Sermão Nº 4 – Referência: (João 2.1-25)

INTRODUÇÃO: Jesus havia prometido aos seus discípulos que eles veriam o “céu aberto”, referindo-se aos seus milagres divinos.

O casamento acontece em Caná da Galileia, onde morava Natanael (21.2). Caná uma pequena cidade na tribo de Azer (Jz 19,28); que ficava na província romana da Galileia.

João a chama de Caná da Galileia para distinguir da Caná que ficava na região de Efraim, na província de Samaria.

João diz que aqui começa os milagres de Jesus (2.11). Logo as histórias de milagres na infância de Jesus, é puramente fantasias inventadas.

Nos onze primeiros capítulos de João, Jesus REVELA SUA GLÓRIA operando sete grandes sinais. Nos dez últimos capítulos, Jesus RECEBE GLÓRIA quando é glorificado pelo Pai.

A palavra mais usada por João para descrever os milagres de Jesus é semeion, um termo alternativo para “milagres” e “maravilhas”.

A palavra semeion demonstra que Jesus queria que as pessoas olhassem além dos milagres, ou seja, para o seu significado.

Os sinais de Jesus apontavam para ele mesmo, lançavam luz sobre a divindade de sua pessoa e obra.

O texto em tela apresenta a glória, o zelo com o casamento e o templo, o local de adoração do povo de Deus.

Aqui estão em foco a família e a igreja onde Jesus revela sua gloria.

  1. A GLÓRIA DE JESUS NO CASAMENTO (2.1 -1 2)

Na agenda de Jesus, havia espaço para celebrar as alegrias da vida. É muito significativo que Jesus tenha aceitado o convite para um casamento, pois ele não veio tirar a alegria e o prazer dos seres humanos.

Esse primeiro milagre de Jesus repele o temor desarrazoado de que a religião rouba da vida, a felicidade da vida, ou de que a lealdade a Cristo não se coaduna com a ‘expansividade dos espíritos” e com os “prazeres inocentes”.

Corrige ainda a falsa impressão de que o AZEDUME é um índice de santidade, ou que a MELANCOLIA é uma condição de vida piedosa.

As Escrituras dizem: Sejam honrados entre todos o matrimônio (Hb 13.4). Foi Deus quem instituiu o casamento (Gn 2.24). Proibir o casamento é doutrina do anticristo, e não de Cristo (1Tm 4.3).

O casamento é uma instituição divina e uma fonte de felicidade tanto para o homem como para a mulher.

Jesus foi a essa festa com seus discípulos mostrando que ele aprova as alegrias sãs e santifica o casamento, bem como nossas relações sociais.

Ele celebra conosco nossas alegrias. Jesus ele não vivia isolado da sociedade, ele tinha um bom relacionamento social.

Resta afirmar que esta era uma festa piedosa e não uma festa mundana. Adam Clarke diz “A mãe de Cristo, a mais pura de todas as virgens, a mais santa de todas as esposas e a primeira mãe cristã, também estava nisso.

O casamento estava de acordo com Deus, ou essas pessoas santas não teriam participado dele.

A noiva e o noivo devem ter sido um casal sagrado, do contrário não teriam nada a ver com tal companhia sagrada.

Comparecendo a uma festa de casamento e realizar ali seu primeiro milagre, Jesus santificou a ambos: tanto a “instituição do casamento” como a “cerimónia pública de casamento”.

O casamento é a sagrada união entre um homem e uma mulher, na qual ambos se tornam uma só carne aos olhos de Deus.

Os casamentos judaicos eram realizados em duas etapas. O NOIVADO envolvia um contrato entre duas famílias. O casal que noivava já era considerado marido e mulher.

A união em si acontecia um ano depois, quando o noivo ia à casa da noiva com seus amigos e a trazia para o seu novo lar. A festa podia durar até uma semana (Jz 14.10-18), e a noiva e o noivo eram tratados como rainha e rei.

O casamento judaico é um figura do relacionamento de Jesus com sua noiva e igreja. (Jo 3.29 e Ap 19.70), Jesus é o noivo que, com sua encarnação, obra de redenção e sua manifestação final, vem para a sua Noiva (a igreja).

Jesus honrou primeiramente o casamento porque simboliza o próprio relacionamento com seu povo?’

O ministério terreno de Jesus começou com um casamento, e a história humana terminará com um casamento. No final da história humana, o povo de Deus celebrará as bodas do cordeiro (Ap 19.9).

Destacamos a seguir alguns pontos relevantes na exposição do texto em estudo.

  1. Convide Jesus para o seu Casamento (2.1,2). Maria, mãe de Jesus, estava no casamento. Provavelmente, ela era próxima da família dos noivos.

O evangelista João não a cita nominalmente, e a omissão do nome de José pode ser uma evidência de que ele já tivesse falecido. Jesus, como filho mais velho, foi convidado, junto com os discípulos.

A maior necessidade do casamento é pela presença de Jesus. Mais do que bens, conforto e sucesso o casamento precisa da presença de Jesus.

  1. Mesmo quando Jesus está presente, problemas podem acontecer (2.3a). No presente contexto, o vinho era a principal provisão no casamento e também simbolizava a alegria (Ec 10.19). Alguns manuscritos trazem “vinho das bodas”.

Às vezes, o “vinho da alegria” acaba no casamento, desde o início. A vida cristã não é um parque de diversões nem uma colônia de férias.

Ser cristão não é viver numa estufa espiritual nem mesmo ser blindado dos problemas naturais da vida.

Um crente verdadeiro enfrenta lutas, dissabores, tristezas e decepções no casamento.

Os filhos de Deus também lidam com doenças, pobreza e escassez. Mesmo quando Jesus está conosco, somos provados para sermos aprovados.

O vinho era um elemento essencial na vida dos povos antigos, e na maioria das vezes era suco de uva, chamado também de vinho. O vinho alcoólico era sempre misturado com agua, conforme diz as literaturas judaicas.

A embriaguez nunca foi aceitável e ABSTINÊNCIA TOTAL era exigida das funções sacerdotais; e a embriaguez era sempre e definitivamente condenada (Lv 10,9; Pv 23.29-35; 31.4,5; Ec 10.17; Is 28.7; 1Tm 3.8).

Considerando o perigo intoxicante do álcool, a pratica dos povos antigos, bem como dos judeus era sempre fazer o uso do vinho misturado com agua.

Assim não há nada essa história que comprava que aquele vinho era embriagante, para dar abrigo aqueles que faz uso de bebida alcoólica mesmo que moderadamente.

O Senhor Jesus não ensinando que devo usar da minha liberdade, sem abusar; como se isso fosse liberado beber moderadamente.

A própria lei diz que um cálice de vinho (0,05) é o bastante para interferir no discernimento de uma pessoa.

É comum as pessoas perguntarem sobre o teor alcoólico do vinho que Jesus proveu. “Martin Bucer”, criticou os “anabatistas” por defenderem a abstinência.

Vale lembrar que as prescrições rabínicas determinavam três partes de água para uma de vinho; outras prescrições indicavam sete partes de água para cada uma de vinho.

Vale também lembrar que na cultura daquele tempo que era considerado uma falta de consideração e elegância, servir vinho sem a mistura de agua.

O paladar do sóbrio é capaz de julgar de maneira muito mais aguçada quando ainda não afetado por alguma bebida forte.

Logo quando o mestre sala provou o vinho, ele não estava bêbado, bebendo o vinho velho.

O senhor Jesus jamais serviria um liquido embriagante, no seu primeiro milagre, desprezando todas as considerações piedosas das Escrituras sobre o perigo da bebida alcoólicas.

  1. Precisamos diagnosticar o problema com urgência (2.3b). Maria provavelmente tinha alguma responsabilidade na organização e distribuição da comida, daí sua tentativa de lidar com a escassez de vinho.

Uma ocasião festiva como essa podia prolongar-se por uma semana inteira, e o término do vinho antes do fim seria um sério golpe que afetaria principalmente a reputação do noivo.

No Oriente, a hospitalidade é um dever sagrado. Qualquer falta de provisão numa festa de casamento era vista como um constrangimento enorme e uma profunda humilhação para a família.

Maria, mãe de Jesus, percebeu que a família poderia passar por um grande vexame. A provisão era insuficiente para atender todos os convidados.

Parece-nos que as mulheres têm uma percepção mais aguçada para ver o que está faltando no casamento. Por isso, não foi o noivo nem os garçons que perceberam a falta de vinho, mas uma mulher.

Quanto mais cedo forem identificados os problemas que atingem a família, mais rápida e fácil será a solução do problema.

Embora Maria tenha percebido a falta de vinho, não disse a Jesus o que fazer; simplesmente lhe contou o problema. Esse é o ponto que enfatizaremos a seguir.

  1. Precisamos levar o problema à pessoa certa (2.3). Como já dissemos, as festas de casamento naquela época duravam até uma semana.

Embora a responsabilidade financeira por todo o suprimento da festa coubesse ao noivo, Maria não espalhou a notícia da falta de vinho entre os convidados, evitando um clima de murmuração. Ela levou o problema a Jesus.

Antes de comentarmos com os outros as crises que atingem o nosso casamento, devemos levar o assunto aos pés de Jesus.

Nossos dramas familiares não devem se tornar motivos de murmuração, mas de intercessão; em vez de envergonharmos a família com a divulgação de nossas limitações e fraquezas, devemos confiadamente apresentar essa causa a Deus em oração.

  1. Precisamos aguardar o tempo certo de Jesus (2.4). Jesus não foi indelicado com Maria ao responder: Mulher, que tenho eu contigo? A minha hora ainda não chegou.

Essa é a mesma palavra que Jesus usou com sua mãe, quando estava pendurado na cruz (19.26), e com Maria Madalena ao aparecer ressurreto dentre os mortos (20.13).

Em Homero, “mulher” e o título com o qual Odisseu se dirige a Penélope, sua esposa amada. E o título com o qual Augusto, o imperador romano, se dirige a Cleópatra, a famosa rainha egípcia.

Dessa forma, longe de ser uma palavra descortês e grosseira, era um título de respeito.

Quando nosso Senhor, ao dirigir-se à sua mãe com o mesmo termo gynai (mulher) que usou quando estava na cruz (19.26), demonstrou extrema cortesia, uma vez que esse termo poderia ser traduzido por “madame” ou “minha senhora”.

Jesus tanto honrou sua mãe quanto lhe proveu cuidado: na agonia de ser executado, confiou sua mãe ao discípulo amado (19.25-27).

E, no final, ela veio a honrá-lo como Senhor, pois estava presente e orava com os demais discípulos no cenáculo após a ressurreição (At 1.14).

Jesus disse a Maria que agia de acordo com uma agenda celestial, determinada pelo Pai. Não era pressionado pelas circunstâncias nem pelas pessoas, mesmo que fossem as mais achegadas.

Seu cronograma de ação já havia sido traçado na eternidade. Jesus deixa claro que, iniciado o seu ministério público, tudo, incluindo os laços de família, estava subordinado à sua missão divina.

Todos, incluindo seus familiares, precisavam ter consciência de que ele andava conforme a agenda do céu, não conforme as pressões da terra.

No evangelho de João, “a hora” de Jesus está estreitamente relacionada à sua morte (7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; 17.1).

Carson faz – uma aplicação do texto: “Tratando o desenvolvimento das circunstâncias como uma parábola encenada, Jesus está inteiramente correto ao dizer que a hora do grande vinho, a hora de sua glorificação, ainda não chegara”.

  1. Precisamos obedecer prontamente às ordens de Jesus (2.4-8). D. A. Carson esclarece que, em João 2.3, Maria aborda Jesus como sua mãe, e é repreendida; em João 2.5, ela reage como crente, e sua fé é honrada.

Maria ainda não sabia o que Jesus faria, mas entrega o problema ao filho e nele confia. Há em Maria uma completa submissão e uma contundente expectativa.

Jesus ordenou que os servos enchessem as talhas de água. Estes poderiam ter argumentado e até questionado Jesus. Mas, obedeceram prontamente, completamente.

Não é nosso papel discutir com Jesus, mas obedecer-lhe. Suas ordens não devem ser discutidas, mas obedecidas. Mesmo quando uma ordem parecer totalmente absurda, como foi o milagre de Caná.

Falta vinho, e Jesus manda trazer água. Aquelas seis talhas feitas de pedra tinham a capacidade de armazenar cerca de 600 litros, uma vez que cada uma comportava 100 litros. A provisão de Jesus é farta e generosa.

A função da água armazenada naquelas talhas era permitir aos hóspedes enxaguarem as mãos e possibilitar a lavagem dos utensílios usados na festa, de acordo com a tradição antiga (Mc 7.3-13).

A referência que João faz às suas purificações é a chave para o sentido espiritual da presente narrativa.

A água que servia para a purificação exigida pela lei e pelos costumes judaicos representa toda a antiga ordem do cerimonial judaico, a qual Cristo haveria de substituir por algo melhor.

O vinho simboliza a nova ordem, assim como a água nas talhas simboliza a antiga. Um ponto digno de destaque é que todos os milagres de Jesus tinham propósitos bem definidos.

Todos os milagres de Jesus atenderam a necessidades específicas, seja abrindo os olhos aos cegos, seja dando audição aos surdos, libertando os oprimidos pelos demônios, alimentando os famintos ou acalmando a fúria da tempestade.

Nesse milagre especial, Jesus atendeu à genuína necessidade de uma família e seus convidados, a fim de que não enfrentassem um vexame social.

Esse milagre foi visto como um “sinal”, que apontava para a nova ordem inaugurada por Cristo: o vinho novo em substituição à antiga ordem dos rituais judaicos.

  1. Precisamos entender que com Jesus o melhor sempre vem depois (2.9,10). A narrativa evidencia que Cristo veio ao mundo para cumprir e encerrar a ordem antiga.

Substituindo-a por um culto novo, em espírito e em verdade, que excede o antigo da mesma forma que o vinho é melhor do que a água.

O responsável pela festa, ao provar o vinho novo, chama o noivo, porque cabia a ele a provisão para o casamento. O homem pensou que o noivo tinha quebrado o protocolo, ao deixar o melhor vinho para o final da festa.

Mal sabia ele que aquele vinho era o resultado do milagre de Jesus! Quando Jesus intervém, o melhor sempre vem depois.

Naquele milagre, Jesus trouxe plenitude onde havia vazio; alegria onde havia decepção e algo interior onde havia apenas algo exterior.

Quando Jesus opera o seu milagre no casamento, o melhor sempre vem depois. O vinho que Jesus forneceu é inigualavelmente superior, como deve ser tudo que está ligado à nova vida em cristo.

  1. Quando Jesus realiza um milagre em nossa casa, grandes coisas acontecem (2.11,12). João usa a palavra semeion, “sinal”, para descrever os milagres de Jesus. 8

O termo aparece 77 vezes no Novo Testamento, sempre autenticando quem faz o sinal como pessoa enviada por Deus.

Essa palavra não descreve cruas manifestações de poder, mas manifestações significativas de poder que apontam para além de si mesmas, para realidades mais profundas que podiam ser percebidas com os olhos da fé.

O termo que João usa neste evangelho não é dunamis, que enfatiza o poder, mas sim semeion, que significa “um sinal”. O que é um sinal? É algo que aponta para além de si, para outra coisa maior.

Não bastava o povo crer nas obras de Jesus; precisa crer nele e no Pai que o havia enviado (5.14-24). Isso explica porque, em várias ocasiões, Jesus fez um sermão depois de um milagre e explicou o sinal.

Em João 5, a cura do paralítico no sábado deu-lhe a oportunidade de falar sobre sua divindade como “o Senhor do sábado”. Ao alimentar os cinco mil em João 6, fez uma transição natural para o sermão sobre o Pão da Vida.”

Nenhum milagre de Jesus jamais foi operado como simples manifestação de força prodigiosa para impressionar os espectadores. Aqui está ele evitando um vexame; a produzindo alegria.

É oportuno dizer que, ao contrário dos outros três evangelhos, João compartilha o significado interior — a relevância espiritual — dos atos de Jesus, de modo que cada milagre é, na verdade, um “sermão prático”.

Depois do milagre, são registradas duas consequências: a glória de Jesus se manifestou, e os discípulos creram nele.

Os servos viram o sinal, mas não a glória; os discípulos, pela fé, perceberam a glória de Jesus por trás do sinal e creram nele.

Charles Ryle, citando Lightfoot, sugere cinco razões pelas quais esse milagre que estamos considerando foi o primeiro realizado por Jesus:

1) Como o casamento foi a primeira instituição divina, Cristo realizou seu primeiro milagre numa festa de casamento.

2) Como Cristo tinha manifestado a si mesmo de forma tão discreta no jejum no monte da tentação, agora se manifestava publicamente oferecendo provisão.

3) Jesus não transformou pedras em pães para atender a Satanás, mas transformou água em vinho para manifestar sua glória.

4) O primeiro milagre operado pelo homem no mundo foi a transformação de agua em sangue (Ex 7.9), e o primeiro milagre operado pelo Filho do homem foi a transformação de agua em vinho.

5) Na primeira vez em que ouvimos falar sobre João Batista, somos informados a respeito de sua “dieta restrita”, mas na primeira vez em que ouvimos falar sobre Cristo em seu ministério público, nós o vemos em uma festa de casamento.

  1. A GLÓRIA DE JESUS NO TEMPLO (2.13-22)

Jesus sai de uma festa de casamento e vai para a festa mais importante dos judeus, a festa da Páscoa, na cidade de Jerusalém.

Naquela época, a população de Jerusalém, que girava em torno de cinquenta mil pessoas, na pascoa multiplicava cinco vezes mais (quintuplicava).

A Páscoa era a alegria dos judeus e ao mesmo tempo o terror dos romanos. Havia grande temor de conflitos e insurreições, uma vez que pessoas de todo o Império Romano se dirigia a Jerusalém nessa semana.

O templo era o centro nevrálgico dessa festa; e foi exatamente aí que Jesus agiu. No casamento, Jesus exerceu misericórdia; no templo, exerceu juízo e disciplina.

No casamento, ele transformou água em vinho; no templo, pegou o chicote e expulsou os cambistas.

O Zelo de Jesus, revela sua gloria, como ao realizar o milagre por ocasião das bodas. Não podemos deixar de considerar a BONDADE e a SEVERIDADE de Deus.

Um aspecto não pode ser dissociado do outro nem pode ser eliminado pelo outro. Essas duas verdades expressa o verdadeiro caráter divino de Jesus.

Ele ama o mundo, dando sua vida por ele, e manifesta sua ira com seriedade para com aqueles que desprezam a lei de Deus.

Jesus intencionalmente usou o melhor lugar e a melhor ocasião para inaugurar de modo próprio o seu ministério público.

O MELHOR LUGAR só poderia ser Jerusalém, a capital, no templo, o centro da vida do povo e do culto; e a MELHOR OCASIÃO devia ser a festa da Páscoa, o evento mais solene do ano, quando a cidade se enchia de peregrinos de todas as partes da terra.

Aqui Jesus inicia seu ministério público com grande autoridade. Purificando o templo, porque ele é uma CASA DE ORAÇÃO, e estava sendo secularizada e estava sendo transformado em covil de ladrões.

O templo era formado por uma série de pátios que conduziam ao templo propriamente dito e ao Lugar Santo.

Primeiro, havia o Pátio dos Gentios; logo depois, o Pátio das Mulheres; então, o Pátio dos Israelitas; e, depois, o Pátio dos Sacerdotes.

Todo o comércio de compra e venda era feito no Pátio dos Gentios, o único lugar onde os gentios podiam transitar.

Aquele pátio fora destinado aos gentios para que eles viessem meditar e orar. Aliás, era o único lugar de oração que os gentios conheciam.

O problema é que os sacerdotes transformaram esse lugar de oração numa feira de comércio onde ninguém conseguia orar.

O mugido dos bois, o balido das ovelhas, o barulho das pombas, os gritos dos vendedores ambulantes, o tilintar das moedas, as vozes que se elevavam naquela feira de comércio.

Todas essas coisas se combinavam para converter o Pátio dos Gentios em um lugar onde ninguém podia adorar a Deus.

Esse episódio nos ensina tres lições, que descrevemos a seguir.

  1. A casa de Deus é lugar de oração. (2.13-17). O único espaço aberto no templo a pessoas de “todas as nações” (além dos israelitas) era o pátio externo (às vezes chamado de Pátio dos Gentios).

E se essa área fosse ocupada para o comércio, não poderia ser usada para o culto. A ação de Jesus reforçou seu protesto verbal?

Mudar o propósito da casa de Deus e instrumentalizá-la para auferir lucro é uma distorção intolerável.

Isso provoca a ira de Deus. O mesmo Jesus que compareceu cheio de ternura ao casamento está, agora, irado no templo.

Ele tem uma profunda paixão pela reverência. A casa de Deus havia sido profanada. Sutilmente, transformaram-na em covil de ladrões e salteadores.

O templo virou uma praça de negócios. O lucro, e não a face de Deus, era buscado avidamente.

Em lugar da solene dignidade e do murmúrio de oração, havia o rugido do gado e o balido das ovelhas. Em lugar do quebrantamento e da contrição, da santa adoração e da prolongada petição, havia apenas o barulho do comércio.

A purificação do templo demonstra de forma eloquente a preocupação de Jesus com a verdadeira adoração e o correto relacionamento com Deus.

Precisamos entender o contexto para compreender a atitude de Jesus.

A lei definia os animais a serem oferecidos nos sacrifícios. Deveriam esses peregrinos trazer esses animais de longas distâncias ou poderiam comprá-los na praça do templo?

Deuteronômio 14.24-26 já havia permitido levar os dízimos em dinheiro em vez dos produtos agrícolas propriamente ditos. Além disso, havia o imposto do templo (Mt 17.24), que cada judeu devia pagar anualmente.

Os sacerdotes, dissimuladamente, proibiam que dinheiro estrangeiro fosse aceito na compra de animais para o sacrifício.

Os peregrinos que vinham de outros lugares precisavam trocar a moeda estrangeira com os cambistas do templo.

O problema é que esses cambistas, em parceria com os sacerdotes, cobravam taxas abusivas dos adoradores, a fim de auferirem lucros mais expressivos.

Com o tempo, o propósito não era mais facilitar a vida dos peregrinos, mas alcançar gordos lucros com o comércio dentro da casa de Deus.

O dinheiro, e não a glória de Deus, era a motivação deles. A casa de Deus estava sendo profanada.

A reação de Jesus é contundente. Ele não usa apenas palavras para reprovar essa profanação, mas adota uma ação enérgica.

O que move Jesus não é uma “ira descontrolada”, mas seu zelo pela casa do Pai (SI 69.10). Um tipo de zelo que deveríamos ter pelo edifício onde adoramos.

Jesus fez uma faxina geral no templo. Expulsou os vendedores e os cambistas, virou as mesas e ordenou aos que vendiam pombas que as retirassem daquele lugar sagrado.

Matthew Henry diz que Jesus nunca usou a força para levar alguém ao templo, mas somente para expulsar de lá aqueles que o profanavam.

Não apenas o vinho havia se esgotado no casamento, como também a glória havia deixado o templo.

O zelo de Jesus pela casa de Deus iria consumi-lo em sentido mais profundo, o levou à morte. Quando Jesus purificou o templo, acabou declarando guerra a esses líderes religiosos.

Ao purificar o templo, Jesus atacou o espírito secularizado dos judeus, expôs sua corrupção e ganância e atacou seu espirito “anti-missionário”, pois o Pátio dos Gentios havia sido construído para que estes pudessem adorar o Deus de Israel (Mc 11.17).

Mas Anás e seus filhos o estavam usando para propósitos pessoais. Isso havia sido planejado como bênção para as nações, e, finalmente, se cumpriu a profecia messiânica (Sl 69 e Ml 3).

Jesus tocou no bolso dos sacerdotes que governavam o templo. Por isso, eles se tornaram inimigos cruéis. Foram os sacerdotes administradores do templo que prenderam Jesus e o levaram à morte. De fato, o zelo da casa de Deus o consumiu!

  1. Jesus, o verdadeiro santuário de Deus. (2.18-22). Jesus não apenas purificou o templo, mas também o substituiu, cumprindo seus propósitos.

Quando pediram a Jesus um sinal de sua autoridade, ele deu como exemplo sua morte e ressurreição.

A morte e a ressurreição de Jesus são os argumentos mais eloquentes e decisivos em favor de sua pessoa divina e de sua missão redentora.

Jesus veio para substituir o templo. Sua morte varreu dos altares os animais do sacrifício. Com sua morte e ressurreição, cessaram todos os sacrifícios cerimoniais.

Ele veio para oferecer um único e irrepetível sacrifício. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação.

Agora, a verdadeira adoração não tem mais que ver com a geografia do templo. Devemos adorar a Deus em espírito e em verdade.

Com sua vinda, Jesus estava colocando fim a toda forma de adoração arranjada pelos homens, colocando em seu lugar a adoração espiritual.

A ameaça de Jesus era: A adoração de vocês com pomposos rituais, incensos aromáticos e pródigos sacrifícios de animais chegou ao fim.

Eu sou o novo templo, onde pessoas do mundo inteiro podem vir e adorar o Deus vivo em espírito e em verdade.

É o corpo humano de Jesus que unicamente manifesta o Pai e torna-se o ponto focal da manifestação de Deus ao homem, a habitação viva de Deus sobre a terra.

Jesus é o cumprimento de tudo o que o templo significava e o centro de toda a verdadeira adoração.

Nesse templo, o sacrifício definitivo aconteceria; após três dias de sua morte e sepultamento, Jesus Cristo, o verdadeiro templo, levantar-se-ia dos mortos.

Os judeus e até mesmo os discípulos não compreenderam a linguagem de Jesus. É à luz da ressurreição que podemos entender a Bíblia e interpretar as palavras e afirmações de Cristo.

A morte de Jesus envolvia a destruição do templo literal e o respectivo culto, da mesma forma a sua ressurreição asseguraria o surgimento de um santuário espiritual, mais verdadeiro, que era sua igreja.

Desse modo, em lugar de um ritual de fórmulas, sombras e tipos, surgiu uma religião de culto mais verdadeiro e de comunhão mais real com Deus.

O verdadeiro e incontestável “sinal” da autoridade de Jesus, apesar de todos os demais milagres, é — tanto em João quanto nos sinóticos (Mt 12.38-40)  — que ele deu sua vida e que receberá de volta, pela ressurreição dentre os mortos, e nisto está a sua glória.

Somente a morte de Jesus e sua ressurreição hão de demonstrar seu poder divino de uma maneira tal que surja a fé em Jesus até entre as fileiras dos sacerdotes (At 6.7).

Herodes, o Grande, mandou substituir o pequeno templo construído após o cativeiro babilônico por Zorobabel (Ag 2.1-3); por um edifício suntuoso e magnificente no ano 20 a.C.

Esse magnifico templo ainda não estava plenamente concluído na época de Jesus, o que só aconteceu no ano 64 d.C. Já se haviam passado 46 anos que a obra estava em andamento.

As palavras de Jesus não foram compreendidas por eles nem mesmo pelos discípulos.

Pensaram que Jesus estivesse falando de uma conspiração para derrubar o templo, o centro da adoração judaica. Pensaram que ele fosse um revolucionário que não respeitava costumes e tradições do A.T.

Acusaram-no diante do Sinédrio fazendo menção desse caso (Mt 26.59-61). Alguns do povo usaram essas palavras para zombar de Jesus, quando ele morria na cruz (Mt 27.40).

O templo, junto com toda a sua mobília e suas cerimônias, era somente um tipo, destinado à destruição (Sl 40.6,7; Jr 3.16), pois simbolizavam a pessoa de Jesus.

O evangelho de João usou várias figuras para enfatizar a morte de Cristo.

A primeira delas está em João 1.29, mostrando Jesus como o Cordeiro de Deus que morre substitutivamente pelo seu povo.

A segunda é a figura da destruição do templo, evidenciando que sua morte violenta terminaria em ressurreição vitoriosa (2.19).

A terceira figura é a da serpente de bronze erguida por Moisés no deserto (3.14), mostrando o Salvador feito pecado por nós.

A quarta figura mostra Jesus como o bom pastor que voluntariamente dá sua vida por suas ovelhas (10.11-18).

Finalmente, temos a figura da semente que precisa morrer para frutificar abundantemente (12.20-25). Se o corpo de Cristo é o templo que foi destruído em sua morte, Jesus estava profetizando o fim do sistema religioso judaico.

O sistema cerimonial chegou ao fim, e a “graça e a verdade” vieram por meio de Cristo.

Ele é o novo sacrifício (1.29) e o novo templo (2.19). A nova adoração dependerá da integridade interior, e não da geografia exterior (4.19-24).

  1. Jesus o conhecedor dos corações (2.23-25)

A atuação pública de Jesus não começa na Galileia, mas em Jerusalém, a capital da religião judaica.

Muitas pessoas, ao verem seus milagres operados em Jerusalém, naqueles sete dias de festa da Páscoa, creram nele, mas e alguns com uma fé deficiente e insuficiente.

Até mesmo Nicodemos, um mestre entre o povo, ficou impactado com os sinais operados por Jesus (3.2).

Infelizmente, a fé que eles tinham era espúria, e Jesus sabia disso.

Diferentemente de outros líderes religiosos, Jesus não podia ser enganado por bajulação, seduzido por elogios ou surpreendido por ingenuidade.

O problema é que essas pessoas viram Jesus apenas como um operador de milagres.

Creram nele apenas para as coisas desta vida. Não acreditaram nele como o Cristo, Filho de Deus.

Jesus conhecia os corações (Cardiognosta= conhecedor de corações) e sabia que essa fé temporária, entusiasmado com os milagres e não era a fé salvadora.

Embora eles cressem em Jesus, Jesus não cria neles. Jesus não tinha fé na fé deles.

Jesus considerou toda a crença que depositavam nele como algo superficial, desprovida dos mais essenciais elementos: sem a necessidade de perdão e sem convicção de pecado.

Jesus “conhece” não apenas Natanael o estudante da lei debaixo da figueira (1.49), mas conhece “todos”, todos em Jerusalém que estão entusiasmados com seus milagres e “confiam” nele, mas enganam a si mesmos e não sabem qual é a sua verdadeira situação.

Essas pessoas diziam crer em Jesus, mas ele não confiava nelas. Eram crentes não salvos.

Uma coisa é reagir com fé à um milagre; outra coisa bem diferente é assumir um compromisso sério com Jesus, e permanecer na sua Palavra (8.30,31).

Esse é um alerta do perigo de confundir a fé salvadora com a fé espúria. A diferença entre a fé espúria e a fé salvadora é crucial.

O milagre não é o filho preferido da fé, mas a fé pode crescer com os milagres que experimentou.

Os milagres foram feitos para conduzir as pessoas ao evangelho, mas eles não são o evangelho que salva.

Jesus disse que “se porventura não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crereis”. Os milagres servem para nos conduzir à palavra, (Jo 5.36-38) e a palavra gera a fé salvadora (Rm 10.17).

O ditado “ver para crer”, não é de maneira alguma uma abordagem cristã. Primeiro devemos crer e depois poderemos ver.

CONCLUSÃO:  Dois lugares onde o Senhor Jesus, escolheu primeiramente manifestar a sua gloria, no casamento e na igreja.

Nossa família, tem sido o lugar onde a gloria de Deus tem se manifestado. O nosso lar tem sido um céu na terra.

Nossa adoração na igreja, tem sido com reverencia e sinceridade. Este texto mostra Jesus purificando a corrupção da igreja. O comercio tem sido praticado sobre a capa da adoração.

Veja alguns erros da igreja moderna: O pagamento de pregadores, os altos caches dos cantores gospel, a venda de milagres e objetos sagrados. Onde o lucro é a motivação.

Igrejas no brasil, onde o terro é um local para vender todas as idolatrias de seus ídolos, cds, dvds, chapéus, camisas, tênis, chaveiros, cadernos, bonecos etc…

Que o Senhor tem possa trazer arrependimento ao seu povo, dessas práticas idolatras que dominam seu povo.