Sermão Nº 8 – Referência: João 4.1-30.

INTRODUÇÃO: Jesus faz a transição de um diálogo com um doutor da lei para um diálogo com uma mulher samaritana.

O contraste entre Nicodemos e a samaritana é gritante: ele, homem, judeu, fariseu, mestre, membro do Sinédrio; ela, mulher, samaritana, inculta, vivendo uma vida imoral.

Ambos, porém, precisavam de Jesus e foram alvos do amor de Jesus. O Senhor prova, outrossim, ser capaz de salvar os dois.

Há um vibrante contraste com a fria incredulidade com que nosso Senhor fora recebido em Jerusalém e na Judeia, com uma experiência em Samaria, onde uma cidade inteira o aceitou como o Messias prometido, o Salvador do mundo.

  1. Alcançando Pessoas. (4.1-6)

Jesus foge do conflito sobre o batismo (4.1,2) e sai da Judeia rumo à Galileia (4.3). Frequentemente vemos Jesus pregando e orando, mas nunca batizando.

Jesus deixou a Judeia porque era provável que fosse perseguido até a morte pelos fariseus, e sua hora ainda não havia chegado.

A ira dos fariseus contra Jesus era como aquele plano iníquo de Herodes para devorar o menino-Deus em sua infância. Para escapar dessas intenções malignas, Jesus foi para a Galileia.

  1. A inevitabilidade divina.

Nessa jornada em direção ao norte, ele opta por passar pela província de Samaria (4.4). A agenda de Jesus começa no céu. Era-lhe necessário passar por Samaria. Era inevitável, pois havia almas para serem salvas naquela cidade.

Havia três estradas para fazer esse trajeto do sul ao norte: uma nas proximidades da costa, outra através da Pereia, e outra que passava pelo centro de Samaria.

Esta era a mais curta, em torno de 70 milhas de distância, dois a três dias a pé. Enquanto as outras 140 milhas. Por causa da rivalidade dos judeus com os samaritanos, eles preferiam andar o dobro da distância.

Antes de prosseguir na exposição do texto, precisamos falar sobre a origem do povo samaritano. Com a morte do rei Salomão em 931 a.C., Israel foi dividido em dois reinos.

Das doze tribos, dez seguiram a liderança cismática de Jeroboão I, formando o que conhecemos como Israel, ou Reino do Norte, distinto de Judá, ou Reino do Sul.

O rei Onri chamou a capital do Reino do Norte de Samaria (1Rs 16.24). Esse reino durou 209 anos e teve 19 reis em 8 diferentes dinastias. Nenhum desses reis andou com Deus. Em 722 a.C., o Reino do Norte foi levado cativo pela Assíria.

Sargão II deportou os israelitas de posses e povoou a terra com estrangeiros, os quais se casaram com os israelitas sobreviventes, formando um povo racialmente híbrido e religiosamente sincrético.

Em 586 a.C., o Reino do Sul também foi levado para o cativeiro, dessa feita pela Babilônia.

Depois de setenta anos, os judeus retornaram à sua terra para reconstruir o templo e reedificar a cidade de Jerusalém.

Os samaritanos tentaram fazer aliança com os judeus que retornaram, mas foram rejeitados não por questão racial, mas por sua apostasia religiosa.

Os samaritanos, então, enciumados, fizeram de tudo para atrapalhar a reconstrução do templo (Ed 3 e 4). Esse ódio dos samaritanos continuou.

Quando mais tarde, por volta do ano 444 a.C., Neemias veio da Babilônia com o propósito de reconstruir os muros de Jerusalém, os samaritanos tornaram-se seus principais inimigos (Ne 4.1,2).

Por volta do ano 400 a.C., os samaritanos erigiram um templo rival no monte Gerizim; e esse templo, no final do século 2 a.C., foi destruído por João Hircano, o governador asmoneu da Judeia.

Essa combinação de eventos estimulou uma ferrenha animosidade entre judeus e samaritanos.

Nos dias de Jesus, esse muro de separação, essa parede de inimizade entre judeus e samaritanos, era uma barreira intransponível. Esse é o pano de fundo dessa passagem.

João talvez tivesse a intenção de fazer um contraste entre a mulher dessa narrativa e o Nicodemos do capítulo 3.

Nicodemos era um erudito, poderoso, respeitado, ortodoxo, teologicamente preparado; a samaritana era inculta, sem influência, desprezada, capaz somente de praticar uma religião popular.

Ele era um homem, um judeu, um líder; ela era uma mulher, uma samaritana, uma pária moral. E ambos necessitavam de Jesus. Jesus nos ensina aqui algumas importantes estratégias para ganhar uma pessoa.

Ele não começou acusando a mulher, mas ganhando sua atenção. Não começou apontando seus pecados, mas pedindo-lhe um favor. Começou onde ela estava. Depois, apresentou a ela todos os passos do evangelho.

Para alcançar o coração da mulher samaritana, Jesus superou vários preconceitos e rompeu várias barreiras. Que barreiras?

(a) A barreira cultural. O nome Sicar significa “cidade dos bêbados”. Jesus, porém, mandou que seus discípulos comprassem comida em Sicar. Os judeus consideravam imunda a comida dos samaritanos.

Além do mais, um rabino não podia conversar com uma mulher em público. Jesus não só conversou com ela, mas lhe pediu um Favor.

A mulher tinha uma vida moral reprovada pela lei. Já tinha tido cinco maridos, ou talvez cinco divórcios e agora vivia com um amante. Era uma mulher desprezada, mas Jesus a valorizou.

William Barclay diz que os mais radicais proibiam que um rabino saudasse uma mulher em público. Um rabino não podia falar em público com a própria mulher.

A quebra dessa regra por Jesus podia significar para a cultura o fim de sua reputação.

(b) Barreira racial. Como já deixamos claro, o povo samaritano era uma espécie de caldeamento de raças (2Rs 17.6,24). O povo samaritano era meio judeu e meio gentio.

Havia perdido sua identidade racial. No tempo de Jesus, a desavença entre judeus e samaritanos perdurava por mais de quinhentos anos.

Um judeu considerava um samaritano combustível para o fogo do inferno. Eles não se davam. Não bebiam nos mesmos vasos. No entanto, Jesus conversou com a samaritana e lhe pediu um favor.

A postura de Jesus sinaliza o rompimento do nacionalismo, o que demonstra a universalidade do evangelho.

(c) A barreira religiosa. A separação entre judeus e samaritanos se relacionava, também, com a apostasia religiosa dos samaritanos. Eles haviam perdido a integridade doutrinária. Os samaritanos não preservaram a fé intacta.

Diziam que o monte Gerizim era o lugar do verdadeiro templo e o lugar da verdadeira adoração. Rejeitaram o Antigo Testamento.

Criam apenas nos livros da lei, o Pentateuco. Está provado que os samaritanos tinham unia religião sincrética, misturada e herética.

Quando João Hircano, o general caudilho judeu, em 129 a.C., atacou Samaria e destruiu o templo samaritano, o ódio dos samaritanos pelos judeus agravou-se intensamente.

A conversa de Jesus com a mulher samaritana tem todo esse cenário religioso como pano de fundo. Jesus supera todos esses obstáculos, vence todas essas barreiras e triunfa sobre todos esses preconceitos para alcançar o coração dessa mulher.

  1. Alcançando o coração.

Algumas estratégias de Jesus para salvar essa mulher samaritana. Vejamos a seguir quais foram.

  1. Jesus desperta sua simpatia (4.7-9)

Jesus fez um ponto de contato com aquela mulher pedindo-lhe: Dá-me um pouco de água. Quando alguém deseja penetrar o coração de outra pessoa, pode usar dois métodos: fazer-lhe um favor ou pedir-lhe um favor.

Com frequência, a segunda opção é mais eficaz que a primeira. Jesus, no entanto, combinou as duas. Jesus se identificou com a mulher. Ele deu valor a ela, quando todos fugiam.

Jesus quebrou a barreira cultural, conversando com a mulher em público. Ele não fugiu dela nem a desprezou, mas a olhou com simpatia. Não a julgou nem a condenou. Ele começou onde ela estava.

Jesus a fez acreditar que algo mais, além da simples sede, iniciou um diálogo com ela. Jamais devemos esperar que as pessoas virão a nós em busca de conhecimento.

Nós devemos começar por elas. Devemos entender qual é o melhor acesso ao coração delas.

  1. Jesus desperta sua curiosidade (4.10-12)

A mulher lembra a Jesus a muralha que separava seu povo do povo judeu. Para entendermos melhor essa barreira racial e religiosa, precisamos fazer mais uma retrospectiva.

Oseias foi o último rei do Reino do Norte, Israel. Depois de pagar tributos à Assíria, transferiu sua lealdade ao Egito.

Em retaliação, a Assíria cercou a cidade de Samaria e, no ano 722 a.C., esta foi tomada por Sargão, e a maioria do povo foi levada cativa para a Assíria (2Rs 17.3-6).

Sargão, estrategicamente, levou para a região conquistada estrangeiros que se casaram com os israelitas que haviam permanecido na área.

O povo samaritano, portanto, era um miscigenado, híbrido, misto, um verdadeiro caldeirão racial. O muro de separação entre judeus e samaritanos parecia intransponível.

A hostilidade estava á flor da pele. A tensão era visível. A intolerância era gritante. A mulher samaritana fez questão de trazer à baila todo esse histórico, empapuçado de dor e revolta.

Diante das dificuldades levantadas pela mulher samaritana para dar água a Jesus, este lhe mostrou que era ela quem precisava de água, a água da vida. A mulher precisava conhecer o dom de Deus, a água da vida (4.10).

Jesus a estimula a pensar, era como se ele dissesse: Eu lhe pedi água comum, um dom de menor importância, mas você hesitou em me oferecer água; se você tivesse me pedido a água viva, o dom supremo de Deus, eu não teria hesitado, mas lhe teria dado imediatamente.

A água da vida que Jesus oferece não vem de um poço comum. E uma dádiva que só o Messias pode conceder.

Muitas pessoas vivem uma vida infeliz, vazia e prisioneira porque não conhecem Jesus, o supremo dom de Deus.

A mulher samaritana talvez não esperasse nada de Deus. Estava desiludida. Por isso, Jesus tocou no nervo exposto de sua curiosidade: Se conhecesses […] não conheceis.

Essa fala de Jesus aguçou na mulher o desejo de saber quem era aquele interlocutor. Seria ele maior do que Jacó, o doador do poço? Quem pretendia ser? Que diria de si?

Assim como Nicodemos não conseguiu compreender as palavras de Jesus sobre novo nascimento, a mulher também não conseguiu entender as palavras de Jesus sobre a água viva.

  1. Jesus desperta seu senso de necessidade (4.13-15)

Jesus foi categórico com a mulher samaritana, ao declarar: Quem beber desta água voltará a ter sede.

Nicodemos não entendeu quando Jesus falou sobre novo nascimento, e a mulher samaritana não entendeu quando Jesus falou sobre a água da vida.

Tanto o erudito Nicodemos quanto a ignorante samaritana não entenderam a linguagem espiritual de Jesus. As coisas deste mundo não satisfazem, nada que o homem jogue para dentro do coração satisfaz.

A água do poço de Jacó não satisfaz para sempre. A água do poço de Jacó fica fora da alma e não é capaz de satisfazer as necessidades do coração. A água do poço de Jacó é de quantidade limitada, diminui e desaparece.

Satisfação era exatamente aquilo a que essa pobre mulher aspirava. Atrás disso andara toda a vida, e nessa busca não respeitara nem as leis de Deus, nem as dos homens.

Entretanto, continuava sedenta; e a sede nunca seria satisfeita, senão quando achasse em Cristo o Senhor e Salvador pessoal.

A água que Jesus concede é um manancial completo e perpétuo que jorra para a vida eterna. Que água é essa, a água da vida?

A promessa de Deus é derramar água sobre o sedento (Is 44.3). Deus convida todos: Vós, todos os que tendes sede, vinde às águas (Is 55.1).

Deus prometeu que seu povo tiraria com alegria águas do poço da salvação (Is 12.3). Jesus disse: Se alguém tem sede, venha a mim e beba (Jo 7.37). O Espírito que flui como rio dentro de nós é essa fonte que jorra para a vida eterna (Jo 7.38).

William Barclay diz que, para o judeu, água viva significava água corrente. Tratava-se da água que fluía de uma nascente, em oposição à água estancada de uma cisterna. Há no texto duas palavras distintas para “fonte”.

A primeira delas é pegue, provavelmente com o significado de mina de água ou olho d’água (4.6,14);

A segunda é phrear, que denota um poço cavado ou uma cisterna. Dessa palavra vem o conhecido termo “lençol freático”, traduzido aqui por poço (4.11,12).

E F. Bruce considera as duas palavras apropriadas para o poço de Jacó; o poço foi escavado, mas é alimentado por uma veia subterrânea que raramente falha.

A vida dessa mulher era como uma cisterna cavada, um poço de águas paradas (phrear), mas Jesus ofereceu a ela uma fonte de águas refrescantes, que jorraria de dentro dela para a vida eterna (pegue).

No milagre realizado em Caná da Caldeia (2.6-11) e na conversa com Nicodemos (3.5), a água já tinha um sentido espiritual.

Aqui, a água do poço de Jacó, simbolizando a antiga ordem herdada tanto por samaritanos como por judeus, é contrastada com a nova ordem, o dom do Espirito, a vida eterna.

O Antigo Testamento fala dessa promessa de Jesus. No dia da salvação, o povo de Deus tirará águas das fontes da salvação com alegria (Is 12,3); eles não sentirão fome nem sede (Is 49.10).

O derramar do Espírito de Deus será corno o derramar de água sobre o sedento e torrentes sobre a terra seca (Is 44.3).

A linguagem da satisfação e transformação interior traz à mente urna série de profecias, antecipando o novo coração e a troca do falido formalismo religioso por um coração que conhece e experimenta Deus, ansioso por fazer sua vontade Jr 31.29-34; Ez 36.25-27; JI 2.28-32).

Wiersbe diz que: O evangelho de João revela claramente que existe um novo sacrifício (1.29), um novo templo (2.19-21; 4.20-24), um novo nascimento (3.1-7) e uma nova água (4.11).”

  1. Jesus desperta sua consciência (4.16-18)

Jesus faz uma transição radical na conversa com a mulher e ordena: Vai, chama teu marido (4.16). Essa transição, porém, tem uma ligação estreita entre o pedido da mulher e a ordem de Cristo.

A mulher quer essa água viva, mas tem sede suficiente para recebê-la?

Essa sede não será completamente despertada a menos que haja um senso de culpa, urna consciência de pecado. A menção de seu marido é a melhor maneira de lembrá-la de sua vida imoral.

O Senhor está, agora, falando a consciência da Samaritana. Jesus mostra que, antes de beber a água da vida, ela precisa ter convicção de pecado e passar pelo arrependimento.

Não há salvação sem arrependimento. Jesus destampa tanto o passado quanto o presente da mulher samaritana, preparando seu coração para receber o dom de Deus (4.14-16).

A menos que homens e mulheres sejam levados à consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade, nenhum bem poderá ser feito à sua alma.

Até que o pecador veja a si mesmo como Deus o vê, ele continuará sem nenhuma ajuda. Nenhum pecador desejará o remédio da graça até se reconhecer como doente.

Ninguém está habilitado a ver a beleza de Cristo até ver a própria hediondez. A ignorância do pecador levará à negligência a Cristo.

A única maneira de preparar o solo do coração para a semente do evangelho é ara-lo com a convicção do pecado.

Por que ordenou Jesus à mulher para chamar seu marido? Porque por mais que possamos crer em Cristo, e no que ele afirma ser, ou por mais que busquemos suas bênçãos e promessas, nunca acharemos satisfação e paz se não corrigirmos o que de errado na nossa vida. Jesus pôs o dedo em cima da ferida daquela mulher.

O puritano Matthew Henry diz: “Este é o método de lidar com as almas. Elas devem, primeiro, estar cansadas e sobrecarregadas pelo fardo do pecado, e então devem ser levadas a Cristo para descansar”.

A mulher samaritana dá uma resposta verdadeira, mas incompleta. A resposta era formalmente correta, mas potencialmente enganosa. A mulher proferiu uma meia verdade, por meio da qual esperava esquivar-se para uma escuridão protetora.

A resposta ríspida da mulher (Não tenho marido) era formalmente verdadeira, provavelmente não era o caso desses seus cinco ex-maridos estarem todos mortos.

Mas provavelmente, ela tivesse deles se divorciado; pois sem dúvida, sua intenção era evitar qualquer outra investigação nessa área sensível de sua vida, com a qual ela lidava com a culpa e o sofrimento.

Jesus elogiou sua sinceridade formal, enquanto afirmou que ela já havia tido cinco maridos (mortos ou divorciados), e o homem com quem ela vivia agora não era de forma alguma legalmente seu marido.

O conhecimento preciso de Jesus sobre o seu passado provava que Jesus é o Messias. A mulher percebeu que Jesus conhecia sua vida. A mulher samaritana reconheceu que estava diante de um profeta.

  1. Jesus desperta seu sentimento religioso (4.19-24)

A mulher até então tão Falante se calou quando Jesus tocou no seu pecado. Outros acreditam que ela mudou de assunto, passando a uma discussão teológica, uma vez que a conversa havia se tornado incômoda.

É mais fácil discutir teologia do que enfrentar os próprios pecados.

Contudo, como os samaritanos só acreditavam no Pentateuco e como Deuteronômio diz que Deus suscitaria outro profeta semelhante a Moisés, esse profeta seria o Messias. Assim, essa mulher fez uma pergunta honesta: Onde adorar?

Jesus respondeu que o importante não é onde, mas como e quem adorar. A verdadeira adoração a Deus é em espirito e em verdade. É de todo o coração e também prescrita pela Palavra de Deus.

Os samaritanos adoravam o que não conheciam. Assim, qualquer religião que consista apenas em formalidade, sem fundamentação nas Escrituras, é absolutamente inútil.

A verdadeira adoração é um dos temas centrais das Escrituras. A veneração de imagens de escultura é uma abominação para Deus, pois Deus é plenamente espiritual em sua essência.

Quando Jesus diz que Deus é Espirito, isso significa que Deus é invisível, intangível e divino, em oposição a humano. E desconhecido para os seres humanos a menos que decida se revelar (1.18).

Da mesma forma que Deus é luz (1Jo 1.5) e amor (1 Jo 4.8), também é Espirito (4.24). Esses são elementos da forma em que Deus se apresenta aos seres humanos, da bondosa auto revelação em seu Filho.

Deus escolheu se revelar quando o Verbo se fez carne. Quem vê Jesus, vê o próprio Pai.  O culto prestado a outros deuses é uma ofensa a Deus, pois Deus é um só e não há outro.

A adoração a Deus, entrementes, não pode ser do nosso modo nem ao nosso gosto, pois Deus mesmo estabeleceu critérios claros como exige ser adorado.

Muitas igrejas, com o propósito de agradar às pessoas, estabelecem formas estranhas de adoração que não estão prescritas nas Escrituras. Isso é como fogo estranho no altar.

O pragmatismo religioso está substituindo a verdade de Deus em muitas igrejas. Muitas pessoas buscam o que funciona, não o que é certo. Procuram o que dá resultado, não a verdade.

Outros estabelecem um culto sensório e místico, não um culto em espírito e em verdade.

Jesus orienta a mulher samaritana que não é ao judaísmo que os samaritanos devem ser convertidos, nem é para Jerusalém que devem fazer peregrinações a fim de adorar.

Em Jerusalém, Jesus também não encontrou “verdadeiros adoradores”. Ali eles haviam transformado a casa de seu Pai numa casa de comércio.

Os verdadeiros adoradores não podem ser identificados por sua ligação com um santuário particular.

Os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram o Pai em espírito e em verdade.

A adoração falsa é abominação para Deus, e a adoração hipócrita provoca o desgosto de Deus.

O profeta Isaías já havia demonstrado o desgosto divino, quando disse que o povo de Israel honrava a Deus com os lábios, mas seu coração estava distante de Deus (Is 29.13).

O profeta Amós; escreveu em nome de Deus:

Eu detesto e desprezo as vossas festas; não me agrado das vossas assembleias solenes […]. Afastai de mim o som dos vossos cânticos, porque não ouvirei as melodias das vossas liras (Am 5.21,23).

 

Jesus diz à mulher samaritana o que adoração não é.

Primeiro, não é adoração centrada em lugares sagrados (4.20). Não é neste monte nem naquele. Não existe lugar mais sagrado que outro. Não é o lugar que autentica a adoração, mas a atitude do adorador.

Segundo, não é adoração sem entendimento (4.22). Os samaritanos adoravam o que não conheciam. Havia uma liturgia desprovida de entendimento. Havia um ritual vazio de compreensão.

Terceiro, não é adoração descentralizada da pessoa de Cristo (4.25,26). Os samaritanos adoravam, mas não conheciam o Messias. Cristo não era o centro do seu culto.

Nossa adoração será vazia se Cristo não for o centro. O culto não serve para agradar as pessoas.

A música não serve para entreter os adoradores. A verdadeira música vem do céu e é endereçada ao céu (Sl 40.3).

Vem de Deus por causa de sua origem e volta para Deus por causa de seu propósito. Jesus também diz à mulher samaritana o que a adoração é.

Primeiro, a adoração precisa ser bíblica (4.24). O nosso culto é bíblico ou é anátema. Deus não se impressiona com pompa; ele busca a verdade no íntimo.

Segundo a adoração precisa ser sincera (4.24). A adoração precisa ser em espírito, ou seja, de todo o coração, de uma vida santa e piedosa.

O culto precisa ter fervor espiritual. O culto não pode ser frio, árido, seco, sem vida. Muitos crente vibraram com a copa do mundo, mas dormem no culto.

  1. Jesus desperta em seu coração a fé verdadeira (4.25,26)

A mulher menciona o Messias que havia de vir. Então, Jesus diz: Sou eu, o que está falando contigo. A declaração sou eu, lembra a própria revelação de Deus Eu sou o que sou (Êx 3.14).

Jesus disse este “Eu sou” nove vezes nesse evangelho (6.20; 8.24,28,58; 13.9; 18.5,6,8). Até aqui, seis vezes Jesus se dirigiu à mulher, e seis vezes ela lhe respondeu.

Na sétima vez, quando Jesus declarou ser o Messias, ela não lhe diz palavra; o que lemos é que ela deixou ali seu cântaro, foi à cidade e disse ao povo: Vinde, vede um homem que me disse tudo o que tenho feito; será ele o cristo?

A samaritana encontrou o Messias. Saciou sua alma e bebeu da água da vida.

O fato de a mulher samaritana ter deixado o cântaro aponta para dois fatos: provavelmente demonstra que ela estava com pressa para ir à cidade e compartilhar sua experiência com o Messias; e porque ela tinha convicção de que voltaria para estar com Jesus.

Podemos elencar várias evidencias de sua verdadeira conversão.

Primeiro, a samaritana deixou o cântaro (4.28).

Segundo ela correu à cidade para anunciar Jesus (4.28b-30). Ela testemunhou para toda a cidade ter encontrado um homem que para ela era o Messias.

Quem encontra Jesus tem pressa em compartilhar essas boas-novas com todos.

Sua compreensão sobre Jesus Foi progressiva: primeiro, pensou ser um viajante judeu cansado; daí passou a considerá-lo “profeta”; e finalmente, “Cristo”, a quem o povo de sua cidade chama de “o Salvador do mundo”.

A salvação vem somente para aqueles que reconhecem sua desesperada necessidade de vida espiritual.

A salvação vem somente para aqueles que confessam e se arrependem de seus pecados e desejam perdão. A salvação vem somente para aqueles que recebem a Cristo como o seu Messias e Salvador.”

CONCLUSÃO: A inevitabilidade divina: é necessário passar!

Não importa o quanto bebamos dos poços de riqueza e conquistas, só nos tornaremos mais sedentos.

Você passaria por Samaria, sabendo do ódio e da rejeição?

Quantas vezes não pregamos porque achamos que certas pessoas ou grupos serão hostis a nossa pregação.