Sermão 14 – Referência: João 6.22-71

INTRODUÇÃO: Que tipo de sermão que gostamos de ouvir?  Será que o politicamente correto em sido o critério para ouvir a pregação?

O milagre da multiplicação dos pães foi uma ilustração viva do sermão sobre o pão da vida. Esse sermão vem na forma de discursos de Jesus. Perguntas e repostas são dadas neste texto.

O sermão termina com duas reações: uma negativa, quando muitos dos discípulos saem escandalizados e cheios de descrença, abandonando as fileiras de Jesus.

Outra positiva, quando Pedro, em nome de seus condiscípulos, reafirma sua confiança em Cristo como o único que possui palavras de vida eterna.

Warren Wiersbe diz que, em sua graça, Jesus alimentou o povo faminto, mas, em sua verdade, lhe deu a Palavra de Deus. O povo queria a comida, mas não a verdade.

E, no final, quase todos abandonaram Jesus e se recusaram a andar com ele. Jesus “perdeu” sua multidão com um único sermão!’

  1. O discurso da admiração. (6.22-40)

Quando a multidão que se alimentou dos pães e dos peixes do outro lado do mar chegou a Cafarnaum e encontrou Jesus, não vendo nenhum barco que o tivesse transportado, e movida pela admiração e curiosidade, fez a Jesus a primeira pergunta: Rabi, quando chegaste aqui? (6.25).

Em vez de responder à pergunta feita, contando o milagre de andar sobre as aguas e como acalmou a tempestade, Jesus revela a verdadeira motivação, do porque eles estavam o buscando.

Poderíamos pensar “eles buscam a Jesus”, isso não é maravilhoso? Mas eles não estavam buscando a Deus pelo motivo certo, então Jesus denuncia a hipocrisia deles:

Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e ficastes satisfeitos (6.26).

Depois da acusação solene, Jesus dá uma ordem expressa: Trabalhai não pela comida que se acaba, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará. Deus, o Pai, o aprovou, pondo nele o seu selo (6.27).

Jesus quer direcionar a atenção da multidão, que estava interessada apenas na satisfação das suas necessidades temporais.

Ele mostra que as coisas espirituais são mais urgentes e mais importantes do que as temporais e terrenas.

A comida é algo muito importante para nós. Eu li esta semana no Wikipédia que o Super Bowl Sunday (domingo da super tigela)  acontece sempre no primeiro domingo de fevereiro, para assistir o campeonato nacional de futebol americano).

Considerado o segundo maior dia de comer da América, depois do Dia de Ação de Graças.

Neste dia são consumidos em torno de:

  • 1,2 bilhão de asas de frango. Isso é o suficiente para que todos na América tenham três asas.
  • 12,5 milhões de libras de bacon.
  • 11,2 milhões de libras de batatas fritas.

Segundo a Universidade de Cornell, o americano médio comerá mais de 6.000 calorias no domingo.

Você já notou que, mesmo quando come sua comida favorita, ainda fica com fome de novo em poucas horas? Alguns de nós estão em busca de algo que satisfaça, mas que logo falta,

Alguns de nós tentamos festejar, relacionar, comprar coisas ou torcer por um time favorito! A longo prazo, ainda estamos famintos à medida que procuramos satisfação.

Mesmo ingerindo e consumindo tanta comida, nossas fomes ainda são muitas, e nossa satisfação é pouca.

CS Lewis colocou desta forma: “Se eu encontrar em mim desejos que nada neste mundo pode satisfazer, a única explicação lógica é que eu fui feito para outro mundo.”

Se nos contentarmos com coisas materiais, teremos fome novamente. Se partilharmos do Pão da Vida, nossa fome será cuidada e todas as nossas necessidades serão satisfeitas

Jesus se apresenta dizendo Eu sou o pão da vida.

O pronome “eu” significa que vem de dentro e é muito pessoal. A palavra “sou” está no tempo presente, não eu “fui” no passado, ou eu “poderia ser” no futuro, mas eu estou … bem aqui, agora mesmo.

Essas metáforas do Messias são ricas em significado e são muito reconfortantes e, no entanto, há mais para elas do que aquilo que encontra o olho. Espero que você esteja pronto para ir fundo hoje.

RC Sproul ressalta que a palavra grega traduzida “eu sou” normalmente usa uma forma verbal. Quando Jesus disse: “Eu sou”, Ele faz algo muito extraordinário – Ele pega dois verbos e os coloca juntos.

Embora possa parecer um pouco redundante, o significado literal é este: “Eu sou, eu sou …” ou “Eu, mesmo eu, sou …”

É assim que  Êxodo 3:14  é traduzido na Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento, onde lemos: “Deus disse a Moisés: ‘EU SOU O QUE EU SOU’.

Toda vez que Jesus usa um dos“ EU SOU ”metáforas, Ele está enfaticamente afirmando que Ele é o Senhor, o grande“ EU SOU ”de Abraão, Isaque e Jacó.

Agora vamos admitir algo. A maioria de nós se concentra no que pensamos de Jesus e, muitas vezes, nossa compreensão é contaminada por nossas experiências no passado ou nossas expectativas no presente.

Em vez de olhar para o que Ele pode fazer por nós, minha oração é que tenhamos uma compreensão mais completa de quem é Jesus e o que Ele exige de nós.

Não nos aproximemos dele com irreverência diante de sua grandiosidade, infelizmente a falta do senso da grandiosidade de Deus, descrê bem a igreja moderna.

Tim Keller diz algo que é bastante surpreendente: “Se o seu deus nunca discorda de você, você pode estar adorando uma versão idealizada de si mesmo”.

Por que o temor é importante para tudo que pensamos, dizemos e fazemos”.

Nós seres humanos são fascinados pela admiração. Nossos corações são sempre capturados por alguma coisa – é assim que Deus nos criou.

Mas o pecado ameaça nos distrair da glória do nosso Criador. Com demasiada frequência, ficamos admirados com tudo, menos de Deus ”.

O pão era a parte mais importante da refeição. Nos dias de Jesus, a carne era simplesmente um acompanhamento e o pão representava a maior parte da refeição.

Quando Jesus diz que Ele é o pão da vida, Ele está dizendo que Ele é a parte mais importante da vida.

Todos tinham acesso ao pão. As pessoas mais pobres usavam cevada para fazer pão, enquanto os mais ricos usavam trigo, mas a maioria das pessoas tinha os meios para fazer ou comprar pão.

Ao usar essa metáfora, Jesus está dizendo que Ele está disponível para todos.

O Pão era o meio de comunhão. Naquela cultura, quando você partia pão com alguém, você era amigo dela. Jesus também oferece uma comunhão conosco que nunca terminará.

Pão simboliza a presença de Deus. Belém significa a “casa do Pão” e no templo foi continuamente colocado os “pães da proposição” ( Números 4: 7 ), que pode significar “pão da presença” ou, em hebraico, “pão de rosto”.

Esse pão era um símbolo celestial do próprio Deus e um lembrete para o Seu povo de que toda vez que comessem pão, deveriam pensar Nele.

Curiosamente, se uma pessoa visse um pedaço de pão na estrada, ele a pegaria e colocaria em um galho de árvore para os pássaros comerem.

O pão nunca deveria ser pisado no pó comum porque traz consigo um elemento de mistério e santidade.

  1. O discurso da obra.

A segunda pergunta dos judeus vem com um pedido de esclarecimento: Que faremos para realizar as obras de Deus? (6.28).

Uma vez que a ordem de Jesus era para trabalharem pela comida que não perece, eles querem saber como é que se faz esse trabalho.

Como muitos de nós, as pessoas achavam que precisavam fazer algum tipo de trabalho para ganhar o favor de Deus.

Nossa natureza pecaminosa gosta do desempenho, por causa da autogratificação. Se podemos receber algo porque temos mérito, isso nos interessa.

Eu amo a resposta surpreendente de Jesus: A obra de Deus é esta: Crede naquele que ele enviou (6.29).

Essas pessoas famintas tiveram a coragem de pedir outro sinal em vez de acreditar. Nós fazemos o mesmo. Pedimos continuamente a Deus que faça algo por nós enquanto esquecemos o que Ele já fez.

Nossas necessidades foram atendidas ontem, mas queremos saber o que Jesus vai fazer por nós hoje.

A salvação não é uma obra que fazemos para Deus, mas uma obra que Deus fez por nós.

Não alcançamos a vida eterna por aquilo que fazemos para Deus, mas pela fé que depositamos no Filho de Deus, que fez tudo por nós.

O ensino do evangelho de João é que a salvação é inteiramente pela graça, o dom gratuito de Deus (1.13,17,29; 3.3,5,16; 4.10,14,36,42; 5.21; 6.27,33,37,39,44,51,55,65; 8.12,36; 10.7-9,28,29; 11.25,51,52; 14.2,3,6; 15.5; 17.2,6,9.12,24; 18.9).

  1. O discurso dos sinais.

A terceira pergunta dos judeus é dupla: Que sinal fazes, para que o vejamos e creiamos em ti? Que realizas? (6.30) e argumentam:

Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes pão do céu para comer (6.31).

A multidão lança um desafio para Jesus. Essencialmente, eles estavam pedindo a Jesus para provar a si mesmo. Em suas mentes, Moisés forneceu pão para mais de 3 milhões de pessoas por 40 anos; Jesus só lhes deu pão uma vez.

O pão de Moisés veio do céu; Jesus usou o pão terreno e o multiplicou. O problema deles era que seus estômagos roncando os cegavam para a dor em suas almas.

Jesus responde à pergunta insincera deles, corrigindo – lhes o entorpecido entendimento e dizendo que não foi Moisés quem deu a eles o pão do céu, pois o verdadeiro pão do céu só lhes é concedido pelo Pai.

O pão que Moisés deu era apenas um símbolo do pão verdadeiro, aquele que desce do céu e dá vida ao mundo (6.32,33).

O maná do céu era imperfeito: estragava com o tempo, e o povo que o comia perecia com o tempo.

Depois de interpelarem Jesus três vezes, agora os judeus fazem um pedido desprovido de entendimento: Senhor, dá-nos sempre desse pão (6.34).

Jesus então disse a eles no versículo 35: “Eu sou o pão da vida; quem vem a mim não terá fome, e todo aquele que crê em mim nunca terá sede. ”

A multidão veio com um desafio único para que Jesus correspondesse ao maná de Moisés. Eles não estavam esperando uma resposta tão chocante.

Jesus pretendia elevar os ouvintes de sua existência estéril e dominada pelos alimentos para o reconhecimento da suprema fome de vida que só poderia ser preenchida por um pão diferente.

Jesus mostra como as pessoas podem ser satisfeitas pelo pão da vida.

(a) Não se pode crer por si mesmo (6.36). Mas como já vos disse, vós me tendes visto e mesmo assim não credes.

Jesus estava ensinando aqui que o ser humano é incapaz de crer por si mesmo. Ele vive num estado de depravação total. A não ser que Deus tire de seus olhos a venda e de seus ouvidos o tampão, jamais conseguirá ver e ouvir.

A não ser que Deus tire seu coração de pedra, jamais terá condições de sentir. A não ser que Deus o ressuscite espiritualmente, jamais receberá vida.

O estão do homem sem Deus é de cegueira espiritual (3.3), alienação espiritual (3.5), morte espiritual (5.25), incapacidade espiritual (6.44,63-65), escravidão espiritual (8.34,44,45), surdez espiritual (8.43-47) e ódio espiritual (15.18,24,25).

(b) A salvação é um dadiva de Deus (6.37).

Todo aquele que o Pai me dá […]. A salvação não é uma escolha que fazemos sozinhos, mas uma escolha que Deus faz com e por nós. Não fazemos por uma livre escolha, mas somos ajudados pelo Espirito Santo.

A eleição depende da fé, que Pai dá, quando o Espirito Santo nos convence do pecado. Nossa eleição é baseada na presciência de Deus.

Por um lado, não fomos nós quem escolhemos a Deus, mas foi ele quem nos escolheu, por outro somos responsáveis, por aceitar ou rejeitar a graça de Deus.

(c) O chamado presciente de Deus para a salvação (6.37). Todo aquele que o Pai me dá virá a mim[…].

Ninguém pode ir a Cristo se isso primeiro não lhe for dado por Deus, e todo aquele que o Pai dá a Cristo irá a ele. O mesmo Deus que elege é também o Deus que chama;

Romanos 8:29 diz que “aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”.

(d) A garantia da vida eterna (6.37-40). […] e de modo algum rejeitarei quem vem a mim.

Quando uma pessoa vai a Cristo, descobre que Cristo assume toda a responsabilidade por sua salvação completa e definitiva.

Aquele que começou a boa obra em nós irá completa-la até o fim. Aquele que perseverar até o fim será salvo (Mateus 24:13.).

Jesus não nos despede, e nem nos rejeita, ele não nos lança fora. A vontade expressa do Pai é que todo aquele que procure Cristo não se perca (6.39), mas tenha a vida eterna (6.40). A salvação é obra de Deus do início ao fim.

  1. O discurso da murmuração (6.41-51)

O segundo discurso de Jesus sobre o pão da vida emerge de uma murmuração dos judeus.

No versículo 41, lemos que muitos começaram a resmungar a respeito de Jesus porque Ele disse que Ele era o pão que desceu do céu.

É muito interessante que os israelitas tenham se queixado quando Deus providenciou maná gerações antes.

Mostrando que a natureza humana não mudou muito porque muitos de nós ainda reclamam de Deus ainda hoje.

No verso 42, eles revelam a razão por trás de sua reclamação. Eles sabiam tudo sobre Jesus, mas não podiam acreditar que Ele era mais do que aparentava.

Seu verdadeiro problema era que eles haviam se familiarizado com Ele: “Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos?

Como ele agora diz: “Eu desci do céu”? Alguns de nós correm o risco de fazer a mesma coisa.

Talvez você tenha crescido em uma igreja, tenha frequentado a Ebd, ou tenha feito um curso teológico, ou tenha lido alguns livros, e até tenha desenvolvido uma boa moralidade, e ganhado o respeito de todos.

Mas existe um perigo de todo esse conhecimento impedir você realmente de crer em Jesus. Tenha cuidado para não permitir que o que você sabe sobre Ele o impeça de realmente conhecê-lo.

Uma das mais tristes constatações que tenho visto no ministério, é que o conhecimento acerca de Deus, tem se tornado o grande impedimento para se conhecer a Deus.

A murmuração nasce da incredulidade. Eles não podiam crer que Jesus tinha vindo do céu (6.41), pois viram nascer e crescer em Nazaré.

Por não crer na sua procedência celestial (6.41). Os judeus passaram a murmurar sobre Jesus, tão logo este afirmou ser o pão que desceu do céu.

Os judeus viam os milagres de Jesus, mas ainda não criam que ele vinha do céu, que era o Filho de Deus, o verdadeiro pão da vida.

O conhecimento limitado (6.42,43). Os judeus não tinham nenhuma dificuldade de aceitar a humanidade de Jesus; o que não conseguiam entender era sua perfeita natureza divina.

Faltava nos judeus o verdadeiro discernimento, que só Deus dá (6.44-46). Se o Espirito não abrir o entendimento jamais teremos o discernimento, mesmo se tivermos o conhecimento correto.

Muitos daqueles judeus eram teólogos judaicos e não podiam enxergar. A menos que Deus tire as vendas dos seus olhos, jamais verão.

A menos que o tampão seja tirado dos ouvidos, jamais ouvirão. A menos que recebam vida do alto, jamais viverão eternamente.

O ser humano possui uma incapacidade absoluta de crer, a menos que Deus opere nele a fé verdadeira.

As pessoas que nunca nasceram de novo estão mortas em seus delitos e pecados, são escravas da injustiça, alienadas e hostis a Deus, espiritualmente cegas e incapazes de entender as coisas espirituais.

Todo aquele que crê no Filho tem a vida eterna aqui e agora, sem precisar esperar pelo último dia; ele já antecipa as condições da época da ressurreição futura que será inaugurada pelo último dia do tempo presente.

Nos versos (48-51 Jesus agora vai direto ao ponto e afirma abertamente: Eu sou o pão da vicia (6.48). Aqueles que comeram o maná no deserto morreram, mas aqueles que comem do pão da vida jamais morrerão, eternamente.

O maná do deserto era comido com os dentes, mas o pão da vida é tomado pela fé. O maná era ingerido fisicamente e alimentava o estômago; o pão da vida é recebido pela fé e alimenta a alma.

O pão não é apenas para ser conhecido, mas, sobretudo, para ser apropriado. Só quem se alimenta de Cristo, vive por ele.

  1. O discurso da superficialidade (6.52-59)

Esse discurso de Jesus brota de uma disputa dos judeus. O problema dos judeus não era intelectual mais do coração. Um coração errado tem entendimentos errados.

 (a) Um literalismo equivocado (6.52). Por causa da incredulidade os judeus estavam interpretando equivocadamente as palavras de Jesus.

A Bíblia deve ser interpretada literalmente sempre que o contexto o permitir. Aqui, entretanto, a fala de Jesus não pode ser literalista.

Os judeus disputavam entre si exatamente sobre isso: […] como pode ele nos dar sua carne para comer?

É claro que comer a carne de Cristo (6.51) não é uma ação física, mas espiritual. O entendimento literalista dos judeus levou-os à repugnante ideia do canibalismo.

Essa mesma equivocada interpretação deu origem à transubstanciação, doutrina romana que prega que o corpo e o sangue de Cristo, após a consagração, se transubstanciam.’

Jesus não está falando da santa Ceia. Ela nem mesmo havia sido instituída. E nem mesmo a participação da santa ceia é condição para salvação.

O próprio Jesus explica no verso (51) “o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. A carne e o sangue é a morte expiatória da cruz.

A vida de Cristo só é experimentada pelo ser humano quando este se apropria, pela fé, do Salvador (6.53)..

Não basta conhecer intelectualmente a verdade. Não basta ter conhecimento acerca de Cristo; é preciso ter intimidade com Cristo. Não basta informação; é preciso apropriação.

Essa linguagem metafórica é usada em nossos dias em outros contextos, como por exemplo: devoramos livros, bebemos preleções, engolimos histórias, ruminamos ideias, mastigamos um assunto e engolimos nossas próprias palavras.

A comida não tem utilidade alguma até que você a coma. Ninguém se alimenta até que esteja com fome.

Quando nos alimentamos, a comida passa a fazer parte integrante do nosso corpo. Comer é um ato pessoal; ninguém pode se alimentar por outra pessoa.

Da mesma forma, ninguém pode crer por nós. Todas essas realidades podem ser aplicadas espiritualmente. E era isso o que Jesus tinha em mente!

A vida eterna agora e a ressurreição futura são garantidas a todos aqueles que comem a carne e bebem o sangue de Cristo, uma vez que sua carne é verdadeira comida, e seu sangue é verdadeira bebida (6.54,55).

Aqueles que experimentam Cristo e se apropriam dele pela fé têm segurança da vida eterna.

Comer a carne e beber o sangue é uma metáfora poderosa e vívida para o ato de ir a ele, crer nele e apropriar-se dele pela fé.”

É uma união mística inseparável (6.56, 57). Aquele que se alimenta de Cristo permanece nele e, de igual forma, Cristo nele permanece, de forma inseparável.

Essa é a união mística que nos torna um com Cristo. Morremos com ele. Ressuscitamos com ele. Vivemos nele.

Estamos assentados com ele nas regiões celestes e permanecemos nele, agora e eternamente, como o corpo está ligado à cabeça e como os ramos estão ligados à videira.

Jesus pontua mais uma vez que ele, o pão da vida, é totalmente diferente daquele pão que os israelitas comeram no deserto e, mesmo assim, morreram.

O maná não era o verdadeiro pão, mas apenas símbolo e sombra do verdadeiro pão, que é Cristo. (6.58,59).

  1. Discurso da irrelevância (6.60-71)

Agora são os discípulos quem vai achar a pregação de Jesus irrelevante. Ela não era politicamente correta. Era pesada demais para ser ouvida.

Essa passagem retrata a tragédia do abandono. Houve um momento em que as multidões vinham a Jesus em massa.

Quando esteve em Jerusalém para a Páscoa, muitos viram seus milagres e creram em seu nome (2.23).

Tantos eram os que iam para ser batizados por seus discípulos que eles preferiram sair da Judeia para a Galileia (4.1-3). Em Samaria, sucederam coisas maravilhosas (4.1,39,45). Na Galileia, a multidão o havia seguido (6.2).

Mas as coisas haviam mudado de tom. De agora em diante o ódio da multidão por Jesus vai aumentaria até culminar na cruz.

Diante desse longo discurso na sinagoga de Cafarnaum (6.59), algumas pessoas consideram a mensagem de Jesus irrelevante para aquela geração.

Muitos dos seus discípulos julgaram o discurso de Jesus duro demais. Queriam coisas mais amenas. Desejavam uma panaceia para seus males imediatos.

Buscavam apenas entretenimento com curas e milagres. Esta reação é típica dos falsos discípulos: enquanto achavam que Jesus era a fonte de cura, comida e libertação da opressão do inimigo, eles o seguiram.

Mas, quando Jesus os confrontou, denunciando que estavam falidos espiritualmente e deviam confessar seus pecados e se voltar para ele como a única fonte de salvação, ficaram ofendidos e o abandonaram.

Veja as reações dos ouvintes de Jesus.

(a) Deserção aberta. (60-66) . Este é o primeiro grupo a multidão, que deixou a incredulidade se engasgar com o pão que que veio do céu.

Assim como muitos tubarões têm a capacidade de transformar seus estômagos ao avesso dentro da sua barriga, a fim de se livrar de qualquer conteúdo indesejado.

Neste verso (v. 60) O discurso é difícil dizer e difícil de ouvir.  Não é difícil de entender, mas é difícil de aceitar! – skleros (secos, ásperos, ásperos), de skello (secar).

Em vez de os ouvintes correrem apressadamente para Jesus, endureceram a cerviz e murmuraram escandalizados. Jesus não pregou para agradar seus ouvintes; pregou para levá-los ao arrependimento.

Como pregador, Jesus não transformou sua pregação numa plataforma de relações públicas. A luz é insuportável para os olhos doentes. Os ouvintes querem as benesses de Cristo, mas nenhum compromisso com ele

O que foi que ofendeu a sensibilidade dos ouvintes de Jesus? Porque a multidao ficou decepcionada.

Eles não buscaram a Jesus pelos motivos corretos. Estavam mais interessados na benção que no abençoador. Queriam só satisfazerem suas necessidades temporais, e não as eternas.

Eles não estavam preparados para abandonar seus desejos mundanos de poder e liberdade, para dar os primeiros passos de fé genuína (6.41-46).

Eles se ofenderam particularmente com as declarações que Jesus, se fazendo maior que Moisés.

A metáfora do “pão” é ofensiva para eles, especialmente quando ele usa uma linguagem rude dizendo que deveriam comer sua carne e seu sangue.

A linguagem é ofensiva quando chamou pessoas de diabo. Isto não poderia ser suportado.

Com a linguagem não era politicamente correta eles foram embora e o abandonaram.

(b) Decepção sutil (v.66). Muitos dos seus discípulos, tornaram para trás, e já não andavam com ele.

Enquanto Jesus, era aplaudido pelos milagres extraordinários, admirado pelo seu ensino.

Esses discípulos o seguiram, mas quando viram que ele começou a usar um discurso pesado, e que passou a ser desprezado e não mais aclamado, eles foram se dispersando sutilmente e não mais aparecendo nas reuniões e voltaram a velha vida.

Esse pesado discurso de Jesus não produziu um estupendo resultado numérico; ao contrário, provocou uma debandada geral.

Jesus jamais negociou a verdade para atrair pessoas. Seu propósito era ser fiel, e não popular. Ele não buscava aplausos humanos, mas o sorriso do Pai; não sucesso na terra, mas aprovação no céu.

Essas pessoas queriam o que Jesus não podia dar; e o que ele oferecia, elas não queriam receber. Foram atraídas pelos sinais, mas não passaram pelo teste da fidelidade.

Não eram discípulos genuínos; apenas temporários. Não andavam mais com Jesus, nem tinham o mesmo espírito dele.

Devido a essa pregação Jesus perdeu a maioria de seus discípulos. Quase todos voltaram para sua antiga vida, sua antiga religião e sua antiga situação desesperadora. Jesus Cristo é o caminho, mas eles se recusaram a andar por ele.

John Charles Ryle ressalta que os homens podem ter sentimentos, desejos, convicções, resoluções, esperanças e até sofrimentos na vivência religiosa e, ainda assim, jamais experimentar a graça salvadora de Deus.

Eles podem ter corrido bem por um tempo, mas depois voltam para o mundo e se tornam como Demas, Judas Iscariotes e a mulher de Ló

Eles não andaram mais com Ele:  Eles não estão mais dispostos a andar ao lado de Jesus e não estão mais comprometidos com Ele e sua missão.

Assim, aqui Jesus afasta as fileiras.  Dizem que o teste de um exército é como ele luta quando está cansado!

Na primeira sombra da cruz … eles O abandonaram!  Como Gideão , Jesus enviando para casa aqueles que estavam “com medo da batalha”.

(c) Determinação firme (67-69). Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?

As multidões abandonaram a Jesus, mas não influenciaram a determinação dos discípulos. Embora a escolha seja sempre seguir a multidão. Mesmo havendo um debandada geral da sinagoga de Cafarnaum eles ficaram.

Talvez, a essa altura, os discípulos tenham pensado: “Se o mestre não aliviar o discurso, todo mundo acabará indo embora”.

Nesse momento, Jesus se volta para os Doze e pergunta: Vós também quereis retirar-vos? Longe de mudar o rumo de sua mensagem, Jesus a endurece ainda mais, confrontando seus discípulos mais próximos.

Pedro responde pelo grupo, dizendo que eles não teriam outro para seguir: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus. (6.68,69).

Pedro confessa que só Jesus tem as palavras de vida eterna e reafirma a crença de que Jesus é o Santo de Deus.

  1. d) amargura hipócrita (v.70,71). Esta foi pior das reações do grupo. Mesmo entre aqueles que decidiram firmemente não abandonar a Jesus, iria trai-lo no momento certo.

Entre os homens escolhidos por Jesus, estava alguém que parecia soar como o mais sincero discípulo, mas era um demônio.

Jesus diz que esse discípulo é um diabo. Judas ficou chateado com o discurso duro, e isto foi uma porta aberta o diabo entrar no seu coração.  E no momento certo ele iria trair o mestre.

Em qual categoria você se enquadra? Como a multidão (deserção aberta); ou como os discípulos anônimos (decepção sutil); como judas (amargura hipócrita); ou como os discípulos (determinação firme)?

CONCLUSÃO: para enfatizar a importância de ouvir um discurso sincero.

  1. Story – Vários anos atrás, um leitor do The British Weekly escreveu uma carta ao editor segue: “Prezado Senhor! Noto que os ministros parecem dar muita importância à seus sermões e gastar muito tempo preparando-os.

Eu tenho frequentado cultos regularmente nos últimos trinta anos e durante esse tempo, se eu estimar corretamente, eu tenho ouviu nada menos que 3000 sermões.

Mas, para minha consternação, descubro que não posso lembre-se de um único deles. Eu me pergunto se o tempo de um ministro pode ser mais lucrativo gasto em outra coisa? Sinceramente

A carta gerou uma tempestade editorial de respostas furiosas durante semanas. Os prós e contras de sermões foram jogados para trás e para frente até que, finalmente, uma carta terminou o debate.

Esta carta dizia: “Meu querido senhor: Sou casado há trinta anos. Durante esse tempo comi 32.850 refeições – a maior parte da comida da minha esposa.

De repente eu descobri que não consigo lembrar o cardápio de uma única refeição. E ainda assim, recebi nutrição de cada uma delas.

Eu tenho a nítida impressão de que sem essas refeições, eu teria morrido de fome há muito tempo. ” Sinceramente

Alguns conselhos pastorais.

Busque a Jesus pelo motivo certo: Deseje a comida eterna, não a comida temporal (6: 22-27). Busque a Jesus pelo caminho certo: pela fé, não pelas obras. Busque a Jesus através do relacionamento correto: Fome para que Ele satisfaça sua alma.