Sermão Nº 29 – Cedendo à pressão da multidão. Referência: João 19:17-52
ESTÁ CONSUMADO!
INTRODUÇÃO: O Domingo de Ramos é o começo da Semana da Paixão. Esta sexta-feira vindoura é o dia em que comemoramos a morte de Jesus Cristo na cruz e chamamos de Sexta-Feira Santa.
Você sabe de onde vem essa frase? Por que chamamos esse dia – sexta-feira santa?
A resposta é que nós honestamente não sabemos. Ninguém realmente sabe quando e onde e por que a Crucificação Sexta-Feira chegou a ser conhecida como Sexta-Feira Santa.
A palavra “bom” é algumas vezes usada na Bíblia no sentido de “santo”. Assim, o termo Sexta-Feira Santa pode ser derivado de alguma expressão medieval como a Sexta-Feira Santa.
A palavra bom pode estar relacionada em sua etimologia à palavra Deus. Nossa palavra, Adeus é aparentemente uma contração da frase Deus seja com você.
Assim, o termo Sexta-feira Santa pode ser derivado de alguma expressão medieval como a sexta-feira de Deus. Mas nós não sabemos realmente; a verdadeira fonte do título da Sexta-Feira Santa foi perdida para nós.
Além disso, às vezes nos parece uma frase estranha. Se tivéssemos estado lá, se tivéssemos visto o sangue e o incrível sofrimento humano que ocorreu.
Se tivéssemos visto a crueldade dos homens com outros homens, se tivéssemos ouvido os gritos e testemunhado a tortura do evento, nenhum de nós teria descrito isso como bom.
No entanto, a cruz é o meio pelo qual Deus derramou todas as bênçãos de Sua bondade em nossas vidas, e é por isso que a expressão sexta-feira santa não é inapropriada. É por isso que a cruz tem sido o principal símbolo do cristianismo desde os tempos antigos.
A cruz é central para a Bíblia, central para o plano de redenção de Deus, e central no coração e alma dos cristãos em toda parte. O dia em que comemoramos como sexta-feira santa é o dia mais dramático de toda a história do mundo.
Na exposição de Hoje, eu dividi este texto em 12 partes, sobre a crucificação, morte e sepultamento de Senhor Jesus.
- Jesus carrega a sua cruz (19.17).
Jesus já estava com as forças esgotadas. Desde a noite anterior, estivera preso, sendo castigado pelos judeus. Na sexta-feira da Páscoa, Jesus, o Cordeiro de Deus, é cuspido, torturado e escarnecido.
Do pretório romano, por pressão das autoridades judaicas e por covardia e conveniência de Pilatos, Jesus sai carregando o maldito lenho pelas ruas estreitas e apinhadas de gente de Jerusalém.
A multidão enlouquecida e influenciada pelos seus líderes religiosos grita desenfreadamente palavras de escárnio ao Filho de Deus.
Os soldados romanos, sem nenhuma misericórdia, açoitaram aquele que já havia sofrido com um desmedido rigor (19.16,17).
Aos empurrões e chibatadas, Jesus carrega a cruz rumo ao monte da Caveira. Jesus é “levado” para o local da execução, mas não como uma vítima relutante, obrigada a ir aonde por si mesmo não iria; ele acompanha seus carrascos por vontade própria e carregando pessoalmente a cruz.
Aquele lenho não era apenas um instrumento de execução, mas um emblema. O mais perverso instrumento de pena de morte transforma-se no símbolo do cristianismo, pois naquela cruz Jesus carregou em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados (1Pe 2.24).
Jesus não caminha para o Calvário como uma vitima impotente, como um derrotado pelo sistema. Ao contrário, caminha como um rei caminha para sua coroação.
- Um justo entre os malfeitores (19.18).
A crucificação era o mais cruel e sórdido dos castigos. Consistia em fixar os braços ou mãos da vitima no travessão para então içá-lo até que ele ficasse em cima da estaca vertical, na qual seus pés eram afixados.
As mãos e os pés eram presos à madeira com pregos. Dores lancinantes, cãimbras insuportáveis, asfixia atordoante e sede implacável torturavam as vítimas expostas ao mais vexatório espetáculo de horror.
De acordo com Cícero, estadista e filósofo romano, a crucificação era o mais cruel e vergonhoso dos castigos.
Essa forma de pena capital era reservada aos criminosos mais sórdidos, especialmente os que instigavam insurreições.
No topo da montanha da Caveira, três cruzes foram suspensas. Do lado direito e esquerdo de Jesus, foram crucificados dois ladrões (Mt 27.38), dois malfeitores (Lc 23.33).
A cruz de Jesus estava no meio, porque o reputavam como o maior criminoso, condenado por crime de blasfêmia e sedição, e também porque em Jesus todos os homens são julgados.
O ladrão e malfeitor da direita arrepende-se na última hora, e é salvo, O ladrão e malfeitor da esquerda permanece impenitente, e perece.
A morte de Cristo foi o mais horrendo crime. Judeus e gentios, religiosos e políticos, uniram-se para condenarem Jesus.
Pedro denunciou as autoridades judaicas por matarem o autor da vida (At 3.15) e o crucificarem por mãos de iníquos (At 2.23).
O local da crucificação, era também conhecido como Lugar da Caveira (Mc 15.22). Naquele tempo, os criminosos condenados á morte de cruz não tinham o direito a um sepultamento digno.
Muitos deles eram deixados apodrecendo na cruz. Talvez o monte tenha recebido esse nome não apenas por causa da sua aparência de caveira, mas, também, por causa do horror de haver sempre ali corpos putrefatos. A dor física da crucificação.
A morte de cruz era a forma de os romanos aplicarem a pena de morte. Os judeus consideravam maldito aquele que fosse dependurado na cruz (GI 3.13).
A pessoa morria de câimbras, asfixia e dores crudelíssimas. A morte vinha por sufocação, esgotamento ou hemorragia. Já se disse que a pessoa crucificada, “morre mil mortes”.
A dor moral e espiritual da crucificação. Jesus foi escarnecido como profeta (Mc 15.29), como Salvador (Mc 15.31) e como Rei (15.32). Ele foi crucificado entre dois ladrões como um criminoso.
Foi despido de suas vestes, que acabaram sendo repartidas pelos soldados. Foi zombado quando pregaram em sua cruz a acusação que o levou à morte (Mc 15.26).
Toda a multidão que estava aos pés da cruz, desprezou a graça maravilhosa de um Deus bendito. Eles não se aperceberam que aquele era o maior ato de amor e graça de toda a existência.
- Um rei que é crucificado (19.19-22).
Era comum, naquela época, afixar no cimo da cruz, o crime pelo qual o réu estava sendo executado.
Para escarnecer dos judeus, Pilatos manda instalar uma placa com o título: Jesus Nazareno, rei dos Judeus.
Pilatos fez isso com grande ironia, significando que o único rei, ou libertador, do qual os judeus, sob a dominação de Roma, se podiam gabar, ou tinham de aguardar, era um paciente desamparado, impotente, a morrer como malfeitor.
Pilatos mandou escrever esse título em HEBRAICO, LATIM E GREGO. Ou seja, as línguas da religião, da política e da filosofia. Quando os principais sacerdotes tentaram demover Pilatos a fim de mudar a frase para:
Ele [Jesus] disse: Sou o rei dos judeus, o governador romano, já contrariado com esses líderes, não aquiesceu e manteve sua posição, afirmando: O que escrevi, escrevi (19.22). Pilatos sem saber estava pregando o evangelho para todas as nações.
- A Honra de um homem santo (19.23,24)
Para cumprir as profecias, os soldados que crucificaram Jesus tomaram suas vestes e sua túnica. A lei romana dá aos soldados o direito de ficar com as roupas do crucificado.
As vestes representam a honra de uma pessoa. E os soldados estavam tentando destruir toda a reputação de Jesus.
Naquele tempo as pessoas eram crucificadas com o mínimo de roupa possível, para acrescentar ainda mais o sentimento de vergonha e repugnância das pessoas.
Então eles dividiram suas vestes (19.23). Os soldados tomaram as vestes de Jesus e fizeram quatro partes, uma parte para cada soldado.
Depois sua túnica foi sorteada (19.23,24). Essa túnica por certo foi feita pela sua mãe, pois logo em seguida ele olha para sua mãe.
A túnica que ficava por cima de roupa, representava a autoridade de alguém. E a túnica de Jesus era sem costura. Josefo diz que a túnica do sumo sacerdote era perfeita, e não havia costura.
Como inteiro era seu caráter, sem nenhuma costura ou emenda, também era inteira e sem costura sua túnica.
Os soldados não a rasgaram nem a dividiram; antes, lançaram sortes para ver quem ficava com ela. Isso para cumprir a profecia de Salmos 22.18.
- As Palavras finais de um homem de família (19.25-27).
Embora Jesus nunca tenha se casado, e não tinha uma família, mas ele era um homem de família. Ele se preocupa com os cuidados de sua mãe.
Está é a primeira vez que vemos Jesus chamar Maria de mãe. Ele a chama de Mulher, que significa literalmente “querida mulher”.
O velho Simeão havia profetizado que a alma de Maria seria traspassada por uu-na espada (Lc 2,35). Esse dia chegou. Maria está junto à cruz com outras mulheres vendo o indescritível sofrimento de seu filho.
Maria foi a primeira a beijar aquela fronte agora coroada de espinhos. Foi a primeira a segurar aquelas mãos agora presas ao lenho. Não há registro, porém, de nenhum pranto histérico nem de um desmaio por parte de Maria.
Ela estava junto à cruz. A multidão zombando, o ladrão crucificado à esquerda insultando, os sacerdotes escarnecendo, os soldados endurecidos indiferentes. O Salvador sangra e morre, e ali está sua mãe contemplando a horrível zombaria.
Em todos os anais da história da nossa raça, não há nenhum paralelo. Que coragem transcendente! Ela permaneceu junto à cruz de Jesus.
Mesmo cravado naquele leito vertical da morte, suspenso entre a terra e o céu, Jesus estava no controle da situação.
Vendo sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher; aí está o teu filho. Então disse ao discípulo: Aí está tua mãe. E, a partir daquele momento, o discípulo manteve-a sob seus cuidados (19.26,27).
Essa é a terceira palavra de Jesus na cruz. Demonstra seu cuidado com a mãe, seu zelo corno filho.
Na cruz, contemplamos seu terno cuidado e solicitude para com sua mãe, e nisso temos o padrão de Jesus Cristo apresentado a todos os filhos para que eles o imitem, ensinando-lhes como se portar para com seus pais de acordo com a leis da natureza e da graça.
- Um sofrimento demonstrado (19.28-30)
A crucificação era a mais horrenda forma de pena. Jesus demonstra este tormento quando pede para satisfazer sua sede.
Depois de torturado, o criminoso era pregado na cruz, exposto ao calor do dia e ao frio da noite. O sangue esvaía, as câimbras torturavam, a asfixia sufocava, e a sede era esmagadora.
Em vez de aliviarem sua sede, deram-lhe vinagre para agravá-la ainda mais. Esta foi a quinta palavra de Cristo na cruz: Estou com sede.
Essa declaração retrata tanto a perfeita humanidade como a profundidade do sofrimento de Cristo na cruz.
Nas horas da noite anterior e durante todo aquele dia, a eternidade foi condensada. Todavia, durante todo o episódio, nem uma única palavra de murmuração passou em seus lábios.
Não havia queixa alguma, nenhum rogo por misericórdia. Todos os seus sofrimentos foram suportados em augusto silencio. Como uma ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca (Is 53.7).
Mas, agora, com o corpo arruinado, todo dorido, e a boca ressecada, ele clama: Estou com sede.
Não foi um apelo por compaixão, nem um pedido pela mitigação de seus sofrimentos; ele expressou a intensidade das agonias pelas quais estava passando.
Vemos, ainda, nesta palavra de Jesus na cruz, sua profunda reverência pelas Escrituras: […] sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse; Estou com sede (19.28).
Ele já estava pendurado naquela cruz havia seis horas, passando por sofrimento sem paralelo; contudo, sua mente estava clara, e sua memória, intacta. Ele revisava o escopo todo da predição messiânica.
As Escrituras precisavam se cumprir. Vale destacar, ainda, a plena submissão do Salvador à vontade de seu Pai. Jesus suportou o castigo atroz e a sede severa não porque estava desprovido de poder para satisfazer sua necessidade.
Ele suportou toda essa agonia para cumprir cabalmente a vontade do Pai, dando sua vida em nosso resgate!”
- Um trabalho completado (19.30).
Quando Jesus tomou o vinagre, disse: ESTÁ CONSUMADO. Na língua grega, essa é uma única palavra: Tetélestai. E uma palavra de vitória.
Aqui o cumprimento de todas as profecias que foram escritas sobre Cristo antes que viesse a morrer; o término do seu sofrimento; o objetivo da encarnação alcançad.
A realização da expiação; a remissão dos nossos pecados; o cumprimento das exigências da lei; a satisfação da justiça divina; a destruição do poder de Satanás.
A palavra grega Tetélestai tinha três significados básicos:
(a) Missão cumprida. Quando um pai encarregava seu filho de uma tarefa, o filho, ao conclui-la, chegava para o pai e dizia: Tetélestai (“Está terminado o meu trabalho”).
O Pai enviou Jesus, o seu Filho unigênito, ao mundo com a missão de cumprir a lei por nós e morrer em nosso lugar, levando sobre o seu corpo no madeiro os nossos pecados e adquirindo para nós eterna redenção.
Jesus se fez carne e habitou entre nós. Viveu como um de nós, mas sem pecado. Sentiu fome, sede, cansaço, dor, fadiga. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Não nasceu num berço de ouro, mas num estábulo de animais.
Que andou nas estradas empoeiradas da Palestina. Não veio para ser servido, mas para servir. Andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos do diabo.
Curou os cegos, levantou os aleijados, purificou os leprosos, ressuscitou os mortos e deu esperança àqueles que estavam escorraçados pela vida.
Libertou os cativos, alforriou os prisioneiros do pecado e arrancou da casa do valente os que viviam no reino das trevas.
Veio como nosso libertador, Salvador e Senhor. Tomou o nosso lugar. Veio como representante e fiador. Foi à cruz por nós. Morreu em nosso lugar, em nosso favor.
Cumpriu cabalmente esse plano eterno e, no topo do Calvário, bradou aos céus e proclamou ao Pai: Tetélestai (“Está consumado!”). Minha missão foi concluída.
(b) Pagamento definitivo. Quando um devedor ia pagar o seu débito numa agência bancária, ao saldar toda a divida, a promissória era carimbada: Tetélestai (“Está pago!”).
Quando Cristo foi à cruz, ele rasgou o escrito da divida que era contra nós e o encravou na cruz. Ele pagou a nossa dívida e quitou o nosso débito. Nossa dívida com Deus era impagável.
Todos estamos aquém das exigências da lei. A lei exige perfeição total, e nós somos imperfeitos. Jamais poderíamos cumprir a lei ou satisfazer as demandas da justiça divina.
Mas o que não podíamos fazer, Cristo fez por nós. Agora, em Cristo, estamos quites com a lei de Deus. Agora, as demandas da justiça divina foram satisfeitas. Agora, fomos justificados pelo sangue de Cristo.
Agora, já nenhuma condenação há mais para aqueles que estão em Cristo Jesus. Estamos perdoados. Estamos justificados.
Não pesa mais sobre nós a culpa dos nossos pecados. Jesus se fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus.
Não apenas nossos pecados foram perdoados, mas toda a infinita justiça de Cristo foi depositada em nossa conta. Temos um crédito infinito diante do tribunal de Deus. Somos ricos.
Estamos protegidos com as vestiduras alvas da justiça de Cristo. Podemos ter ousadia e confiança de nos aproximarmos do trono de Deus.
Cristo é o nosso advogado e intercessor. Com o seu sangue, eles nos reconciliou com Deus. Ele é a nossa paz, o nosso resgatador.
(c) Posse definitiva. Quando uma pessoa comprava um imóvel, após efetuar todo o pagamento, recebia uma escritura definitiva com o carimbo: Tetélestai.
Quando Cristo bradou na cruz: Está consumado, ele nos entregou o certificado, a garantia e a escritura registrada da nossa posse de uma herança eterna, incorruptível e gloriosa no céu.
Agora, tornamo-nos filhos de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. Agora, as riquezas insondáveis de Deus são nossas. Os céus nos pertencem por herança.
O céu é a casa do Pai, o nosso lar, a nossa morada, a nossa Pátria. O céu não é apenas uma vaga possibilidade, mas urna realidade concreta.
Não é apenas uma esperança vazia, mas uma convicção inabalável. Cristo comprou-nos com o seu sangue. Abriu para nós um novo e vivo caminho para Deus. Entrou no céu corno o nosso precursor.
Ele é a porta do céu, o caminho para Deus, o galardoador daqueles que o buscam.
- Uma entrega completa (19.30)
Jesus demonstra sua serenidade e rende seu espírito (19.30). Essa é a sétima e última palavra de Cristo na cruz. É a palavra do contentamento.
Foi também o ultimo ato do Salvador antes de expirar, um ar de plena confiança, serenidade e segurança no Pai.
Vemos aqui o Salvador outra vez de volta à comunhão com o Pai. Por mais de doze horas, Jesus estivera nas mãos dos homens (Mt 17.22,23; 26.45).
Voluntariamente o Salvador havia se entregado ás mãos dos pecadores e agora, voluntariamente, ele entrega seu espirito nas mãos do Pai.
Até na hora da morte Jesus está no controle. Seu espirito não lhe foi tornado; ele mesmo rende seu espirito. Ele voluntariamente se entrega ao Pai.
- Uma Escritura cumprida (19.31-37).
Uma expressão que aparece repetidas vezes neste texto é: Para que se cumprisse a Escritura (19.24, 28, 36,37). Isso mostra que nada daquilo era obra do caso, mas o plano perfeito desde a eternidade.
O próprio pedido dos judeus (19.31). Os judeus eram muito zelosos com sua preparação para o sábado. Por isso, voltam a Pilatos com mais um rogo.
Querem sepultar logo os crucificados e, para isso, é preciso quebrar as pernas deles a fim de que morram mais depressa.
A ação dos soldados (19.32,33). Aqueles que foram crucificados à direita e à esquerda de Jesus ainda estavam vivos e tiveram suas pernas quebradas.
Mas, quando o soldado foi quebrar as pernas de Jesus, constatou que ele já estava morto e, assim, suas pernas não foram quebradas. Isso aconteceu para se cumprir a profecia (Êx 12.46; Nm 9.12; SI 34.20).
No cumprimento das profecias (19.36,37). Duas profecias precisavam se cumprir.
A primeira é que os ossos de Jesus não seriam quebrados (Sl 34.20), e a segunda é que aqueles que o traspassaram hão de ver Jesus em sua glória (Zc 12,10; Ap 1.7).
- Uma morta constatada (19.34,35).
Quando o soldado abriu o lado do corpo de Jesus com uma lança, logo saiu sangue e água. Aquele que viu isso testificou a verdade e reconheceu que Jesus é o Filho de Deus (Mt 27.54).
A explicação fisiológica pode ser que a morte de Jesus resultou da ruptura do coração em consequência de grande dor e agonia mental (SI 69.20).
Uma morte assim seria quase instantânea, e o sangue, ao fluir para o pericárdio, coagularia em coágulos vermelhos (sangue) e soro límpido (água).
Esse sangue e água (soro) então teriam sido liberados pela abertura feita pela lança. Demonstrava a falência de todos os órgãos internos.
Demonstrando que o extremo castigo a que o corpo de Jesus foi submetido, sugou todo o sinal de vida que possuía.
E a certeza de sua morte é testemunhada pelo soldado, e por João, que diz que seu testemunho da morte de Jesus é verdadeiro; “para que vós o creais”
Essa simbologia, tem sido muito debatida; pode significar, os sacramentos: Agua; o batismo, e o Sangue; a Santa Ceia.
Outros[1] acreditam na possibilidade de uma simbologia nesses dois elementos: o sangue se refere à justificação, e a água, á purificação. O sangue trata da culpa do pecado; a água tira a mácula do pecado.
- Um discípulo na morte (19.38-42)
Supreendentemente aparece alguém na cena; José de Arimateia (19.38). Mateus nos dá três informações sobre esse homem: ele era de Arimateia, cidade dos judeus, rico e discípulo de Jesus (Mt 27.57).
Marcos nos dá duas informações novas sobre ele: era um ilustre membro do Sinédrio e esperava o reino de Deus (Mc 15.43).
Lucas nos oferece, também, duas informações novas: era homem bom e justo; e não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros membros do Sinédrio acerca do processo e condenação de Jesus (Lc 23.50,51).
João, porém, nos dá uma informação extra. Diz que ele não teve coragem para assumir seu posicionamento acerca de Cristo publicamente, com medo de retaliação (19.38).
Esse homem é quem vai a Pilatos reivindicar o corpo de Jesus para ser sepultado. Pela lei romana, os condenados à morte perdiam o direito á propriedade e até mesmo o direito de serem enterrados.
Frequentemente, o corpo dos acusados de traição permanecia apodrecendo na cruz. E digno de nota que nenhum parente ou discípulo tenha reivindicado o corpo de Jesus.
José de Arimateia empregou a palavra grega soma para pedir o corpo de Jesus. Pilatos o cedeu, usando a palavra grega ptoma.
A primeira palavra fala acerca da personalidade total, fato que implica o cuidado e o amor de José de Arimateia.
A palavra usada por Pilatos dá ao corpo apenas o significado de cadáver ou carcaça. Essas diferentes palavras representam diferentes atitudes acerca da vida e da morte.”
John Charles Ryle diz que outros tinham honrado e confessado nosso Senhor quando o viram fazendo milagres, mas José o honrou e confessou ser seu discípulo quando o viu frio, ensanguentado e morto.
Outros tinham demonstrado amor a Jesus enquanto ele estava falando e vivendo, mas José de Arimateia demonstrou amor quando ele estava silencioso e morto.
Outro discípulo oculto é Nicodemos (19.39, 40). Nicodemos era fariseu, um dos principais dos judeus (3.1) e mestre em Israel (3.10).
Foi ter com Jesus de noite e provavelmente se tornou, à semelhança de José de Arimateia, um discípulo oculto de Jesus.
Esses dois homens, José de Arimateia e Nicodemos, não tiveram a coragem de assumir suas convicções e deixaram de dar seu apoio e estímulo ao mestre quando vivo; agora aparecem para lhe prestar a Ultima homenagem depois de morto.
Trata-se de duas autoridades, homens de posição social e prestígio: José de Arimateia deposita o corpo de Jesus em túmulo novo, de sua propriedade; e Nicodemos envolve-o numa profusão de 45 quilos de ricas especiarias.”
Nicodemos, que começou confuso no meio da noite (3.1-15), terminou confessando sua fé abertamente em plena luz do dia (19.39,40):
- Um tumulo no jardim (19.41,42).
Próximo ao monte da Caveira onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e ali, em um sepulcro novo, depositaram o corpo de Jesus. Providencialmente ali perto tinha um jardim, com um tumulo; que poesia divina!
Jesus foi sepultado nesse túmulo novo (19.42). Cavado na rocha, perto do Gólgota. Por certo era o tumulo de propriedade de José de Arimatéia.
CONCLUSÃO: Esse é o evento mais extraordinário da História, como você gostaria que esse evento, pudesse mover você?
Alexander Solzhenitsyn foi um dos maiores heróis literários do século XX. Ele escreveu “O Arquipélago Gulag” sobre os terrores dos campos de trabalhos forçados soviéticos, e ele mesmo escreveu por experiência própria.
Quando jovem, ele foi preso no gulag e forçado a trabalhar dias intermináveis com o trabalho árduo, enquanto os guardas lentamente o mataram de fome. Um dia, Solzhenitsyn disse, a falta de esperança o superou.
Ele parou de trabalhar, largou a pá e caminhou lentamente até um banco e sentou-se. Ele sabia que a qualquer momento um guarda o ordenaria e, se ele falhasse em responder, seria espancado até a morte, provavelmente com uma pá.
Ele tinha visto isso acontecer muitas vezes. Como ele se sentou lá, esperando, de cabeça para baixo. De repente ele sentiu uma presença. Ele olhou para cima e havia um homem velho com um rosto enrugado que não continha expressão alguma.
O homem abaixou e com seu bastão, ele desenhou algo na areia aos pés de Solzhenitsyn. Foi o sinal da cruz. Enquanto Solzhenitsyn olhava para aquele símbolo, toda a sua perspectiva de alguma forma mudou.
Ele sabia que ele era um homem contra o Império Soviético, mas também sabia que a esperança para toda a humanidade era representada pela simples cruz de um homem que se opôs à história do mundo e triunfou.
Levantando-se, Soljenitsyn pegou sua pá e voltou ao trabalho, sem saber que um dia seus escritos sobre a verdade e a liberdade iriam inflamar o mundo. Como a cruz influencia você?
Gálatas 6:14 , o apóstolo Paulo disse: “Deus me livre de eu gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo” (NKJV)
[1] Warren Wiersbe