Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 93–  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 69).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 19). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 23/08/2023.

Acesse os sermões na categoria: Sermões Expositivos.

__________________________________________________

 

INTRODUÇÃO

Um dos principais psicólogos sociais da atualidade, 0 romeno Serge Moscovici, escreveu um livro com o título “A Máquina de fazer Deuses”, mostrando que os movimentos autoritários europeus foram construídos pelos intelectuais[1].

Essa “crença” que são a essência das representações sociais; que todo conhecimento científico se desfigura, ou melhor, se redefine, logo que se dissemina na cultura.

Uma “máquina de fazer deuses” que, assim como nos tempos arcaicos, tem ao menos duas causas básicas de existência, ambas de ordem emocional:

o amor pelo conhecimento e “o medo instintivo do homem de poderes que ele não pode controlar e sua tentativa de poder compensar essa impotência imaginativamente”.

Ele não poupa críticas aos intelectuais pelo envolvimento na propagação de ideais racistas, antisemitas e totalitaristas dos governos comunistas.

Esse lado obscuro dos intelectuais de tal porte, segundo Moscovici argumenta, é útil para desmontar uma das falsas “crenças” mais típicas em vanguardas como o leninismo (comunismo), nazismo e o fascismo.

Esses sistemas de crenças, dos intelectuais tem a falsa desconfiança em relação ao poder intelectual (capacidade intelectual) ou nível moral das massas populares.

Essa falsa crença dos intelectuais negligencia o fato das ideologias mais bárbaras do passado recente (sex XIX), são mais que “grunhidos” emocionais de multidões, eles são na verdade, em boa medida, produtos das pranchetas conceituais (ou peças acadêmicas de crenças racionalizadas) das mentes as mais sofisticadas.

Nenhuma barbaridade e terror com aconteceu na revolução francesa, nas duas grandes guerras e sistema totalitário e assassino marxistas foi feito pelas multidões, mas foi idealizado na cabeça dos pais do intelectualismo moderno.

Ele afirma, que, ao contrário do estereótipo que liga as massas ao irracionalismo, o século 20 foi farto em exemplos de intelectuais como verdadeira origem desse tipo de pensamento irracional.

Por exemplo, se observarmos a história da Europa, veremos que todo movimento de fundo nacionalista ou que tenha desembocado no fascismo foi construído por cientistas.

O mito ariano, por exemplo, é uma concepção intelectual. Claro que, no trabalho de formular tais ideologias, eles sentem dadas correntes e tendências no seio da sociedade, às quais, porém são eles que dão forma.

Um caso concreto disso é o “darwinismo social” ou a “doutrina de raças” (racismo científico) que tem nos meios intelectuais um ponto de partida.

Aqui está o grande papel atribuído à mídia na produção das representações sociais na modernidade,

As representações sociais são sempre ligadas à comunicação, mas não são elas que as produzam. O que fazem é antes tendenciosamente acelerar ou afrouxar, ao dirigir o fluxo das representações num sentido ou noutro, mas não têm aí um papel criador.

Moscovici conclui que a sociedade moderna é uma “máquina de fazer deuses”. Pois em todo sistema de saber, em uma cultura, se torna um sistema de crença.

E a crença pode tomar a forma de mito. Nós temos os mitos científicos e técnicos, que fazem parte de nossa cultura. Nesse ponto a ciência e o senso comum se misturam.

Se não temos o mito propriamente dito, temos desde o século 16 a emergência de mitos científicos. É o caso dos mitos darwinistas, racistas, marxistas, genéticos e Freudianos.

Se o papel da “crença” é tão crucial para as verdades, como pensar o inverso disso? Como averiguar, no domínio da vida comum, se há “verdade” em nossas crenças?

O indivíduo não pode descobrir isso solitariamente. Somente a palavra de Deus pode mostrar onde estão os mitos e a verdade na cultura que vivemos.

Sem a Palavra de Deus não há base alguma para a verdade, e tudo o que resta será a existência de “mitos”.

A cultura marxista é uma cultura que nasce de mitos, que dominaram a psicanálise da alma de Marx.

O marxismo é a insensível psicologia comportamental e totalitária de Karl Marx, o que ele era e fez influenciou sua filosofia.

  1. Karl Marx: “gritando maldições colossais[2]“.

Segundo o historiador Paul Johnson, em seu livro os INTELECTUAIS, não hesita em dizer que é preciso ter cuidado com os intelectuais, pois estes frequentemente esquecem que as pessoas são mais importantes do que os conceitos e devem vir em primeiro lugar, levantando a tese de que o pior dos despotismos é a insensível tirania das ideais.

Paul Johnson diz que, Karl Marx tem tido mais influência nos acontecimentos atuais, e nas cabeças de homens e mulheres, do que qualquer intelectual de nossos tempos. E isso para pior.

A razão para isso não é originariamente a atração que se sente diante de seus conceitos e de sua metodologia, embora ambos representem um atrativo para as cabeças pouco rigorosas.

Mas devido ao fato de que sua filosofia foi institucionalizada em dois dos maiores países do mundo, União Soviética e China, e em seus muitos satélites (Estados/países membros).

Nesse sentido, ele se assemelha a Santo Agostinho, cujas obras foram lidas de forma generalizada entre os líderes da igreja do século V ao XIII e por esse motivo tiveram um papel preponderante na configuração da cristandade medieval principalmente na santa inquisição e no radicalismo do calvinismo.

  1. Marx e sua ciência totalitária.

Mas a influência de Marx tem sido ainda mais direta, pois o tipo de ditadura que ele idealizou para si mesmo (como veremos) foi de fato levada a efeito, com incalculáveis consequências para a humanidade, por seus três mais importantes seguidores, Lenin, Stalin e Mao Tse-Tung, que nesse ponto foram, todos eles, marxistas convictos.

Marx foi um filho de seu tempo, no meio do século XIX, e o marxismo foi uma filosofia típica do século XIX pelo fato de se pretender científico.

“Científico” era o termo mais convincente de aprovação para Marx, que ele usava comumente para distinguir a si próprio de seus vários inimigos.

Ele e sua obra eram “científicos”; seus inimigos, não. Percebeu equivocadamente que tinha encontrado uma explicação científica do comportamento do homem na história análoga à teoria da evolução de Darwin.

A noção de que o marxismo é uma ciência, de um modo que nenhuma outra filosofia nunca foi ou podia ser, faz parte da doutrina pública dos governos instituídos por seus seguidores, de tal forma que influencia o ensino de todas as matérias nas escolas e universidades desses países.

Isso se espalhou pelo mundo não marxista, pois os intelectuais, principalmente os acadêmicos, são fascinados pelo poder…

…e a identificação do marxismo com a autoridade física poderosa induziu muitos professores a acolherem a “ciência” marxista em suas próprias disciplinas, especialmente nas matérias não-exatas ou quase exatas como Economia, Sociologia, História e Geografia.

Sem dúvida, se Hitler, em vez de Stalin, tivesse ganho a disputa pela Europa Central e Oriental em 1941-45, e desse modo impusesse sua vontade sobre uma grande parte do mundo…

…A doutrina nazista – cujos partidários também pretendiam que fosse científica, assim como a teoria sobre a superioridade da raça ariana, que dela fazia parte.

Teria ganho um falso brilho acadêmico e teria penetrado nas universidades pelo mundo afora e o mundo seria completamente diferente.

Porém, a vitória militar assegurou que a ciência marxista, mais do que a nazista, prevalecesse.

  1. Marx e sua formação secularista.

Por conseguinte, o que devemos perguntar em primeiro lugar a respeito de Marx é: em que sentido ele era um cientista, se é que o era?

Ou seja, até que ponto ele estava comprometido com a busca do conhecimento objetivo por meio da investigação e da avaliação dos dados?

A esse respeito, a biografia de Marx o mostra originariamente como um erudito. Ele descendia, por parte de pai e de mãe, de linhagens de scholars (estudiosos).

Seu pai, Heinrich Marx, um advogado cujo nome original era Herschel ha-Levi Marx, era o filho de um rabino estudioso do Talmude, descendente do famoso Rabino Elieser ha-Levi de Mainz, cujo filho Jehuda Minz era diretor da Escola Talmúdica de Pádua.

A mãe de Marx, Henrietta Pressborck, era filha de um rabino que descendia igualmente de eruditos e sábios famosos.

Marx nasceu em Trier (na época, um território prussiano) a 5 de maio de 1818, sendo um entre nove filhos, embora tenha sido o único filho homem a sobreviver até a idade adulta; suas irmãs casaram-se, respectivamente, com um engenheiro, um livreiro e um advogado.

A família era essencialmente de classe média e prosperava a olhos vistos.

O pai era um liberal e foi descrito como sendo “um verdadeiro francês do século XIX, que sabia seu Voltaire e seu Rousseau de trás para a frente”.

Esse conhecimento iluminista influenciou a mente de Marx em seu totalitarismo acadêmico.

Seguindo um decreto prussiano de 1816 que proibia os judeus de ocupar os cargos mais elevados na advocacia e na medicina, convenientemente opais de Marx tornou-se protestante e em 26 de agosto de 1824, batizou seus seis filhos na igreja luterana.

Marx foi batizado aos 6 anos e foi crismado aos 15 anos e parece ter sido, por algum tempo, um cristão fervoroso.

Cursou o antigo segundo grau jesuíta nessa época secularizado e a Universidade de Bonn. De lá, foi para a Universidade de Berlim, que era, nessa época, a de melhor ensino no mundo. Onde estavam os pais do ateísmo.

Nunca recebeu nenhuma educação judaica nem se esforçou para ter tal educação, e nunca demonstrou nenhum interesse pelas causas dos judeus.

Porém pode-se dizer que ele desenvolveu peculiaridades típicas de um certo tipo de erudito, principalmente os talmúdicos:

“a tendência de acumular massas imensas de dados assimilados pela metade e de planejar obras enciclopédicas que nunca eram terminadas;…

…“um enorme desprezo por todos os não-eruditos e uma agressividade e irascibilidade extremadas ao lidar com outros eruditos” que discordavam dele.

Na verdade, praticamente toda a sua obra tem a característica básica de um estudo talmúdico: ele não é original, é essencialmente um comentário a respeito ou uma crítica do trabalho de outros estudiosos do mesmo campo.

Marx se tornou um bom estudioso clássico e mais tarde se especializou em filosofia, principalmente a partir do modelo hegeliano.

Fez doutorado, embora tenha sido na Universidade de Jena, que tinha critérios menos rígidos do que a universidade de Berlim.

  1. Marx o profeta do caos e do terror.

Ele se tornou jornalista de um jornal (Rheinische Zeitung) e editou-o por cinco meses até que teve sua circulação proibida, em 1843, depois disso escreveu para o Deutsch-Französische Jahrbücher e para outros jornais em Paris até sua expulsão em 1845, tendo ido depois para Bruxelas.

Lá, se envolveu na organização da Liga dos Comunistas, cujo manifesto escreveu em 1848. Depois do fracasso da revolução, foi obrigado a se mudar (1849) e se estabeleceu em Londres, dessa vez para sempre.

Por poucos nas décadas de 1860 e 1870, estava novamente envolvido em política revolucionária, dirigindo a tempo em Londres, até sua morte a 14 de janeiro de 1883.

Ou seja, 34 anos, passou no Museu Britânico, procurando material para um gigantesco estudo sobre o capital e tentando dar a ele uma forma que o tornasse publicável.

Viu um volume ir para o prelo (1867), mas o segundo e o terceiro foram compilados a partir de suas anotações por seu companheiro Friedrich Engels e foram publicados após sua morte.

Marx, portanto, levou uma vida de erudito. Certa vez, se queixou: “Sou uma máquina condenada a devorar livros”.

Mas num sentido mais profundo, ele não era realmente um intelectual, nem tampouco um cientista.

Não estava interessado em achar a verdade, mas em proclamá-la e forçar os outros a aceitar seus conceitos, e isto lhe rendeu muitas inimizades.

Havia três elementos constitutivos em Marx: o poeta, o jornalista e o moralista. Cada um deles teve sua importância na formação do marxismo.

Juntos, e combinados com sua enorme vontade, tornavam-no um escritor e um profeta do caos e do terror. Mas não havia nada de científico nele; na verdade, em todos esses aspectos ele era anticientífico e irracional.

  1. Marx o poeta da tragédia satânica[3] .

O poeta em Marx era muito mais importante do que geralmente se supõe, muito embora suas metáforas poéticas logo tenham sido incorporadas a sua visão política.

Começou a escrever poesia quando ainda era um garoto, por uma garota da porta ao lado- Jenny, para quem ele envia as poesias. Dessas 40 copias foram preservadas.

Mas escreveu uma tragédia mal acabada e mal sucedida, escriva na forma de verso, Oulanem[4], O [5]que Mark[6] escrupulosamente tinha esperança de que viesse a ser o Fausto [7]da sua época. Embora a obra seja profundamente elogiada pelos amantes do marxismo[8].

O Fausto foi escrito para mostrar o perigo da curiosidade científica a parte de Deus, que não pode satisfazer a alma do homem sem Deus.

Dois poemas tinham sido publicados na Athenaeum de Berlim, a 23 de janeiro de 1841.

Intitulavam-se “Canções selvagens”, e a selvageria é uma marca característica de seus versos, juntamente com um intenso pessimismo no que diz respeito a condição humana, ódio, uma fascinação pela decomposição e pela violência, pactos de suicídio e pactos com o demônio.

“Nós estamos acorrentados, alquebrados, vazios amedrontado/ eternamente acorrentados a esse bloco marmóreo do ser”, ‘escreveu o jovem Marx,“…Somos os imitadores de um Deus insensível”.

Ele próprio, representando Deus, diz:

“Gritarei maldições colossais à humanidade, e sob a superfície de grande parte de seus poemas está a ideia de uma crise mundial generalizada que aumenta.

Gostava de citar o verso de Mefistófeles, do Fausto de Goethe[9]: “Tudo o que existe merece perecer”;

Marx manteve por toda a sua vida essa visão apocalíptica de uma catástrofe imensa e pronta para se abater sobre o sistema vigente.

Toda a visão marxista estava na poesia dele, foi o pano de fundo do Manifesto comunista de 1848 e foi o clímax do próprio livro “O Capital”.

  1. Marx e sua escatologia do terror.

Marx, em suma, é um escritor escatológico do começo ao fim.

É digno de nota, por exemplo, que no projeto original de A ideologia alemã (1845-46) ele tenha incluído uma passagem que lembra bastante seus poemas a respeito do “Dia do Juízo”:

“Quando os reflexos das cidades em chamas forem vistos nos céus (…) e quando as ‘harmonias celestiais’ consistirem das melodias “La Marseillaise[10]” – A Marselhesa – (hino oficial da Francesa, criado no tempo do reinado de terror da revolução francesa).

E “La Carmagnole[11]” (A Carmanhola, hino usado pelos revolucionários enquanto invadia o palácio e prendia a família real da França que mais tarde é morta e vítima de abusos inescrupulosos, como estupro e guilhotina).

…tendo como acompanhamento canhões ribombantes, enquanto a guilhotina marca o tempo e as massas inflamadas gritam Ça ira, ça ira[12], e a autoconsciência está pendurada no poste de luz”.

Mais uma vez, há ecos de blasfêmia de “Oulanen” no Manifesto comunista, quando o proletariado leva o manto do herói.

O tom apocalíptico dos poemas irrompe em seu terrível discurso de 14 de abril de 1856:

“A história é o juiz, seu carrasco, o proletariado” – o terror, casas marcadas com a cruz vermelha, metáforas de catástrofe, terremotos, lava fervente saindo da crosta terrestre que se quebra…’

O que importa é que a ideia de Marx de um “’dia do juízo”, tanto em sua lúgubre versão poética quanto, por fim, em sua versão econômica, representa uma visão artística, e não cientifica.

Essa ideia sempre esteve na cabeça de Marx e, como um economista político, ele trabalhou a partir dela, mas voltado para trás, procurando a prova que a tornava convincente, mais do que voltado para a frente, partindo de dados examinados objetivamente.

E é claro que é o elemento poético que empresta à projeção histórica de Marx seu efeito dramático e de fascinação sobre os leitores radicais, que querem acreditar que a morte e o julgamento do capitalismo se aproximam.

O talento poético se manifesta de forma intermitente nas páginas de Marx, criando algumas passagens memoráveis. No sentido de que ele intuía mais do que deduzia ou calculava, Marx até o fim continuou sendo um poeta.

  1. Marx um jornalista polêmico.

Porém, ele também foi um jornalista e, em alguns aspectos, dos bons. E nesse sentido a mídia moderna é sua melhor discipula.

Marx achava não apenas difícil, mas impossível planejar um livro grande e quanto mais escrevê-lo. O seu próprio livro “O capital” se constitui de uma série de ensaios aglutinados sem nenhuma ordem real.

Porém, ele se sentia bem escrevendo textos curtos, penetrantes, reações opinativas no momento em que os acontecimentos se davam.

Acreditava, em concordância com sua imaginação poética, que a sociedade estava à beira do colapso.

Assim, quase toda notícia importante podia ser relacionada a esse princípio geral, o que dava a seus textos jornalísticos uma densidade extraordinária.

Em agosto de 1851, um seguidor do socialismo primitivo de Robert Owen,  Charles Anderson Dana, que se tornara um importante dirigente do New York Daily Tribune…

…pediu a Marks que se tornasse um correspondente político no jornal da Europa, escrevendo dois artigos por semana a uma libra cada.

Pelos próximos dez anos, Marks contribuiria com quase 500 artigos, dos quais cerca de 125 foram escritos foram escritos para ele por Engels.

Esses artigos eram fartamente alterados e reescritos em Nova York, mas a argumentação vigorosa(polêmica) é típica de Mark e é nesse particular que reside a força desses escritos.

Na verdade, seu maior talento era como jornalista polêmico. Utilizava epigramas[13] e aforismo de forma brilhante, embora muitos não tivessem sido inventados por ele.

  • Marat criou as frases: “Os trabalhadores não possuem uma pátria” e “os proletariados não têm nada a perder a não ser suas correntes”.
  • A Heinne: assim como a religião é o ópio do povo.
  • Louis Blanc inventou: “De cada um, segundo sua capacidade, para cada um segundo a sua necessidade”
  • De Kall Schappee tirou: “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”.
  • E de Blanqui: “a ditadura do proletariado”.

Embora Marx tivesse capacidade para criar suas próprias frases:

  • “Em política, os alemães pensaram o que outras nações realizaram”.
  • “A religião é apenas o sol ilusório em torno do qual o homem gira, até que ele comece a girar em torno de si mesmo.”,
  • “O casamento burguês é a comunidade das esposas.”
  • O arrojo revolucionário que permite proclamar a seus adversários as desafiadoras palavras: ‘Não sou nada e tenho de ser tudo”.
  • “As ideias dominantes de cada época foram as ideias da classe dominante nessa época[14].”

Além disso, ele tinha o raro talento de chamar a atenção para os ditos de outras pessoas e utilizá-los exatamente no momento certo do raciocínio, numa combinação que causava grande impacto.

Nenhum escritor político jamais superou as três últimas frases do Manifesto:

“Os trabalhadores não têm nada a perder a não ser suas correntes. Eles têm um mundo a conquistar. Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”.

  1. Marx e suas contradições dialéticas.

Foi o olho jornalístico de Marks para o texto lacônico[15], para a frase incisiva que mais do que qualquer outra coisa salvou do esquecimento toda a sua filosofia no final do século XIX.

Porém, se a poesia era responsável pelas imagens e o aforismo jornalístico pelos altos da obra de Marx, sua base era o jargão acadêmico.

Paul Johnson diz que Marks era um acadêmico, ou antes e pior, era um acadêmico fracassado, um pretendente a professor universitário frustrado.

Ele desejava surpreender o mundo ao criar uma nova escola filosofia que representava também um plano de ação destinado a lhe conferir poder.

Dai sua atitude ambivalente em reação a Hegel. Marks disse em seu prefacio a segunda edição alemã de o Capital “declarei-me, francamente, um discípulo do grande pensador” e “me diverti no uso da terminologia Hegeliana quando discuti a teoria do valor” em O capital.

Porém, diz ele, seu “método dialético” (materialismo-historico) está em “oposição direta” ao de Hegel (idealismo- ideias-metafisico).

Para Hegel, o processo de pensamento é o que cria o real (realidade).

Mas Marx dizia: “em minha visão, por outro lado o ideal não passa do material quando transposto e trasladado para o interior da mente do homem”.

Consequentemente, afirma ele, “nos escritos de Hegel, a dialética está de cabeça para baixo. Devemos colocá-la outra vez corretamente virada para cima se queremos descobrir o núcleo racional que ficou oculto sob o invólucro da mistificação”.

Marx, portanto, perseguiu a fama acadêmica a partir de sua sensacional descoberta da falha fundamental no método de pensamento de Hegel.

A qual permitiu-o substituir todo o sistema hegeliano por uma nova filosofia, na verdade, uma super-filosofia, que tornaria obsoletas todas as filosofias existentes.

Mas ele continuou a admitir que a dialética de Hegel era “a chave para a compreensão humana”, e ele não apenas se utilizou dela, mas se manteve preso a ela até o fim da vida.

Isso porque a dialética e suas “contradições” explicavam a crise universal aguda que tinha sido sua visão poética original quando era um adolescente. Mostrando sua luta entre a crença em Deus e o secularismo.

Como escreveu até o fim da vida (14 de janeiro de 1883), os ciclos comerciais representam “’as contradições inerentes à sociedade capitalista” e darão lugar ao “ponto culminante desses ciclos, uma crise universal”.

Isso vai “incutir essa dialética[16]” nas cabeças até mesmo dos “novos ricos do novo império alemão”.

CONCLUSÃO.

Toda essa dialética (discursão), busca de verdade, a parte de Deus, que despreza a palavra de Deus, e coloca a ciência humana, que nasce de um coração caído, tem produzido um sistema de crenças e mitos nas ciências sociais que tem produzido uma cultura de morte na nossa sociedade.

Como disse o psicólogo Serge Moscovici, essa sociedade é uma “A Máquina de fazer Deuses”.

O que está por traz de toda essa visão secularista na ciência é a idolatria do coração humano, que é uma fábrica de ídolos, onde o fim é um vazio existencial.

No famoso poema “Fausto” de Goethe, que mostra o conflito de agostinho com sua intelectualidade e a crença em Deus, que o levou a buscar várias filosofias, mas sem nenhum sucesso.

Mas quando se converte, Agostinho escreve em suas “Confissões”: “Tu nos fizeste, ó Senhor, para ti, e o nosso coração está inquieto até que repouse em ti”.

O grande erudito do primeiro século, o Apostolo Paulo, diz sobre a importância de colocarmos nossa mente debaixo do controle do Senhor Jesus Cristo

⁴ As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas.

⁵ Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. (2 Coríntios 10:4,5)

 

[1] https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2809200303.htm

[2] Texto adaptado do livro “Os Intelectuais” de Paul Johnson.

[3] Aristóteles diz da tragédia – As ações e o mito constituem a finalidade da tragédia, e a finalidade é de tudo o que mais importa. O mito é o princípio e a alma da tragédia. (VI, 1450a 16). Isso fica muito evidente da importância do mito da luta de classes para o Marxismo.

[4] Oulanem é uma peça teatral em versos inacabada, escrita por Karl Marx em 1839, Marx concluiu apenas o primeiro ato da obra. A peça é mencionada por Marx numa carta a seu pai, na qual elabora uma lista de sua produção intelectual e descreve a tentativa como um “drama fantástico mal-sucedido”.

[5] Um anagrama é uma espécie de jogo de palavras criado com a reorganização das letras de uma palavra ou expressão para produzir outras palavras ou expressões, utilizando todas as letras originais exatamente uma vez. Exemplos amplamente conhecidos são Iracema e América e amor e Roma.

[6] “Oulanem” é um anagrama de “EMANUEL”, um dos nomes bíblicos do messias hebreu, o que rendeu à peça acusações de satanismo. A peça é escrita toda em versos, que são rimados no diálogo do amantes.

Oulanem” reúne todos os elementos de uma tragédia romântica: um viajante, uma cidadezinha italiana, um vilão infame (que ofende o mocinho com xingamentos como “moleque” e “bastardo”), a paixão fulminante e irrealizável de um jovem casal e a sugestão de um pacto com o demônio. A peça é escrita toda em versos, que são rimados no diálogo dos amantes.

[7] Fausto é o protagonista de uma popular lenda alemã de um pacto com o demônio, baseada no médico, mago e alquimista alemão Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540). O nome Fausto tem sido usado como base de diversos textos literários, o mais famoso deles a peça teatral do autor Goethe, que foi produzida em duas partes, escrita e reescrita ao longo de quase sessenta anos. A primeira parte — mais famosa — foi publicada em 1806 e a segunda, em 1832 — às vésperas da morte do autor.

Considerado símbolo cultural da modernidade, Fausto é um poema de proporções épicas que relata a tragédia do Doutor Fausto, homem das ciências que, desiludido com o conhecimento de seu tempo, faz um pacto com o demônio Mefistófeles, que o enche com a energia satânica insufladora da paixão pela técnica e pelo progresso.

 

[8] https://oglobo.globo.com/cultura/livros/livro-do-jovem-karl-marx-para-pai-mostra-que-ele-pensava-antes-de-capital-23428433

[9] https://www.firstthings.com/article/2009/08/hast-thou-considered-my-servant-faust  no poema Fausto é comparado a Jó da bíblia. Mostrando o perigo das curiosidades da bíblia.

[10] http://www.fishuk.cc/2015/09/14julho.html

[11] http://www.fishuk.cc/2017/08/carmagnole.html

[12]  É um francês um tanto quebrado, ” Ça ira, ça ira ” (“Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem”) e se tornou o tema principal da revolução do terror do iluminista. Com suas ironias agressivas e com linchamento e morte dos religiosos e uma proposta ilusória de um novo governo melhor.

https://en.wikipedia.org/wiki/%C3%87a_Ira

[13]  É uma composição poética breve que expressa um único pensamento principal, festivo ou satírico, de forma engenhosa.  O Epigrama foi criado na Grécia Clássica e, como o significado do termo indica, era uma inscrição que se punha sobre um objeto — uma estátua ou uma tumba, por exemplo.

Os epigramas sobre as tumbas formaram uma classe à parte e se denominaram Epitáfios ou Epicédios, designando um poema engenhoso que tinha a característica de ser breve, para poder passar por rótulo ou inscrição.

[14] É uma ideia que da linha alemã – “Geist – espirito, o realizador do mundo, um idealismo absoluto que controla tudo, conhecido como Zeitgeist (espirito da época) Zeitgeist é uma palavra em alemão que significa “O espírito do tempo.”

De forma simples, podemos dizer que é uma série de elementos que formam o ambiente cultural e intelectual mundial em um período específico da história. Volksgeist (espírito do povo).

[15] O laconismo remete à capacidade de ser breve e conciso na comunicação, usando poucas palavras para expressar as ideias ou mensagens a se expor. A origem do termo remete à Lacônia, região da Península do Peloponeso, onde se localizava Esparta. Os espartanos eram conhecidos por usarem poucas palavras para se expressar.

[16] Dialética é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias, tem sido um tema central na filosofia ocidental e oriental desde os tempos antigos. A tradução literal de dialética significa “caminho entre as ideias”.