Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 104 –  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 82).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 30). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 29/11/2023.

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INTRODUÇÃO

A Bíblia é o livro mais extraordinário da humanidade. Ela criou a civilização ocidental, a mais justa e prospera da história. Ela produziu a ciência moderna e o direito e garantias individuais.

Sem as Escrituras o mundo estaria em profundas trevas. Como já disse um grande estadista “Sem Deus, sem Civilização”.

O secularismo propõe uma nova sociedade sem Deus, sem religião. Secularização é um estilo de vida, uma cultura, um jeito de viver, sem fé, sem Deus, sem a dimensão espiritual da vida.

Viver no mundo, no século e sem transcendência. A medida de tudo é o próprio homem, a razão humana. A isso chamamos de antropocentrismo. A política, a ciência, a economia expulsaram a religião.

A secularização eclipsou a Deus, mas criou ídolos vorazes que devoram tudo. A racionalidade criou os maiores monstros e horrores da humanidade.

Os intelectuais criaram as ideologias que secularizaram o mundo a partir do século 19 e criaram desde então um mundo de horror e desgraça. A cultura marxista em que vivemos é uma cultura da morte e de horrores.

O cientista político Paul Kengor em seu livro Karl Marx e o diabo, mostra os resultados tenebrosos dessa cultura desumana e destruidora de mundos.

O marxismo cultural é grande mal do mundo moderno, e seu principal objetivo é destruir completamente a religião e principalmente o cristianismo e seus fundamentos morais.

  1. O marxismo e sua guerra sem trégua contra a religião”.

Não há o que discutir acerca da intenção bolchevique: o especialista em Rússia e ex-bibliotecário do Congresso James Billington (que tem 40 doutorados) disse que:

“Vladimir Lenin e seus camaradas não tinham nenhum outro objetivo senão o do “extermínio de toda e qualquer crença religiosa”.[1]

De dentro do império, o historiador soviético Eduard Radzinsky disse que os bolcheviques (partido dos operários) haviam criado um “império ateu”[2] Nenhum ex-oficial soviético teria receio dessa afirmação.

“Assim como as ordens religiosas que convertem zelosamente os ‘heréticos’ à sua fé, os ideólogos [comunistas] declararam uma guerra indiscriminada contra a religião”, escreveu ninguém menos que Mikhail Gorbachev em suas memórias.[3]

Ele afirmou que os bolcheviques, mesmo após o fim da guerra civil, no período de “paz continuaram a derrubar igrejas, prender membros do clero e aniquilá-los.

Isso já deixara de ser algo compreensível ou justificável. O ateísmo assumiu formas bastante cruéis em nosso país nessa época”.[4]

A União Soviética era abertamente hostil à religião. Era oficialmente ateia. Eis o fato crucial: uma nação ser oficialmente atéia não quer dizer que ela seja irreligiosa ou não-religiosa, ou que não assuma um posicionamento com relação à religião.

A URSS tinha um posicionamento oficial sobre a religião: e não era neutro. Seu posicionamento era o de que Deus não existe.

Além disso, esse ateísmo se traduzia numa forma de anti-religião que incluía uma campanha sistemática para tentar eliminar a crença religiosa dentro da URSS e em todos os lugares fora da União Soviética em que os bolcheviques atuavam diligentemente para avançar as fronteiras do comunismo — em especial no Leste Europeu.

A hostilidade estatal à religião iniciada por Lenin prosseguiu durante a era de Stalin.

Na verdade, sob o poder de Stalin, os crentes experimentaram uma repressão ainda mais terrível, em particular nos anos 30 e durante o Grande Terror.

O ditador implodiu igrejas, prendeu e matou pastores, crentes, padres, bispos, diáconos e freiras, e em geral tinha obsessão por apagar todo e qualquer traço de religião.

Em 1932, sua Liga de Militantes sem Deus, iniciada por Trotsky e Lenin, publicou um plano de cinco anos para exterminar toda religião.

Publicado em 15 de maio de 1932, o “Plano de Cinco Anos de Ateísmo” estabeleceu o seguinte objetivo para 0 10 de maio de 1937:

“Não deve permanecer nem uma única casa de oração no território da URSS, e o próprio conceito de Deus deve ser banido da União Soviética como um remanescente da Idade Média e um instrumento de opressão das massas operárias!”[5]

Tratava-se basicamente da mesma mentalidade de Marx e de Lenin e dos marxistas modernos. Era preciso remover esse “bolor medieval”.

Entre leigos mal-informados, existe a opinião de que as coisas melhoraram na URSS com Nikita Khrushchov, que denunciou os “crimes de Stalin” em 1956, após assumir o cargo de líder, logo em seguida à morte do ditador.

Pelo contrário, mesmo durante o período supostamente menos violento e mais democrático de Khrushchov, a repressão aos fiéis cristãos seguiu como norma padrão.

Certo pastor soviético recorda:

Nasci numa família cristã em Tara, na Sibéria. Meu pai era pastor, e me lembro que éramos vistos como espiões e inimigos do país durante a infância. Até meus professores se juntaram às acusações!

Nós raramente andávamos até a escola sem que alguém nos chutasse ou sem sermos motivos de chacota.

Em 1961, meu pai foi jogado na prisão devido ao seu ministério na igreja. A acusação oficial foi que ele não queria trabalhar e era um parasita da sociedade. Nossa igreja seguiu em frente, embora seus edifícios tivessem sido confiscados.[6]

Em 1959, durante a era Khrushchov, um missionário condenado a 25 anos na prisão, quando era diariamente torturado, alega que, se por um lado Khrushchov “renegou” Stalin, ele “continuou a fazer as mesmas coisas” no tocante à religião.

Depois de 1959, alega-se que foi fechada a maioria das igrejas da Rússia soviética então em operação.[7] Sem local para reunir, a igreja começou a desintegrar-se.

A repressão religiosa continuou inabalável por todos os governos e durou de 1917 até a era Gorbachev[8] com o fim da URSS em 1990, foi quando a repressão soviética à religião finalmente chegou ao fim.

  1. O ataque universal do Marxismo contra a religião

Em tudo isso, a União Soviética apenas reflete o que é o mundo comunista e a cultura marxista como um todo.

O ateísmo endêmico se traduziu num tipo de anti-religião cruel, que incluía a campanha sistemática, frequentemente brutal, de eliminar toda e qualquer fé.

Iniciada na inauguração do Estado soviético e até hoje ainda firme sob diversas formas em países comunistas, como a China, a Coréia do Norte e Cuba, ONU.

Esse ataque abrangente e universal contra a fé religiosa não era dirigido apenas aos cristãos — protestantes, católicos, ortodoxos orientais — mas também contra judeus, e membros de outras fés.

Um líder da Liga de Ateus Militantes na época deixou claro o objetivo que tinham:

“No decorrer de 1930, devemos transformar nossa capital vermelha em uma Moscou sem Deus, nossas aldeias em fazendas coletivas sem Deus…

uma fazenda coletiva com uma igreja e um padre é digna de uma história em quadrinhos… a nova aldeia não precisa de uma igreja”.

Tantos milhares e milhões de mártires, tantas vitimas, tantas torturas: por onde começar? Como não deixar de citar todos[9]?

Um exemplo particularmente duro de perseguição religiosa na Europa Oriental foi o caso do cardeal húngaro Joseph Mindszenty.

Em 26 de dezembro de 1946, os comunistas celebraram a época do Natal prendendo o Cardeal Mindszenty.

Naquele dia, recém-transposta a meia-noite, os carrascos comunistas chegaram na casa de Mindszenty no breu da madrugada.

Aglomeraram-se os carros da polícia, que arrombou as portas com suas armas apontadas aos sacerdotes e demais presentes, incluindo a trêmula mãe de Mindszenty, a qual havia levado biscoitos e salsicha para celebrar o Natal com o filho.

Havia dezesseis oficiais de polícia. Eles conduziram o cardeal à casa de tortura na Rua Andrássy, número 60. Chegaram às três da manhã.

Ao longo de quase quarenta dias e quarenta noites, ele foi torturado. Os interrogadores no desumano quartel da polícia secreta eram peritos não apenas em espancamento, mas em lavagem cerebral e entorpecentes.

Os guardas comunistas o espetavam, picavam e ridicularizavam, sopravam-lhe fumaça no rosto, contavam-lhe piadas obscenas, profanavam sua presença e sua fé, enquanto o cardeal vestia o que depois foi descrito como uma “roupa de palhaço”.

A certa altura dessa forma inovadora de crucificação comunista sem morte, o cardeal foi mantido acordado por 35 horas seguidas, enquanto era golpeado, acossado e espancado pelos inquisidores.

Em outro momento, deixaram-no acordado por 82 horas, durante as quais trouxeram duas freiras, que foram socadas e esmurradas como um saco de areia.

O sacerdote tentou juntar as mãos para orar por elas, mas não conseguiu reconciliar a esquerda e a direita.

Quando a cena das irmãs massacradas não o convenceu a uma “confissão” entraram com dois padres ensanguentados, irreconhecíveis de tão inchados, os cabelos banhados em sangue, com pescoço e braços roxos, e os pés vermelhos.

Em sua cela, entre as sessões de espancamento, Mindszenty enfraqueceu ao ingerir porções restritas de comida e de uma bebida que sabia estar drogada.

Ele dizia aos outros presos que qualquer “confissão” sua deveria ser interpretada como extraída sob severa coação e num estado mental alterado.

A guerra comunista contra a religião naufragou Cuba por meio século, um país cuja distância da costa dos EUA não chega nem a 200 quilómetros.

Obviamente, a luta segue muito ativa na China, onde os cristãos fazem seu culto em igrejas clandestinas ou em celas de prisão; como a China não possui liberdade religiosa, uma em cada cinco pessoas no mundo está presa e sofrendo por sua fé.

E a investida avança contra o Estado-prisão da Coréia do Norte, outrora conhecida ironicamente como a “Jerusalém do Oriente”.

Não importando se o líder totalitário era Fidel Castro, Pol Pot ou José Stalin, o sentimento era o mesmo.

Aonde quer que fossem, de Leste a Oeste, da África à Ásia, de Phnom Penh a São Petersburgo, os comunistas compartilhavam do mesmo objetivo: a aniquilação da religião.

Podiam até discutir os pormenores de como exatamente implementar a visão de Marx, mas eram unânimes em uma coisa: a religião era o inimigo, um rival do controle marxista sobre as mentes, e tinha de ser destruída a qualquer custo.[10]

O ateísmo era parte integrante da revolução. Mesmo os comunistas incapazes de subir ao poder— e, portanto, destituídos da capacidade de perseguir religiosos — ainda se esforçavam ao máximo para atacar os dogmas da religião organizada e ridicularizar o conceito da existência de Deus.

Os comunistas se orgulhavam do seu ateísmo, sempre militante e jamais acanhado e feito principalmente nas universidades e escolas.

O fato dos comunistas dedicarem tanto tempo e suor ao movimento anti-religioso reflete aquela notável devoção, como já vimos, uma devoção radicalmente religiosa, com o plano de eliminar a fé religiosa.

Também atesta a convicção de que a religião na verdade é incompatível com o marxismo-leninismo.

Nenhuma outra coisa parecia suscitar tantos grunhidos e sibilos dos discípulos de Karl Marx, ainda hoje, e todos os dias vemos isso sendo dito pela mídia.

  1. O Inferno na Terra: a experiência de Richard Wurmbrand

Muitos outros exemplos poderiam ser citados. O presente capítulo se encerra com algumas cenas apavorantes do perverso Estado comunista da Romênia.

Richard Wurmbrand foi um pastor que sofreu quatorze anos infernais numa prisão romena.

Ele descreveu boa parte dessa inexplicável crueldade em pormenores em depoimento diante do Congresso americano e no seu popular “TORTURADO POR AMOR A CRISTO”, livro lançado em 1967.

“Milhares de membros de igrejas, de todas as denominações, foram encarcerados naquela época”, cerca de 40 milhões ao longo de décadas.

“Não apenas líderes religiosos, mas homens do povo, rapazes e moças que davam testemunho de sua fé. As prisões ficaram repletas e, na Romênia (como em todos os países comunistas), estar na prisão significa ser torturado”.

Ele lembrava O exemplo de um pastor:

Um pastor, chamado Florescu, foi torturado com atiçadores de ferro em brasa e com facas. Foi açoitado horrivelmente.

Ratos famintos eram introduzidos em sua cela através de um cano grosso. Ele não podia dormir, pois tinha de se defender o tempo todo. Se descansasse um só momento, os ratos o atacariam.

Foi forçado a ficar de pé por duas semanas, dia e noite. […] Por fim trouxeram seu filho de quatorze anos e começaram a açoitá-lo na presença do pai, dizendo que continuariam a bater até que o pastor dissesse o que eles queriam.

O homem, coitado, já estava quase louco. Suportou até onde pôde. Por fim, gritou para o filho:

“Alexandre, tenho de dizer o que eles querem! Não posso mais suportar o que lhe estão fazendo!”.

O filho respondeu:

“Papai, não me faça a injustiça de ter um traidor por pai! Resista! Se me matarem, morrerei com as palavras: ‘Jesus é minha terra natal!”

A fúria dos comunistas caiu sobre o menino, em quem bateram até matá-lo, vendo-se manchas do seu sangue pelas paredes da cela.

Morreu louvando a Deus. Nosso querido irmão Florescu nunca mais foi o mesmo, depois do que presenciou.[11]

Os captores de Wurmbrand golpearam-no em uma dúzia de lugares no corpo, onde também recebeu queimaduras e dezoito ferimentos penetrantes.

“O que os comunistas têm feito aos crentes ultrapassa qualquer possibilidade de entendimento da mente humana!”, escreveu Wurmbrand.

Segundo ele, os torturadores comunistas costumavam lhe dizer:

“Não há Deus nem vida futura, nem castigo pelo mal. Podemos fazer o que quisermos”.

Ele descreve a crucifixão nas mãos dos comunistas, em que os cristãos eram amarrados a cruzes por quatro dias e quatro noites:

A seguir eram as cruzes colocadas no chão e centenas de prisioneiros tinham de atender suas necessidades fisiológicas em cima dos rostos e dos corpos dos que estavam crucificados.

Depois as cruzes eram de novo levantadas e os comunistas escarneciam:

“Olhem para o Cristo de vocês! Que bonito ele é! E que fragrância traz dos céus. […] Depois de ficar quase louco pelas torturas, um padre ortodoxo foi obrigado a consagrar fezes e urina humana para dar em comunhão aos cristãos.

Isso aconteceu na prisão de Pitesti, na Romênia. Depois perguntei ao padre por que ele não preferiu morrer a participar dessa zombaria, Respondeu-me:

“Não me julgue, por favor! Sofri mais do que Cristo!”. Todas as descrições bíblicas do Inferno e as dores referidas no Inferno de Dante não são comparáveis às torturas em prisões comunistas.

Isso é apenas uma pequena amostra do que aconteceu em um e mais domingos, na prisão de Pitesti.

Outras coisas não poderiam serem ditas aqui. Meu coração não suportaria repeti-las. São demasiadamente horripilantes e obscenas para serem escritas.

Era um domingo como qualquer outro na prisão de Pitesti, uma tenebrosa casa de horrores que nem o criativo Dante Alighieri poderia conceber.

  1. O inferno que era Pitesti[12]

O que o Pr Richard Wurmbrand descrevia da prisão de Pitesti é apenas um gostinho muito amargo de um lugar terrível, repleto de casos de depravação.

Os males que rondavam aquela penitenciária política e o centro de lavagem cerebral/reeducação na cidade de Pitesti, na Romênia, que foi usada pelos comunistas para fazerem as maiores atrocidades, macabras e perversas contra os presos religiosos. E que não recebeu a mínima atenção do acidente[13].

Foi criado um site com tradução em inglês) dedicado ao assunto, com o título muito apropriado de “The Genocide of the Souls[14] — The Pitesti Experiment” [O genocídio das almas — O experimento Pitesti].

A página, extensão de um projeto cinematográfico conjunto, é mantida pelos cineastas romenos Sorin Iliesiu e Doru Lucian Iliesiu, em parceria com o renomado intelectual francês Stéphane Courtois, editor do clássico O livro negro do comunismo, lançado pela Harvard University Press.[15]

O site relata alguns dos testemunhos realmente sinistros que foram preservados em grande parte na bibliografia europeia oriental.

Entre os torturados, estavam jovens seminaristas, e multas vezes as torturas aconteciam de maneiras que zombavam ou procuravam cometer grande sacrilégio contra a fé cristã.

Note-se que as fontes a seguir procedem de relatos em livros com títulos como “A fábrica do Demônio” e “O inferno de Pitesti”.[16]

E trata de algo completamente doentio e inimaginável, já feito aos seres humanos:

“A imaginação delirante de Turcanu [o torturador chefe de Pitesti) era desencadeada sobretudo quando ele estava lidando com estudantes que acreditavam em Deus e que lutavam para não renunciar à fé.

Assim, alguns eram “batizados” todas as manhãs: suas cabeças mergulhadas no balde de urina e fezes, enquanto as outras pessoas ao redor cantavam o ritual do batismo.

Isto durava até que o conteúdo do balde começasse a borbulhar. Quando o recalcitrante prisioneiro estava a ponto de se afogar, era puxado para cima, por um curto tempo, para recuperar o fôlego, e depois novamente submerso.[17]

“No chamado ato de despersonalização, os alunos eram obrigados, sob tortura, uma tortura permanente e inimaginável, a trair todos que prezavam: Deus, os seus próprios pais, irmãos, irmãs e amigos.

Eram forçados a beber urina e comer fezes! O ser humano era, assim, aniquilado.

Enojado com sua própria fraqueza, jamais se recobraria ante sua própria consciência. Aquela dor ultrapassava as forças humanas”.[18]

“Então me despiam […l. O que se seguia é algo indescritível, pancadas na cabeça para induzir o entorpecimento; pancadas no rosto, para desfigurá-lo; milhares de golpes nas costas, abaixo das costelas, no plexo, nas solas dos pés.

Dezenas de desmaios e depois tudo de novo, por horas a fio, e o olho na vigia sempre observando, sempre observando.

Eles despedaçaram minhas costelas, pulmões, fígado, chutando meus ossos, meus rins com pés calçados” [19]

“Quando a vítima era um seminarista ou uma pessoa com algum fervor religioso, faziam-no ajoelhar diante das nádegas nuas de alguém que deveria ser ‘re-educado’, para chamar aquele traseiro de ícone e beijá-lo[20].

Era obrigado a chamar a Virgem Maria de ‘a grande prostituta’ e Jesus Cristo de ‘o grande imbecil crucificado na Cruz’.

Se se soubesse que a vítima amava seus pais, Turcanu (o torturador chefe) assim o provocava:

‘Diga-me, fulano, como é que você dorme com sua mãe? ‘, ou: ‘Me conta como você pegou seu pai estuprando sua irmã?’

A vítima, depois de enfrentar o purgatório da ‘reeducação’, nunca era deixada de lado, mas integrada tambem à casta dos carrascos”.[21] E agora tinha que torturar seus amigos.

  • “Os ritos envolvendo religião, as missas negras encenadas na Páscoa ou no Natal, horrorizavam os detentos.
  • Em tais ocasiões, eram os seminaristas que sofriam mais, vestidos como ‘Cristos, em batinas esfregadas em excrementos.
  • Faziam-nos tomar a ‘comunhão’ com urina e fezes, e, em vez da Cruz, um pênis esculpido em sabão, que todos os outros eram obrigados a beijar.

Ao lado deles, cantavam-se hinos com palavras escabrosas, cujos lugares comuns eram insultos a Cristo e à Virgem Maria. Às vezes, os detidos eram deixados completamente nus.[22]

“Peças de teor sexual eram encenadas por ordem de Turcanu, naturalmente.

Na Sexta-Feira Santa, ele distribuía os papéis: o ‘jumento’ era lambido por ‘Maria Madalena’, ‘José’ sodomizava o ‘jumento’, que por sua vez ficava com o focinho no colo da ‘Virgem Maria prostituta’, concomitantemente sodomizada por ‘Jesus’.

Os reeducados, chefiados por Turcanu, exibiam um prazer diabólico em zombar dos fiéis, apelidados de ‘místicos’.

Tais cenas tinham um efeito terrível sobre as vítimas, que costumavam só encontrar seu consolo na fé. Entretanto, depois de participar das missas negras, toda a fé deles era abalada até os alicerces”.[23]

Obrigavam-no a puxar os genitais do outro ou um deles colocava o pênis em sua boca; se você se sujasse durante os espancamentos, obrigavam-no a comer suas próprias fezes e lamber as ceroulas sujas ou comer as fezes de outra pessoa em sua tigela de refeição.

Sem poder lavá-la depois disso; obrigavam-nos a beijar o traseiro um do outro; a urinar na boca um do outro; quando você implorava por água, davam-lhe a urina do balde ou urinavam na sua boca, ou os outros cuspiam na sua boca;

faziam-no cuspir no traseiro dos outros e depois lamber; enxugavam uma vara lambuzada de fezes do banheiro em sua boca; obrigavam-no a enfiar seu dedo em seu traseiro e depois chupá-lo”.[24]

“Começaram a bater nele com uma fúria indescritível, usando os punhos, porretes e pés. E a jogá-lo de um lado para outro, até que o infeliz ensangüentado foi ao chão quase inconsciente, sem conseguir mais se levantar.

Depois que lhe desferiram mais uns chutes na cabeça, dois deles o pegaram e jogaram no beliche, fazendo-o sentar com as mãos nos bolsos e de cabeça baixa, segundo a ordem.

Em seguida, outro, depois mais outro, como em uma dança diabólica, com a intenção de aniquilar o último grãozinho de resistência física e moral das pessoas que entravam em seu jogo doentio”.[25]

Estas descrições falam por si. Nem o roteirista ou mestre do horror mais macabro ousaria ir tão longe.

A traição a Deus era a ordem do dia, assim como o sacrilégio em nome de Jesus, “o grande imbecil crucificado”, e a Virgem Santíssima, “a grande prostituta”.

Os dias santos eram momentos oportunos para a obscenidade e a blasfêmia. E havia também as missas negras — claro que haveria!

Quem ousaria dizer que o Diabo não se fez presente em Pitesti?

CONCLUSÃO: 

O marxismo é uma ideologia explictamente ateista que combate todas e quaisquer formas de religião a qual declara ser o ópio do povo e que opõe-se em particular a igreja cristã.

A terrível ironia que o próprio comunismo em si é uma pseudo religião e na verdade de ordem escatológica, a sua ideologia promove uma falsa visão de tipo apocalíptica/utópica acerca do paraíso na terra.

O comunismo é uma obra dos intelectuais numa tentativa de ilusória de construir um céu secularista na terra, mas acabou construindo um verdadeiro inferno na terra.

O Apostolo Pedro 2 Pedro 3:1-14 diz que os cristãos não vivem por um utopia, mas por uma promessa de um novo mundo:

¹ Amados, escrevo-vos agora esta segunda carta, em ambas as quais desperto com exortação o vosso ânimo sincero;

² Para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como apòstolos do Senhor e Salvador.

³ Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências,

⁴ E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.

⁵ Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste.

⁶ Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio,

⁷ Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.

⁸ Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.

⁹ O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.

¹⁰ Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão.

¹¹ Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade,

¹² Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?

¹³ Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.

¹⁴ Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.

[1] James Billington, “Christianity and History , série de palestras em comemoração ao 1250 aniversário do Grove City Col]ege, Grove City, Pennsylvania, 27 de setembro de 2001.

[2] Radzinsky em entrevista para a biografia da AeE sobre Josef Stalin, “The Red Terror”.

[3] Mikhail Gorbachev, Memoirs. NY: Doubleday, 1996, p. 328.

[4] Mikhail Gorbachev, On My Country and the World. NY: Columbia University Press, 2000, pp. 20—21,

[5] Cf. Paul Dixon, “Religion in the Soviet Union”, Marxist.com, 17 de abril de 2006, publicado pela prinjcira vez em Workers’ International News em outubro de 1945, postado online em: http:/!wv€w, marxist.com/religion-soviet-union170406.htm. Cf. também Yakovlev, A Century of Violence Soviet p. 164.

[6] Esta passagem é tirada de um artigo, “A Life of Lasting Thankfulness”, de autoria do Reverendo Yuri membro da União Russa de Cristãos Batistas. Urn trecho do artigo consta na transcrição da entreSipko. Correspondência recebida pelo autor em 21 de junho de 1998.

[7] Richard Wurmbrand, Tortured for Christ. Bartlesville, OK: Living Sacrifice Book Company, 1998,

  1. 65.

[8] Gorbachev é considerado o responsável pelas reformas de abertura política e econômica que levaram à desintegração da URSS e do modelo socialista, com políticas como Perestroika (reestruturação econômica) e Glasnost (abertura política).

[9] https://portasabertas.org.br/artigos/o-que-foi-a-uniao-sovietica

[10]Novamente,cf.”The Communist War on Religion”, publicado em: http://www.globalmuseumoneotnmunism.org.

[11] Wurmbrand, Tortured for Christ, pp. 33—38.

[12] https://www.youtube.com/watch?v=XlN9zww26Xg

[13] Livro em português: O fenomemo de Pitesti que descreve essas barbaridades.

[14] https://www.amazon.com.br/fen%C3%B4meno-Pitesti-Virgil-Ierunca/dp/6587138713

[15] Veja: htcps://www.thegenocideofthesouls.org/public/english/video-historians/, recuperado em 30 de ‘unho de 2019,

[16] As citações abaixo foram reproduzidas como aparecem no website.

[17] Virgil Ierunca, The Pit#ti Phenomenon, Paris, 1981, p. 37. [Cf. O fenómeno Pite«i. Campinas: Vide Editorial, 2022, p. 42].

[18] Eugen Magirescu, The Devil’s Mill: Memories of Pite;ti Prison. Edicura Fronde, Alba-lulia, Pans, 1994, p.6.

[19] Eugen Magirescu, The Devil’s Mill, in Memoria no 13, p, 38,

[20] https://www.youtube.com/watch?v=K3ge7G_kVcc

[21] lon Balan, The Prison Camp Regime in Romania, 1945—1964. Fundatia Academia Civica, 2000, p225.

[22] Alin Muresan, The Chronicle O[an Assisted Suicide. Polirom, Bucharest, 2008

[23] Ibid,

[24] Costin Merisca, Pitesti Tragedy. Jassy, 1997, p. 70—71.

[25] Justin Stefan Paven, The Hell of Pitefti, in Memoria no 22, p. 66.