Sermão Nº 19 – Ouvindo a voz do pastor – Referência João 10:1-42

INTRODUÇÃO: O capítulo 10 de João é uma sequência do capítulo anterior. Jesus ainda está enfrentando os fariseus, os líderes cegos que se julgavam sábios e grandes intérpretes da lei.

A metáfora do bom pastor que inicia o capítulo 10 de João está inseparavelmente ligada ao episódio do capitulo precedente.

Nesse discurso, jesus está censurando a maneira como os fariseus trataram o ex-cego.  Os fariseus estavam ameaçando excomungar todos aqueles que falassem sobre Jesus.

Então Jesus se mostra como o bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas; os fariseus, por outro lado, como maus pastores, não estão preocupados com as ovelhas, e as lançam fora.

O homem cego de nascença, uma verdadeira ovelha, tinha sido excomungado pelas autoridades judaicas, mas Jesus, o bom pastor, Foi procurá-lo e o encontrou.

Este texto é marcado por contrastes vejamos:

  1. O Pastor e os ladrões (10.1-6).

O Antigo Testamento frequentemente se refere a Deus como pastor e ao povo como rebanho (SI 23.1; 77.20; 79.13; 80.1; 95.7; 100.3; Is 40.11).

Essa parábola[1] deve ser lida observando o pano de fundo de Ezequiel 34.

Ali, Deus é o pastor do seu povo e nomeia pastores subordinados para cuidar do seu rebanho.

Mas esses pastores, como o pastor inútil de Zacarias 11.17, alimentam-se das ovelhas, em vez de alimentarem as ovelhas.

Longe de cuidar das ovelhas, esses pastores se omitiam e sacrificavam as ovelhas, arrancando-lhes a lá e comendo-lhes as carnes.

Esses pastores indignos são expulsos, e Deus mesmo cuidará de apascentar suas ovelhas.

Deus entregará suas ovelhas a alguém digno de confiança: E sobre elas levantarei um só pastor, o meu servo Davi, que cuidará delas e lhes servirá de pastor (Ez 34.23).

Essa é uma referência inequívoca ao Messias, da linhagem de Davi (Ez 34.24,25). Uma pessoa que fala como Jesus nessa parábola do bom pastor está dizendo, ser ele mesmo o Messias Davídico.

A parábola que Jesus narra só pode ser compreendida plenamente se nos reportarmos à prática pastoril daquela época, naquela região.

Na Judeia, lugar de montanhas e vales, havia poucos lugares seguros com pastos suficientes para as ovelhas.

Os pastores saíam com seus rebanhos e à noite precisavam colocar essas ovelhas no aprisco, um lugar seguro para protegê-las dos lobos e hienas. Havia dois tipos de aprisco.

No inverno, havia um grande aprisco para onde vários pastores levavam seus rebanhos. Esse aprisco tinha uma porta forte que ficava trancada, e a chave era confiada ao porteiro.

No dia seguinte, o pastor chamava suas ovelhas e saía com elas em busca de pastos verdes e águas tranquilas.

No verão, os pastores ficavam com seus rebanhos nos campos e os recolhiam a um pequeno aprisco de pedras.

Esse aprisco tinha uma abertura por onde as ovelhas entravam e saíam, e o próprio pastor era a porta.

Jesus está se referindo a esses dois apriscos.

No primeiro aprisco (10.1-3), os ladrões tentavam roubar as ovelhas subindo as paredes.

No segundo aprisco, o próprio pastor servia de porta para as ovelhas. Jesus disse: Eu sou a porta das ovelhas (10.7).

Jesus explicita na parábola a gritante diferença entre o ladrão e o pastor das ovelhas.

O ladrão não entra pela porta do aprisco das ovelhas. Não é legítimo; é usurpador. Não tem interesse em cuidar das ovelhas, mas em roubá-las. Seu propósito não é servi-las, mas delas servir-se.

Já o pastor pode ser conhecido por seis marcas.

  1. Para o pastor, o porteiro abre a porta. Ele é legítimo. Tem credenciais, É o dono das ovelhas cujo trabalho é cuidar das ovelhas.
  2. As ovelhas conhecem a sua voz. Nestes apriscos que tem porteiro, vários pastores deixam suas ovelhas, para passarem a noite, de tal maneira que num mesmo aprisco tem vários rebanhos de pastores diferentes.

Mas cada rebanho conhece a voz de seu Pastor. As ovelhas distinguem a voz do Pastor da voz dos estranhos.

Elas conhecem sua voz, e o pastor tem o cheiro de ovelhas. Ele ama as ovelhas e tem intimidade com elas; e elas o seguem.

Ilustração: Um homem na Austrália foi preso e acusado de roubar umas ovelhas. Mas ele afirmou enfaticamente que era uma de suas ovelhas que ele procurava a muitos dias.

Quando o caso foi ao tribunal, o juiz ficou perplexo, sem saber como decidir o assunto. Por fim, ele pediu que as ovelhas fossem levadas para o tribunal. Então ele ordenou que o autor (o que acusou o réu) saísse e chamasse as ovelhas.

As ovelhas não fizeram resposta, exceto para levantar as cabeças e olharem assustadas.

O juiz instruiu então o réu a ir ao pátio e chamar as ovelhas. Quando o acusado começou a fazer seu chamado característico, as ovelhas saltaram em direção à porta. Isto era óbvio que elas reconheceram a voz do seu pastor.

  1. O pastor conhece cada ovelha particularmente e chama cada uma pelo seu nome.

Cada ovelha tem um nome. O relacionamento do pastor com as ovelhas é individual. Ainda que seu rebanho seja numeroso, ele conhece cada ovelha pelo nome.

  1. O pastor conduz suas ovelhas para fora do aprisco. Leva-as para os campos verdes e as águas tranquilas.

Guia suas ovelhas nas veredas da justiça. O pastor guia e alimenta as ovelhas. Ele as conduz em lugares perigosos.

  1. O pastor vai adiante das ovelhas. O verdadeiro pastor lidera; ele não induz! Ele não só pede para fazer ele é o exemplo.

Ele vai adiante para abrir o caminho, para afugentar os predadores, para livrar suas ovelhas de perigos. O pastor não toca as ovelhas como um vaqueiro toca o gado, empurrando-o; o pastor é um guia.

  1. O pastor é seguido pelas ovelhas. Elas não seguem estranhos; seguem apenas o pastor. As ovelhas seguem em tudo o pastor.

Os fariseus não compreenderam a parábola de Jesus, pois na verdade eles não eram pastores, mas ladrões e salteadores. Não cuidavam das ovelhas, mas buscavam apenas seus interesses.

Os fariseus não receberam autoridade legitima de pastorear, eles não entraram “pela porta”. Eles subiram “por outra parte”. Eles haviam se tornado pastores por meio corruptos e ilegais.

Jesus os acusa de ladrões, pois eles usurparam o ministério pastoral e por isso eram cheio de engano e hipocrisia. Eles não haviam sido chamados por Deus para esse ministério.

Cristo, ao contrário, foi chamado e comissionado divinamente para o oficio Pastoria que o messias exerceria. Isto distingue o verdadeiro pastor do Ladrão; um é chamado por Deus ou outro não.

  1. A porta das ovelhas e os ladrões (10.7-10).

Se antes Jesus fez um contraste na parábola entre o pastor e os ladrões e salteadores (10.1-6), agora ele faz um contraste entre a porta e os ladrões e salteadores (10.7-10).

  1. A porta das ovelhas.

Jesus afirma categoricamente que ele mesmo é a porta: Eu sou a porta das ovelhas (10.7).

Ninguém pode entrar no aprisco de Deus senão por meio de Jesus. Não há outra porta. Não há outro caminho. Não há outro Salvador. Não há outro mediador.

O próprio Jesus é a porta. Não se trata de uma cerimônia ou de uma doutrina. Não se trata de uma igreja nem de uma denominação. A porta é Jesus!

Quatro verdades podem ser observadas acerca de Jesus como a porta das ovelhas, como veremos a seguir.

(a) Jesus é a porta da salvação (10.9). Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo […I. Jesus é a porta da salvação, a porta do céu.

Na Comédia o inferno de Dante, há uma inscrição na porta de entrada do Inferno “Abandonem toda a esperança vós que entrais aqui

Aqueles que entram pela porta larga, serão conduzidos há um lugar onde não existe esperança, a perdição eterna.

Aqueles que entram no caminho largo sexo ilícito, do homossexualismo, correm o risco de abandonam toda a esperança de serem salvos.

No caminho estreito há outra placa: Abandone seus pecados e tenha toda a esperança de ser salvo. Quem entrar (Jesus) aqui terá toda a esperança.

Mas aqueles que entram pela porta que é Jesus, encontrará esperança e vida eterna. Só Jesus é a porta do céu.

Ninguém poderá entrar na bem-aventurança senão por Jesus. Ninguém poderá ir ao Pai senão por Jesus.

(b) Jesus é a porta da libertação (10.9). […] Entrará e sairá […]. Há portas que conduzem à escravidão, mas Jesus é a porta que conduz à liberdade.

Quem entra pela porta que é Jesus entra e sai. As ovelhas de Cristo são livres. Deus nos chamou para a liberdade. Os fariseus oprimiam o povo, ameaçando com a excomunhão, e roubando os pobres.

(c) Jesus é a porta da satisfação (10.9). […] e achará pastagem. Quem entra pela porta que é Jesus encontra pastagem. Nele há provisão farta e vida abundante.

A nossa satisfação espiritual é encontrada em Cristo. Ele é o nosso alimento. Ele é o pão da vida, Ele é a água da vida.

Jesus atende as necessidades de seu rebanho, Nele encontramos pastagem. O salmo 23:1 diz o Senhor é meu pastou e nada me faltará.

Uma das melhores definições de contentamento que eu já ouvi é a seguinte: O contentamento não é ter tudo o que você quer.

O contentamento é está querendo tudo que você tem. Se o Senhor é seu pastor, você tem tudo o que precisa.

Jesus é a porta da vida abundante (10.10). […] eu vim para que tenham vida, e a tenham com plenitude. Jesus é a vida e veio para dar vida, vida plena, abundante, eterna.

  1. Os ladrões.

Agora, veremos duas marcas dos ladrões e salteadores.

Primeira, quanto ao seu oficio, os ladrões e salteadores não têm legitimidade (10.8). Os que vieram antes de Cristo são ladrões e salteadores.

Jesus está falando sobre os líderes dos fariseus que, em vez de conduzirem as ovelhas em segurança ao aprisco de Deus, afugentaram as ovelhas como os fariseus fizeram com o homem que foi expulso (9.34).

Os fariseus, chamados por Jesus de filhos do diabo, agiam como o ladrão que vem roubar, matar e destruir (10.10).

Segunda, os ladrões e salteadores agem de forma sinistra para eliminar as pessoas (10.10). O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir[…].  Tiago diz que o diabo está sempre procurando alguém que possa tragar.

O diabo está por traz de toda obra má, porque ele é um ladrão que rouba, mata e destrói.

O adversário celebra os suicídios, aplaude os abortos e faz com que os humanos matem uns aos outros. O diabo instituiu uma cultura da morte.

O slogan do diabo é roube, mate e destrua. Tudo o que o diabo quer é que você se destrua em seus pecados e vícios.

Ele rouba nosso primeiro amor. Nós costumávamos estar em chamas por Deus. Nosso apetite por Sua Palavra era voraz, nosso testemunho era forte e nossas orações eram intensas, mas agora estamos apenas passando pelos movimentos.

Ele mata nossa alegria. Ele gosta de nos fazer culpar a Deus e aos outros pelas coisas ruins que nos aconteceram. O diabo quer que a gente veja a vida como trabalho penoso.

Ele destrói nosso propósito. Alguns foram eliminados e vocês pararam de servir ao Salvador.

Em primeira instância, o ladrão aqui é o fariseu (10.1). Esses líderes religiosos matavam e destruíam as pessoas que eles tinham roubado (Mt 23.1 5).

Esse é um retrato imediato dos fariseus. Também aponta para todos os líderes religiosos que oprimem e destroem o povo em vez de apascentá-lo.

Essa é uma descrição clara do próprio diabo, inspirador de todos os falsos pastores.

III. O bom pastor e o mercenário (10.11-18)

Jesus faz mais um contraste, agora entre o pastor e o mercenário. O mercenário é alguém contratado para cuidar das ovelhas, mas ele não é pastor nem dono das ovelhas.

Faz o seu trabalho para receber um salário. Ele é um profissional do púlpito. Ele não está ali para arriscar sua vida e, sim, para ganhar seu sustento.

O pastor, porém, sendo dono das ovelhas, importa-se com elas, defende-as e até está pronto a dar sua vida por elas.

  1. Quem é o bom pastor.

Entre tantos nomes de Jesus, bom pastor é um dos que mais nos chamam a atenção.

Jesus nos chama de ovelhas, e a ovelha é um animal indefeso, inseguro e míope, que não pode alimentar a si mesma, proteger a si mesma nem limpar a si mesma.

A ovelha é totalmente dependente. Há um gritante contraste entre o poder do divino pastor com a fragilidade da ovelha. Há um gritante contraste entre as necessidades da ovelha e a rica provisão oferecida pelo pastor.

Os grandes líderes do povo de Deus exerceram a função de pastor. Os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó eram pastores de ovelhas. Moisés era pastor de ovelhas. O rei Davi também era pastor de ovelhas.

Deus é chamado de pastor de Israel. Israel é chamado de rebanho de Deus. A Judeia, lugar de montanhas e vales, não era adequada para a agricultura. Prevalecia a pecuária.

Havia muitos rebanhos de ovelhas. O Messias nos é apresentado no livro de Salmos como o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas (S122), como o grande pastor que vive para as ovelhas (SI 23) e como o supremo pastor que voltará para as ovelhas (SI 24).

Em João 10.11, Jesus se apresenta como o bom pastor que dá vida pelas suas ovelhas. O adjetivo “bom” aqui não é agathos, mas kalos. O sentido básico da palavra é “maravilhoso“.

A palavra kalos indica o caráter excelente de Jesus. Esse pastor corresponde a um ideal tanto em caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria.

O autor aos Hebreus, no capítulo 13, versículo 20, nos fala que o Jesus ressurreto dentre os mortos é o grande pastor das ovelhas, aquele que nos aperfeiçoa em todo o bem para cumprirmos a vontade de Deus.

E o apóstolo Pedro, em sua primeira epístola, capítulo 5, versículo 4, fala-nos do SUPREMO PASTOR que se manifestará para dar às suas ovelhas a imarcescível coroa da glória.

Várias verdades devem ser destacadas sobre Jesus como o bom pastor.

(a) O bom pastor sacrifica-se pelas ovelhas (10.11,15b). Jesus não é apenas pastor. Ele é o bom pastor. O bom pastor não é aquele que oprime, explora e devora as ovelhas, mas aquele que dá a vida por elas.

Jesus deixa isso explícito nos versículos 11 e 15. Os fariseus haviam acabado de expulsar da sinagoga o cego curado por Jesus. Eles usaram seu poder eclesiástico para oprimir as pessoas e lançá-las fora injustamente.

Jesus, o bom pastor, veio não para expulsar as ovelhas, mas para dar a vida por elas. Jesus veio para morrer pelas ovelhas. Ele amou as ovelhas e por elas se entregou.

Jesus não foi uma vítima das circunstâncias. Não foi como um animal que se arrasta para o sacrifício contra sua vontade. Jesus entregou sua vida voluntariamente.

Ele se deu voluntariamente. As pessoas não poderiam tirar sua vida, mas se entregou voluntariamente (10.17). Não foi porque Judas o traiu, por ganância. Não foi porque Pedro que, por covardia, negou a Jesus.

Não foi porque o Sinédrio judaico que, por inveja, julgou Jesus réu de morte e o levou à cruz. Não foi Pilatos que, por conveniência política, sentenciou Jesus à morte e o levou à cruz.

Não foi a multidão influenciada e manipulada pelos sacerdotes, que levou Jesus à cruz. Ele foi para a cruz voluntariamente. Ele se entregou por amor. Ele se deu voluntariamente.

Ele se deu sacrificialmente. Ele não amou suas ovelhas apenas de palavras. Verteu seu sangue pelas ovelhas. Não havia outro meio mais ameno. Não havia outro caminho de salvação.

Para salvar suas ovelhas, a lei de Deus que foi violada precisava ser obedecida. A justiça de Deus ultrajada precisava ser satisfeita. Somente o sacrifício de Cristo, o Cordeiro sem mácula, poderia salvar as ovelhas.

Ele se deu vicariamente. Jesus morreu em lugar das ovelhas. Sua morte não apenas possibilitou a salvação das ovelhas, mas realmente a efetivou. O sacrifício de Cristo foi substitutivo.

Ele morreu em lugar das ovelhas. Ele pagou sua dívida. Não morreu para abrandar o coração de Deus, mas como expressão do amor de Deus.

Não foi a cruz que inundou o coração de Deus pelas ovelhas, mas foi o coração inundado de amor pelas ovelhas que providenciou a cruz.

A cruz é o maior arauto do amor de Deus. Nela, Jesus morreu por pecadores. Nela, o Justo morreu pelos injustos.

Nela, encontramos uma fonte de vida e salvação. Em cinco ocasiões ao longo desse sermão, Jesus afirma claramente a natureza sacrificial de sua morte (10.11,15,17,18).

Ele não morreu como um mártir, executado por homens; morreu como um substituto, entregando a vida voluntariamente por suas ovelhas.

Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que, “apesar de o sangue de Cristo ser suficiente para a salvação do mundo, só é eficaz para os que creem”.

(b) O bom pastor conhece intimamente suas ovelhas (10.14,15). Entre o pastor e suas ovelhas, há um conhecimento mútuo profundo. O pastor conhece as ovelhas, e as ovelhas conhecem o pastor.

Esse conhecimento não é apenas teórico e intelectual, mas íntimo, estreito, místico. O bom pastor tem intimidade com suas ovelhas. Deleita-se no relacionamento com elas.

Não somos chamados mais de servos, mas de amigos. Assim como o Pai o conhece e corno ele conhece o Pai, da mesma forma suas ovelhas o conhecem.

É um relacionamento pessoal, profundo, íntimo. A vida eterna é comunhão com Deus e com Cristo. A vida eterna é intimidade com Deus e com Jesus.

Vamos estar com ele, vê-lo face a face. Vamos ser como ele é. Vamos glorificá-lo e reinar com ele. Vamos servi-lo e frui-lo por toda a eternidade.

(c) O bom pastor tem outras ovelhas que ainda não estão no aprisco (10.16).

Deus prometeu dar a Abraão uma numerosa descendência. Pessoas de todas as tribos, povos, línguas e nações foram compradas por Deus, e essas pessoas precisam ouvir a voz do pastor e ser agregadas ao aprisco de Deus.

O rebanho de Cristo ainda não está completo. Há outras ovelhas dispersas que precisam ser levadas para o aprisco (10.16).

Isso significa que precisamos fazer MISSÕES até os confins da terra. O bom pastor morreu para comprar com o seu sangue os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9).

As ovelhas que ainda estão dispersas precisam ser conduzidas por Cristo. É de quem chama essas ovelhas e as chama pelo evangelho (10.16b; 17.20).

Jesus disse que elas ouvirão a sua voz (10.16c). Elas precisam ouvir a pregação do evangelho […] e haverá um rebanho e um pastor (10.16d). Uma igreja universal composta de Judeus e gentios.

A igreja de Cristo, o rebanho do bom pastor, não é uma denominação. É um rebanho composto por todas as ovelhas, por todos aqueles e só aqueles que foram lavados no sangue de Jesus.

Há muitas igrejas e muitas denominações, mas um único rebanho. Há um só povo, uma só igreja verdadeira, uma só família, uma só noiva, uma só cidade santa.

Todos aqueles que creem em Cristo e seguem-no como o bom pastor fazem parte desse rebanho.

(d) O bom Pastor dá segurança as ovelhas. (v.28,29).

Tenha certeza de que sabe para onde está indo? Alguém disse que a vida do homem é composta de:

20 anos de sua mãe perguntando para onde ele está indo;

40 anos de sua esposa lhe perguntando onde ele esteve ;

e 1 hora em seu funeral quando todos se perguntam para onde ele está indo . Não se pergunte, SAIBA.

Jesus dá as suas ovelhas segurança, e por isso nunca irão perecer e ninguém as arrebata de sua mão.

Ninguém pode roubar – Nenhum lobo, nenhum ladrão, nenhum bandido, nenhum mercenário, nenhum demônio, nem mesmo o diabo pode arrancar as ovelhas das mãos de Jesus.

Os lobos falsos mestres e o diabo não poderão roubar as ovelhas. Elas têm segurança eterna, garantidas pelo Deus trino.

Os judeus não podiam crer; pois não eram suas ovelhas. Só as ovelhas podem ouvir a voz do Pastor.

A ovelha confia na proteção do Pastor, ela sabe que ele é suficiente para protegê-lo. Mesmo que as ovelhas enfrentem a dor e sofrimento, o Pastor estará lá para ajudá-la a superar todos as dificuldades.

A vida eterna que o bom Pastor oferece nunca acaba. Ele é nosso Pastor aqui e será na eternidade. Nuca mais seremos separados do maravilhoso Pastor.

  1. O mercenário.

Vejamos, agora, três características do mercenário.

Quais são suas peculiaridades?

(a) O mercenário não é pastor (10 .12). O mercenário não é o ladrão nem o salteador, mas um empregado contratado para cuidar das ovelhas. Ele é um profissional, ele não é pastor por vocação.

Ele toma conta delas em troca do seu salário. Não há nele nenhuma disposição de enfrentar riscos para defender as ovelhas

O mercenário não conhece as ovelhas, não ama as ovelhas, não se interessa pelas ovelhas. Ele é apenas um empregado, um assalariado que cuida das ovelhas em troca de seu sustento.

(b) O mercenário não é o dono das ovelhas (10.12). Ele não tem cuidado pelas ovelhas. Se uma delas se desgarra do rebanho, ele não vai atrás dela. Ele não se interessa por elas.

Se as ovelhas ficam enfermas, ele não se esmera para curá-las. Se alguma é atacada por uma fera, ele não lamenta.

Jesus, porém, é o dono das ovelhas. Ele nos comprou com o seu sangue (1Pe 1.18). Nós somos suas ovelhas. Somos propriedade exclusiva dele. Somos a sua herança, a sua delícia, a menina dos seus olhos.

Fomos selados por Deus. Somos propriedade exclusiva, inviolável, legitima e genuína de Deus.

(c) O mercenário não se sacrifica pelas ovelhas (10.12b, 13). Quando um lobo ataca o rebanho, o mercenário foge. Seu interesse é poupar sua vida, e não as ovelhas. O mercenário é medroso, ele só pensa nele e não nas ovelhas.

Ele está interessado em sua segurança, e não no bem-estar das ovelhas. Ele foge porque não tem cuidado com as ovelhas. Ele não é o pastor nem o dono das ovelhas. Ele não serve às ovelhas; serve-se delas.

  1. Jesus: Deus e homem (10.30-39)

Jesus destaca, de forma mais profunda, sua relação com o Pai, deixando claro, aos olhos dos incrédulos judeus, sua inegável divindade.

Ele é o Filho de Deus, e isso pode ser provado de três formas claras.

  1. Pela sua natureza (10.30). Eu e o Pai somos um. Quando Jesus disse que ele e o Pai são um, não quer dizer que são a mesma pessoa, mas que são da mesma essência.

Jesus é o Verbo eterno, pessoal e divino que se fez carne. Jesus é luz de luz, Deus de Deus, coigual, coeterno e consubstanciai com o Pai.

Essas duas pessoas nunca se tornaram uma pessoa. Daí Jesus não dizer: ‘Nós somos uma pessoa, porém diz: ‘Nós somos uma substância. Embora duas pessoas, as duas são uma substância ou essência”.

  1. Pelas suas obras (10.31-33). Os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus (10.31), pois, no entendimento deles, ao se fazer um com Deus, ele estava blasfemando, e o pecado da blasfémia era castigado com apedrejamento (Lv 24.16).

Então, usando a estratégia da ironia, Jesus lhes pergunta: Eu vos mostrei muitas boas obras da parte de meu Pai; por qual delas quereis me apedrejar? (10.32). Eles respondem que o que os incomoda não são suas obras, mas suas declarações.

  1. Pelas Escrituras (10.34-38). Jesus lança mão das Escrituras para selar seu argumento de que não está blasfemando ao se apresentar como o Filho de Deus, pois o Pai o santificou e o enviou ao mundo para fazer suas obras.

E reafirma categoricamente: […] o Pai está em mim e eu no Pai (10.38), Mais uma vez, a reação dos judeus é hostil. Em vez de crerem em Cristo, resolveram prendê-lo, mas Jesus se livrou de suas mãos (10.39

  1. A festa e a retirada (10.19-42)

Aqui está o ultimo contraste; entre o tumultuo da festa e a retirada de jesus para um lugar mais calmo, para fugir daqueles que queriam apedreja-lo.

  1. A festa.

Acontece uma dissensão entre os judeus por causa de Jesus. Alguns judeus acusam-no de estar endemoniado e perdeu o juízo.

Outros, porém, refutaram prontamente: Essas palavras não são de um endemoninhado […] e argumentaram: […] Será que um demônio pode abrir os olhos aos cegos? (10.21).

Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação, (Hanká, festa das luzes). Comemorada no inverno, no mês de dezembro.

Celebrava a purificação do templo por Judas Macabeu em 164 a.C, depois de ter sido profanado pelos romanos.

Jesus estava passeando no templo, no pórtico de Salomão, o mesmo local onde os apóstolos mais tarde ensinariam (At 3.11).

Então os escribas e fariseus cercam Jesus no templo e confronta-o firmemente: “até quando nos deixarás a mente suspensa? Se tu é o Cristo dize-o abertamente.

Jesus então lembrou-os “eu já disse abertamente”. Mas vocês não creram. Jesus dá uma explicação profunda e revela o motivo pelo qual eles não compreendiam sua linguagem e nem o significado de suas palavras: vocês não entendem porque não são minhas ovelhas.

O problema da incredulidade dos judeus devia-se ao fato de não serem eles suas ovelhas (10.26). Aqueles que não são suas ovelhas endurecerão o coração. Esses seguirão a voz de estranhos e mercenários, em vez de dar ouvidos à voz do pastor.

Não era por falta de provas que eles não creem, mas porque não têm perfeita disposição moral para ouvir a voz de Deus. Eles não querem obedecer para serem mudados.

  1. A retirada (10.40-42)

Diante da contínua e severa resistência dos judeus, Jesus se retira definitivamente e vai para a distante região da Pereia (10.40). Cumpre-se o que havia sido escrito: Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam (1.11).

Jesus saiu de Jerusalém para não voltar antes do domingo de Ramos, uns três ou quatro meses mais tarde.

Longe do cenário religioso de Jerusalém, os judeus, exasperados com as declarações de Jesus, se aquietam.

Muitos, entretanto, vão ter com Jesus e testificam que, embora João Batista não tenha realizado nenhum milagre, tudo quando disse a seu respeito conferia com a verdade (10.41).

Longe do carregado clima religioso de Jerusalém, fora do alcance da fiscalização dos escribas e fariseus, muitos creram em Jesus (10.42).

João Batista já havia sido aprisionado e assassinado tempos atrás, mas suas palavras não tinham sido esquecidas.

Tudo o que ele disse de Jesus era verdade. Mas o testemunho de João foi confirmado de maneira tão completa pela evidência que viam e ouviam, durante o breve período de tempo que Jesus passou entre eles, que muitos creram em Jesus.

Assim, o testemunho de João permanece eficaz depois de ele mesmo sair de cena”.

CONCLUSÃO:

Vamos responder a algumas perguntas, que pode nos ajudar a entender a mensagem.

Você pode marcar de 1 a 5; seja honesto com você mesmo. Que nota você daria a você mesmo nessas perguntas.

Quão sensível eu sou à voz de Cristo?

Quão obediente sou à liderança que Cristo colocou sobre a minha vida?

Quão confiante estou do meu destino?

Quão Seguro me sinto aos cuidados de Cristo?

[1] F. F Bruce