Sermão Nº 11 – Referência: João 5.17-47

INTRODUÇÃO. Os Fariseus da época de Jesus; assim como nossa geração de teólogos; gostavam muito dos títulos acadêmicos. Eles eram chamados de rabinos, um mestre, um doutor, especialista da lei.

A arrogância acadêmica dos fariseus era o motivo de não estarem dispostos a ouvir alguém que não tivessem um título de doutor na frente do nome.

O doutoramento é uma tese desenvolvida em alguma área do conhecimento humano, onde ele vai se dispor a provar originalmente com evidencias, uma descoberta nova na área do conhecimento humano.

Para os fariseus e escribas da época de Jesus o doutor era alguém que nutria um senso de AUTO-IMPORTÂNCIA. Ele deveria ser uma testemunha de si mesmo.

Alguém que se AUTO-AFIRMAVA. Alguém cuja capacidade e conhecimento era sua AUTO-COMPROVAÇÃO.

Essa posição ocupada pelos doutores da lei era perigosa. Eles foram prejudicados pelo seu intelectualismo. Eles consideraram que eles próprios tinham a chave do conhecimento.

Eles já sabiam demais para aprenderem mais alguma coisa com um homem tão simples como Jesus.

Enquanto os pobres e desprezados se regozijavam em ouvir a Jesus, os entendidos estavam constantemente cavando para encontrar falhas, por isso quão poucos doutores foram alcançados.

E Jesus vai minar esse LEGALISMO CULTURAL no seu fundamento. Curando um paralitico no tanque de Betesda num dia de sábado provocando uma onda crescente de questionamento da autoridade de Jesus.

Jesus havia curado um endemoninhado no sábado (Lc 4.31-37), levantando, desse modo, as suspeitas de um conselho de doutores que formavam o Sinédrio.

Alguns dias depois desse milagre relatado em João 5, Jesus defendeu os discípulos, quando foram acusados de transgredir o sábado por apanhar espigas no campo (M1 12.1-8), e, mais adiante, ainda curaria num sábado um homem com uma das mãos ressequida (Mc 12.9-14).

Jesus desafiou deliberadamente as tradições legalistas dos escribas e fariseus, pois haviam transformado o sábado — uma dádiva de Deus aos seres humanos — numa prisão de regulamentos e restrições.

Os doutores tinham acrescentado à lei de Deus suas próprias distinções minuciosas, além das tradições rabínicas.

Para eles, o sábado significava inatividade; para Cristo, significava trabalho. Para eles, o sábado representava sofrimento; para Cristo, descanso.

Na visão deles, o ser humano foi feito para o sábado; na de Jesus, o sábado foi feito para o ser humano.

Deus instituiu o sábado um sinal da velha aliança como um dom, um dom para renovar nossas forças.

Para entendermos que ele é o nosso provedor e a ele devemos nos voltar em adoração, assim como agora os crentes o fazem do dia do Senhor que é o Domingo.

Os fariseus, porém, transformaram o sábado numa longa lista de proibições. Estabeleceram 39 atividades proibidas.

Assim, em vez de ser um tempo de descanso, o sábado se tornou um fardo pesado e difícil de ser observado.

A controvérsia sábado, é apenas um ponto de Partida, para se discutir a verdadeira autoridade de Jesus, para fazer milagres e afirmar ser igual a Deus.

As afirmações de Jesus que vão até o capitulo 6, serão tão contundentes que até mesmo alguns de seus discípulos não vão suportar o sermão e vão embora no meio do culto.

No capítulo 7, Jesus é acusado de ser possuído de demônios (7.20), e as autoridades, em meio à profunda confusão das massas, tentam prendê-lo (7.30), porém sem sucesso (7.45-52).

Durante esse clamor crescente, Jesus se revela progressivamente como o obediente Filho de Deus, seu Pai.

O escritor desse evangelho, vai desenvolver sua tese, mostrando as credencias divinas de Jesus, e as evidencias incontestáveis da validade do seu testemunho. Vejamos:

  1. CREDENCIAIS DIVINAS (vv.17-29)

A perseguição a Jesus, promovida pelos judeus em virtude da cura do paralítico num dia de sábado, dá-lhe a oportunidade de manifestar-se aos seus opositores.

Jesus começa seu discurso (v.17) “Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho”.

Embora o Pai tenha descansado no sétimo dia de sua obra da criação, ele jamais descansou por nem um momento sequer de seu providencial governo no mundo e de sua obra misericordiosa em cuidar diariamente de suas criaturas.

Consequentemente, Jesus não estava quebrando a lei do “sabbah” ao curar o paralítico, assim como o Pai não quebra a lei do sábado quando faz o sol se levantar e a relva crescer no sábado.

Assim Jesus é igual a Deus em sua pessoa (5.17,18), em suas obras (5.19,20), em seu poder e soberania (5.21) e em seu julgamento (5.22).

Há oito verdades fundamentais que Jesus revela acerca de si mesmo no texto em tela, como veremos a seguir.

  1. O Filho é idêntico ao Pai (5.17,18).

Os doutores tinham falhado em suas pesquisas da lei, eles haviam chegado às conclusões totalmente erradas.

Jesus vai explicar com verdades simples e clara aquilo que os acadêmicos não conseguiam jamais entender. Só porque uma verdade é simples e clara, não quer dizer que as pessoas vão entender.

Jesus inicia dizendo; “Deus nunca cessa de trabalhar”, ou seja; da mesma maneira que é próprio do fogo queimar e da neve gear. Deus sempre trabalha. Deus poderia dizer meu nome é trabalho.

O sol brilha, os rios fluem e os processos de nascimento e morte continuam durante o dia de sábado como durante qualquer outro dia; essa é a obra de Deus.

É certo que Deus descansou no sétimo dia, mas descansou da criação; suas obras supremas de juízo, misericórdia, compaixão e amor não cessam.

O descanso sabático de Deus, foi interrompido pelo pecado (Gn3), e desde a queda do homem, Deus continua buscando e salvando os pecadores perdidos.

Jesus afirmou que sua OBRA ERA IDÊNTICA À DE DEUS e que ele mantinha uma relação absolutamente única com Deus, que ele declarava ser seu Pai.

A conclusão óbvia é que ou Jesus era um blasfemo e enganador, ou era mesmo o Filho de Deus.

Jesus é igual ao Pai em dois aspectos. É igual em natureza, pois tem a mesma essência. Ele é Deus de Deus e luz de luz.

É coigual, coeterno e consubstanciai com o Pai. Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Ele e o Pai são um. Mas Jesus é igual ao Pai, também, em suas obras. Ele realiza as mesmas obras.

O Pai e ele estão trabalhando na mesma obra. Diante dessa solene afirmação, os doutores só podiam concluir; ou Jesus era um blasfemo enganador ou era verdadeiramente o Filho de Deus.

Essa afirmação de Jesus era ou a maior das blasfémias, que merecia ser punida com a morte, ou era a mais gloriosa verdade, que deveria só poderiam aceitar pela fé somente.

Por interpretar racionalmente a afirmação de Jesus os judeus, desenvolvem erroneamente a duas considerações sobre ele: Jesus é violador do sábado e também blasfemo (5.18).

Começa aqui uma progressiva hostilidade a Jesus. Procuraram matá-lo (5.18). Murmuraram contra ele (6.41). Novamente se dispuseram a matá-lo (7.1).

Induziram as pessoas a terem medo de assumir sua fé nele (7.13; 19.38; 20.19). Falavam contra ele (8.22,48,52,57). Não criam nele (9.18).

Pegaram pedras para apedrejá-lo (10.31; 11.18). Afirmaram que ele deveria morrer (19.7) e exerceram pressão política sobre Pilatos para matar Jesus (19.14).

O rígido legalismo dos judeus privou-os da graça de Cristo.  O legalismo é um assassino silencioso.

Uma organização, uma igreja, uma teologia permeada pelo legalismo transforma o ar fresco da graça num gás venenoso. O legalismo precisa ser identificado, combatido e vencido.

  1. O Filho imita o Pai (5.19). E disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer por si mesmo, se não o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho faz também.

Aqui há uma verdade familiar, os filhos é o reflexo dos pais. Tudo o que filho vê o pai fazendo ele imita.

Jesus veio ao mundo para cumprir a vontade do Pai, para realizar a agenda do Pai e, nesse sentido, ele é absolutamente submisso ao Pai. Não há divergência nem conflito entre a vontade do Pai e sua vontade.

O Pai inicia, envia, ordena, comissiona, concede; o Filho responde, obedece ao Pai, realiza a vontade do Pai, recebe autoridade. Nesse sentido, o Filho é o agente do Pai.

Fica evidente que filiação perfeita envolve perfeita identidade de vontade e ação com o Pai. Alguém que pode fazer o que o Pai faz deve ser tão grande quanto o Pai e tão divino quanto ele.

  1. O Filho é amado do Pai (5.20). Porque o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que ele mesmo faz; e lhe mostrará obras maiores que estas, para que vos admireis.

O amor do Pai pelo Filho é único, singular, incomparável. É o amor eterno, pleno e perfeito que existe entre as pessoas da Trindade.

Não há conflito nem disputa entre as pessoas da Trindade. Elas são movidas pelo mesmo amor e trabalham juntas com a mesma motivação.

Veja a relação de amor e obra. Quanto mais amor o Pai demonstra, maiores obras são feitas.

Para Jesus o amor do Pai é a grande motivação do seu ministério. Saber que somos amados por Deus, assim como Deus amou a seu filho Jesus, nos ajuda a lidar com as oposições e críticas que suportamos como crentes.

O amor é o argumento final. O amor é a maior credencial. O amor é a autenticidade do nosso ensino. “e vós sereis meus discípulos se amardes uns aos outros”.

Saber que somos amados por Deus deve guardar o nosso coração da amargura e da tristeza.

Para os doutores da lei; Jesus estava quebrando, o quarto mandamento, curando e quebrando um princípio cerimonial da lei.

Jesus mesmo foi quem deu decálogo a Moisés, agora ele está interpretando corretamente o mandamento. Onde o amor e a obediência são lados de uma mesma moeda.

Obediência sem amor é escravidão legalista. E amor sem obediência é frouxidão moral, é libertinagem.

  1. O Filho é quem salva (5.21,25). “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer”.

Jesus se apresenta como o doador da vida, aquele que vivifica os mortos. Aqui não se trata da ressurreição física, mas da ressurreição espiritual.

O homem sem Deus está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Somente Jesus pode dar vida aos mortos espirituais. Só em Cristo os pecadores podem sair da morte para a vida. Só Jesus pode curar os moralmente incapacitados.

Somente ele pode erguer as almas de sua morte espiritual. É a voz do Filho de Deus, ou seja, sua palavra (5.24; 6.63,68; 11.43) que chama os mortos, e os que a ouvirem viverão.

Jesus não está dizendo que é simplesmente um instrumento nas mãos de Deus para restaurar os mortos á vida, como o foram Elias e Eliseu.

Ele afirma ter recebido autoridade para erguer os mortos não somente para voltarem a esta vida mortal, mas para receberem a vida da era vindoura.

Ele não somente está prometendo a vida eterna aos que nele creem (3.5,16,36), mas ele exerce a prerrogativa divina de conceder essa vida.”

Um dos temas centrais do evangelho de João é que Cristo veio para dar vida eterna aos mortos espirituais. (1.4; 3.14-16,37; 4.14; 5.39,40; 6.27,33,35,40,47,48,51,54; 8.12; 10.10,28; 11.25; 14.6; 17.2,3; 20.31).

  1. O Filho julga todas as coisas. (5.22,23,27) “E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo. Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou”. (v.27) E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem.

Com o propósito de honrar o filho, o Pai deu o poder de julgar ao Filho. O filho julgará todas as coisas, os vivos e os mortos. O filho é o salvador e juiz de todos os homens.

O filho vai se assentar sobre o grande Trono Branco, no JUÍZO FINAL e diante do Filho de Deus terão de comparecer grandes e pequenos; todos se curvarão diante da majestade do Filho.

Todo joelho se dobrará diante daquele que recebeu o nome sobre todo nome, e toda língua confessará que Jesus, o supremo juiz, é também o Senhor dos senhores (Fp 2.9-11).

Paulo pregando em Atenas (Atos 17:31) diz que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”.

Todos os homens e mulheres serão julgados, segundo o Evangelho de Jesus.

Jesus disse em João 12:48 “Aquele que me rejeita e não acolhe as minhas palavras tem quem o julgue; a Palavra que proclamei, essa o julgará no último dia”.

  1. O Filho fala poderosamente (5.24). “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

Jesus proclama uma das verdades mais solenes nesse versículo. A vida eterna é oferecida a todos aqueles que ouvem sua Palavra e creem no Deus que o enviou.

A palavra do Filho tem poder para salvar. Por causa da “Palavra do Filho” aqueles que creem jamais serão condenados. Ao contrário, recebem a vida eterna, uma vez que já passaram da morte para a vida.

Jesus curou o paralítico junto ao tanque de Betesda com sua “palavra”, e também é sua “Palavra” que traz vida eterna (6.63,68), é a sua Palavra quem purifica (15.3), e todos serão julgados pela Palavra de Jesus (12.47).

O crente não vai a julgamento final, mas deixa a corte já absolvido. Nem é necessário para o crente esperar até o último dia a fim de experimentar um pouco da vida da ressurreição.

A escatologia para o crente já está realizada: o crente tem a vida eterna e não vai a julgamento, mas já passou da morte para a vida. O crente não precisa ter medo do futuro.

  1. O Filho tem vida em si mesmo ((5.26). Jesus destaca o faro de que só Deus tem vida em si mesmo. Todos os seres que existem foram criados por Deus e, por isso, dependem de Deus.

Jesus, assim como o Pai, não deriva sua vida de ninguém. Ele é autoexistente. Está além da criação. Existe desde a eternidade. É o Pai da eternidade, o criador de todas as coisas.

O Pai não transferiu essa vida para o Filho somente quando este iniciou seu ministério na terra, ou na encarnação; é um ato eterno, urna parte integrante do relacionamento especial entre Pai e Filho que já existia “no princípio”.

Ninguém pode dar aos outros o que falta em si mesmo. Assim, nenhum pecador pode gerar por si mesmo vida eterna nem concedê-la a outrem.

Somente Deus possui vida em si mesmo, e ele garante essa vida a todos aqueles a quem ele quer, por meio de seu Filho.

  1. O Filho ressuscitará os mortos (5.27-29). O mesmo Jesus que tem vida em si mesmo e autoridade para ressuscitar os mortos espirituais também tem autoridade para ressuscitar os mortos, fisicamente, no último dia.

Nesse dia, quando a trombeta de Deus ressoar e quando Jesus vier em sua majestade e glória, na companhia de seus poderosos anjos, todos os mortos, salvos e perdidos, ouvirão sua voz e sairão dos túmulos, uns para a ressurreição da vida e outros para a ressurreição do juízo.

Jesus, pois, refere-se a duas ressurreições: uma espiritual (5.21,24,25), já experimentada agora, na era presente, pelos que nele creem, os quais se levantam da morte para a nova vida; e uma ressurreição corporal, ainda futura. De uma e outra, porém, ele é o autor e agente.

Assim, a ênfase na “escatologia realizada”, nas palavras precedentes de Jesus (5.24,25), não excluem o enfoque na “escatologia futura” (5.28,29).

A ressurreição de pessoas, da morte espiritual para a vida em Cristo, durante esta era, antecipa a ressurreição do corpo, no fim desta era. Há um vínculo estreito entre as duas ressurreições.

O fato de que aqui e agora os mortos são vivificados quando ouvem a voz do Filho de Deus é a garantia de que sua voz ressuscitará os mortos no último dia.

  1. EVIDÊNCIAS DA VERACIDADE DO TESTEMUNHO DE JESUS (5.30-47).

O cristianismo tem estado constantemente sob ataque, desde o começo

[1]Um dos livros que o New York Times, listou recentemente como um bestsellers foi o “O Código Da Vinci”, é um romance policial do escritor norte-americano Dan Brown, publicado em 2003.

O Dr. Robert Morgan diz: “raramente tenho lido um romance mais emocionante. E raramente tenho lido um ataque tão eficaz e devastador sobre os fundamentos da fé cristã e sobre as verdades históricas sobre a pessoa de Jesus Cristo”.

De acordo com este livro, Jesus Cristo não é Deus Encarnado. Esse foi um mito inventado pelo Imperador Constantino e pelo Concílio de Nicéia em 325 dC.

A verdade dos fatos é o “Código Da Vinci”, é um mito, inventado que alega ser a verdade real sobre Jesus encontrada nos Documentos de Nag Hammadi e nos Manuscritos do Mar Morto.

E que esses documentos provam que Ele era um grande mestre, mas um mero homem que foi casado com Maria Madalena e teve um filho, e que Sua linhagem de sangue existe na terra até hoje.

Embora o livro seja um romance de ficção policial, ele tem um potencial de minar seriamente o cristianismo. Especialmente quando o livro foi transformado em filme que foi recorde de bilheteria. Ele é um ataque frontal à pessoa histórica de Jesus Cristo.

Esse tema corta o coração do nosso assunto hoje – como sabemos que Jesus Cristo é realmente quem os Evangelhos alegaram que Ele era? Como sabemos que Jesus foi Deus feito carne, o Messias, o Rei?

O cristianismo é um fato histórico e está cheio de evidencia que exigem um veredito. Sabemos que realmente existe um Deus, que o Cristianismo é verdadeiro e que Jesus Cristo é realmente quem ele afirmou ser.

Os doutores, os céticos e os críticos nos dias de nosso Senhor fizeram-lhe exatamente a mesma pergunta.

E eu gostaria de mostrar a sua resposta de Jesus, mostrando as evidencias que validam o testemunho de Jesus.

Depois de mostrar sua íntima relação com o Pai, Jesus dá mais um passo e confirma sua divindade por meio de vários testemunhos. Esse testemunho não é dado pelo ser humano, mas pelo próprio Deus.

Embora João Batista tenha sido um altissonante testemunho a seu respeito, a confirmação da pessoa e da obra de Jesus não vem da terra, mas do céu; não vem das pessoas, mas de Deus.

  1. O testemunho dado por outros (5.30-32).

A resposta de Jesus (v.31) é enfática; “Se presto testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.

A palavra “verdadeiro” aqui significa “válido”. Em outras palavras, em um tribunal, é necessário mais do que o próprio testemunho. Precisamos de outras testemunhas como reforços da verdade.

Jesus vai dizer que eu tenho testemunhas colaboradoras. Eu tenho credenciais vão provar para você que eu sou e quem eu digo que sou.

Jesus não entra na História sem credenciais. Ele vem enviado pelo Pai, em nome do Pai, para fazer a vontade do Pai. O auto testemunho não tem valor (8.13).

Com isso, Jesus mostra que não é um impostor, mas o Filho de Deus verdadeiro e legítimo, enviado por Deus para realizar as obras de Deus.

[2]F. F. Bruce, comentando o texto em tela, registra:

Auto testemunho não é testemunho, ninguém pode autenticar sua própria assinatura. Se as afirmações de Jesus Fossem feitas sem a autoridade do Pai, seus ouvintes não reliam nenhuma obrigação de aceitá-las.

Na verdade, este argumento foi levantado contra Jesus por seus adversários, durante uma visita posterior a Jerusalém: “Tu dás testemunho de ti mesmo, logo o teu testemunho não é verdadeiro” (8.13).

Ele não deixou a acusação sem resposta: “Posto que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro” —porque é confirmado pelo testemunho do Pai (8.14,18).

Esta ênfase no testemunho, desde João 1.7 é um aspecto de destaque deste evangelho, e é o assunto do restante desse capítulo.

Uma aplicação pratica aqui: devemos aprender a não nos defender. A AUTODEFESA é proibida até mesmo no direito brasileiro.

Uma regra de ouro que precisamos aprender é NUNCA SE DEFENDA.  Já temos um advogado, um paracleto e ele nos guiará a toda a verdade.

  1. O testemunho de João Batista (5.33-35). João é considerado por Jesus o maior de todos os homens, e maior de todos os profetas. Os judeus o consideravam como uma grande profeta, ou até mesmo o Cristo.

Quando os judeus enviaram mensageiros a João, perguntando se ele era o Cristo, o profeta o negou de pronto.

Quando viu Jesus, porém, apontou para ele e disse:  Este é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). João não era o noivo, apenas o amigo do noivo.

João não era a luz, apenas uma lâmpada que ardia e alumiava. As pessoas quiseram por um instante alegrar-se nele corno se ele fosse a luz.

A luz do mundo, porém, estava agora, em pessoa, diante deles, com muito mais credenciais do que João poderia fornecer.

Uma aplicação pratica aqui. Uma das formas de sabermos que estamos fazendo a obra de Deus, é a validação que outros faz do nosso ministério.

Mas escutem é Deus quem levanta outros para dar autenticidade ao nosso ministério. Provérbios diz: seja o outro a te elogiar.

  1. O testemunho dos milagres (v.36). “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou”.

Os milagres operados por Jesus são um testemunho de sua divindade ainda mais eloquente do que o próprio testemunho de João.

Seus milagres foram uma prova inconteste de sua divindade. Ninguém realizou tamanhos prodígios! Essas obras realizadas por Jesus provaram que ele, de fato, é o Filho de Deus.

Outro Doutor membro do Sinédrio, Nicodemos, já havia entendido essa verdade, quando disse: “ninguém pode fazer esses sinais se Deus não for com ele” (Jo3.2).

Jesus recorre a esse mesmo argumento em (João 10:37,38) “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele”.

A maioria daqueles doutores judaicos, pertenciam a classe dos saduceus, que eram mais ricos e mais bem instruídos e constituíam a maior parte do sinédrio e comandavam o templo.

Eles defendiam uma corrente teológica que não acreditavam em milagres. Os milagres só ocorreram no tempo do Antigo Testamento, por assim dizer, eram teólogos que pregavam o cessacionismo.

Na mente acadêmica daqueles entendidos não há mais espaço para o sobrenatural e este engano levaram-nos a rejeitar a pessoa do messias.

Muitos reformadores cometeram esse mesmo erro, ensinando que os milagres só aconteceram nos tempos bíblicos, e que abriu o caminho para a teologia liberal, negar todo o sobrenatural, transformando os milagres de Jesus em mitos.

A verdadeira pregação do evangelho, será acompanhada dos sinais autênticos. Eles são também um meio da evidencia da veracidade da PREGAÇÃO GENUÍNA.

Veja o argumento do apostolo Paulo em (Romanos 15:18-20)

Porque não ousarei dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para fazer obedientes os gentios, por palavra e por obras;

Pelo poder dos sinais e prodígios, e pela virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo.

E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo foi nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio”.

  1. O testemunho do Pai (vv.37,38). “E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós”.

Jesus está dizendo: Deus Pai é minha testemunha. Mas como?

Os críticos judaicos do nosso Senhor pensavam: “Como é que Deus, o Pai, é o seu testemunho? Nós não vimos a forma de Deus ou ouvimos a Sua voz. Como ele pode atestar as afirmações de Jesus? ”

O argumento de Jesus é contundente, o próprio Pai é quem testifica acerca de seu Filho. Vocês nunca ouviram nem viram o Pai, porque vocês recusaram aquele que se fez carne e está entre vocês e foi enviado pelo Pai.

A Palavra de Deus jamais habitou permanentemente neles, porque eles rejeitaram deliberadamente o enviado de Deus e recusaram seu testemunho.

O testemunho do Pai acerca do Filho foi público no batismo e também na transfiguração.

Quando os gregos desejaram ver Jesus, a voz divina veio novamente do céu, e todos ouviram; confirmando o testemunho do Pai ao Filho, mesmo assim eles não creram.

O testemunho do pai é o que importa. O que Deus sabe e pensa de nós é tudo que vale. A maioria de nós não queremos fazer algo que só Deus vê, pois não é aclamado pelo louvor dos homens.

Jesus disse “se outro vier em seu próprio nome a esse aceitareis” (v. 43). O anticristo vai vir no seu próprio nome e ele será aclamado pelas multidões.

Porque ele vai lidar com as vaidades das pessoas, vai mexer com seu ego, vai dar uma falsa sensação de gloria e paz.

  1. O testemunho das Escrituras (vv.39).

Portanto, a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo. Antigo Testamento é tão cheio de Jesus quanto o oceano está cheio de sal.

Jesus está mostrando aos judeus que as Escrituras que eles julgavam ter autoridade máxima davam testemunho a seu respeito

Jesus usa outro argumento expendido, vocês são os doutores da Escritura, vocês sabem tudo sobre ela; vocês são teólogos da ortodoxia.

Vocês examinam profundamente as Escrituras, vocês sistematizaram as doutrinas. Ainda mais, vocês creem corretamente que possam ter através dela a vida eterna; mas sãos elas que testificam de mim!

Os teólogos judeus declaravam-se crentes nas Escrituras e estavam cônscios de que, rejeitando Jesus, estavam sendo leais a Deus.

Jesus, porém, declara que uma verdadeira lealdade a Escritura os levaria a aceitá-lo, porque são as Escrituras que testificam dele.

Jesus insiste que a razão da incredulidade dos judeus não é falta de evidência, ou zelo bíblico, mas a falta de amor a Deus.

Os teólogos judaicos, procuravam conhecer a Palavra de Deus, mas não conheciam o Deus da Palavra. Eles tinham muito conhecimento acerca de Deus, mas não conheciam a Deus pessoalmente.

Eles contaram todas as letras do hebraico do antigo testamento, mas foram incapazes de entender as verdades espirituais contida no texto e aplica-las a si mesmos para viver uma vida piedosa.

A área do conhecimento tem grandes perigo, principalmente a arrogância e a soberba teológica.

É triste quando o estudo da Bíblia torna as pessoas ARROGANTES MILITANTES, não humildes e ansiosas para servir outros, principalmente servir aqueles que tem uma opinião teológica diferente da nossa.

Este tem sido o grande mal das disputas teológicas, que causou, ódio, violência e guerra entres os cristãos na história.

Outro dia ouvi um conceituado teólogo da nossa geração, dizer que ele se levantou e saiu no meio do sermão, pois não podia tolerar o ensino herético. Passando a impressão de que ele estava sendo fiel a Escritura.

Depois de analisar a verdadeira motivação, era na verdade, que o pregador defendia uma outra corrente diferente da sua. Isto não é FIDELIDADE, isto é ASSASSINATO.

Como o ele não tinha autoridade para condenar a morte o irmão numa corte protestante ele o faz através da COMOÇÃO SOCIAL, em nome de uma ortodoxia sem amor.

As Escrituras podem tornar seus leitores sábios com respeito à salvação, pois elas deixam claro que essa salvação é obtida somente pela fé em Cristo Jesus (2-Tm 3.15).

Mas Jesus diz: (v.40) “vocês não querem vir a mim para terdes vida”. A incredulidade dos judeus não é apenas intelectual, mas moral.

Eles não querem abrir mão de seu “STATUS”, pois eles querem o louvor dos homens; Jesus continua no (v.44) “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?

  1. O testemunho de Moisés (vv45-47). Jesus, vai concluir com a última testemunha, a quem os doutores da lei, davam maior honra, Moisés; e eles se consideravam discípulos de Moisés.

O argumento de Jesus é incontestável; “se você acreditasse em Moisés, você acreditaria em Mim; porque ele escreveu sobre mim”.

Moisés escreveu os primeiros livros do Antigo Testamento – Gênesis, Êxodo, levítico, Números e Deuteronômio.

Jesus estava dizendo: “Se você quer saber quem eu sou, apenas o pentateuco, e veja como tudo sobre meu nascimento, vida, ministério, morte, ressurreição e foi predita em detalhes centenas de anos de antecedência.

[3]O arremate de Jesus é dado quando ele diz aos judeus que quem os acusará perante o Pai será o próprio Moisés, em quem eles supostamente firmavam sua confiança.

E Jesus é categórico: “Se vocês cressem verdadeiramente em Moisés, creriam também em mim, pois foi Moisés quem escreveu a meu respeito”. Logo, os judeus estavam rejeitando Jesus, porque não davam crédito ao testemunho de Moisés.

Os testemunhos de Moisés e Jesus estão inter-relacionados de tal Forma que crer em um implica crer no outro; rejeitar um significa rejeitar o outro.

Com seu testemunho, Jesus não veio para anular a lei e os profetas, mas para cumpri-los (Mt 5.17). A promessa que Deus fizera através deles foi cumprida em Jesus.

As palavras do Senhor dos profetas são idênticas às palavras dos profetas. Ao rejeitarem as palavras de Jesus, seus adversários rejeitaram o testemunho de Moisés.

CONCLUSÃO:  Algumas aplicações pastorais.

Há algumas correlações interessantes neste capítulo.

Porque Jesus curou um paralitico, ele foi hostilizado: as pessoas não estão preparadas para ver os outros fazerem o bem, sem ficar com inveja ou sem se opor.

Vença a oposição com trabalho. A oposição tem a função de drenar nossa força do trabalho.

Não esqueça, há uma conexão direta, mandamento com o amor. Quanto mais o filho é amado, mais obra são feitas. Desempenho x amor.

Nunca se defenda, quem julga todas as coisas é Deus. Nunca esqueça de você é amado de Deus.

Nosso crescimento na erudição bíblica, deve nos fazer mais humildes e ansiosos para servir, principalmente aqueles que pensam difere de nós.

 

[4] Texto adaptado para este sermão.

[5] Adaptado do texto do sermão de Wiersbe.

[1] http://www.preceptaustin.org/sermons_on_john_robert_j_morgan

[2] F.F.Bruce, Comentário Bíblico NVI.

[3] Hernandes Dias Lopes, Comentário de João.

[4] Comentário Expositivos Hangos João, Hernandes dias Lopes,

[5] Comentário Biblico expositivo, Warren W. Wiesber.