Série de sermões expositivos sobre O Céu. Sermão Nº 83 –  O sexto dia da criação: a criação do homem (Parte 61).  Gn 1:27: a Bíblia versus o Secularismo (Parte 9). Pregação do Pastor Jairo Carvalho em 17/05/2023.

Acesse os sermões na categoria: Sermões Expositivos.

__________________________________________________

INTRODUÇÃO

Como a França, uma nação que já comissionou missionários e construiu catedrais, tornou-se tão secular? Para entender a Cultura e cristianismo na França precisamos conhecer um pouco do contexto histórico e religioso da França.

Na maioria dos países ocidentais, as ideias evolucionistas de Darwin foram o que catalisou uma rejeição cultural em larga escala da Palavra de Deus, já que a evolução dá às pessoas uma maneira aparentemente científica de explicar a vida separada de Deus.

A história do afastamento da França da Palavra de Deus, porém, começou séculos antes de Darwin.

A França, como muitas nações europeias, originalmente era oficialmente católica após a cristianização da área desde o século IV.

Depois da Reforma Protestante, quando muitos cristãos retornaram à Palavra de Deus somente ao invés das tradições da igreja feitas pelo homem como sua autoridade para a verdade, a perseguição contra os protestantes aumentou e diminuiu ao longo dos séculos 16 a 17.

O contexto histórico da França está ligado ao seu legado de como ela recebeu a pregação da Reforma protestante.

Por ser um dos países mais católicos da Europa, onde a igreja detinha grande riqueza e posse de terras, o catolicismo tinha grande influência junto a monarquia francesa.

A perseguição do catolicismo aos protestantes na França, é um dos contextos históricos que explicam as causas da sangrenta revolução francesa em 1789.

As sementes da revolução francesa foram plantadas quando a pregação da Reforma foi violentamente rejeitada e isso trouxe consequências.

O que a igreja católica da França, fez traiçoeiramente e violentamente aos milhares de protestantes cem anos antes, a revolução do terror fez aos católicos por meio da Constituição do clero. Que foram medidas tomadas contra o poder arbitrário da igreja católica na França.

O espírito do anticristo, trabalhou de mesmo modus operandi, como ele usou a maligna Jezabel, esposa de fraco rei acabe, para matar os profetas do Deus de Israel.

Na França o diabo usou uma mulher para matar os protestantes huguenotes. O diabo, sabia que isso teria consequências terríveis para a própria França.

REJEITANDO A REFORMA PROTESTANTE.

A causa das atrocidades na história francesa, foi a rejeição a pregação da reforma, de uma volta as Escrituras. Quando a igreja rejeitou a Palavra e não se arrependeu de seus pecados ela caiu, mas mãos de espirito enganadores.

  1. A rainha Jezabel Francesa.

Em 1685, o rei Luís XIV revogou o Edito de Nantes, que deu liberdade aos protestantes de culto em 1592, dando fim a uma guerra com muitos massacres, um deles foi o massacre da noite se são Bartolomeu onde foi morto mais 70.000 protestantes.

Por traz do massacre mais horrendo da história da religião católica, está a rainha Catarina de’ Medici, mãe do rei Carlos IX que poderia ser comparada com a Jezabel esposa do rei Acabe.

Ela era astuta, traidora e maligna como Jezabel. Ela usou seus filhos e filhas para ganhar poder e fama, por meios de casamentos arranjados com monarquias da Europa.

Catarina acreditava no ideal humanista renascentista e seguia a ideias de Maquiavel, em seu livro O príncipe.

Ela gostava do glamour da realeza, esbanjava todo dinheiro da realeza exibindo artes e pinturas de artistas famosos.

Ela criou uma cultura de festas exuberantes com Show, danças e músicas nos palácios reais, com arquiteturas caras e materiais raros. Para bancar toda essa exuberância e futilidade, ela fazia qualquer tipo de acordo que lhe beneficiasse.

Acusada de escândalos familiares, várias maldades e crimes, inclusive de encomendar a morte de desafetos e de mulheres por envenenamentos.

Ela é acusada de matar a própria sogra da filha Margarita. A Joana III de Navarra (Jeanne d’Albret) não concordava com o casamento do filho Henrique (huguenote protestantes), com a católica Margarita fila de Catarina.

Katarina agiu de forma ardilosa maquiavelicamente, pressionando politicamente Jeanne de tal forma que ela não teve escolha, ficando devedora do favor.

Jeanne finalmente concordou com o casamento entre seu filho e Margarita, desde que Henrique pudesse permanecer um huguenote(protestante).

Quando Jeanne (Joana III) chegou a Paris para comprar roupas para o casamento de seu filho, ela adoeceu e morreu, aos 44 anos. Escritores huguenotes posteriormente acusaram Catarina de assassiná-la com luvas envenenadas.

Catariana não queria que Jeanne uma mulher piedosa, continuasse a ter influência sobre seu filho, a quem ela havia criado na fé protestante.

Catarina simulava uma fé fingida entre protestantes e católicos para atender seus interesses mórbidos e vingativos. Ela se aliou aos católicos para ganhar mais influência, tramando a morte de protestantes importantes próximos do rei.

Então ela vendeu sua alma ao diabo, quando traiçoeiramente conseguiu que sua filha mais nova Margarida, se casasse com Henrique de Narvarra, o príncipe protestante (Huguenote) filho Jeanne.

O casamento era uma fachada para mostrar externamente que estava sendo ratificada a paz entre católicos e huguenotes, que vinham guerreando intermitentemente por décadas, e isso animou todos os protestantes Huguenotes que sempre queriam a paz.

Ela traiçoeiramente convida todos os nobres protestantes para a festa de casamento com muita pompa e riqueza em Pariz.

Então enquanto todos os huguenotes (protestantes) importantes estão em Paris, acreditando que esse casamento se tratava de uma trégua nos conflitos entre protestantes e católicos com o casamento entre uma católica e um protestante.

O plano era atacar primeiro e eliminar os líderes huguenotes enquanto ainda estavam em Paris após o casamento. Isso acontece traiçoeiramente no segundo dia após o casamento oficializado, na madrugada do feriado de São Bartolomeu.

Catarina de’ Medici, mãe de Carlos IX rei da França, que na época tinha apenas 22 anos e não detinha verdadeiramente o controle, mas sim sua mãe. Ela o enganou e o convenceu de que os protestantes estavam promovendo uma rebelião.

Então o rei ordenou o ataque: mate a todos!

  1. O massacre de São Bartolomeu.

Na véspera do feriado do dia São Bartolomeu (Apostolo Natanael). Antes do amanhecer de 24 de agosto de 1572, vários milhares de protestantes que vieram a Paris para o casamento de Henrique traiçoeiramente foram mortos, assim como outros milhares em todo o país nos dias que se seguiram.

O próprio Henrique escapou por pouco da morte graças à ajuda de sua esposa Margarita e à promessa que ele teve que fazer de se converter ao catolicismo.

Não foi o primeiro nem o último ataque massivo aos protestantes franceses, outros ataques ocorreriam[1]. Embora não foi o único, “foi o pior dos massacres religiosos do século[2]“.

Por toda a Europa, “imprimiu nas mentes protestantes a indelével convicção que o catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira”. A lembrança daqueles rios de sangue… faz a natureza tremer

O historiador Claude Manschrek traz o relato de um contemporâneo da seguinte maneira:

“As ruas estavam cobertas de corpos mortos, os rios ficaram manchados, as portas e os portões do palácio respingados com sangue. Carroças carregadas de cadáveres, homens, mulheres, garotas e até mesmo crianças eram jogadas no Sena, enquanto torrentes de sangue corriam em muitas áreas da cidade (…) “Uma menininha foi banhada no sangue de seus pais assassinados e ameaçada com o mesmo destino caso viesse um dia tornar-se huguenote”

O massacre de São Bartolomeu não durou somente um dia, mas uma estação e foi até o início do outono[3] e foram mortos mais de 70.000 protestantes.

Quando o papa Gregório XIII, soube do massacre dos protestantes, ele enviou ao rei a condecoração da Rosa de Ouro[4].

O papa encomendou um “Te Deum[5]” para ser cantado em ação de graças. Uma prática infame que persistiu por muitos anos na França.

O Papa enviou ao Rei da França uma medalha cunhada com a frase Ugonottorum strages 1572 (“Abate dos huguenotes”) mostrando um anjo empunhando uma cruz e uma espada perto dos protestantes mortos[6]

  1. O Edito de Nantes.

O que a Jezabel francesa, não previu, foi a mão divina ajudando os Huguenotes. Pois exatamente o filho de Jeanne, Henrique IV, vai ocupar o trono da França e com apoio da Inglaterra e de outros países protestantes.

Assim como Jeú, que acaba com os plano de Jezabel, ele vai conseguir pôr fim a guerra entre protestantes e católicos na França, por meio de acordo de pacificação chamado Edito de Nantes.

O Édito de Nantes, lei promulgada em Nantes, na Bretanha, em 13 de abril de 1598, de caráter perpetuo e irrevogável, por Henrique IV da França, que concedeu depois de 36 anos de perseguição, uma grande medida de liberdade religiosa aos seus súditos protestantes, os huguenotes[7].

Mesmo contrariando o Papa Clemente VIII que não aceitava do direito de liberdade religiosa aos protestantes. E por causa desse edito ele recebe várias tentativas de assassinado até ser morto por um católico fantástico em 1610.

O decreto acontece depois que Henrique dar uma grande soma de dinheiro aos católicos no valor de 7 milhões de écus, o que era mais do que a receita anual da França.

Henrique IV também teve que se converter ao catolicismo romano e abandonar o calvinismo huguenote para pôr fim às violentas guerras religiosas iniciadas em 1562 e conquistar os direitos à minoria protestante da França.

Édito de Nantes em 1598 foi um divisor de águas na história da França e a maior conquista de Henrique IV.

A França estabeleceu a noção de tolerância e proclamou oficialmente pela primeira vez que as pessoas eram livres para professar a religião de sua escolha, embora o catolicismo continuasse sendo a religião do reino

Citando suas palavras o rei Henrique IV sobre os protestantes:

“E para não deixar nenhuma ocasião de problema e diferença entre nossos súditos, permitimos e permitimos aos da Religião Reformada viver e habitar em todas as cidades e lugares deste nosso reino e países sob nosso domínio.

Obedecendo, sem serem indagados, vexados, molestados, ou compelidos a fazer qualquer coisa na Religião, contrário à sua Consciência, nem em razão do mesmo serem revistados nas casas ou lugares onde moram, comportando-se em outras coisas conforme está contido neste nosso presente Edito ou Estatuto…”

O edital defendia a liberdade de consciência dos protestantes e permitia que realizassem cultos públicos em muitas partes do reino, embora não em Paris .

Concedeu-lhes plenos direitos civis, incluindo o acesso à educação, e estabeleceu um tribunal especial, composto por protestantes e católicos, para lidar com as disputas decorrentes do edital.

Os pastores protestantes deveriam ser pagos pelo estado e liberados de certas obrigações.

Militarmente, os protestantes poderiam manter os lugares que ainda mantinham em agosto de 1597 como fortalezas, ou lugares de defesas, por oito anos, sendo as despesas de guarnição pagas pelo rei.

A igreja católica não satisfeita com o edito de Nantes foi trabalhando com sua influência e poder, para minar os direitos dos protestantes. E pouco a pouco, os protestantes perderam praticamente todos os direitos concedidos pelo edito de Nantes.

As proibições foram multiplicadas: os protestantes foram proibidos de se reunir fora de seus locais de culto autorizados e autorizados a adorar apenas em horários específicos.

Foram proibidos de cantar os Salmos durante o culto; os pastores foram proibidos de permanecer em um lugar por mais de três anos; os casamentos entre católicos e protestantes foram proibidos;

As cerimônias de batismo ou casamento eram limitadas a doze pessoas; os enterros foram proibidos durante o dia e apenas dez pessoas tiveram permissão para se reunir; os pastores eram proibidos de criticar a Igreja Católica de qualquer forma e eram proibidos de receber novos convertidos nas igrejas sob ameaça de banimento e confisco de propriedades.

Os hospitalizados foram pressionados a se converter e visitados por magistrados para obter a renúncia ao protestantismo.

A maioria das escolas protestantes foi fechada e os pais não foram autorizados a enviar seus filhos para estudar no exterior. Pouco a pouco, os protestantes perderam praticamente todos os direitos concedidos pelo Edito de Nantes.

  1. Revogando o edito de Nantes.

Em 1685, Luiz XIV, sob a influência da igreja católica revogou definitivamente o Edito de Nantes que seu avô Henrique IV havia dado.

Finalmente proibiu o protestantismo com o Édito de Fontainebleau, que ordenava a destruição de igrejas huguenotes e o fechamento de escolas protestantes.

Em poucos anos, mais de 400.000 huguenotes perseguidos emigraram – para a Inglaterra, Prússia, Holanda e América – privando a França de sua classe comercial mais industriosa. E isto trouxe uma crise econômica muito grande para a França.

O historiador francês Claude-Carloman de Rulhière assim narrou os episódios que se seguiram à revogação do Edito de Nantes, em especial os tratamentos dos padres e dos juízes aos hereges:

“Essa foi a ocasião da lei terrível: aqueles que, quando doentes, recusarem o sacramento serão, depois de suas mortes, arrastados pela lama e terão seus bens confiscados.

Caso se recuperem, receberão a pena para se redimirem, os homens condenados para sempre às galés, as mulheres à prisão, ambos tendo seus bens confiscados.

Mas na maioria de nossas cidades tivemos muitas vezes o horrendo espetáculo de cadáveres arrastados pela lama e, com frequência, vimos enraivecidos sacerdotes, viático na mão, escoltados por um juiz e seus meirinhos e assistentes, indo às casas de moribundos, e logo depois o populacho fanático divertindo-se com a execução da lei em todo o seu horror. (…)

Eu diria que podia ser visto, ao lado do leito dos doentes, um padre cercado por meirinhos e seus assistentes, dispensando com a mais solene pompa os sacramentos sagrados, o mais terrível dos mistérios..

Obrigando um homem moribundo a cometer o sacrilégio e zombando dele para a multidão atraída pela curiosidade, alguns tremendo com a profanação, outros se divertindo muito com a visão do herege humilhado, reduzido a uma escandalosa hipocrisia para manter seu capital inteiro para sua família e alguns adornos sem valor para sua sepultura[8].

Nesse ambiente de caos, intrigas e de uma religião de Hipocrisia, que rejeitou a pregação da reforma protestante de uma volta a Palavra de Deus, foi o solo onde o diabo plantou as sementes do secularismo.

  1. O ILUMINISMO FRANCÊS, REJEITANDO AS ESCRITURAS.

Menos de uma década depois, um jovem chamado François-Marie Arouet nasceu na paisagem cultural desprotestantizada da França. A família de Arouet o chamava de Zozo[9],  mas ele optou pelo nome de Voltaire.

Charles Spurgeon, o famoso pregador inglês, mais tarde chamaria Voltaire de “sumo sacerdote da infidelidade”, 3 comentando: “Acho que ninguém jamais superou Voltaire em um tipo inteligente de blasfêmia[10]”.

Lembrado como um dos escritores, filósofos e críticos religiosos mais influentes da França, Voltaire sintetizou a atitude do “Iluminismo”, o movimento cultural em que elevar o raciocínio humano acima da Palavra de Deus tornou-se quase tão estiloso quanto ostentar uma peruca fofa.

Voltaire atacou veementemente a Bíblia, o Cristianismo e o Judaísmo[11], Chamou a fé cristã de “superstição infame” e tomou a típica postura deísta do anti-sobrenaturalismo, Voltaire rejeitou todos os milagres registrados na Bíblia.

Embora reconhecendo Jesus como superior a todos os outros líderes religiosos e aceitando Seus ensinamentos morais, Voltaire remodelou Cristo para ser um humanista e deísta e rejeitou Sua divindade. 

  1. Faça você mesmo sua religião.

Ele abraçou o hedonismo. O hedonismo é a busca da autoindulgência, incluindo a licenciosidade sexual, sob a premissa de que o prazer é o maior objetivo da existência humana.

O próprio legado de escândalos hedonistas de Voltaire ilustra o raciocínio moral FAÇA-VOCÊ-MESMO que logicamente resulta da rejeição da Palavra de Deus como a autoridade da humanidade para a verdade.

Voltaire resumiu sua visão da Bíblia desta forma: “A Bíblia. Isso é o que os tolos escreveram, o que os imbecis recomendam, o que os malandros ensinam e as crianças aprendem de cor”.[12]

Acreditando que “estamos vivendo no crepúsculo do cristianismo” ( op. cit.), ele sentiu que a fé cristã logo se extinguiria e a Bíblia seria apenas uma relíquia antiga[13].

Ironicamente, anos após sua morte, os cristãos compraram a casa de Voltaire e usaram sua própria impressora para fabricar Bíblias. Enquanto alguns tentaram classificar essa história apenas como uma lenda urbana, outros pesquisaram o caso e descobriram que é verdade.

Voltaire lutou sem sucesso para demonstrar que a ciência contradiz a Bíblia[14]. 8

O legado de Voltaire. . . cimentou a suposta vinculação que unia a ciência positivista[15] , de um lado, com o desencanto secularizante e a descristianização, de outro.

Desta forma, Voltaire deve ser visto como o iniciador de uma tradição filosófica que vai dele até Auguste Comte e Charles Darwin, e depois para e Richard Dawkins no século XX.

  1. Toma lá da cá.

Inspirados por Voltaire, os primeiros revolucionários franceses se rebelaram contra a religião.

Inspirados por Voltaire, os primeiros revolucionários franceses se rebelaram contra a religião em geral e contra a Igreja Católica em particular, que na época possuía a maior quantidade de terras na França[16].

O catolicismo romano foi a religião oficial da França desde a conversão do rei Clóvis I (falecido em 511) até a Revolução Francesa, quando a relação da Igreja com o estado foi radicalmente redefinida[17].

O programa de descristianização extrema da Revolução incluía a subordinação da Igreja ao governo revolucionário, a destruição de ícones de adoração, incluindo cruzes, e a legalização do assassinato em massa do clero. Assim como fizeram com os protestantes huguenotes.

Para erradicar as referências à igreja da vida pública, os revolucionários até tentaram transformar a semana de sete dias fundada em Gênesis em uma semana de dez dias, embora a mudança tenha se mostrado muito impraticável para ser implementada por muito tempo[18], ela está sendo uma alternativa do secularismo, que deseja apagar os vestígios de Deus na história.

  1. A semente da hipocrisia.

Tudo o que a revolução iluminista vai fazer é copiar a hipocrisia dos cristãos que trocaram a Palavra de Deus, pela autoridade da igreja e também criaram um reinado de terror.

A hipocrisia é parte desse processo revolucionário de secularização que envolveu a aprovação da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” em 1789, que afirmava:

“A liberdade consiste na liberdade de fazer tudo o que não prejudique ninguém; portanto, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem limites, exceto aqueles que asseguram aos demais membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites só podem ser determinados por lei[19].”

Curiosamente, esta afirmação soa estranhamente como o princípio central da Wicca, conhecido como Wiccan Rede: “Se você não prejudicar ninguém, faça o que quiser”[20].

Em ambos os casos, o mesmo problema permanece: sem o Deus bíblico como nossa autoridade para a verdade, quem pode definir de forma absoluta e consistente o que significa “dano” ou por que ferir outra pessoa é errado em primeiro lugar?

Poucas pessoas, por exemplo, iriam contradizer que o clero francês assassinado (para não mencionar os milhares de outros abusados ​​e guilhotinados durante o Reinado do Terror) foi injustamente “prejudicado” durante a própria Revolução que ironicamente procurou reprimir injustiça.

Como também o injusto tratamento dado aos protestantes huguenotes, não tenha sido injusto, mesmo que feito em nome da religião.

Em última análise, atrocidades religiosas, ou a história da secularização da França ilustram as consequências sombrias que decorrem logicamente da rejeição da Palavra de Deus como a autoridade da humanidade para a verdade, a moralidade e a justiça.

III. A França e o Pensamento Evolucionista

Em meio a esse cenário humanista caótico, dois influentes cientistas franceses começaram a teorizar sobre as origens dos seres vivos de maneiras que pareciam muito diferentes do relato do Gênesis.

Em meio a esse caótico pano de fundo humanista da Renascença e da Revolução, dois influentes cientistas franceses começaram a teorizar sobre as origens dos seres vivos de maneiras que pareciam muito diferentes do relato do Gênesis.

  1. As sementes do evolucionismo.

O primeiro cientista, Georges-Louis Leclerc (Conde de Buffon), propôs que a Terra se formou há cerca de 75.000 anos, quando um cometa atingiu o Sol, ejetando matéria que esfriou para se tornar os planetas. A partir daí, Buffon sugeriu que diferentes formas de vida geradas espontaneamente em diferentes regiões[21].

Embora ele não acreditasse que um tipo de ser vivo pudesse se transformar em outro, as ideias de Buffon (incluindo uma Terra mais antiga do que uma escala de tempo bíblica permite) parecia diferente o suficiente de Gênesis que o proeminente evolucionista do século 20, Ernst Mayer, chamou Buffon de “o pai do evolucionismo[22]”.

O segundo cientista, pupilo de Buffon conhecido como Jean-Baptiste Lamarck, propôs um tipo de evolução a partir de um único ancestral para explicar a origem de todos os seres vivos[23].

Lamarck, nascido mais de um século antes de Gregor Mendel pavimentar o caminho para nossa compreensão moderna da genética, sugeriu que as criaturas podem transmitir qualquer característica que adquiriram durante suas vidas para a prole, resultando em evolução.

Por exemplo, Lamarck esperava que, se uma girafa esticasse o pescoço para alcançar as folhas das árvores altas, seus descendentes nasceriam com pescoços mais longos do que as gerações anteriores[24].

O problema com essa ideia é que não existe evidência no registro fóssil de girafas com pescoço pequeno, que seria um fóssil de transição.

Darwin pensou que uma seca poderia ter levado as primeiras girafas a esticar o pescoço para alcançar as folhas nas copas das árvores.

Mas hoje, por meio de uma compreensão maior da hereditariedade, sabemos que uma girafa com o pescoço esticado de tanto alcançar não passaria essa característica para sua prole.

É óbvio que as primeiras girafas tinham essas características especiais desde o início. Se não, eles não teriam sobrevivido para passá-los para seus descendentes!

Claramente, não é bem assim que a semelhança entre pais e filhos funciona, então as ideias de Lamarck não viraram o mundo de cabeça para baixo como as de Darwin fariam mais tarde.

As sugestões de Lamarck e Buffon, no entanto, ajudaram a lançar as bases para a França acreditar nas origens evolutivas como uma alternativa à aceitação da verdadeira história da Terra revelada no Gênesis.

  1. Evolução e ateísmo na França hoje

Hoje, quase trezentos anos após o nascimento de Lamarck, as crenças sobre as origens evolutivas são quase onipresentes em toda a França.

Entre 34 nações pesquisadas em um estudo de 2006 sobre a “aceitação” pública 23 da evolução, a França ficou em quarto lugar, com cerca de 80% dos adultos franceses acreditando na evolução humana[25].

Dos professores de escolas primárias e secundárias que discipulam as próximas gerações da França, entretanto, 98% relatam acreditar na evolução[26].

A teoria da evolução também assume um lugar central nos currículos nacionais de ciências da França desde a escola primária, com a biologia evolutiva e o tempo geológico profundo enraizados nos alunos franceses a partir dos 9 anos de idade[27].

Não há uma maneira consistente de acreditar nas origens evolutivas humanas e na verdade literal do Gênesis, o livro sobre o qual repousa direta ou indiretamente a principal doutrina cristã. No entanto, a evolução é uma crença necessária do ateísmo.

Portanto, não é surpresa que, dos 23 países pesquisados ​​em 2011, a França tenha sido o menos teísta, com quase 4 em cada 10 entrevistados afirmando não acreditar em nenhum Deus.

CONCLUSÃO:

A moral da história. A igreja francesa fracassou no seu chamado de obedecer às Escrituras, e colocou a autoridade humana acima dela.

No final, a história da França conta a história (bastante horripilante) de como uma longa série de concessões à autoridade bíblica cria uma cultura secular – e do derramamento de sangue que pode logicamente resultar de fazer da palavra do homem a autoridade em vez da de Deus.

Assim como vemos acontecendo em muitos círculos evangélicos hoje, as concessões começaram na França quando a Igreja oficial colocou a palavra do homem antes da de Deus, até mesmo perseguindo os cristãos que se baseavam apenas nas Escrituras.

A desilusão com a Igreja e o desrespeito pelas Escrituras logo levaram influenciadores como Voltaire a rejeitar abertamente a Palavra de Deus, buscar a “iluminação” apenas por meio do raciocínio humano e abraçar o hedonismo em vez de Deus, como fonte para os padrões morais.

Essas ideias, por sua vez, ajudaram a alimentar um programa de descristianização agressivo durante a Revolução, com um número massivo de mortos, análogo às incontáveis ​​vidas ceifadas pelo aborto e pela eutanásia em nações que fazem da palavra do homem sua autoridade hoje.

Mesmo quando a perseguição religiosa absoluta se acalmou na França, a base evolutiva da visão de mundo preparada por Buffon, Lamarck e, mais tarde, Darwin permaneceu, dando uma suposta justificativa científica para muitas pessoas que se apegam ao ateísmo na França moderna. O que os estudantes cristãos estão experimentando nas universidades de uma nação tão secularizada – e como eles estão mantendo sua fé, apesar da influência de sua cultura? Precisamos voltar a praticar e crer na Palavra infalível de Deus.

[1] Chadwick, H. & Evans, G. R. (1987), Atlas of the Christian Church, Macmillian, London, ISBN 0-333-44157-5 hardback, p. 113

[2] H. G. Koenigsberger, George L. Mosse, G. Q. Bowler (1999), Europe in the Sixteenth Century, Second Edition, Longman ISBN 0582418631 (em inglês)

[3] https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Catherine_de%27_Medici#cite_note-108

[4] A Rosa de Ouro é um ornamento precioso, feito de ouro puro, matizada ligeiramente com vermelho, criada por hábeis ourives, que são abençoadas todos os anos pelos papas, no quarto domingo da quaresma, chamado Domingo Lætare (alegria), e, depois, oferecidas como símbolo permanente de reverência, estima e afeição paterna a monarcas, personalidades ilustres, igrejas notáveis, governos e cidades que tenham demonstrado seu espírito de lealdade para com a Santa Sé.

Como o próprio nome indica, ela representa uma rosa, um buquê de rosas ou uma pequena roseira de ouro maciço. A flor dourada brilhando reflete a majestade de Cristo, com uma simbologia muito apropriada porque os profetas O chamaram “a flor do campo e o lírio dos vales”. Sua fragrância, de acordo com Leão XIII “mostra o odor doce de Cristo que deve ser difundido extensamente por seus seguidores fiéis” (Acta, vol. VI, 104), e os espinhos e o matiz vermelho relembram a sua paixão”.

[5] Te Deum Laudamus, Latim para “a Vós, ó Deus, louvamos”… o hindo é usado em eventos solenes de ações de graças.

[6] Lindberg, Carter (1996), The European Reformations Blackwell, p. 295

[7] http://elec.enc.sorbonne.fr/editsdepacification/

[8] Rulhière, Claude-Carloman de. Eclaircissements. [S.l.: s.n.] pp. Vol. I, pp. 351–355; Vol. II, p. 177.

[9] Roger Pearson, Voltaire Almighty: A Life in Pursuit of Freedom (Nova York: Bloomsbury Publishing USA, 2005).

[10] Charles Spurgeon, “Defiled and Defiling,” sermão proferido em 19 de abril de 1885, no Metropolitan Tabernacle, Newington, da Edição Modernizada dos Sermões de Spurgeon por Larry e Marion Pierce, https://answersingenesis.org/education/spurgeon-sermons/ 2495-defiled-and-defiling/ .

[11] Allan Arkush, “Voltaire on Judaism and Christianity,” AJS Review 18, no. 2 (1993): 223-243.

[12] (Philosófico Dicionário, 1764).

[13] O filósofo francês Voltaire disse certa vez: “Cem anos depois da minha morte, a Bíblia

ser uma peça de museu.’ Cem anos após sua morte, a Sociedade Bíblica Francesa estabeleceu sua

sede na antiga casa de Voltaire em Paris.

[14] De acordo com a Sandford Encyclopedia of Philosophy,

[15] O Positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no início do século XIX. Ela defende a ideia de que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento verdadeiro. A partir desse saber, pode-se explicar coisas práticas como das leis da física, das relações sociais e da ética.

[16] O catolicismo é a religião majoritária na França, embora um pequeno número – cerca de 4,5% dos católicos – assista à missa e, em geral, a adesão ao catolicismo esteja diminuindo. De acordo com uma pesquisa de 2012, quase um terço da população francesa se considera ateia.

[17] https://rpl.hds.harvard.edu/faq/catholicism-france

[18] Jackson Spielvogel, “Descristianização e o Novo Calendário”, em Western Civilization , 10ª edição (Boston: Cengage Learning, 2018).

[19] Jackson Spielvogel, “Descristianização e o Novo Calendário”, em Western Civilization , 10ª edição (Boston: Cengage Learning, 2018).

[20] Wicca[1] é uma religião neopagã (ou pagã moderna) influenciada por crenças pagãs antigas (ou crenças pré-cristãs europeias),[2][3][4] ou seja, crenças e práticas ritualísticas da Europa ocidental anteriores ao aparecimento do cristianismo, que afirmam a existência do sobrenatural (como a magia) e os princípios físicos e espirituais femininos e masculinos que interagem com a natureza, e que celebra os ciclos da vida e as festividades sazonais conhecidos como sabás (ou calendário Roda do Ano), os quais ocorrem, normalmente, oito vezes por ano.[5] Esta prática quase desapareceu por completo durante o período da Idade Média.[4]

[21] Georges-Louis Leclerc Buffon, Histoire naturelle générale et particulière. (Théorie de la terre; histoire naturelle de l’homme; animaux quadrupèdes) Par Buffon et Daubenton , (Impr. Royale, 1767), conforme citado em Paul L. Farber, “Buffon and the Concept of Species,” Journal of the History de Biologia , 5, n. 2 (1972): 259–284.

[22] Ernst Mayr, O Crescimento do Pensamento Biológico (Cambridge: Harvard, 1981), 330.

[23] Stephen Jay Gould, As pedras mentirosas de Marrakech: Penúltimas reflexões em história natural (Nova York: Random House, 2010).

[24] Karin Viet, “Giraffes: Towering Testimonies to God’s Design,” Answers in Genesis, 11 de julho de 2017, https://answersingenesis.org/mammals/giraffes-towering-testimonies-to-gods-design/

[25] Jon D. Miller, Eugenie C. Scott e Shinji Okamoto, “Aceitação pública da evolução”, Science 313, no. 5788 (2006): 765–766.  https://doi.org/10.1126/science.1126746

[26] BIOHEAD-Citizen, 2008, conforme citado em Quessada e Pierre Clément (2018), referência 26.

[27] Marie-Pierre Quessada e Pierre Clément, “Evolution Education in France: Evolution is Widely Taught and Accepted,” Evolution Education Around the Globe , editado por Hasan Deniz e Lisa A. Borgerding (Cham: Springer, 2018): 213-233.