para continuar o trabalho deles com muito cuidado e diligencia, tudo se perderia em pouco tempo. Muito barulho eles fizeram para estabelecer os alicerces e preparar o material para o edifício; e ao mesmo tempo trabalhavam, convertendo os homens à fé e batizando-os e os discipulando pelo evangelho.

Mas depois que as pessoas se uniam a uma profissão publica de fé e começavam a fazer parte da igreja visível, ou seja, a igreja local. Então exigia mais cuidado e trabalho, e maior parte foi deixada para a liderança local. Assim como é a construção da casa de Deus, também não é diferente do acabamento de outros grandes edifícios.

Veja com que mão de obra são escavadas pedras da terra? Veja a dificuldade para tirar sua aspereza natural? Veja o suor e força que são gastos antes que o pedreiro possa usar os tijolos e essas pedras? Veja também como é o caso da madeira. E no entanto, depois de tudo isso, esses materiais ficam muito tempo aqui e ali, dispersos e não abrigam nenhuma casa. Até que, pela habilidade de algum construtor habilidoso, eles sejam apropriadamente colocados e unidos em sua estrutura.  Assim, o coração de todo homem, na aspereza natural, é tão duro quanto uma pedra; sua vontade e afeições, como os carvalhos resistentes e nodosos.

Resistindo invencivelmente a todas as dores dos pedreiros e carpinteiros de Deus, até que o dedo de Deus no ministério da pregação do evangelho; venha e faça caminho simples e suave, trabalhando em sua conversão. Isso pela habilidade de algum construtor engenhoso, eles são apropriadamente colocados e presos juntos em sua estrutura.

  1. ORDENANDO PRESBÍTEROS.

O apostolo Paulo, deixou Tito em Creta, e lhe deu autoridade com poderes específicos:

  • Para colocar em ordem as coisas que estava faltando.
  • Para ordenar presbíteros em todas as cidades.

Não podemos nos esquecer que havia limitação para esses atos: “Como eu te ordenei”. Tito não tinha autoridade alguma para fazer nada que não fosse de acordo para a sua comissão dada pelo apostolo, para uma direção especial.

  1. Ministros locais

Os ministros têm trabalho especial e geral. Alguém já disse: QUE O TRABALHO DO MELHOR DE NÓS PRECISA DA REVISÃO DE OUTROS”. Paulo está dizendo: Coloque em ordem, reavalia, revisa tudo, e endireita todas as coisas. Todo grupo de cristãos deveria ter um presbítero-autorizado. Ele diz presbíteros em todas as cidades”. Isto é muito sugestivo, a influência que o Evangelho tinha em todas as cidades Creta, famosa por suas muitas cidades.

O historiador Homero, em um dos seus escritos, menciona que uma das ilhas tinha cem cidades e outra noventa. Pense nas centenas de cidades que deverias haver presbíteros. E muitas dessas igrejas, não se tinha mais que cinquenta pessoas. Mesmo assim tinha que ter pelo menos um presbítero. O movimento de igreja em células deveria olhar para esse texto com mais cuidado. Paulo não está pedindo que Tito, escolha lideres para células.

Ele está ordenando que Tito consagre Presbíteros, com autoridade eclesiástica plena para cada igreja local. Capaz de cuidar de todas as necessidades pessoais de seus membros. Uma mega igreja não atende esse propósito. Por isso ele comissiona Tito para ordenar os presbíteros em todas as cidades.

  1. Consagrando outros.

Nosso próprio Senhor é a única fonte e origem de todo poder ministerial. Ele é o Cabeça da Igreja – ninguém pode tomar posse na Igreja exceto com a Sua autorização. Ele é nosso grande Sumo Sacerdote – ninguém pode servir debaixo dEle, a menos que seja por Sua designação. Ele é o nosso Rei – ninguém pode governar em Seu reino, exceto que eles detêm Sua comissão. Este poder ministerial nosso Senhor conferiu aos seus apóstolos.

Nos Atos dos Apóstolos e em outras partes do Novo Testamento, aprendemos como os apóstolos realizaram essa comissão. O primeiro ato dos apóstolos depois da Ascensão foi admitir outro em suas próprias fileiras. Matias foi indicado e eleito para o lugar traidor Judas. Depois de algum tempo, as necessidades da crescente Igreja exigiram que eles nomeassem oficiais subordinados, mas eles mesmos ainda mantinham o controle principal.

Esses oficiais eram, em primeiro lugar, DIÁCONOS, cujo dever especial era atender à devida distribuição das esmolas da Igreja, mas que também, como aprendemos com a história subsequente de dois deles, que Estevão e Filipe receberam autoridade para pregar e batizar; Em segundo lugar, os PRESBÍTEROS que foram designados para funções ainda mais altas, para serem pastores de congregações, para alimentar o rebanho de Deus e ter a supervisão dele.

Nós lemos sobre os anciãos primeiramente em Atos 11:30. A palavra “ancião”, onde quer que ocorra no Novo Testamento, é uma tradução da palavra grega “presbíteros”. De onde vieram nossas palavras “presbítero” e “sacerdote”, o último por contração. Se a palavra presbítero não tivesse sido traduzida, como as palavras “BISPO” (administrador, supervisor, presidente), “DIÁCONO” (servo) e “APÓSTOLO” (enviado), e aparecesse como “presbítero” ou “sacerdote”, o leitor da bíblia teria sido salvo de muitas heresias e de inferências erradas.

Assim, os apóstolos, a fim de atender as necessidades da Igreja, compartilharam, gradualmente, suas funções com os outros, admitiram outros pela oração e pela imposição das mãos no santo ministério. Mas havia uma prerrogativa que eles ainda mantinham em seu próprio controle, isto é, o poder de ordenar os outros. No entanto, se a Igreja fosse continuada, se a promessa de Cristo fosse cumprida, “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”, esse poder também deve ser transmitido.

E assim descobrimos que o colégio dos apóstolos foi gradualmente ampliado. Um deles foi São Paulo, que recebeu o apostolado, com todas as suas prerrogativas, diretamente do céu. Lucas chamou Barnabé, de apostolo, junto com Paulo. E, finalmente, nas Epístolas Pastorais, chegamos ao último elo da corrente que liga o governo apostólico da Igreja à SUPERINTENDÊNCIA EPISCOPAL que se seguiu.

Quando os apóstolos viajaram por todo o mundo conhecido, estabeleceram Igrejas e ordenaram clérigos (obreiros, presbíteros, pastores) em todas as cidades por onde passavam. Os apóstolos descobriram finalmente que a supervisão de todos os cristãos de quem eram os pais espirituais havia se tornado demais para eles.

Sentiu-se a necessidade de colocar sobre cada igreja um superintendente local que, dentro de um distrito fixo, deve estar armado com plena autoridade apostólica – com poder para governar a Igreja, administrar a disciplina, ordenar o clero e pregar com autoridade (2 Tm 4.2). Quando abrimos as Epístolas Pastorais, descobrimos que era apenas para tal cargo que Timóteo e Tito foram nomeados.

  1. A sucessão dos apóstolos.

E a história nos informa que, imediatamente após os tempos dos apóstolos, a Igreja Cristã em todas as partes do mundo era governada por bispos[1], que afirmavam ser sucessores dos apóstolos, e somente quem tinha o poder de ordenar, com sacerdotes e diáconos sob eles. A tradição afirma, que Tito, foi o bispo de Creta nomeado pelo Apostolo Paulo. Que Tiago, irmão do Senhor foi o Bispo de Jerusalém; Onésimo foi chamado de Bispo de Éfeso, sucedendo a Timóteo[2].

Por que os bispos não guardaram para si o nome de apóstolos, não sabemos; mas provavelmente eles se julgavam indignos de compartilhar esse título com santos eminentes como aqueles que haviam sido chamados por Cristo para serem Seus apóstolos originais. Portanto, adotaram uma designação que tinha menos associações augustas. E então optaram por um clero da segunda ordem.

E por entender mais tarde que essa deveria ser a designação dos 12 discípulo e de Paulo. E que somente eles tinham credencias para isto sendo testemunha da ressurreição. Por mais de 1.500 anos, nenhuma outra forma de governo da Igreja era conhecida em qualquer parte da cristandade. Embora alguns eruditos afirmem que o modelo de governo de igreja bíblico seja um corpo de presbítero, e que isto mudou no segundo século. Mas falta evidencia histórica para essa afirmação.

No livro de apocalipse escrito no inicio do segundo século, usa a identificação “o anjo da igreja”, ou seja o mensageiro, o pregador, ou o Pastor. Como disse certo erudito: “Vire para onde quisermos ir, norte ou sul, leste ou oeste, ou tome qualquer período da história anterior à Reforma, e não podemos descobrir nenhuma porção da Igreja que não fosse governada por bispos, ou onde não houvesse essas três ordens de ministros (Bispo, Presbítero, Diácono)”.

  1. A sucessão na reforma.

Pela boa providência de Deus, na grande crise do século XVI, fomos autorizados a manter a antiga organização da Igreja Cristã. A Reforma nestas ilhas foi o ato da própria Igreja, que, embora rejeitasse a supremacia usurpada do Bispo de Roma, também retornou em outros aspectos à fé mais pura dos tempos primitivos, cuidadosamente mantida inalterada as três Ordens do Ministério.

A reforma protestante, considerou o Titulo de Pastor, mais apropriado, considerando a necessidade do povo de cuidado e ensino autentico das Escrituras. Lutero e Calvino, foram pastores de congregações e ordenaram a outros, para continuarem a colocar em ordem as coisas que ainda precisava e  para ordenar outros a fim de continuar a obra.

Não houve separação do elo que nos ligou aos homens a quem o Grande Chefe da Igreja disse: “Como o Meu Pai me enviou, eu também vos envio.” Que razão abundante temos nós, os ministros e todos os crentes, para serem grato a Deus por isso!  Nós, os ministros, podemos fazer o nosso trabalho sem receio de saber se somos de fato embaixadores de Cristo ou não.

Sabemos que em todos os nossos atos ministeriais Ele está conosco, que Ele está realmente agindo através de nós, e que nossos fracos e indignos esforços para promover Seu reino e glória são apoiados e fortalecidos por um Poder infinito que pode transformar nossa fraqueza em força. E as pessoas também deveriam abençoar e agradecer a Deus que, através de Sua grande bondade para conosco, quando no século XVI provocou uma verdadeira Reforma na religião que voltou ao cristianismo primitivo.

Podemos louvar a Deus, porque pertencemos à própria Igreja fundada pelos apóstolos, e que esta Igreja PROTESTOU contra o ramanismo, e libertou-se da corrupção medieval e salvou-se daquelas superstições degradantes nas quais o cristianismo romano caiu. Que todos nós temos livre acesso aos meios de graça que Cristo designou para o Seu povo; que todos os que creem nele podem participar dos sacramentos o batismo e santa ceia. E que são devidamente ministrados de acordo com a ordenança de Deus.

Você tem um ministério local que pode falar para você em nome de Cristo e ouvir sua mensagem de reconciliação; pois eles foram separados para o seu ofício por Ele mesmo – para quem e para ele todo o poder foi dado no céu e na terra. Que somos “concidadãos com os santos da casa de Deus, e somos edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Jesus Cristo a principal pedra angular”.

  1. A confirmação da igreja.

A consciência limpa de que se tem um ministério válido depende da própria existência de uma Igreja. De um ministério fiel depende do bem-estar de uma igreja. E até que ponto o caráter do ministério depende do povo? Quão amplamente está no poder da igreja local de ajudar o Pastor a fazer escolhas das pessoas que serão separadas para o santo ministério. Eu não estou agora aludindo ao poder direto que as pessoas possuem para impedir a ordenação de um homem indigno.

Considerando as qualificações que o apostolo Paulo, exige do candidato ao ministério, é obvio que o caráter do consagrando deve ser aprovado pela igreja local. É para este propósito expresso que o caráter do ministério depende do povo? É para este propósito expresso que consagrando, como é chamado, do candidato é apresentado numa assembleia anterior à ordenação.

O nome do candidato é publicado e as pessoas são convidadas a objetar se puderem alegar qualquer impedimento. E outra oportunidade do mesmo tipo é dada na própria ordenação. Eu quero agora aludir especialmente às suas orações. “Irmãos, rogai por nós”, foi o pedido fervoroso do apostolo Paulo aos cristãos de sua época, e certamente nós os sucessores dos apóstolos agora precisam ainda mais das orações e da simpatia e confirmação de seus fiéis.

  1. Instruções sobre a nomeação de presbíteros.

(a) Nomeação. É o próprio Tito quem deve nomear esses anciãos em todas as cidades em que as congregações existem. Não são as congregações que devem eleger os superintendentes, (Pastores, presbíteros) e depois sujeitar à aprovação do “delegado” do apóstolo; nem ainda menos Paulo está dizendo que ele deve ordenar qualquer um a quem eles possam eleger. A responsabilidade total de cada nomeação cabe a ele. Qualquer coisa como a eleição popular dos ministros não é apenas não sugerida, é por implicação inteiramente excluída. Considerando a ordenação de Matias. Os apóstolos indicaram dois homens, lançaram sorte e saiu Matias. Por voto comum, significando que a igreja concordou com a indicação dos apóstolos.

(b) Caráter. Ao fazer cada consulta, Tito deve considerar a congregação. Ele deve olhar cuidadosamente para a reputação que o homem de sua escolha tem entre seus companheiros cristãos. Um homem em quem a congregação não tem confiança, por causa da má reputação que atribui a si mesmo ou a sua família, não deve ser nomeado. Desta forma, a congregação tem um veto indireto; pois o homem a quem eles não podem dar um bom caráter não pode ser levado a ser colocado sobre eles.

(c) Necessidade. A nomeação de oficiais da Igreja é considerada imperativa: não é de forma alguma uma opção. E não é apenas um arranjo, uma liturgia, ou simplesmente porque para ser assim que as Escrituras mostram ser.  Ela é uma necessidade imperativa, desejável e via de regra ela deve ser universal. Tito deve percorrer as congregações “cidade por cidade” e cuidar que cada um tenha seus Pastores ou corpo de presbíteros.

(d) Idoneidade. Como o próprio nome indica, esses anciãos devem ser tirados dos homens mais velhos entre os crentes. Em regra, devem ser chefes de família, que tiveram experiência de vida em suas múltiplas relações (esposa, filhos, os de fora) e, especialmente, que tiveram experiência de governar uma família cristã. Isso será alguma garantia de sua capacidade de governar uma congregação cristã. Neste caso a voz da experiencia seria necessária na condução da igreja.

(e) Autoridade. Deve ser lembrado que eles não são meramente delegados, seja de Tito, seja da congregação. A essência de sua autoridade não é que eles são os representantes do corpo de homens e mulheres cristãos sobre os quais eles são colocados. Tem uma origem muito maior. Eles são “mordomos de Deus”. É a Sua casa que eles dirigem e administram, e é Dele que sua autoridade é derivada. Como agentes de Deus, eles têm uma obra a fazer entre seus semelhantes, através deles mesmos, por Ele. Como embaixadores de Deus, eles têm uma mensagem para transmitir, boas novas para proclamar, sempre iguais e sempre novas. Como “mordomos de Deus”, eles têm tesouros para guardar com reverente cuidado, tesouros para aumentar com diligente cultivo, tesouros para distribuir com prudente liberalidade.

CONCLUSÃO

Considerando que domingo é o dia do Pastor. Aqui está o resumo de todo o trabalho pastoral. Colocar em ordem as coisas. Isto por meio da pregação e do ensino, por meio do exemplo, e por meio da aplicação da disciplina bíblica para aqueles que são desobedientes ao evangelho. Ordenar outros, para discipular por meio do evangelho, os crentes, e dar continuidade ao trabalho inacabado.

[1] Oxford Dictionary of the Christian Church, 1997 edition revised 2005, page 211: “It seems that at first the terms ‘episcopos’ and ‘presbyter’ were used interchangeably

[2] Onesimus» (em inglês). Site oficial do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.