Sermão 15 – Referência: João 7. 1 -53

INTRODUÇÃO: Todos nós gostamos de festa. Essa é a terceira referência que esse evangelho faz de Jesus numa festa. No casamento em caná (Jo. 2)

Durante uma festa em Jerusalém, Jesus curou o homem paralítico num dia de sábado, e isso precipitara uma onda de perseguição contra Jesus (5.16). Agora, outra festa se aproxima, a festa dos tabernáculos (7.2).

Jesus, como cumpridor da lei, devia frequentar as festas religiosas de seu povo. Os requerimentos para essa festa estão descritos em Levítico 23 e Deuteronômio 16.

Levítico 23.34 diz que a festa devia durar sete dias. Haviam três aspectos básicos nessa festa[1]: as atividades de Deus no passado, presente e futuro.

A festa dos tabernáculos relembra-nos a intervenção sobrenatural de Deus na libertação do seu povo da escravidão no Egito. Deus demonstrou seu poder sobre os deuses do Egito. Deus revelou seu braço forte abrindo o mar Vermelho.

Providenciou durante quarenta anos maná do céu e água da rocha. Dirigiu seu povo durante o dia por uma coluna de nuvem e durante a noite por uma coluna de fogo.

Nesses quarenta anos, eles habitaram em tendas, e Deus os protegeu, os abençoou e os conduziu. Os judeus, nos dias de Jesus, celebravam essa festa no final das colheitas para agradecer a Deus sua provisão.

Habitavam em cabanas para relembrar como Deus os havia protegido na peregrinação pelo deserto.

Separavam-se do conforto para habitar em tendas improvisadas com vistas a se identificarem com os peregrinos do passado e demonstrarem que sua alegria estava em Deus, e não no conforto dos bens materiais.

Os hebreus[2] davam a essa festividade o nome de festa das tendas (sukkôth) porque durante toda a semana de duração as pessoas viviam em barracas feitas de galhos e folhas (Lv 23.40-43), construídas pelos moradores das cidades no quintal ou sobre o telhado plano das casas.

Muitos judeus de regiões distantes da Palestina e da Dispersão iam a Jerusalém para a festa, que marcava uma das três grandes peregrinações do ano judaico.

No entanto, essa festa também apontava para o futuro, para aquele glorioso dia em que Deus armará sua morada definitiva com os remidos, quando, então, veremos nosso Senhor face a face (Ap 21.1-4).

Cada um dos aspectos dessa festa pode ser relacionado a um fato bíblico importante.

A primeira[3] área se refere a dedicação do templo de Salomão ocorrida durante essa festa (2Cr 7.1-10). Por causa disso, o povo associava essa festa ao retorno da glória de Deus ao templo (2Cr 7.1-3).

Essa expectativa cumpriu-se em Cristo, pois aquele que é a própria glória de Deus em carne estava no templo.

Outra tradição ligada a essa festa era a cerimônia da libação da água. Isaías 12.3 era uma profecia messiânica, mostrando que, quando o Messias viesse, o povo tiraria com alegria água das fontes da salvação.

Havia, portanto, em cada dia dessa festa, a expectativa de que Deus lhes daria a água viva. Foi no auge dessa festa que Jesus clamou: […]

“Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim” (João 7.37,38).

Mais uma vez, Jesus é o cumprimento dessa festa! Finalmente, a essa festa é associada outra tradição, chamada de “a cerimônia da iluminação do templo” e representada pelo candelabro.

Jesus também cumpriu esse aspecto, ao afirmar: Eu sou a luz á mundo (8.12). E ele não apenas afirmou essa verdade, mas a demonstrou, curando um homem cego de nascença (9.1-7), milagre que os judeus acreditavam que só Deus poderia realizar.

Resumindo: Os judeus tinham três festas principais: a Páscoa, o Pentecostes e a festa dos tabernáculos.

Todo o enredo do capitulo 7 está ligado à última, a festa em que o povo, durante uma semana, desabalava de todos os cantos para Jerusalém, habitando em tendas improvisadas, para agradecer a Deus pelas colheitas e pelo livramento e, ao mesmo tempo, renovar sua esperança messiânica.

Em concordância com a visão de

Dividiremos[4] esse texto em quatro pontos distintos: antes da festa (7.1-13), durante a festa (7.14-36) e o último dia da festa (7.37-52) e depois da festa (7.53)

  1. Antes da festa (7.1-13)

Nas vésperas da festa dos tabernáculos, Jesus ainda andava pela Galileia, uma vez que não desejava subir a Judeia porque os judeus procuravam matá-lo.

Jesus tinha plena consciência de que os judeus não poderiam matá-lo antes da hora; entretanto, não queria expor-se desnecessariamente.

Dois fatos nos chamam a atenção nesse período.

(a) A incredulidade dos irmãos de Jesus (7.3-5). José e Maria tiveram filhos (Mt 13.55, 56; Mc 6.1-6), que eram, portanto, meios-irmãos de Jesus.

Certamente, esses irmãos de Jesus não são “irmãos” no sentido espiritual (como em 20.17), porque o versículo 5 afirma explicitamente que eles não acreditavam nele.

Os irmãos de Jesus não acreditavam em Jesus, embora, a essa altura, já tivessem percebido que suas afirmações e suas obras não eram de um homem comum.

O raciocínio mundano deles era o seguinte: Se Jesus de fato era quem dizia ser, então devia proclamar e demonstrar isso publicamente, para receber o reconhecimento.

Os irmãos de Jesus pensavam que uma pessoa pública que quer avançar deveria causar impacto na capital.

Para os irmãos de Jesus, parecia inacreditável que alguém que tivesse certeza de ser o Messias evitasse intencionalmente a publicidade.

Ninguém que desejasse ser uma personagem pública permaneceria na obscuridade. Jesus deveria se mostrar ao mundo, e, com isso, eles queriam dizer a todo o mundo.

Os irmãos de Jesus queriam que ele fizesse uma demonstração; mas, essa demonstração se prestaria a motivos corruptos (6.14,15), em vez de assegurar fé genuína (2.23-25; 4.48).

Provavelmente, os irmãos de Jesus já soubessem da deserção dos discípulos que seguiam Jesus após seu discurso sobre “comer sua carne e beber o seu sangue” (6.60-66) e viram nessa subida a Jerusalém uma possibilidade de retomar seu prestigio.

Os irmãos de Jesus estavam subindo a Jerusalém para comemorar uma festa religiosa; no entanto, não aceitavam o próprio Messias, Como é fácil seguir as tradições sem assimilar a verdade eterna!

As Escrituras deixam claro que os irmãos de Jesus só se tornaram seus seguidores após a ressurreição (At 1.14), e isso porque Jesus se revelou a, pelo menos, um deles pessoalmente (1 Co 15.7).

(b) O tempo certo para agir. (7.6-10).

Jesus tinha plena consciência do seu tempo, da sua hora. Ele andava segundo a agenda do mundo. Ele andava segundo o cronograma do céu.

Estava totalmente sintonizado com o plano do Pai. Não atendeu à sugestão de seus irmãos para manifestar-se abertamente em Jerusalém, porque sua hora ainda não havia chegada.

Sabia que não seria na festa dos tabernáculos, mas na festa da Páscoa, que ele seria imolado como o Cordeiro que tira o pecado do mundo.

A ida de Jesus para Jerusalém em oculto forma um contraste intencional com a insistência dos seus irmãos para que ele fosse granjear publicidade[5].

Jesus sabia que o mundo não odeia aqueles que andam segundo a sua agenda, mas ele, Jesus, é odiado pelo mundo, pois não procura agradar ao mundo; antes, denuncia seus pecados. Porque confrontava o estilo de vida do mundo.

Jesus não estava em dúvida se ia ou não ia para a festa. Ele não mudou de ideia ao ir em oculto. Havia pessoas de todos os lugares indo para a festa, e seguir a multidão poderia causar tumulto.

As pessoas estavam à procura dele o tempo todo (7.11-13). Não eram apenas os irmãos de Jesus que o queriam na festa em Jerusalém, mas também os judeus. Jesus era a assunto de todos; ele era o centro das atenções.

Embora alguns divergiam na opinião sobre ele. Alguns achavam que ele um homem bom; outros o reputavam como um enganador do povo. Mas, como Jesus conquistara a simpatia de muitos, ninguém ousava falar dele abertamente.

  1. Durante a festa (7.14-36)

Quando a festa já estava em andamento, mesmo chegando a Jerusalém secretamente (7.10), Jesus subiu ao templo e passou a ensinar em público.

Se Jesus tivesse ido com os peregrinos para o início da festa, poderia ter havido uma tentativa de dar-lhe uma entrada triunfal e fazê-lo rei, como ocorrerá seis meses mais tarde[6].

Os romanos poderiam interpretar essa aclamação publica, como sedição e intervir, como tinha ocorrido pouco tempo antes, no massacre dos galileus no pátio do templo, mencionado em Lucas 13.1.

Jesus agiu sabiamente em silêncio, chegando à cidade no meio da semana da festa, e as pessoas que estiveram discutindo sobre sua atuação de repente perceberam que ele estava ali, no meio deles, ensinando no pátio exterior do templo.

Destacamos alguns pontos aqui:

(a) A autoridade do ensino de Jesus (7.14,15). O evangelista Mateus nos informa que Jesus não ensinava como os escribas, mas como quem tem autoridade (Mt 7.28,29).

Quando os judeus ouviram seu ensino, ficaram admirados e logo perguntaram: Como este homem tem tanta instrução sem ter estudado? (7.15).

Jesus não havia frequentado as escolas rabínicas, nem estudado em um dos grandes centros rabínicos de erudição; no entanto, expunha com domínio notável e poder sem igual as Escrituras.

Seu conhecimento não derivava de nenhuma instituição humana; ao contrário, seu ensino refutava os mestres do judaísmo.

(b) A procedência do ensino de Jesus (7.16-18). O ensino de Jesus não procede dos escribas e fariseus, dos mestres do judaísmo, mas procede do céu, emana de Deus.

Ele não fala de si mesmo. Tem o próprio testemunho do Pai e busca a glória do criador. O conhecimento de sua doutrina está aberto a todos aqueles que sinceramente desejam realizar a vontade de Deus.

Jesus não ensina como um INOVADOR ARROGANTE, tentando mostrar conhecimento, como os teólogos da época, que apoiavam seus ensinos na tradição e nos grandes rabinos do passado.

Jesus diz que quem fala de si mesmo está buscando a sua própria gloria. Ele ensina no (v.17) que a prova do verdadeiro conhecimento é a obediência. A prova da verdadeira doutrina é a piedade.

A autoridade do ensino de Jesus era sua obediência irrestrita a vontade de Deus.

Não posso dizer que as minhas interpretações da bíblia têm a mesma autoridade de Jesus. Nem todo Pastor diz a mesma coisa sobre um texto da Bíblia. Mas como saber que alguém está ensinando a verdade.

O teste final é se está obedecendo completamente a Palavra de Deus. A palavra de Deus, se mostra verdadeira, para todos aqueles que a compreendem no coração.

Um certo pregador inglês disse: “a obediência é o verdadeiro órgão do conhecimento espiritual.

Os teólogos judeus tinha a mente cheia de bíblia, mas não obedeciam seus mandamentos, por isso julgavam segundo a aparência e não segundo a reta justiça.

Isso mostra que uma mente instruída não é garantia de um coração puro nem de uma vida santificada. Os mais cultos são capazes das maiores atrocidades.

  1. Campbell Morgan expressou assim: quando as pessoas são absoluta e completamente consagradas à verdade de Deus e desejam obedecer a ela a cima de todas as coisas, descobrem que os ensinos de Cristo são sagrados; são provenientes de Deus.

Ninguém pode receber credito pelo que ensina, pois, a verdade vem de Deus, e só ele merece a glória. Quem buscar esse reconhecimento mostrará que o seu ensino vem dele próprio, e não de Deus.

Esse é o problema dos teólogos, alguém inventa uma doutrina, assume o credito por ela e a esse ensinamento vai dividir o povo de Deus.

(c) O ensino de Jesus denuncia a desobedecia (7.19-24).

Jesus diz abertamente que os judeus estavam quebrando a lei de Moisés. Isso era uma grande afronta para os judeus.

A mesma multidão que queria fazer Jesus rei. Agora essa multidão unanime tomada de ódio diz: ele tem demônio (v.20).

Eles já haviam perseguido a Jesus (5.16) e chegaram a ponto de querer matá-lo (5.18) por ter curado um homem paralítico num dia de sábado.

Ao quererem matar Jesus por realizar esse milagre num sábado, longe de serem zelosos na observância da lei, na verdade a estavam desrespeitando.

E Jesus explica: a lei de Moisés permitia que um homem fosse circuncidado no sábado (7.22,23), e eles estavam querendo matar Jesus por curar um homem num sábado. Isso era julgar segundo a aparência, e não pela reta justiça (7.24).

Ora, a circuncisão era vista como um ritual de aperfeiçoamento: um membro do corpo, por esse rito, era aperfeiçoado, e isso precisava ser feito no oitavo dia de vida; quanto mais, portanto, deveria um ato ser realizado, mesmo no sábado, se ele aperfeiçoasse o corpo inteiro, isto e, se salvasse uma vida.

(d) O ensino de Jesus desperta oposição (7.25-29).

Jesus demonstra a seriedade da oposição á sua pregação. Então ele ao invés de ficar irado, ele se expressa com profunda comoção. O verso 28: Clamava Jesus no templo; pode ser traduzido: “Jesus chorou no templo”.

Alguns acham que ele gritou, mas a intensidade desse discurso, mostra o perigo da incredulidade de rejeitar a palavra de Deus.

Parafraseando ele está dizendo: vocês acham que podem me avaliar pelo conhecimento humano que vocês têm de mim. Vocês acham que eu vim da Galileia, ou que nasci de Maria.

Não, eu sou enviado de Deus. Isto é uma verdade que vocês não podem brincar com ela. Jesus gritou isso no templo, local da presença de Deus.

Os mesmos judeus que o acusavam de violar o sábado, queriam matá-lo, os mesmos judeus que se julgavam os guardiões da lei são agora acusados por Jesus não apenas de transgressores da lei, mas de nem mesmo conhecerem Deus.

A pregação de Jesus desperta a fúria dos judeus (730-32). Os doutores da lei, acreditam que estão agindo a favor de Deus e contra Jesus. Os soldados são enviados para prender Jesus.

Todo verdadeiro ensino desperta oposição. Mesmo que os lideres religiosos, houvessem reconhecido Jesus como Messias, não o teriam aceitado.

Eles não estavam dispostos a aceitar a pregação. A oposição é uma indisposição de obedecer. Se estes homens tivessem se mostrado dispostos a fazer a vontade de Deus, teriam conhecido a verdade.

O ensino de Jesus mostra que a oportunidade para o receber pode ser perdida (7.33-36). Jesus permaneceria mais pouco tempo entre eles e, então, regressaria ao Pai, onde eles não mais o poderiam encontrá-lo nem sequer alcançá-lo.

Os judeus, cegos espiritualmente, não entenderam que as palavras de Jesus se referiam à sua ascensão. Pensaram que Jesus estava falando sobre uma retirada para a dispersão.

  1. O último dia da festa (7.37-39)

O ritual da festa dos tabernáculos era uma alegre celebração. Havia sete dias de festejos regulares. O povo habitava em tendas, trazia oferendas e levava água do poço de Siloé ao altar do sacrifício no templo.

Essa festa encerrava o ciclo das festividades anuais. Em todos os sete dias da festa, um sacerdote enchia uma jarra de ouro com água do tanque de Siloé.

Então, acompanhado de uma solene procissão, voltava ao templo em meio ao toque de trombetas e aos gritos das alegres multidões e derramava a água sobre o altar.

Essa cerimônia não só lhes recordava as bênçãos outorgadas a seus antepassados no deserto (água da rocha), mas também apontava para a abundância espiritual da era messiânica.

O sétimo dia era o melhor da festa. À tarde, as tendas eram desarmadas, e a festa terminava.

Nesse dia, havia sete procissões do tanque ao templo. O sacerdote ia cantando: Tirareis águas das fontes da salvação com alegria (Is 12.3).

A cerimônia de derramar água é interpretada nessas tradições como uma prévia dos rios escatológicos de água viva previstos por Ezequiel (47.1-9) e Zacarias (13.1).

Nessas tradições, o milagre da água no deserto (Êx 17.1-7; Nm 20.8-13; SI 78.16-20) é, por sua vez, um precursor do ritual da água da festa das cabanas.

No sétimo dia, o último e o auge da festa, o sacerdote acompanhado pela multidão, ao som de trombeta, fazia a procissão de tanque de Siloé ao templo sete vezes.

Jesus, então, coloca-se no meio e brada: No último dia da festa, o dia mais importante, Jesus se colocou em pé e exclamou:

Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim”.

Jesus é a Rocha ferida da qual brota água viva. Jesus é a água da vida. Ele é o manancial das águas vivas.

Destacamos a seguir quatro verdades importantes nesse trecho.

(a) Um convite maravilhoso (7.37). Jesus é o Siloé, a fonte espiritual. Jesus é aquele que pode satisfazer todos os anseios da alma humana. Ele supre cada aspiração, cada necessidade.

A profecia apontava para ele, quando dizia: vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; vinde e comprai vinho e leite, sem dinheiro e sem custo (Is 55.1).

É Jesus quem disse à mulher samaritana: Mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede […] (Jo 4.14). É Jesus quem convida: […] Quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça a água da vida (Ap 22.17).

Jesus é para todos os cansados, insatisfeitos e sedentos, o que a pedra ferida no deserto havia sido para o antigo Israel.

Quais são as marcas desse convite? O convite de Jesus é universal, Se alguém […]. Esse alguém pode ser o pobre e o rico, o ateu, o cético e o agnóstico, o idólatra, o feiticeiro e o místico, o descrente e o religioso.

Esse alguém pode ser o jovem cheio de saúde e vigor e o ancião no avançar de seus dias.

Esse alguém pode ser o homem e a mulher, a criança e o adulto, o doutor e o analfabeto. O convite é para quem já bateu em todas as portas e só colheu decepção.

E para quem já desistiu de mudança. E para quem está com suas cisternas vazias. É para você, que está aqui nesta noite. É para você, que foi criado na igreja, mas ainda não sentiu o toque de Deus, ainda não nasceu de novo.

O convite de Jesus é para uma relação pessoal. […] venha a mim […]. O convite de Jesus não é para aderir a uma religião, mas para iniciar um relacionamento com ele.

Só Jesus pode saciar a alma sedenta. Só ele é o caminho. Só ele é a porta. Só ele é o pão da vida. Só ele tem a água da vida. Só ele pode perdoar pecados. Só ele transforma corações.

Os judeus estavam festejando o ritual, mas a religião não pode matar a sede da alma. Só Jesus pode! Sem Jesus, toda religião é vã.

O convite de Jesus exige um profundo anseio por salvação. Se alguém tem sede […], Só os sedentos podem ir a Jesus.

Enquanto você não estiver com sede, jamais procurará a fonte. A sede não dá trégua. A sede exige uma solução imediata e urgente. O convite de Jesus exige rompimentos imediatos.

Se alguém tem sede, venha […]. Ninguém é naturalmente cristão. Ser cristão é a coisa mais revolucionária do mundo. Ninguém é neutro com respeito a Cristo. Jesus disse: Quem não está comigo, está contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha (Lc 11.23).

A indecisão é a decisão de não decidir. Ninguém é irrecuperável. Não há poço tão profundo que a graça de Deus não suplante em profundidade. Não há caso irrecuperável para Deus.

O convite de Jesus é para uma experiência pessoal. Se alguém tem sede, venha a mim e beba.

Jesus não está convidando as pessoas para olhar a água, analisar a água admirar a água, conversar sobre a água, nem para criticar a água. Jesus convida as pessoas para beberem a água.

Muitos ouvem falar de Jesus, leem sobre Jesus, mas não o experimentam. São religiosos, mas não convertidos. Muitos são criados na igreja, frequentam os cultos, mas nunca beberam da água da vida.

O convite de Jesus é condicional. Se alguém […]. Esse convite é condicional. Jesus coloca um “se”. É para quem deseja. Não é imposto.

Esse convite é pessoal e intransferível. Sua mãe não pode tomar essa decisão por você.

Seu pai não pode representar você. Só você pode ir a Jesus. Só você pode beber essa água.

O convite de Jesus é oferecido com grande fervor Jesus se colocou em pé e exclamou […].

Não é o sedento que grita por água; é o libertador que oferece água com veemência. Jesus expressa um grande desejo de salvar o pecador.

Ele quer dar a você, leitor, a água da vida. Ele deseja satisfazer sua alma. Vá à fonte. Vá a Cristo. Hoje é o dia da sua salvação.

Hoje os anjos preparam uma festa para celebrar sua volta para Deus. Chega de viver sedento. Chega de viver sem paz. Chega de buscar em fontes rotas satisfação para a sua alma.

(b) uma promessa maravilhosa (7.38).

Jesus oferece vida pura (7.38).

Jesus não fala a respeito de um poço, nem de águas paradas e lodacentas. Ele fala sobre rios que fluem, que correm, que levam vida limpa e pura. São rios de água viva, e não água morta. Água limpa, e não água suja.

Chega de viver na impureza. Chega de alimentar seus olhos com a lascívia. Chega de entupir seu coração de sujeira. Chega de abastecer sua alma com os banquetes do pecado.

Jesus tem vida santa, pura e limpa para você. Seu sangue purifica você. Ele dá a você o lavar regenerador do Espirito Santo.

O mundo oferece prazeres, mas as pessoas estão se empanturrando de drogas, sexo e álcool, intoxicando a alma de impureza. Essas coisas geram um vazio na alma. Mas Jesus oferece vida verdadeira!

Jesus oferece vida abundante (7.38). Cristo veio para dar vida plena, abundante, maiúscula e eterna.

Jesus não menciona um filete de água, um riacho, nem um rio. Ele fala sobre rios de água viva. Um rio apenas pode trazer vida a um deserto.

Um exemplo disso é o rio Nilo. O Egito é um presente do Nilo. Noventa e seis por cento das terras do Egito não são cultiváveis. Mas, onde o rio Nilo passa, há vida.

O deserto do Neguev tem florescido porque Israel está levando água para o deserto, e, onde existe água, toda terra é terra boa. Caro leitor, seu deserto pode florescer.

Agora mesmo você pode tomar posse de uma vida plena! Do seu interior fluirão rios de água viva! Haverá alegria! Haverá paz! Haverá entusiasmo! Jesus promete fazer de você uma bênção para outras pessoas (7.38).

Não somente aqueles que bebem da fonte, Cristo, recebem satisfação eterna em si mesmos — vida eterna e completa salvação —, mas, somando a isso, a vida, de uma maneira generosa, é comunicada a outros.

O que é abençoado se torna, pela graça de Deus, um canal de bênçãos abundantes para os outros.”

A figura usada por Jesus é sugestiva: rios de água viva!

Através de um rio, podemos gerar eletricidade, irrigar campos e fazer funcionar fábricas. Tudo isso com um rio, quanto mais com vários rios! A vida de Deus fluirá através de você.

O profeta Ezequiel, no capítulo 47 do seu livro, fala sobre um rio que brota do altar e vai crescendo, crescendo. Por onde passa, leva a vida de Deus às outras pessoas.

Até aqui, talvez, você venha sendo motivo de dor, de lágrima. Mas, agora, você será motivo de alegria para sua família. Jesus oferece urna vida de poder (7.38).

Quando as águas de um rio são represadas, você dispõe de uma fonte imensa de energia. Você terá uma poderosa USINA HIDRELÉTRICA dentro do seu peito. Quando as lutas chegarem, haverá poder para viver uma vida vitoriosa.

(c) um batismo poderoso (7.39). Jesus também está falando a respeito daquela plenitude do Espírito Santo que é dada à igreja.

Essa dádiva também se referia ao pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre a igreja.

Quando Jesus concluiu sua obra expiatória, subiu aos céus e derramou o Espírito Santo para ficar para sempre com a igreja. Hoje, nós podemos usufruir o cumprimento dessa gloriosa promessa.

João não pode estar dizendo que o Espirito ainda não existia, ou que ainda não havia operado nos profetas[7]. O próprio João mencionou a operação do Espírito sobre Jesus e nele próprio (1.32; 3.34).

Martin Loyd Jhones[8] diz que o Espirito Santo, habitava nos discípulos, pois se não fosse assim eles não poderiam ser considerados salvos até o pentecostes. E que nenhum santo do Antigo Testamento, foi filho de Deus.

Pedro em seu sermão em Atos; 2:33, diz: tendo recebido… a promessa do Espirito Santo, derramou isto que agora vedes e ouvis.

O enchimento do Espirito é simbolizado pela derramar da agua. Sobre quem o Espirito Santo descia, era inflamado completamente e isto era visível e notório.

Não somente em termos de dons, mas de alegria, de ousadia e desejo de viver uma vida santa e consagrada inteiramente a Deus.

Lloyd Jones, fala da experiência de enchimento de João Wesley, de Geoge Whitefield, Moody, Finney, Jonathan Edwards e com David Brainerd.

E milhares de cristãos na história da igreja, e milhões de crentes nos nossos dias, tem sido tomados pela gloria de Deus.

De tal forma que são inundados de uma alegria indizível, de um gozo inefável, de um senso da gloria de Deus de um jeito que nunca tiveram antes.

Esse enchimento é uma necessidade absoluta para o serviço autentico. Como disse o pregador John Fletcher: “cada cristão deve ter o seu pentecostes”.

  1. Depois da festa (40-53).

O melhor da festa não foi o último dia, foi o convite de Jesus, oferendo plenitude de alegria e poder. Ofertando a vida eterna, que não acaba. Mas vejam como as pessoas reagiram depois da festa.

(a) reações a pregação de Jesus (40-53).

Houve diferentes reações ao discurso de Jesus. Como aconteceu no final do discurso sobre o pão da vida, aqui também, no discurso sobre a água da vida, os ouvintes de Jesus se dividiram em diferentes reações.

Alguns disseram que Jesus era profeta (7.40);

Outros afirmaram que ele era o Cristo (7.41);

Outros, ainda, questionaram se o Cristo poderia proceder da Galileia, uma vez que devia ser um descendente de Davi (7.41b-43).

Outros, entretanto, queriam prendê-lo (7.44). Os guardas não conseguiram detê-lo, porque ficaram impactados com suas palavras: Nunca ninguém falou como este homem (7.46).

O que eles queriam dizer era: tão divinamente, com tal graça e verdade, e, portanto, de modo tão convincente e efetivo.

Os principais sacerdotes e fariseus, aqueles que tinham maior conhecimento, entretanto, zombaram, dizendo que só a plebe que nada conhece da lei é que estava crendo em Jesus (7.47-49). Eles perderam o melhor da festa.

Nicodemos, aquele que se encontrara com Jesus de noite em Jerusalém, tenta arrazoar com seus pares, mas é por eles repreendido (7.50-53).

Nicodemos enfrentou a oposição de uma máquina religiosa poderosa e numerosa. Ele mostrou grande coragem, embora ainda não tivesse alcançado o pináculo da confissão cristã[9].

CONCLUSÃO[10]. Vejam o verso mais triste deste capitulo: E cada um foi para sua casa. (7:53).

Jesus, ensinou, confrontou os pecados do povo, chorou, levantou a voz, gritou, se emocionou, mostrou o perigo, e parece que nada acontece. A vida de todo mundo continua como se nada houvesse acontecido.

A essa altura, todos se dispersam, e cada um vai para sua casa. Pois amanhã é um outro dia. Em que posso continuar adiando minha decisão de seguir fielmente e Cristo.

Então Jesus segue para o monte da Oliveiras, provavelmente para orar. Pois somente a oração pode confortar o seu coração, vendo o povo rejeitar sua pregação, e seguindo em seus pecados.

Enquanto seus ouvintes tinham uma casa para onde ir e repousar, o Filho de Deus não tinha nenhum local onde reclinar a cabeça (Mt 8.20).

Será até quando vamos levar tão superficialmente a sério o convite de Jesus. O rio do Espirito Santo só corre dentro de você?

Se for verdade você é uma hidrelétrica que gera energia, e produzindo muito trabalho para a Gloria de Deus?

Você é um dínamo? Você é completamente inflamado pelo poder do Espirito?

Eles perderam o melhor da festa. Eles foram embora sem tomar uma decisão.

 

[1] Joe Amaral

[2] F F Bruce.

[3] Hernandes Dias Lopes, comentário expositivo de João.

[4] Charles Erdman.

[5] F. F Bruce

[6] F. F Bruce

[7] D. A. Carson

[8] Lloyd-Jones, grandes doutrinas Bíblicas, pg 304-328; editora PES.

[9] William Hendriksen

[10] Sermão adaptado do comentário expositivo de João; Hernandes Dias Lopes; Editora Hagnos.