Sermão Nº 3 – O julgamento dos ímpios e o triunfo do Senhor. Referência: Obadias 15-21

O livro de Obadias mostra como um pequeno problema familiar pode tornar-se uma grande batalha. Esse livro revela que adiar a solução de problemas domésticos pode desembocar em graves problemas familiares. O livro de Obadias revela de forma veemente que o pecado é maligníssimo. Ele separa o homem de Deus aqui e o lança fora da sua presença por toda eternidade. O pecado é pior que a fome, a doença, e é pior ainda do que a própria morte. Todos esses males, embora terríveis, não podem afastar-nos de Deus. Mas o pecado nos afasta dele agora e na eternidade. Vimos até aqui a arrogância dos edomitas, que confiaram em sua posição geográfica, em sua riqueza e em suas alianças para tripudiar sobre seus irmãos israelitas. Vimos como seu orgulho os enganou, como seus aliados os traíram e como suas riquezas foram roubadas. Agora, vamos dar mais um passo e subir nos ombros dos gigantes, para olhar com uma visão de farol alto e perceber que o julgamento de Deus atinge o pecador não apenas aqui e agora, mas também na vida eterna. Devemos saber que o pecado não fica impune. Que o mal jamais triunfará sobre o bem. Os pecadores jamais escaparão do reto e justo juízo  de Deus. Os versos de 15 a 21 fala-nos sobre cinco detalhes preciosos. Vejamos:

I – A retribuição divina . (v.15,16)

Deus é justo e sua justiça exige inexoravelmente que o pecado seja punido. O ser humano pode escapar da justiça dos homens, porém jamais escapará da justiça de Deus. O homem pode driblar as leis humanas e os tribunais terrenos, mas jamais poderá esconder-se do tribunal divino. Vejam comigo alguns aspectos da retribuição de Deus:

1 – O tempo da retribuição. (v.15)

“Porque o dia do Senhor está perto…” O dia do Senhor tem duas dimensões: uma histórica e outra escatológica. Russel Champlin diz que esse dia representa tanto o dia escatológico como o dia da calamidade. Esse dia cumpriu-se quando Edom foi derrotado e ainda há de cumprir-se no último dia, quando todas as nações comparecerão perante cristo para serem julgados. O juízo de Deus é parcial agora e será completo e final no último dia. Agora, é o juízo misturado com a misericórdia; depois, será a consumação da cólera de Deus. Aqueles que vivem despreocupados e zombam de Deus, dizendo “onde está a promessa da sua vinda?” Um dia ficarão aterrados, pois esse dia vai chegar. Então, não haverá lugar seguro para esses em nenhum lugar da terra.

2 – O alcance da retribuição. (v.15)

“sobre todos os gentios…” Edom foi destacado como símbolo de todos os povos que são contra Deus. A justiça retributiva de Deus é universal. Alcançará a todos. Os grandes e pequenos, em todo mundo, foram,  estão sendo, e serão  julgados por Cristo. É ele quem levanta reinos e abate reinos. Ele é o Senhor dos Senhores. O Rei dos reis. Ele é o Leão da tribo de Judá. Ninguém ficará impune diante daquele que se assenta no trono para julgar. Aqueles que agem com crueldade e arrogância, invadindo, saqueando e matando os indefesos, se não se arrependerem enquanto há tempo, terão de enfrentar a ira do Cordeiro, e a justa sentença do reto Juiz de vivos e de mortos.

3 – A medida da retribuição. (v.15)

“como tu fizeste, assim se fará contigo…” A lei da retribuição, baseada nas leis morais de Deus, será a base do julgamento divino. Este versículo expressa o talião, do latim “lex talionis” ou seja, “lei tal e qual”. “O que faz, recebe.” Moisés falou dessa lei nos seguintes termos: “mas se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe (Ex 21). Essa é a lei que requer que as infrações sejam pagas com o culpado recebendo o mesmo tipo de castigo. Esse tipo de lei pode ser positivo ou negativo. É positivo quando nós obedecemos a palavra de Jesus quando ele disse: “como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Lucas 6.31). E é negativo quando essa retribuição é a colheita maldita de uma amarga semeadura: “não erreis: Deus não se deixa escarnecer, porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gálatas 6.7). Esse princípio da retribuição está presente na bíblia. Quem semeia vento, colhe tempestade. Quem fere à espada, pela espada é ferido. Quem maquina o mal, cai na sua própria armadilha. Lembram de Daniel? Lembram de Hamã? Os inimigos de Daniel tramaram contra ele para jogá-lo na cova dos leões, mas foram eles que terminaram devorados pelos leões. O malvado Hamã tramou contra Mordecai, e fez-lhe uma forca, mas ele mesmo é quem foi dependurado na forca. Edom agiu com violência contra seu irmão Jacó e foi vítima da violência. Edom agiu traiçoeiramente e foi vítima de traição de seus aliados, saqueou Jerusalém e teve seus tesouros roubados. Edom abriu uma cova para Judá, e ele mesmo caiu nessa cova. Esse princípio está absolutamente claro em toda a Escritura.

II – a restauração do povo de Deus. (v.17)

O juízo de Deus é para todos os iníquos. Não há sequer um lugar seguro no universo para os ímpios. Eles estão completamente desamparados e ficarão desesperados. As colunas do universo estão bambas, e o seu teto está sempre desabando sobre os iníquos. Só há um lugar seguro, o monte Sião! Este monte Sião é um símbolo da igreja, enquanto o monte de Esaú é um símbolo do mundo. James Wolfendale, fala sobre a igreja como um centro de refúgio, como um lugar de beleza moral e como um lugar da posse da herança. Vamos examinar alguns pontos aqui:

1 – A igreja de Deus é lugar de livramento. (v.17)

“mas no monte sião haverá livramento…” Nem todos os judeus foram destruídos pelos caldeus. Mesmo com a invasão da Babilônia, alguns tiveram permissão para ficar na terra. Outros fugiram para o Egito, e muitos outros foram levados em cativeiro. Deus, porém, livrou seu povo do cativeiro babilônico e os trouxe de volta, cumprindo suas promessas. O monte Sião é onde está o templo, lugar da habitação de Deus. A igreja é o templo da habitação do espírito santo. A igreja é a morada de Deus. Não há abrigo para o pecador a não ser na igreja de Jesus. Essa igreja não é uma denominação, mas todos aqueles que foram lavados e remidos no sangue do Cordeiro. Essa igreja é a noiva do Cordeiro. Aqueles que correm para esse alto refúgio ficam protegidos e sobre esses não cairá nenhuma sentença condenatória (Salmo 91. 1-10).

2 – A igreja de Deus é lugar de santidade. (v.17)

“ e ele será santo…” A igreja é um lugar de refúgio, e é um ambiente em que reina a santidade. Aqueles que fazem parte da igreja não são do mundo, embora estejam no mundo. Aqueles que fazem parte da igreja foram chamados do mundo e enviados de volta ao mundo como luzeiros a brilhar. Aqueles que fazem parte da igreja apartaram-se do pecado para servirem a Deus em novidade de vida. Aqueles que são de Jesus se deleitam na santidade e aborrecem o mal. A santidade é a marca do monte Sião.  A santidade deve ser a marca de toda igreja e deve ser a marca da igreja marcas do evangelho.

3 – A igreja de Deus é lugar de conquista. (v.17)

“e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.” Os judeus foram roubados e escravizados, mas Deus um dia restituiu a herança de Israel e lhes deu de volta sua terra, seus bens e seu povo. A herança da igreja é espiritual e eterna, não é material. Nossa herança é celestial e não terrena. Por isso que a igreja deve continuar conquistando gente de todos os povos  para Deus. A igreja está aqui para receber de volta aqueles que foram enganados e escravizados pelo pecado. A igreja já tem a posse da mais rica e linda herança. Nossa herança é imarcescível e incorruptível.

III – A vitória do povo de Deus. (v.18)

Os edomitas, a despeito de suas proteções rochosas, caíram sob o jugo da Babilônia cerca de cinco anos depois de terem ajudado essa nação arrasar Jerusalém. A seguir, outro povo por nome nabateus, ocuparam a cidade de Petra capital de Edom. Depois, em 312 A.C, Antígonom, um general de Alexandre, o grande, esmagou esse povo e o despojou de Petra. Mais tarde ainda, no século II A.C, os próprios edomitas, que se haviam então estabelecido ao sul da palestina, foram grandemente derrotados por Judas Macabeu. Flavo Josefo nos conta que tempo depois, Alexandre Janus completou a ruína quase que total desse povo. O pequeno remanescente edomita foi quase todo passado a fio da espada no massacre do cerco de Jerusalém. Desse modo, a sentença sobre Edom foi executada, e a profecia de Obadias foi cumprida. Este relato é um tipo da vitória da igreja de Deus contra seus inimigos. Hoje, os inimigos fazem aliança para perseguir a igreja, mas no dia do Senhor, a igreja, a noiva do cordeiro, triunfará sobre todos os seus inimigos. Enquanto a babilônia cai, a noiva é glorificada. Enquanto a babilônia está coberta de ais, a noiva entoa um cântico de triunfo nos céus. Todos os inimigos de Deus terminam seus dias da mesma maneira: julgados e aniquilados. O dia do Senhor virá sobre os ímpios. Não importa quão grande seja seu poder. Um dia, aqueles que não reconheceram Jesus como Senhor, aqueles que não levaram a sério todo o plano de Deus. Terão de beber o cálice da ira de Deus. Serão julgados e condenados. O profeta Isaías diz: “ o forte se tornará em estopa, e a sua obra em faísca; ambos arderão juntamente, e não haverá quem os apague.” (Is. 1.31)

IV – O julgamento e o triunfo. (v.21)

Obadias chega agora ao ápice de sua mensagem. Ele diz que os israelitas julgarão os edomitas. Agora os que foram massacrados impiedosamente, julgarão os invasores truculentos. Deus reverterá a situação. Os opressores se assentarão no banco dos réus. O juízo de Deus contra edom, deve servir de advertência para nós hoje. Deus não abandona seu povo. E todos que são contra Deus e a sua palavra, trarão sobre si mesmo o santo juízo de Deus. O monte de Esaú aponta para os edomitas e também para todos aqueles que desprezam a Deus e a sua palavra. Assim como Edom foi julgado e sentenciado, aqueles que rejeitam a palavra de Deus hoje, um dia serão julgados e condenados. Já o monte Sião aqui, é um símbolo do céu, onde os remidos estarão e se assentarão em tronos para julgar os povos. Assim como os israelitas julgarão os edomitas, aqueles que foram remidos pelo sangue do cordeiro, julgarão os ímpios. A igreja julgará o mundo. Os salvos não apenas estarão no céu, mas estarão em tronos. Veja a última expressão do profeta: “…e o reino será do Senhor.” Obadias de forma apoteótica, coloca um feixe de luz sobre a gloriosa verdade de que o reino será do Senhor. Os reinos do mundo passarão. Os impérios serão cobertos do pó da terra. As nações poderosas que se ergueram estarão cobertas de opróbrio. Todos os reinos do mundo verão sua glória apagar. Todos os reinos do mundo passarão. Tem algo que não passa. O reino de Jesus é eterno. Aqueles que hoje servem a Jesus, um dia reinarão para sempre com o Senhor. Todos os filhos de Deus aguardam com ansiedade o dia em que reinaremos com Cristo. Jesus reinará pelos séculos dos séculos. O apóstolo João viu e escreveu:  “o sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap. 11.15).

Conclusão

No momento presente, o mundo é dos poderosos, dos que tem mais dinheiro. O mundo é dos que controlam os meios de comunicação, dos que tem o domínio político. Mas o dia do Senhor virá, e todos verão que tudo na verdade pertence a Jesus. Como disse Abraham Kuyper: não há um único centímetro nesse universo e na história que não seja de Jesus. Como a letra do cantor cristão que diz:

  • Sempre vencendo, mui vitorioso, cristo Jesus, o Senhor!
  • É soberano, chefe bendito, em tudo ele é vencedor!
  • Ei-lo supremo, guiando, com seu imenso poder!
  • Todos avante, pois, crentes, todos lutar e vencer.
  • Não é dos fortes a vitória, nem dos que correm melhor. Mas dos fiéis e sinceros, como nos diz o Senhor.

Então creia que a soberania de Deus na história e o seu governo é absoluto. Deus não está apático ao que acontece no mundo e nem mesmo com você. Lembre-se que se alegrar com a tristeza dos outros é pecado. Recorde sempre que o orgulho é ridículo e tem um fim trágico. Não inveje. Os ímpios podem parecer fortes e irresistíveis, mas se eles não se arrependerem, seu fim já está decretado. Precisamos voltar-nos para Deus com sincero arrependimento. Minha oração é que Deus ilumine nossa mente, inflame nosso coração para que nós nos disponhamos a buscá-lo. E venhamos a viver não do nosso jeito, mas do jeito de Deus afim de  que impactemos todos aqueles que estão ao nosso redor…

Pregação do Pastor Jefferson Belisário Couto a partir da mensagem do pastor Hernandes Dias Lopes